Mateus 21 explicado:
🌳 Jesus amaldiçoa figueira seca e confronta líderes sobre autoridade.
🍇 Jesus usa parábolas para expor hipocrisia e rebelião dos religiosos.
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Resumo de Mateus 21
Entrada Triunfal em Jerusalém: A Chegada Humilde do Rei
À medida que Jesus e seus discípulos se aproximavam de Jerusalém, a cidade santa e centro da fé judaica, eles chegaram a Betfagé, uma pequena aldeia perto do Monte das Oliveiras (v. 1).
O Monte das Oliveiras era um local significativo, com vista para Jerusalém e rico em simbolismo profético.
Dali, Jesus enviou dois de seus discípulos com uma missão específica e preparatória para sua entrada na cidade (v. 1).
Jesus deu instruções detalhadas a esses discípulos: "Ide à aldeia que está ali adiante de vós e logo encontrareis uma jumenta amarrada, e com ela um jumentinho" (v. 2).
Ele sabia exatamente o que encontrariam, demonstrando seu conhecimento prévio e controle sobre os eventos.
A jumenta e o jumentinho eram animais de carga comuns, mas neste contexto, a escolha de um jumento tinha um significado simbólico profundo.
Jesus continuou suas instruções, dizendo: "Desprendei-a e trazei-mos" (v. 2).
Ele deu-lhes autoridade para usar esses animais, que aparentemente não lhes pertenciam, para cumprir um propósito maior.
Antecipando possíveis questionamentos ou objeções, Jesus também os instruiu sobre como responder: "E, se alguém vos disser alguma coisa, respondei: O Senhor precisa deles" (v. 3).
Essa simples frase "O Senhor precisa deles" seria suficiente para garantir que os animais fossem entregues sem resistência.
Jesus assegurou-lhes que, ao darem essa resposta, "logo os enviará", indicando que a providência divina já estava em ação para facilitar o cumprimento de sua ordem (v. 3).
O evangelista Mateus faz questão de destacar que esses eventos não eram coincidências, mas sim o cumprimento de uma profecia antiga (v. 4).
Ele cita o profeta Zacarias, mostrando que a entrada de Jesus em Jerusalém estava alinhada com o plano divino revelado nas Escrituras: "Dizei à filha de Sião: Eis que aí te vem o teu Rei, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de animal de carga" (v. 5).
Essa profecia descrevia a vinda do Rei messiânico de Israel, não como um conquistador poderoso montado em um cavalo de guerra, mas como um líder humilde e pacífico, montado em um jumento, um símbolo de paz e serviço.
Os discípulos, obedecendo às instruções de Jesus, foram à aldeia e fizeram exatamente como ele havia ordenado (v. 6).
Eles encontraram a jumenta e o jumentinho conforme previsto e os trouxeram para Jesus (v. 7).
Para preparar os animais para Jesus montar, os discípulos colocaram seus mantos sobre a jumenta e o jumentinho, improvisando uma sela mais confortável (v. 7).
Então, Jesus montou sobre o jumentinho, cumprindo assim a profecia de Zacarias de forma visível e pública (v. 7).
À medida que Jesus entrava em Jerusalém montado no jumento, uma grande multidão se reuniu para recebê-lo, muitos deles estendendo seus mantos no caminho por onde ele passava, em sinal de honra e reverência real (v. 8).
Outros cortavam ramos de árvores, provavelmente palmeiras ou oliveiras, e os espalhavam pela estrada, criando uma espécie de tapete verde e festivo para a passagem do Rei (v. 8).
As multidões que acompanhavam Jesus, tanto as que iam à frente quanto as que vinham atrás, clamavam em alta voz, louvando e aclamando: "Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas!" (v. 9).
“Hosana” era uma expressão de louvor e súplica, significando "Salva-nos agora!" ou "Dá-nos a salvação!".
Ao chamá-lo de "Filho de Davi", reconheciam Jesus como o Messias prometido, descendente do rei Davi e herdeiro do trono de Israel.
