Mateus 27 explicado:
🏛️ Pilatos cede à pressão e solta Barrabás em vez de Jesus.
✝️ Na cruz, Jesus é crucificado e ainda zombado por soldados.
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Resumo de Mateus 27
Conselho Matinal e Entrega a Pilatos: A Decisão Fatal é Tomada
Logo ao amanhecer, os principais sacerdotes e os líderes religiosos judeus se reuniram em conselho.
Eles já haviam decidido que queriam matar Jesus e precisavam encontrar uma forma de executar esse plano dentro da lei romana (v. 1).
Após deliberarem, eles amarraram Jesus, demonstrando que o consideravam um criminoso perigoso (v. 2).
Em seguida, levaram-no sob custódia até Pôncio Pilatos, o governador romano da Judeia.
Pilatos era a autoridade máxima romana na região e, portanto, a única pessoa com poder legal para sentenciar Jesus à morte.
Remorso e Suicídio de Judas: O Peso da Traição
Nesse momento, Judas Iscariotes, o discípulo que havia traído Jesus, viu que seu plano havia tomado um rumo trágico (v. 3).
Ele testemunhou Jesus sendo formalmente condenado pelas autoridades judaicas.
Judas foi tomado por um profundo remorso e angústia.
O peso da sua traição e a consciência de ter entregue um homem inocente à morte o atormentavam intensamente.
Ele foi até os principais sacerdotes e anciãos, aqueles que o haviam contratado para trair Jesus, e devolveu as trinta moedas de prata que havia recebido (v. 3).
Judas confessou seu pecado, dizendo: "Pequei, traindo sangue inocente" (v. 4).
Ele reconheceu a injustiça da condenação de Jesus e a sua própria culpa na situação.
No entanto, os líderes religiosos mostraram-se indiferentes ao remorso de Judas e à inocência de Jesus.
Eles responderam friamente: "Que nos importa? Isso é contigo" (v. 4).
Eles se mostraram preocupados apenas em alcançar seus próprios objetivos, sem se importar com as consequências morais ou espirituais de suas ações.
Desesperado e sem encontrar perdão ou alívio em seu remorso, Judas atirou as moedas de prata no santuário do templo, um gesto de repúdio ao dinheiro sujo e à sua própria traição (v. 5).
Em seguida, consumido pela culpa e pelo desespero, Judas retirou-se e cometeu suicídio, enforcando-se.
Seu fim trágico revela as consequências devastadoras do pecado e da traição, contrastando com o caminho de redenção e perdão oferecido por Jesus.
O Campo de Sangue: Consequências da Injustiça
Os principais sacerdotes, diante das moedas de prata jogadas por Judas, enfrentaram um dilema legal e religioso (v. 6).
Eles consideravam impuro colocar "preço de sangue", dinheiro ganho através da morte de alguém, no cofre das ofertas do templo, o local sagrado para as contribuições do povo.
Hipocritamente preocupados com a pureza cerimonial, mas não com a justiça, eles decidiram usar o dinheiro para comprar o "Campo do Oleiro", um terreno de pouco valor (v. 7).
Eles transformaram este campo em um cemitério para estrangeiros, pessoas que morriam em Jerusalém sem ter família ou lugar de sepultamento na cidade.
Este ato, aparentemente de caridade, foi ironicamente financiado pelo dinheiro da traição e da injustiça.
Desde então, aquele lugar ficou conhecido como "Campo de Sangue", um nome que ecoaria para sempre como um testemunho da morte de Jesus e do preço da sua traição (v. 8).
O evangelista Mateus vê nesse evento o cumprimento de uma profecia de Jeremias (ou Zacarias, em outras interpretações), mostrando como até mesmo as ações dos inimigos de Jesus estavam dentro do plano de Deus (vv. 9-10).
A profecia fala sobre as trinta moedas de prata, o preço da escravidão, sendo usadas para comprar o campo do oleiro, simbolizando o baixo valor que os líderes religiosos atribuíram a Jesus e as consequências de sua rejeição.
Jesus Perante Pilatos: O Silêncio do Inocente
Jesus foi levado à presença de Pôncio Pilatos, o governador romano, para ser formalmente julgado pelas acusações feitas pelos líderes judeus (v. 11).
Pilatos, como representante do poder romano, tinha a palavra final sobre a sentença de Jesus.
A primeira pergunta de Pilatos a Jesus foi direta e incisiva: "És tu o rei dos judeus?" (v. 11).
Essa acusação era politicamente carregada, pois Roma não tolerava rivais ao seu poder, e a alegação de ser "rei" poderia ser interpretada como sedição e rebelião contra o império.
Jesus respondeu de forma enigmática e afirmativa: "Tu o dizes" (v. 11).
Com essa resposta, Jesus confirmou sua realeza, mas em um sentido espiritual e não político, deixando Pilatos intrigado e confuso.
Enquanto era acusado veementemente pelos principais sacerdotes e anciãos, que apresentavam uma série de acusações para incriminar Jesus, ele permaneceu em silêncio (v. 12).
Jesus não se defendeu das acusações, não negou os fatos, nem tentou argumentar contra seus acusadores.
Pilatos, surpreso com o silêncio de Jesus diante de tantas acusações graves, insistiu: "Não ouves quantas acusações te fazem?" (v. 13).
Ele esperava que Jesus se defendesse, buscando sua própria libertação.
No entanto, Jesus manteve-se em silêncio absoluto, não respondendo "nem uma palavra" (v. 14).
O silêncio de Jesus diante de seus acusadores deixou Pilatos profundamente admirado e perplexo.
Esse silêncio não era sinal de fraqueza ou medo, mas sim uma demonstração de sua dignidade, inocência e submissão ao plano de Deus.
Barrabás ou Jesus: A Escolha Crucial da Multidão
Por ocasião da festa da Páscoa, era costume do governador romano libertar um preso, escolhido pelo povo, como um gesto de clemência e para manter a paz social (v. 15).
Naquele ano, havia um preso famoso chamado Barrabás, conhecido por ser um criminoso notório, um ladrão e assassino, possivelmente envolvido em atividades de insurreição contra Roma (v. 16).
Pilatos, percebendo a inocência de Jesus e a malícia por trás das acusações dos líderes religiosos, viu nessa tradição uma oportunidade de libertar Jesus (v. 17).
Ele sabia que os líderes religiosos haviam entregado Jesus por inveja, temendo sua crescente popularidade e influência (v. 18).
Enquanto Pilatos estava sentado no tribunal, ponderando a situação, sua esposa lhe enviou um recado urgente (v. 19).
Ela o alertou sobre Jesus, referindo-se a ele como "justo", e relatou ter tido um sonho perturbador naquela noite por causa dele, pedindo que Pilatos não se envolvesse na condenação de Jesus.