A exclamação "Bendito o que vem em nome do Senhor!" era uma citação do Salmo 118, um cântico messiânico, e reconhecia Jesus como o enviado de Deus, aquele que vinha com a autoridade e o poder divinos.
Essa entrada triunfal de Jesus em Jerusalém foi um momento de grande alegria e expectativa messiânica, com as multidões reconhecendo-o publicamente como o Rei prometido.
Jerusalém em Alvoroço: Quem é Este?
Quando Jesus entrou em Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou, tomada por uma agitação e curiosidade intensas (v. 10).
A entrada de uma grande multidão aclamando alguém como rei causou um grande impacto e questionamento entre os habitantes da cidade.
As pessoas perguntavam umas às outras: "Quem é este?", querendo saber a identidade daquele que estava sendo recebido com tanta honra e aclamação (v. 10).
As multidões que acompanhavam Jesus respondiam à pergunta da cidade, proclamando: "Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galileia!" (v. 11).
Eles identificavam Jesus como um profeta, reconhecendo sua origem em Nazaré da Galileia, e associavam sua entrada triunfal à sua identidade profética e messiânica.
Essa resposta das multidões, embora reconhecesse Jesus como profeta, talvez não tenha capturado toda a profundidade de sua identidade como o Messias e Filho de Deus, mas foi um reconhecimento público significativo em meio à agitação de Jerusalém.
Purificação do Templo: A Casa de Oração Profanada
Após a entrada triunfal na cidade, Jesus dirigiu-se ao templo, o centro religioso e espiritual de Jerusalém e de toda a nação judaica (v. 12).
Ao entrar no templo, Jesus observou uma cena que o indignou profundamente: o pátio do templo estava transformado em um mercado barulhento e profano, cheio de vendedores e cambistas (v. 12).
Essas atividades comerciais, embora pudessem ter sido iniciadas para facilitar os sacrifícios e as necessidades dos peregrinos, haviam se degenerado em exploração e desrespeito ao caráter sagrado do templo.
Movido por um zelo santo e indignação justa, Jesus começou a expulsar todos os que ali vendiam e compravam, restaurando a santidade do templo pela força (v. 12).
Ele derrubou as mesas dos cambistas, que lucravam com a troca de moedas para o pagamento do imposto do templo e a compra de animais para sacrifício (v. 12).
Jesus também derrubou as cadeiras dos que vendiam pombas, aves comumente usadas para sacrifícios pelos mais pobres (v. 12).
Com essa ação enérgica e purificadora, Jesus citou as Escrituras para justificar seu zelo: "Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a transformais em covil de salteadores" (v. 13).
Ele contrastou o propósito original do templo, ser uma "casa de oração" para todas as nações, com a forma como os líderes religiosos e comerciantes o haviam transformado em um "covil de salteadores", um lugar de exploração e corrupção.
Essa purificação do templo foi um ato profético e messiânico, reivindicando a autoridade de Jesus sobre o templo e restaurando seu propósito sagrado.
Curas no Templo e Louvor das Crianças: Sinais do Reino e Inocência Reconhecedora
Após purificar o templo, Jesus continuou sua obra ali, demonstrando compaixão e poder curador (v. 14).
Cegos e coxos vieram a ele no templo, buscando cura e restauração, e Jesus os curou, manifestando o Reino de Deus através de sinais e maravilhas (v. 14).
Essas curas eram uma demonstração do poder messiânico de Jesus e um cumprimento das profecias que anunciavam a restauração e cura que o Messias traria.
Enquanto Jesus realizava essas maravilhas e as multidões o louvavam, as crianças também se juntaram ao coro de aclamação, clamando no templo: "Hosana ao Filho de Davi!" (v. 15).
O louvor espontâneo e sincero das crianças era um testemunho da autenticidade de Jesus e do reconhecimento messiânico que ele recebia de diferentes grupos.
No entanto, os principais sacerdotes e os escribas, líderes religiosos que deveriam ter reconhecido Jesus como o Messias, ficaram indignados ao ver as maravilhas que ele fazia e ouvir o louvor das crianças (v. 15).