O aviso da esposa de Pilatos era um sinal divino, um último apelo à consciência do governador para evitar a injustiça.
No entanto, os principais sacerdotes e anciãos, determinados a eliminar Jesus, agiram rapidamente para manipular a multidão (v. 20).
Eles persuadiram o povo a pedir a libertação de Barrabás e a morte de Jesus, explorando a instabilidade da multidão e seus próprios interesses.
Pilatos, dirigindo-se à multidão reunida, apresentou-lhes a escolha: "A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo?" (v. 17).
Ele esperava que o povo, confrontado com a escolha entre um criminoso notório e um homem aparentemente bom e milagroso, escolheria libertar Jesus.
Para sua surpresa e horror, a multidão, instigada pelos líderes religiosos, respondeu em uníssono: "Barrabás!" (v. 21).
Pilatos, perplexo com a escolha irracional do povo, perguntou novamente: "Que farei, então, de Jesus, chamado Cristo?" (v. 22).
A resposta da multidão foi ainda mais chocante e cruel: "Seja crucificado!" (v. 22).
Pilatos, tentando apelar à razão e à justiça, questionou: "Que mal fez ele?" (v. 23).
Ele não encontrava nenhuma culpa real em Jesus que justificasse a pena de morte.
Mas a multidão, cada vez mais inflamada e manipulada, clamava com mais força: "Seja crucificado!" (v. 23).
Pilatos Lava as Mãos: Uma Abdicação de Responsabilidade
Vendo que seus esforços para libertar Jesus eram inúteis e que a situação estava saindo do controle, com o tumulto aumentando, Pilatos cedeu à pressão da multidão e dos líderes religiosos (v. 24).
Em um gesto público e simbólico, Pilatos mandou trazer água e lavou as mãos diante do povo, declarando: "Estou inocente do sangue deste justo; fique o caso convosco!" (v. 24).
Com esse ato, Pilatos tentou se eximir da responsabilidade pela condenação de Jesus, transferindo a culpa para a multidão e os líderes judeus.
No entanto, a lavagem de mãos não o isentava da culpa moral e legal pela injustiça que estava prestes a acontecer.
A multidão, aceitando a responsabilidade que Pilatos tentava transferir, respondeu de forma terrível e profética: "Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!" (v. 25).
Com essa declaração, o povo assumiu sobre si e sobre as futuras gerações as consequências da morte de Jesus, selando um destino trágico para si mesmos.
Então, Pilatos, cedendo completamente à pressão, libertou Barrabás, o criminoso escolhido pela multidão (v. 26).
E, após mandar açoitar Jesus, um castigo cruel e doloroso, entregou-o para ser crucificado, cumprindo a vontade injusta daqueles que o odiavam.
Escárnio e Humilhação no Pretório: O Sofrimento Inocente
Após a sentença de Pilatos, os soldados romanos, liderados pelos oficiais do governador, levaram Jesus para o pretório, o palácio do governador, que servia como quartel-general militar (v. 27).
Ali, reuniram toda a coorte romana, um grande contingente de soldados, para transformar o sofrimento de Jesus em um espetáculo de escárnio e humilhação.
Os soldados despojaram Jesus de suas vestes, expondo-o à vergonha pública e ao sofrimento físico (v. 28).
Em seguida, vestiram-no com um manto escarlate, uma capa vermelha ou púrpura, imitando as vestes reais, em uma zombaria cruel de sua alegada realeza.
Para completar a farsa da coroação, teceram uma coroa de espinhos pontiagudos e a colocaram na cabeça de Jesus, causando-lhe dor e sangramento (v. 29).
Em sua mão direita, colocaram um caniço, uma vara fina e frágil, simulando um cetro real, em mais um ato de desprezo e ironia.
Os soldados se ajoelhavam diante de Jesus, em uma paródia de adoração, e o escarneciam, dizendo: "Salve, rei dos judeus!" (v. 29).
Eles zombavam de sua realeza, de sua fraqueza e de sua condição vulnerável.
A crueldade dos soldados não parou por aí.
Eles cuspiram no rosto de Jesus, um ato de profunda humilhação e desrespeito, e usaram o caniço, o falso cetro, para golpeá-lo na cabeça, intensificando sua dor física e emocional (v. 30).
Após se divertirem com o sofrimento de Jesus e o escarnecerem à vontade, os soldados despiram-no do manto escarlate e o vestiram novamente com suas próprias roupas (v. 31).
Finalmente, conduziram Jesus para fora do pretório, para o local da crucificação, para cumprir a sentença de morte e consumar o plano de seus inimigos.
O Cireneu e o Caminho ao Calvário: Uma Cruz Compartilhada
Enquanto os soldados levavam Jesus para fora da cidade, encontraram um homem vindo do campo, chamado Simão Cireneu, originário de Cirene, no norte da África (v. 32).
Os soldados, percebendo que Jesus estava fisicamente exausto e debilitado após os açoites e a noite sem sono, obrigaram Simão a carregar a cruz de Jesus.
Era costume que o condenado carregasse sua própria cruz até o local da crucificação, mas Jesus já não tinha forças para isso.
Simão, provavelmente um judeu peregrino que estava em Jerusalém para a Páscoa, foi forçado a interromper seu caminho e carregar um instrumento de tortura e morte, sem saber que estava ajudando a carregar a cruz do próprio Messias.
Este ato forçado de Simão Cireneu se tornaria um símbolo poderoso de participação no sofrimento de Cristo, prefigurando como seus seguidores seriam chamados a compartilhar de sua cruz.
Gólgota e a Oferta de Vinho com Fel: Rejeição e Sofrimento Intensificados
Chegaram então a um lugar conhecido como Gólgota, que em aramaico significa "Lugar da Caveira" (v. 33).
O nome Gólgota provavelmente deriva de seu formato, assemelhando-se a um crânio, ou talvez por ser um local de execuções e onde crânios eram deixados.
Era ali, fora dos muros da cidade, que as crucificações romanas geralmente aconteciam, um lugar de sofrimento, vergonha e morte.
No Gólgota, ofereceram a Jesus vinho misturado com fel, uma substância amarga que tinha o propósito de entorpecer a dor (v. 34).
Este gesto aparentemente piedoso era, na verdade, uma prática comum para tentar amenizar o sofrimento dos crucificados, embora também pudesse ser visto como um último ato de zombaria.
Jesus, ao provar a bebida, percebeu sua natureza e recusou-se a bebê-la.
Ele escolheu enfrentar a crucificação com total clareza de mente e consciência, recusando qualquer alívio artificial para a dor física e emocional que estava por vir.