Em vez de se alegrarem com os sinais do Reino e o reconhecimento messiânico, eles se sentiram ameaçados e desafiados pela popularidade e autoridade de Jesus.
Eles questionaram Jesus, perguntando-lhe: "Ouves o que estes estão dizendo?", numa tentativa de desacreditar o louvor e confrontar Jesus (v. 16).
Jesus respondeu-lhes afirmativamente: "Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor?" (v. 16).
Ele citou o Salmo 8:2, mostrando que o louvor das crianças não era inadequado ou insignificante, mas sim uma forma de louvor puro e perfeito que agradava a Deus.
Jesus destacou que, mesmo das bocas dos mais jovens e aparentemente insignificantes, Deus podia receber louvor genuíno e revelar sua verdade.
A Figueira Estéril: Lição Sobre Frutificação e Fé
Após esse confronto no templo, Jesus deixou Jerusalém e foi para Betânia, uma aldeia próxima, onde passou a noite (v. 17).
Na manhã seguinte, ao retornar para Jerusalém, Jesus sentiu fome (v. 18).
Vendo uma figueira à beira do caminho, que aparentava estar viçosa com muitas folhas, aproximou-se dela na expectativa de encontrar figos para saciar sua fome (v. 19).
No entanto, ao se aproximar, Jesus não encontrou fruto algum na figueira, apenas folhas, pois não era tempo de figos.
Diante dessa figueira infrutífera, Jesus proferiu uma palavra de juízo: "Nunca mais nasça fruto de ti!" (v. 19).
E, imediatamente, a figueira secou, demonstrando o poder da palavra de Jesus e o significado simbólico desse evento (v. 19).
Ao verem a figueira secar tão rapidamente, os discípulos ficaram admirados e exclamaram: "Como secou depressa a figueira!" (v. 20).
Eles se surpreenderam com a rapidez e a eficácia da palavra de Jesus em realizar um milagre de destruição.
Jesus, aproveitando a surpresa dos discípulos, ensinou-lhes uma importante lição sobre fé e poder: "Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não somente fareis o que foi feito à figueira, mas até mesmo, se a este monte disserdes: Ergue-te e lança-te no mar, tal sucederá" (v. 21).
Ele destacou que a fé genuína, livre de dúvidas, tem um poder ilimitado, capaz de realizar feitos extraordinários, até mesmo mover montanhas.
Jesus continuou, ampliando a promessa relacionada à oração e à fé: "e tudo quanto pedirdes em oração, crendo, recebereis" (v. 22).
Ele ensinou que a oração feita com fé, crendo que se receberá o que se pede, é poderosa e eficaz, capaz de alcançar resultados surpreendentes.
A história da figueira estéril serviu como uma ilustração do poder da fé e da importância de dar frutos, tanto na vida pessoal quanto na vida espiritual.
Desafio à Autoridade de Jesus: A Parábola dos Dois Filhos
De volta ao templo, Jesus começou a ensinar novamente, continuando sua missão de proclamar o Reino de Deus (v. 23).
Os principais sacerdotes e os anciãos do povo, representantes da liderança religiosa e política de Jerusalém, aproximaram-se de Jesus com um desafio direto à sua autoridade (v. 23).
Eles perguntaram: "Com que autoridade fazes estas coisas? E quem te deu essa autoridade?", questionando as ações de Jesus, especialmente a purificação do templo e seus ensinamentos (v. 23).
Eles queriam saber qual era a base da autoridade de Jesus para agir e ensinar daquela maneira, buscando desacreditá-lo perante o povo.
Jesus, em vez de responder diretamente à pergunta deles, usou uma estratégia para confrontá-los com sua própria hipocrisia e falta de discernimento espiritual (v. 24).
Ele respondeu com outra pergunta, colocando-os em uma posição difícil: "Eu também vos farei uma pergunta; se me responderdes, também eu vos direi com que autoridade faço estas coisas" (v. 24).
A pergunta de Jesus era sobre o batismo de João Batista, um profeta que havia preparado o caminho para o Messias: "Donde era o batismo de João, do céu ou dos homens?" (v. 25).
Essa pergunta colocava os líderes religiosos em um dilema, pois a resposta que eles dessem revelaria sua verdadeira atitude em relação a João e, consequentemente, a Jesus.
Os líderes religiosos começaram a discutir entre si, ponderando as possíveis consequências de cada resposta (v. 25).
Se dissessem que o batismo de João era "do céu", reconheceriam sua origem divina e profética, e Jesus poderia então questioná-los: "Então, por que não acreditastes nele?", expondo sua incredulidade diante do testemunho de João sobre o Messias (v. 25).
Por outro lado, se dissessem que o batismo de João era "dos homens", temiam a reação do povo, "porque todos consideram João como profeta", e reconheceriam publicamente sua rejeição a um profeta popularmente aceito (v. 26).
Diante desse dilema, os líderes religiosos escolheram uma resposta evasiva e hipócrita: "Não sabemos" (v. 27).
Eles preferiram admitir ignorância a confrontar as implicações de suas próprias crenças e ações.
Jesus, diante da resposta deles, declarou: "Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas" (v. 27).
Ele não se sentiu obrigado a responder à pergunta deles, já que eles se mostraram desonestos e não estavam buscando a verdade.
Em seguida, Jesus contou a parábola dos dois filhos para ilustrar a hipocrisia dos líderes religiosos e contrastá-los com aqueles que, embora inicialmente relutantes, se arrependeram e obedeceram a Deus (v. 28).
Na parábola, um homem pede a seus dois filhos para trabalharem na vinha (v. 28).
O primeiro filho inicialmente responde "Sim, senhor", mas não vai trabalhar (v. 29).
O segundo filho responde "Não quero", mas depois se arrepende e vai trabalhar na vinha (v. 30).
Jesus então pergunta aos líderes religiosos: "Qual dos dois fez a vontade do pai?" (v. 31).
Eles respondem corretamente: "O segundo" (v. 31).
Jesus então aplica a parábola à situação deles: "Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus" (v. 31).
Ele destaca que pecadores desprezados pela sociedade, como publicanos e meretrizes, que inicialmente se opuseram a Deus, mas se arrependeram e creram na mensagem de João e de Jesus, estavam entrando no Reino de Deus antes dos líderes religiosos, que se consideravam justos, mas rejeitaram a mensagem divina.
Jesus explica ainda: "Porque João veio a vós outros no caminho da justiça, e não acreditastes nele; ao passo que publicanos e meretrizes creram. Vós, porém, mesmo vendo isto, não vos arrependestes, afinal, para acreditardes nele" (v. 32).
Ele enfatiza que, apesar do testemunho claro de João e da resposta positiva de pecadores, os líderes religiosos persistiram em sua incredulidade e falta de arrependimento.
A Parábola dos Lavradores Maus: Rejeição do Filho e Juízo Vindouro
Jesus continuou a confrontar os líderes religiosos com outra parábola, a parábola dos lavradores maus, que ilustrava a história de Israel e a rejeição dos mensageiros de Deus, culminando na rejeição e morte do próprio Filho de Deus (v. 33).
Na parábola, um dono de uma propriedade planta uma vinha, cerca-a, constrói um lagar e uma torre, e a arrenda a lavradores, ausentando-se do país (v. 33).
No tempo da colheita, o dono envia seus servos aos lavradores para receber sua parte dos frutos (v. 34).
Mas os lavradores, em vez de pagarem o que era devido, agarram os servos, espancam um, matam outro e apedrejam outro (v. 35).
O dono, em sua paciência, envia ainda mais servos, em maior número, mas os lavradores os tratam da mesma forma, rejeitando e maltratando os mensageiros do dono (v. 36).
Finalmente, o dono toma uma decisão extrema, enviando seu próprio filho, pensando: "A meu filho respeitarão" (v. 37).
No entanto, os lavradores maus, vendo o filho, conspiram entre si: "Este é o herdeiro; ora, vamos, matemo-lo e apoderemo-nos da sua herança" (v. 38).
E, executando seu plano perverso, agarram o filho, lançam-no fora da vinha e o matam (v. 39).