Crucificação, Sorteio das Vestes e a Acusação: Humilhação Pública Completa
Após recusar a bebida, os soldados romanos crucificaram Jesus (v. 35).
A crucificação era uma forma cruel e brutal de execução romana, reservada para os piores criminosos e rebeldes, causando imensa dor e sofrimento prolongado até a morte.
Depois de crucificarem Jesus, os soldados, cumprindo um costume da época, dividiram entre si as vestes de Jesus, um direito que lhes era concedido como executores (v. 35).
Para decidir como dividir as vestes, eles lançaram sortes, possivelmente dados ou pequenos ossos, transformando a cena da crucificação em um jogo macabro e desrespeitoso.
Este ato aparentemente banal de sorteio das vestes de Jesus cumpriu uma profecia do Antigo Testamento, demonstrando que até nos mínimos detalhes, o sofrimento de Jesus estava previsto nas Escrituras.
Enquanto Jesus estava pregado na cruz, os soldados se sentaram ali para guardá-lo, assegurando que a execução fosse completa e que ninguém o retirasse da cruz antes da hora (v. 36).
Acima da cabeça de Jesus, fixaram uma placa com a acusação pela qual ele havia sido condenado, escrita em aramaico, latim e grego, para que todos pudessem ler (v. 37).
A inscrição dizia: "ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS".
Essa acusação, embora irônica e sarcástica da parte dos romanos, era também uma declaração da verdadeira identidade de Jesus, mesmo em meio à humilhação da cruz.
Juntamente com Jesus, foram crucificados também dois ladrões, um de cada lado dele, intensificando a humilhação e associando-o a criminosos comuns (v. 38).
Essa disposição, com Jesus no centro e os ladrões aos lados, também tinha um significado simbólico, com Jesus sendo colocado no meio dos pecadores, carregando sobre si o pecado da humanidade.
Blasfêmias e Zombaria ao Pé da Cruz: Rejeição e Desprezo em Meio ao Sofrimento
As pessoas que passavam por perto do Gólgota, movidas pela curiosidade ou pelo ódio, zombavam de Jesus enquanto ele estava crucificado (v. 39).
Eles balançavam a cabeça em sinal de desprezo e incredulidade, repetindo as acusações que haviam sido feitas contra ele.
Eles o desafiavam sarcasticamente, lembrando suas palavras sobre destruir o templo e reconstruí-lo em três dias: "Ó tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas! Salva-te a ti mesmo, se és Filho de Deus, e desce da cruz!" (v. 40).
Eles exigiam um sinal de poder para provar sua divindade, mas de forma debochada e incrédula, sem reconhecer os muitos milagres que Jesus já havia realizado.
Os principais sacerdotes, juntamente com os escribas e anciãos, também se juntaram ao coro de zombaria, escarnecendo de Jesus em sua agonia (v. 41).
Eles reconheciam seus milagres de cura, mas usavam isso para intensificar o sarcasmo: "Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se" (v. 42).
Eles desafiavam sua realeza messiânica, dizendo: "É rei de Israel! Desça da cruz, e creremos nele" (v. 42).
Eles condicionavam sua fé a um sinal espetacular, mas demonstravam um coração endurecido e fechado para a verdade.
Os líderes religiosos também zombavam da confiança de Jesus em Deus, dizendo ironicamente: "Confiou em Deus; pois venha livrá-lo agora, se, de fato, lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus" (v. 43).
Eles distorciam suas palavras e sua relação com o Pai, usando a fé de Jesus como motivo de chacota.
Até mesmo os ladrões que foram crucificados com Jesus se juntaram à zombaria, lançando-lhe os mesmos impropérios (v. 44).
Em meio à dor física excruciante e à agonia emocional da rejeição e do desprezo, Jesus experimentou a profundidade da solidão e do sofrimento humano.
Trevas e o Clamor de Abandono: O Mistério do Sofrimento Divino
De repente, algo extraordinário e inexplicável aconteceu: "Desde a hora sexta até à hora nona, houve trevas sobre toda a terra" (v. 45).
A hora sexta correspondia ao meio-dia, e a hora nona às três da tarde, um período de três horas de escuridão sobrenatural em pleno dia.
Essa escuridão não poderia ser um eclipse solar natural, pois a Páscoa acontecia na lua cheia, quando eclipses solares não ocorrem.
As trevas que cobriram a terra eram um sinal divino, um prenúncio da ira de Deus contra o pecado e uma manifestação da dor da criação diante da crucificação de seu Criador.
Por volta da hora nona, no final da escuridão, Jesus clamou em alta voz em aramaico: "Eli, Eli, lamá sabactâni?", que significa: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (v. 46).
Este clamor angustiante de Jesus expressa a profundidade do seu sofrimento espiritual, sentindo-se abandonado por Deus Pai no momento em que carregava sobre si o pecado da humanidade.
Ele cita o Salmo 22, um salmo de lamentação e sofrimento, mas que termina com uma nota de esperança e livramento, mostrando que mesmo em meio ao abandono, Jesus mantinha sua fé em Deus.
Alguns dos que estavam ali, sem entender o aramaico, interpretaram erroneamente o clamor de Jesus, pensando que ele estava chamando pelo profeta Elias, que na tradição judaica era esperado para vir em auxílio em momentos de grande necessidade (v. 47).
Imediatamente, um deles correu e embebeu uma esponja em vinagre, um vinho barato e azedo usado pelos soldados romanos, e colocou-a na ponta de um caniço para oferecer a Jesus (v. 48).
Este gesto podia ser interpretado como um ato de falsa compaixão ou mais uma forma de zombaria, prolongando o sofrimento de Jesus.
Os outros, assistindo à cena, disseram: "Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo" (v. 49).
Eles continuavam céticos e zombeteiros até o fim, esperando um milagre que nunca aconteceria da forma como eles esperavam.
A Morte de Jesus e os Sinais Cósmicos: Revelação da Glória Divina
Então, Jesus, clamando novamente com grande voz, entregou o espírito (v. 50).
A "grande voz" de Jesus, mesmo em seus últimos momentos, demonstra sua força e autoridade até o fim.
A expressão "entregou o espírito" indica que Jesus voluntariamente entregou sua vida, cumprindo o plano de Deus e completando sua missão redentora.
No exato momento da morte de Jesus, sinais cósmicos e sobrenaturais aconteceram, confirmando sua divindade e o significado transcendente de sua morte (v. 51).
Primeiro, "eis que o véu do santuário se rasgou em duas partes de alto a baixo".
O véu do templo separava o Lugar Santo do Santíssimo Lugar, a morada da presença de Deus, e sua rasgadura simbolizava o fim da separação entre Deus e a humanidade, aberta agora através do sacrifício de Jesus.
Em seguida, "tremeu a terra, fenderam-se as rochas".
O terremoto e a fenda nas rochas manifestavam o poder de Deus e o abalo da criação diante da morte de seu Criador.
E, de forma ainda mais surpreendente, "abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos, que dormiam, ressuscitaram" (v. 52).
A ressurreição dos santos era um sinal poderoso da vitória de Cristo sobre a morte e um prenúncio da ressurreição final dos justos.
Esses santos, "saindo dos sepulcros depois da ressurreição de Jesus, entraram na cidade santa e apareceram a muitos" (v. 53).
Sua aparição em Jerusalém foi um testemunho visível do poder da ressurreição de Cristo e um sinal da nova era que havia começado.
Confissão do Centurião e Fidelidade das Mulheres: Reconhecimento e Amor em Meio à Dor
O centurião romano, o oficial encarregado da crucificação, e os soldados que estavam com ele guardando Jesus, testemunharam todos esses eventos extraordinários: o terremoto, a escuridão e os outros sinais (v. 54).
Tomados por grande temor e reverência, eles reconheceram a verdadeira identidade de Jesus, exclamando: "Verdadeiramente este era Filho de Deus!".
A confissão do centurião, um gentio, contrastava com a incredulidade dos líderes religiosos judeus e marcava o início da fé entre os gentios.
Enquanto os homens zombavam e os líderes religiosos rejeitavam, havia um grupo de mulheres que observavam tudo de longe, demonstrando fidelidade e amor a Jesus em seus momentos finais (v. 55).
Eram mulheres que haviam seguido Jesus desde a Galileia, servindo-o e aprendendo com ele, e que permaneceram fiéis até a cruz.
Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e José, e a mãe dos filhos de Zebedeu (v. 56).
Essas mulheres corajosas e devotas permaneceram perto da cruz, testemunhando o sofrimento e a morte de Jesus, enquanto muitos de seus discípulos homens haviam fugido.
O Sepultamento por José de Arimateia: Honra e Cuidado no Túmulo
Ao cair da tarde, com a aproximação do sábado, um homem rico chamado José de Arimateia, um membro respeitado do Sinédrio e também discípulo secreto de Jesus, tomou uma atitude corajosa (v. 57).
José foi até Pilatos e pediu o corpo de Jesus, demonstrando respeito e amor por seu mestre, mesmo após sua morte vergonhosa.
Pilatos, surpreso que Jesus já tivesse morrido tão rápido, confirmou a morte com o centurião e ordenou que o corpo fosse entregue a José (v. 58).
José, recebendo o corpo de Jesus, envolveu-o em um lençol de linho limpo, preparando-o para o sepultamento com dignidade e cuidado (v. 59).
Ele depositou o corpo de Jesus em seu próprio túmulo novo, que havia sido recentemente escavado na rocha, mostrando grande honra e generosidade (v. 60).
Após colocar o corpo no túmulo, José rolou uma grande pedra para selar a entrada do sepulcro, seguindo o costume judaico de sepultamento.
Em seguida, retirou-se, deixando o túmulo de Jesus guardado na rocha.
Maria Madalena e a outra Maria, testemunhas fiéis, permaneceram ali, sentadas em frente ao sepulcro, observando o local onde Jesus havia sido colocado (v. 61).
Elas permaneceram em luto e tristeza, mas também com a esperança que Jesus havia plantado em seus corações.
A Guarda no Sepulcro: Tentativa Vã de Frustrar o Plano Divino
No dia seguinte, o sábado, que era o dia depois da preparação para a Páscoa, os principais sacerdotes e fariseus se reuniram novamente, movidos pela preocupação e pelo medo (v. 62).
Eles foram até Pilatos e lembraram-no das palavras de Jesus sobre ressuscitar depois de três dias, referindo-se a ele com desprezo como "aquele embusteiro" (v. 63).
Temendo que os discípulos de Jesus roubassem o corpo e depois espalhassem o boato de sua ressurreição, eles pediram a Pilatos que ordenasse que o sepulcro fosse guardado com segurança até o terceiro dia (v. 64).
Eles temiam que um suposto engano sobre a ressurreição fosse ainda pior do que a influência de Jesus em vida.
Pilatos, ironicamente, concedeu-lhes a guarda que pediam, dizendo: "Aí tendes uma escolta; ide e guardai o sepulcro como bem vos parecer" (v. 65).
Ele permitiu que eles usassem sua própria guarda romana para proteger o túmulo, pensando que isso os satisfaria e evitaria mais problemas.
Os líderes religiosos, então, foram e "montaram guarda ao sepulcro, selando a pedra e deixando ali a escolta" (v. 66).
Eles lacraram a pedra com um selo oficial romano, indicando que qualquer violação seria punida pelas autoridades romanas, e colocaram guardas romanos para vigiar o túmulo dia e noite.
Em sua tentativa de impedir qualquer fraude e de silenciar a mensagem de Jesus, eles, sem saber, estavam preparando o cenário para o maior milagre de todos: a ressurreição, que nenhuma guarda ou selo poderia impedir.
Contexto histórico-cultural
O Sinédrio e a Manhã Legal: Formalidades da Justiça Judaica
Após a sessão noturna informal e ilegal, o Sinédrio, o conselho judaico, reuniu-se oficialmente pela manhã para deliberar sobre o caso de Jesus.
Essa reunião matinal era uma formalidade legal, já que julgamentos capitais não podiam ocorrer durante a noite sob a lei judaica.
Essa encenação visava dar uma aparência de legalidade ao processo que já havia sido decidido informalmente durante a noite.
Pilatos em Jerusalém: Estratégia Romana em Tempos de Festa
Pôncio Pilatos, o governador romano, residia normalmente em Cesareia, na costa.
No entanto, durante festas importantes como a Páscoa, ele se deslocava para Jerusalém.
Essa prática visava manter a ordem pública em meio às grandes multidões de peregrinos e prevenir possíveis tumultos.
A presença de Pilatos em Jerusalém durante a Páscoa era, portanto, uma medida de segurança geopolítica romana.
Acusação a Pilatos: Rei Rival e a Tensão Geopolítica
Os líderes judeus levaram Jesus a Pilatos sob acusações de natureza política, e não religiosa.
Eles o acusaram de ser um agitador, subversivo, e de se proclamar rei, o que representaria uma ameaça ao poder de Roma e a César.
A acusação de pretensão ao trono judaico era uma manobra para forçar Pilatos a agir, explorando a tensão geopolítica entre Roma e as províncias.
Remorso versus Arrependimento: A Tragédia de Judas
Judas experimentou remorso ao ver Jesus condenado, devolvendo as 30 moedas de prata.