Após contar a parábola, Jesus faz uma pergunta direta aos líderes religiosos, buscando sua própria condenação: "Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?" (v. 40).
Os líderes religiosos, sem perceberem que estavam se autoincriminando, respondem com um julgamento severo: "Fará perecer horrivelmente a estes malvados e arrendará a vinha a outros lavradores que lhe remetam os frutos nos seus devidos tempos" (v. 41).
Eles reconhecem a justiça do castigo que o dono da vinha deveria infligir aos lavradores maus, sem perceberem que essa condenação se aplicava a eles mesmos.
Jesus então revela a aplicação da parábola, citando o Salmo 118:22-23: "Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular; isto procede do Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos?" (v. 42).
Ele se identifica como a "pedra rejeitada pelos construtores", os líderes religiosos, mas que Deus exaltaria como a "pedra angular", fundamental para a construção do Reino de Deus.
Jesus declara então o julgamento sobre os líderes religiosos e a nação de Israel: "Portanto, vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos" (v. 43).
Ele anuncia que o Reino de Deus, que havia sido confiado a Israel, seria retirado deles por causa de sua infidelidade e rejeição ao Messias, e seria dado a um novo povo, gentios e judeus crentes, que produziria os frutos do Reino.
Jesus acrescenta uma advertência sobre as consequências de rejeitá-lo: "Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó" (v. 44).
Ele adverte que aqueles que tropeçassem em Jesus, rejeitando-o, seriam destruídos, e aqueles sobre quem a "pedra" caísse, ou seja, aqueles que fossem julgados por ele, seriam completamente aniquilados.
Os principais sacerdotes e os fariseus, ao ouvirem essas parábolas, entenderam claramente que era a respeito deles que Jesus falava, expondo sua maldade e anunciando o juízo vindouro (v. 45).
Embora ficassem furiosos e buscassem prendê-lo para silenciá-lo, eles temeram a reação das multidões, "porque estas o consideravam como profeta" (v. 46).
O medo do povo impediu que os líderes religiosos agissem naquele momento, mas sua rejeição a Jesus e seus planos para eliminá-lo já estavam claramente definidos, preparando o cenário para os eventos cruciais que se seguiriam.
Contexto histórico-cultural
Jerusalém e o Monte das Oliveiras: Cenário da Entrada Triunfal
Quando Jesus e seus discípulos se aproximaram de Jerusalém, chegaram a Betfagé, no Monte das Oliveiras.
O Monte das Oliveiras está localizado a leste de Jerusalém, separado da cidade pelo vale do Cédron, um leito de rio que permanece seco na maior parte do ano, mas que pode encher consideravelmente durante as fortes chuvas.
O monte recebeu esse nome devido à grande quantidade de oliveiras que ali eram cultivadas.
O Monte das Oliveiras tem aproximadamente 1,6 km de comprimento e cerca de 213 metros de altura, oferecendo uma vista panorâmica de Jerusalém.
Do topo do monte, era possível contemplar quase toda a cidade, que se estendia em seus pés.
Na encosta oeste do monte, ficava o Jardim do Getsêmani, um lugar significativo nos eventos que se seguiram.
Nas encostas orientais, encontravam-se as vilas de Betfagé e Betânia, povoados próximos a Jerusalém.
Betânia era conhecida por ser a casa de Lázaro, a quem Jesus ressuscitou dos mortos, e de suas irmãs, Marta e Maria.
A distância entre Jericó, de onde vinham, e Jerusalém era de aproximadamente 30 km.
A maior parte do percurso era desértica, repleta de cavernas, rochas e bosques, o que a tornava um local propício para a ação de ladrões.
Jumentos na Judeia: Símbolo de Paz e Realeza
Na Judeia do século I, os cavalos eram raros e utilizados principalmente em contextos de guerra.
Para o dia a dia e viagens comuns, as pessoas utilizavam jumentos, mulas e camelos.
Montar um cavalo poderia simbolizar guerra, enquanto mulas e jumentos representavam paz.
Reis e príncipes frequentemente montavam jumentos em tempos de paz, indicando que essa prática era um sinal de status e dignidade, não de pobreza ou humilhação.