No entanto, seu remorso era diferente do arrependimento genuíno.
O remorso de Judas era focado nas consequências de seus atos, não na mudança de coração e direção que caracteriza o verdadeiro arrependimento bíblico.
Essa distinção teológica é crucial: remorso lamenta o castigo, arrependimento busca a restauração com Deus.
O Preço de Sangue e o Campo do Oleiro: Profecia Cumprida
As 30 moedas de prata, preço da traição de Jesus, eram o valor de um escravo.
Os sacerdotes, escrupulosos em questões cerimoniais, recusaram-se a colocar o "preço de sangue" no tesouro do templo.
Com o dinheiro, compraram o Campo do Oleiro, um terreno de pouco valor, para sepultar estrangeiros.
Esse ato cumpriu profecias do Antigo Testamento, como a de Zacarias (frequentemente confundida com Jeremias), sobre o preço desprezível pago pelo Messias e seu uso para um campo comum.
O Silêncio de Jesus: Dignidade e Profecia em Meio à Acusação
Diante de Pilatos, Jesus manteve-se em grande parte em silêncio, mesmo diante das acusações dos líderes judeus.
Esse silêncio não era sinal de fraqueza, mas de força e dignidade.
Seu comportamento cumpria a profecia de Isaías 53, que descreve o Servo Sofredor que não abre a boca perante seus acusadores.
Teologicamente, o silêncio de Jesus também demonstra sua submissão voluntária ao plano redentor de Deus.
Barrabás e Jesus: A Escolha e o Contraste Cultural
Pilatos, seguindo um costume da época da Páscoa, ofereceu à multidão a libertação de um prisioneiro.
Ele apresentou Barrabás, um criminoso notório, e Jesus, esperando que a multidão escolhesse o inocente Jesus.
A escolha popular por Barrabás revela a manipulação das elites religiosas sobre a multidão e a rejeição cultural de Jesus em favor de um agitador violento.
Essa escolha simboliza a preferência do mundo pelo pecado em detrimento da justiça divina.
O Sonho da Esposa de Pilatos: Um Aviso Divino Ignorado
A esposa de Pilatos, perturbada por um sonho, alertou-o sobre Jesus, chamando-o de "justo".
Sonhos eram considerados significativos na cultura da época, um possível canal de comunicação divina.
O aviso da esposa de Pilatos representa uma intervenção divina para poupar Pilatos de condenar um inocente.
Pilatos, contudo, ignorou esse aviso, priorizando a política e o medo da multidão em vez da justiça.
Lavar as Mãos: Simbolismo e Evasão da Responsabilidade
Pilatos lavou as mãos diante da multidão, um gesto simbólico judaico de inocência em relação a um derramamento de sangue.
Apesar do simbolismo, o ato de Pilatos não o isentou da responsabilidade pela condenação de Jesus.
Teologicamente, demonstra que ninguém pode se eximir da responsabilidade moral diante de Deus, mesmo por meio de rituais externos.
"Que o Sangue Dele Caia Sobre Nós": A Autocondenação do Povo
A multidão, influenciada pelos líderes religiosos, clamou: "Que o sangue dele caia sobre nós e sobre nossos filhos!".
Essa declaração expressava uma aceitação de responsabilidade pela morte de Jesus e uma invocação de suas consequências.
Essa fala teve desdobramentos trágicos na história judaica, culminando na destruição de Jerusalém em 70 d.C. e séculos de perseguição.
É importante notar que a responsabilidade coletiva não anula a individual, e o Novo Testamento oferece reconciliação e perdão a todos, incluindo os descendentes daqueles que rejeitaram Jesus.
Flagelação Romana: Tortura e Humilhação Pré-Crucificação
A flagelação era um procedimento romano padrão antes da crucificação, uma forma brutal de tortura.
O chicote romano, ou flagelo, continha pedaços de metal e osso que laceravam a carne, causando dor excruciante e choque.
A flagelação tinha o objetivo de debilitar a vítima antes da crucificação, acelerando a morte e aumentando o sofrimento.
Para Jesus, a flagelação representou um sofrimento físico extremo e uma profunda humilhação.
O Pretório e a Guarda Pretoriana: Cenário da Sádica Zombaria
Os soldados romanos levaram Jesus para o pretório, o quartel-general do governador, para zombar dele.
A guarda pretoriana, a elite militar romana, participou da cruel farsa.
Vestiram Jesus com um manto escarlate, símbolo de realeza, e colocaram-lhe uma coroa de espinhos, parodiando um diadema real.
A zombaria e os maus-tratos infligidos a Jesus revelam a crueldade e o desprezo dos soldados romanos.
Coroa de Espinhos e Cetro de Cana: Paródia da Realeza
A coroa de espinhos e o cetro de cana eram instrumentos de zombaria, transformando os símbolos de realeza em objetos de dor e deboche.
A coroa de espinhos, feita de galhos pontiagudos, infligia dor física real.
O cetro de cana, frágil e comum, contrastava com os cetros de ouro dos reis, expondo a paródia da falsa realeza imputada a Jesus.
Teologicamente, a coroa de espinhos pode simbolizar a maldição do pecado e o sofrimento vicário de Cristo pela humanidade.
Gólgota, o Lugar da Caveira: Cenário da Crucifixão e Simbolismo
Gólgota, ou Calvário, significa "lugar da caveira", nome derivado provavelmente de sua aparência topográfica ou por ser um local de execuções.
Situava-se fora dos muros de Jerusalém, mas próximo a vias movimentadas, para servir de aviso público.
O Gólgota tornou-se o palco da crucificação de Jesus, o local geográfico do sacrifício redentor.
O nome "caveira" pode simbolizar a morte e o sofrimento, mas também a vitória sobre a morte através da ressurreição.
Vinho Azedo com Fel: Anestesia Recusada e Sofrimento Consciente
Ofereceram a Jesus vinho azedo misturado com fel, uma bebida anestésica comum para crucificados, visando diminuir a dor.
Jesus provou, mas recusou beber, escolhendo enfrentar a crucificação com plena consciência.
Essa recusa demonstra sua determinação em sofrer intensamente, sem paliativos, o sacrifício completo pela humanidade.
Teologicamente, a recusa de anestesia enfatiza a voluntariedade e a profundidade do sofrimento de Cristo.
Crucificação: Pena Romana de Máxima Crueldade e Infâmia
A crucificação era a forma mais cruel e degradante de execução romana, reservada a escravos e criminosos.
A vítima era pregada ou amarrada a uma cruz, sofrendo dores excruciantes, asfixia e exposição.
A crucificação era um espetáculo público de terror, destinado a dissuadir a rebelião contra Roma.
A crucificação de Jesus, portanto, representou o ápice de sua humilhação e sofrimento físico.
Divisão das Vestes e Lançamento de Sorte: Cumprimento Profético
Os soldados romanos dividiram as vestes de Jesus entre si e lançaram sortes para ver quem ficaria com sua túnica.
Essa ação aparentemente trivial cumpriu profecias do Salmo 22, detalhando os sofrimentos do Messias.
O cumprimento profético em meio à brutalidade da crucificação reforça a natureza divina e predestinada dos eventos.
A Inscrição na Cruz: "O Rei dos Judeus" - Ironia e Provocação
Pilatos ordenou que fosse fixada uma inscrição acima da cabeça de Jesus na cruz: "Este é Jesus, o Rei dos Judeus".
A inscrição, escrita em três línguas (aramaico, latim e grego), era compreendida por todos em Jerusalém.
Para os romanos, era uma forma de ironia e advertência sobre pretensos reis judeus.
Para os líderes judeus, era uma provocação, pois não reconheciam Jesus como rei.
Para os cristãos, a inscrição, mesmo em tom de escárnio, proclamava a realeza de Cristo sobre todas as nações.
Ladrão na Cruz: Presença Marginalizada e Contraste Social
Jesus foi crucificado entre dois ladrões, marginalizados pela sociedade.
Essa posição central entre criminosos intensificava a humilhação e o estigma associados à crucificação.
A presença dos ladrões crucificados ao lado de Jesus destaca o contraste entre o Salvador inocente e os pecadores.
Teologicamente, a cena prenuncia a inclusão de pecadores no Reino de Deus através do sacrifício de Cristo.
Zombaria na Cruz: Rejeição e Blasfêmia em Meio ao Sofrimento
Mesmo crucificado, Jesus foi alvo de zombaria por parte dos passantes, líderes religiosos e até dos outros crucificados.
As zombarias questionavam sua messianidade, seu poder e sua relação com Deus, intensificando seu sofrimento moral e espiritual.
Essa rejeição e blasfêmia representam a profundidade da oposição humana a Jesus e à sua mensagem.
Trevas ao Meio-Dia: Sinal Cósmico e Agonia Espiritual
Durante as três horas finais do sofrimento de Jesus, do meio-dia às três da tarde, trevas cobriram a terra.
Esse fenômeno inexplicável para a época não foi um eclipse solar, que não ocorre na lua cheia da Páscoa.
As trevas simbolizavam o julgamento divino sobre o pecado e a agonia espiritual de Jesus ao suportar a ira de Deus em lugar da humanidade.
O evento cósmico refletia a magnitude do momento teológico da crucificação.
"Eli, Eli, Lamá Sabactâni": Clamor em Aramaico e Sentimento de Abandono
No auge do sofrimento, Jesus clamou em aramaico: "Eli, Eli, Lamá Sabactâni?", que significa "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?".
O aramaico era a língua vernácula da Judeia no século I.
O clamor expressa a profunda agonia de Jesus, sentindo-se abandonado pelo Pai ao assumir o pecado da humanidade.
Teologicamente, esse grito revela a profundidade do sacrifício de Cristo e a separação entre Pai e Filho no momento da expiação.
Vinagre na Sponja: Gesto Ambíguo e Sede Física
Um soldado ofereceu a Jesus vinagre em uma esponja, possivelmente para aliviar sua sede.
O vinagre era a bebida comum dos soldados romanos, um vinho barato e azedo.
O gesto pode ter sido ambíguo: tanto um ato de falsa piedade quanto uma forma de prolongar o sofrimento.
Para Jesus, o vinagre aliviou momentaneamente a sede física intensa causada pela crucificação.
O Véu do Templo Rasgado: Ruptura e Acesso a Deus
No momento da morte de Jesus, o véu do templo se rasgou de alto a baixo.
O véu separava o Santo dos Santos, o lugar da presença de Deus, do restante do templo.
O rasgar do véu, um ato divino, simbolizava o fim da separação entre Deus e a humanidade, abrindo o acesso direto a Deus através de Cristo.
Teologicamente, o evento marca o início de uma nova aliança, baseada no sacrifício de Jesus.
Terremoto e Rochas Fendidas: Reação da Natureza e Poder Divino
Um terremoto sacudiu a terra, e as rochas se fenderam no momento da morte de Jesus.
Esses eventos naturais extraordinários acompanharam a crucificação, demonstrando a reação da criação à morte do Criador.
O terremoto e as rochas fendidas manifestavam o poder divino e a importância cósmica da morte de Cristo.
Túmulos Abertos e Santos Ressuscitados: Primícias da Ressurreição
Os túmulos se abriram e corpos de santos foram ressuscitados, saindo dos sepulcros após a ressurreição de Jesus e aparecendo em Jerusalém.
Este evento único e misterioso, exclusivo do Evangelho de Mateus, é interpretado como um sinal do poder da ressurreição de Cristo.
Os santos ressuscitados seriam primícias da ressurreição final e um testemunho do poder de Cristo sobre a morte.
Confissão do Centurião: Reconhecimento Gentio e Fé na Cruz
O centurião romano, responsável pela crucificação, testemunhou os eventos sobrenaturais e confessou: "Verdadeiramente este era o Filho de Deus!".
A confissão de um centurião romano, um gentio, é notável.
Essa declaração, vinda de um executor romano, reconhecia a divindade de Jesus, contrastando com a rejeição dos líderes judeus.
Teologicamente, a confissão do centurião simboliza a universalidade da salvação, alcançando também os gentios através da fé em Cristo.
Mulheres da Galileia: Fidelidade e Serviço até o Fim
Mulheres que seguiram Jesus desde a Galileia permaneceram fiéis até a crucificação, observando de longe e ministrando a ele.
A presença das mulheres, como Maria Madalena e Maria mãe de Tiago e José, demonstra sua lealdade e coragem em contraste com a fuga dos discípulos homens.
O papel das mulheres no seguimento de Jesus e no testemunho da crucificação é um aspecto cultural e teológico relevante, mostrando a inclusão e importância das mulheres no movimento de Jesus.
José de Arimateia: Discípulo Secreto e Sepultamento Honroso
José de Arimateia, um homem rico e membro do Sinédrio, pediu a Pilatos o corpo de Jesus para sepultá-lo.
Como discípulo secreto de Jesus, José demonstrou coragem ao se identificar publicamente com Cristo após sua morte.
O sepultamento em um túmulo novo, cavado na rocha e pertencente a José, cumpriu a profecia de Isaías sobre o Messias ser sepultado com os ricos.
O ato de José de Arimateia garantiu um sepultamento honroso para Jesus, apesar da vergonha da crucificação.
Túmulo Selado e Guardado: Medidas Humanas Contra o Divino
Os líderes judeus, temendo uma fraude de ressurreição, pediram a Pilatos que o túmulo fosse selado e guardado por soldados romanos.
O selo romano e a guarda militar visavam impedir que o corpo de Jesus fosse roubado pelos discípulos.
Ironia divina: as precauções tomadas pelos inimigos de Jesus para impedir a ressurreição se tornaram evidências adicionais e irrefutáveis do milagre.
As medidas de segurança humanas foram impotentes diante do poder da ressurreição divina.
Temas Principais
1. Remorso e Consequências do Pecado
Mateus 27:1-10 narra o remorso de Judas após trair Jesus. Ele reconhece a inocência de Cristo e tenta desfazer sua ação, jogando as moedas de volta no templo.
Este episódio ilustra as consequências devastadoras do pecado e a diferença entre remorso e arrependimento genuíno (2 Coríntios 7:10).
2. Hipocrisia e Justiça Religiosa Corrompida
Os líderes religiosos, mesmo diante da confissão de Judas e da inocência de Jesus, preocupam-se apenas com questões cerimoniais e financeiras. Recusam-se a usar o "preço de sangue" para o tesouro do templo, mas o utilizam para comprar o campo do oleiro.
Essa atitude expõe a hipocrisia e a corrupção da justiça religiosa, que prioriza regras externas em detrimento da verdadeira justiça e misericórdia (Mateus 23:23-24).
3. Cumprimento Profético e Soberania de Deus
A narrativa conclui com a referência ao cumprimento da profecia de Jeremias (ou Zacarias) sobre o preço de sangue e o campo do oleiro. Isso demonstra a soberania de Deus sobre os eventos, usando até mesmo as ações pecaminosas dos homens para realizar Seus planos.
A traição de Judas e a reação dos sacerdotes, embora vis, estavam dentro do plano redentor de Deus (Atos 2:23).
Pontes no Novo Testamento
1. Ligação com o Ensino Apostólico: A Natureza do Arrependimento
O remorso de Judas contrasta fortemente com o arrependimento genuíno ensinado por Paulo. Em 2 Coríntios 7:10, Paulo distingue entre "tristeza segundo o mundo" e "tristeza segundo Deus".
Judas experimentou a tristeza do mundo, que leva à morte, enquanto o arrependimento verdadeiro, como o de Pedro após negar a Cristo, produz salvação e vida (Lucas 22:62).
2. Ligação Temática: O Preço do Sangue e a Redenção
O "preço de sangue" mencionado em Mateus 27:6-9 ecoa o tema do sacrifício e da redenção em todo o Novo Testamento. O sangue de Jesus, o Cordeiro de Deus, é o verdadeiro preço pago pela redenção da humanidade (1 Pedro 1:18-19).
A recusa dos sacerdotes em colocar o dinheiro no tesouro por ser "preço de sangue" ironicamente aponta para o sangue inocente que eles estavam rejeitando.
3. Ligação com a Missão e a Vida da Igreja: A Hipocrisia Religiosa e o Testemunho da Igreja
A hipocrisia dos líderes religiosos em Mateus 27 serve como um alerta constante para a Igreja. Ao longo do livro de Atos e nas cartas, a igreja primitiva enfrentou oposição religiosa e legalismo.
O chamado é para que os cristãos vivam uma fé autêntica, que se manifesta em justiça, misericórdia e humildade, evitando a hipocrisia que Jesus tanto condenou (Mateus 6:1-6; Tiago 1:26).
A vida da igreja deve ser um testemunho da verdadeira justiça de Deus, contrastando com a justiça corrompida que condenou Jesus.
Aplicação Prática
1. Examinando o Coração: Remorso vs. Arrependimento Verdadeiro
A história de Judas nos desafia a refletir sobre a natureza do nosso próprio arrependimento. Sentimos apenas remorso pelas consequências de nossos pecados, ou experimentamos uma mudança genuína de coração?
O verdadeiro arrependimento nos leva a confessar nossos pecados a Deus, buscar perdão e mudar nossa conduta (1 João 1:9).
Como podemos discernir se nosso arrependimento é genuíno e transformador, à semelhança de Davi no Salmo 51?
2. Fugindo da Hipocrisia: Integridade na Fé
A hipocrisia dos líderes religiosos é um aviso contra a prática de uma fé superficial e legalista. Somos chamados a buscar integridade em nossa fé, vivendo de acordo com os princípios que professamos (Mateus 7:21).
Isso implica em examinar nossas motivações e garantir que nossa prática religiosa seja genuína e não apenas para aparência externa (Colossenses 3:23-24).
De que maneiras podemos garantir que nossa fé seja genuína e livre de hipocrisia, refletindo o caráter de Cristo?
3. Confiando na Soberania de Deus em Meio à Injustiça
Mesmo diante da traição e da injustiça, a soberania de Deus permanece inabalável. Podemos confiar que Deus está no controle, mesmo quando vemos o mal prosperar (Romanos 8:28).
A história de Mateus 27 nos encoraja a confiar que Deus pode usar até mesmo as ações pecaminosas para cumprir Seus propósitos redentores.
Como podemos manter a fé na soberania de Deus em tempos de injustiça e sofrimento, sabendo que Ele está trabalhando para o bem?
Versículo-chave
"'Pequei', disse ele, 'pois traí sangue inocente'. 'Que nos importa?', responderam eles. 'Isso é problema seu'" (Mateus 27:4, NVI).
Sugestão de esboços
Esboço Temático: "O Peso da Culpa e a Graça Divina"
1. A Confissão de Culpa (Mateus 27:3-4)
2. A Rejeição da Graça (Mateus 27:4-5)
3. O Preço do Pecado (Mateus 27:5)
4. A Compra da Misericórdia (Mateus 27:7-8)
Esboço Expositivo: "Do Sinédrio a Getsêmani: A Manhã da Traição"
1. Jesus Perante Pilatos (Mateus 27:1-2)
2. O Remorso de Judas (Mateus 27:3-5)
3. O Conselho dos Sacerdotes (Mateus 27:6-8)
4. O Cumprimento da Profecia (Mateus 27:9-10)
Esboço Criativo: "Moedas de Prata, Campo de Sangue"
1. O Despertar da Consciência (Mateus 27:3)
2. O Grito Desesperado (Mateus 27:4)
3. O Rejeito Religioso (Mateus 27:6)
4. A Terra da Vergonha (Mateus 27:8)
Perguntas
- Quem tomou a decisão de condenar Jesus à morte logo pela manhã? (27.1)
- Qual ação física foi realizada contra Jesus antes de ser levado a Pilatos? (27.2)
- A quem Jesus foi entregue após ser amarrado? (27.2)
- Que emoção tomou conta de Judas ao ver Jesus condenado? (27.3)
- A quem Judas confessou seu pecado de trair sangue inocente? (27.4)
- Qual foi a resposta dos chefes dos sacerdotes à confissão de Judas? (27.4)
- Onde Judas jogou as moedas de prata antes de se enforcar? (27.5)
- O que os chefes dos sacerdotes consideraram "preço de sangue"? (27.6)
- Qual era a objeção dos chefes dos sacerdotes em colocar o dinheiro no tesouro do templo? (27.6)
- Para que fim os chefes dos sacerdotes decidiram usar o dinheiro de Judas? (27.7)
- Qual era o propósito de usar o campo do Oleiro como cemitério? (27.7)
- Até quando o campo comprado com o dinheiro de Judas ficou conhecido como campo de Sangue? (27.8)
- Qual profeta é citado em relação ao preço pago por Jesus e ao campo do Oleiro? (27.9)
- Qual era o valor em prata mencionado na profecia sobre o preço de Jesus? (27.9)
- Quem fez a pergunta "Você é o rei dos judeus?" a Jesus? (27.11)
- Qual foi a resposta de Jesus à pergunta sobre ser o rei dos judeus? (27.11)
- Como Jesus reagiu às acusações dos chefes dos sacerdotes e líderes religiosos perante Pilatos? (27.12)
- O que Pilatos perguntou a Jesus sobre as acusações que estavam sendo feitas contra ele? (27.13)
- Qual foi o grau de resposta de Jesus às perguntas de Pilatos e acusações dos líderes religiosos? (27.14)
- Qual foi a reação de Pilatos ao silêncio de Jesus diante das acusações? (27.14)
- Qual era o costume do governador por ocasião da festa? (27.15)
- Quem era o prisioneiro notório mencionado no texto? (27.16)
- Qual pergunta Pilatos fez à multidão reunida sobre os prisioneiros? (27.17)
- Quais eram os dois nomes dos prisioneiros que Pilatos apresentou à multidão? (27.17)
- Qual era o motivo pelo qual Pilatos sabia que Jesus havia sido entregue? (27.18)
- Quem enviou uma mensagem a Pilatos enquanto ele estava sentado no tribunal? (27.19)
- Qual foi o teor da mensagem da esposa de Pilatos? (27.19)
- Quem convenceu a multidão a pedir Barrabás e executar Jesus? (27.20)
- Qual foi a resposta da multidão quando Pilatos perguntou qual dos dois eles queriam que fosse solto? (27.21)
- O que Pilatos perguntou à multidão após eles escolherem Barrabás? (27.22)
- Qual foi a resposta unânime da multidão à pergunta de Pilatos sobre o que fazer com Jesus? (27.22)
- Qual pergunta adicional Pilatos fez à multidão, buscando razão para a crucificação de Jesus? (27.23)
- Como a multidão reagiu à pergunta de Pilatos sobre o crime de Jesus? (27.23)
- Qual ação simbólica Pilatos realizou para declarar sua inocência? (27.24)
- O que Pilatos declarou ao lavar as mãos diante da multidão? (27.24)
- Qual foi a resposta de todo o povo à declaração de Pilatos sobre a responsabilidade pelo sangue de Jesus? (27.25)
- Quem Pilatos soltou para a multidão? (27.26)
- O que Pilatos ordenou que fizessem com Jesus antes de entregá-lo para ser crucificado? (27.26)
- Para onde os soldados do governador levaram Jesus após a decisão de Pilatos? (27.27)
- Quem os soldados reuniram ao redor de Jesus no Pretório? (27.27)
- Que vestimenta os soldados colocaram em Jesus após despojá-lo de suas roupas? (27.28)
- De que material era feita a coroa que os soldados colocaram em Jesus? (27.29)
- O que os soldados colocaram na mão direita de Jesus para zombaria? (27.29)
- Qual saudação zombeteira os soldados dirigiam a Jesus? (27.29)
- Além de zombar, que outros atos de violência física os soldados praticaram contra Jesus? (27.30)
- Quem foi forçado a carregar a cruz de Jesus? (27.32)
- De onde era Simão, que ajudou a carregar a cruz de Jesus? (27.32)
- Qual o nome do lugar para onde levaram Jesus para crucificá-lo e o que significa este nome? (27.33)
- O que foi oferecido a Jesus para beber antes da crucificação e qual foi a reação dele? (27.34)
- O que os soldados fizeram com as vestes de Jesus após crucificá-lo? (27.35)
- O que os soldados fizeram enquanto vigiavam Jesus crucificado? (27.36)
Tabelas Didáticas
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💔 Remorso vs. 🏛️ Indiferença
👤 Personagens | 🎭 Reações e Atitudes |
---|---|
😭 Judas Iscariotes (27:3-5) | 💔 Remorso profundo, confissão de pecado ("traí sangue inocente"), tenta devolver o dinheiro, suicídio. |
🏛️ Principais Sacerdotes (27:4, 6) | indifference, recusa em assumir responsabilidade ("Isso é contigo"), preocupação com regras cerimoniais (dinheiro no templo), hipocrisia. |
⚖️ Pilatos: Caminhos e Decisão
🚦 Opções de Pilatos | ❌ Decisão e Consequências |
---|---|
🕊️ Libertar Jesus (27:17-18): Percebe inocência, costume da Páscoa, aviso da esposa (27:19). | ❌ Cede à pressão da multidão (27:24-26): Liberta Barrabás, entrega Jesus para crucificação, lava as mãos da responsabilidade. |
🛡️ Defender a justiça: Ignorar pressão, seguir a consciência e o aviso divino (27:19). | 💔 Abdicação da justiça, culpa histórica, prioriza paz social e política sobre o que é certo. |
✝️ Reações à Cruz: Fé e Zombaria
👥 Grupos na Crucifixação | 🗣️ Atitudes e Falas |
---|---|
🤡 Passantes, Líderes Religiosos, Ladrões (27:39-43) | 🗣️ Zombaria, sarcasmo, desafio ("Salva-te a ti mesmo", "Desce da cruz"), incredulidade, rejeição da messianidade de Jesus. |
🛡️ Centurião e Soldados (27:54) | 🙏 Temor, reconhecimento dos sinais ("trevas", "terremoto"), confissão de fé ("Verdadeiramente este era Filho de Deus!"). |
👩 Mulheres da Galileia (27:55-56) | ❤️ Fidelidade silenciosa, observação de longe, amor e serviço contínuos, presença fiel em meio ao sofrimento. |