Quando Jesus instruiu seus discípulos a encontrar um jumento e um jumentinho, ele estava seguindo uma tradição real e pacífica.
A ordem para trazer ambos os animais, mesmo montando apenas o jumentinho, pode ter sido para tranquilizar a jumenta mãe na presença da multidão barulhenta.
‘O Senhor precisa’: Autoridade e Necessidade Divina
A frase “o Senhor precisa deles” era uma maneira de Jesus, como mestre, solicitar os animais.
Na época, "Senhor" podia significar simplesmente "mestre", um título de respeito dado por inferiores a superiores.
No entanto, no contexto da entrada triunfal, com Jesus ciente de sua divindade e propósito messiânico, a frase ganha um peso maior.
É notável a combinação das palavras "o Senhor" e "precisa", mostrando que Jesus, mesmo em sua soberania, assumiu uma natureza humana com necessidades, mas sem perder sua autoridade divina.
Cumprimento Profético: O Rei Humilde Chega a Sião
A entrada triunfal de Jesus em Jerusalém foi um ato deliberado para cumprir profecias do Antigo Testamento, especialmente Zacarias 9:9.
A profecia dizia: “Dizei à filha de Sião: Eis que o teu Rei te vem, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta”.
Sião, ou “filha de Sião”, era uma referência poética a Jerusalém, a cidade sobre o monte Sião.
Ao entrar em Jerusalém montado em um jumentinho, Jesus se apresentou como o rei messiânico prometido, mas de forma humilde e pacífica, contrastando com a imagem de um conquistador militar.
A escolha do jumento, um animal de carga comum, em vez de um cavalo de guerra, reforçava a natureza pacífica do seu reino e sua missão.
Vestes e Ramos no Caminho: Honra e Expectativa Messiânica
A multidão demonstrou grande honra a Jesus ao estender suas vestes e ramos de árvores no caminho por onde ele passava.
Este era um costume antigo para homenagear reis e conquistadores.
Estender vestes no caminho era um gesto de reconhecimento, lealdade e promessa de apoio.
Cortar e espalhar ramos de árvores, especialmente ramos de palmeira, simbolizava vitória e sucesso.
Ramos de palmeiras eram emblemas de alegria e triunfo, utilizados tanto por judeus quanto por romanos em celebrações e procissões.
João especifica que os ramos eram de palmeiras, árvores abundantes na Palestina, especialmente em Jericó e En-Gedi.
Jerico, inclusive, era conhecida como a "cidade das palmeiras".
A palmeira era valorizada por sua beleza, frutos (tâmaras), sombra, mel e vinho, e frequentemente representava a Judeia em moedas antigas.
O gesto da multidão, portanto, expressava uma recepção triunfal a Jesus, reconhecendo-o como o Messias esperado e rei de Israel.
Hosana ao Filho de Davi: Aclamação Messiânica e Súplica por Salvação
A multidão aclamava Jesus com “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!”.
“Hosana” é uma palavra de origem hebraica que significa “salva-nos agora” ou “salva, eu te peço”.
Originalmente, era um clamor por ajuda, mas com o tempo se tornou uma aclamação festiva e uma invocação de bênção, especialmente em contextos messiânicos.
A expressão “Filho de Davi” era um título messiânico amplamente reconhecido, referindo-se ao descendente real de Davi que traria a salvação e restauraria o reino de Israel.
Ao chamarem Jesus de “Filho de Davi” e clamarem “Hosana”, a multidão o reconhecia abertamente como o Messias, buscando sua salvação e expressando alegria pela sua chegada.
A frase “Bendito o que vem em nome do Senhor” é uma citação do Salmo 118:26, um salmo messiânico tradicionalmente usado para saudar peregrinos e, neste caso, aplicada a Jesus como o Messias que vem com a autoridade de Deus.
“Hosana nas alturas” pode ser interpretado como um louvor a Deus nos céus por enviar o Messias, ou como um clamor para que Deus, que habita nas alturas, traga salvação através do Messias.
Agitação em Jerusalém: Expectativa e Incerteza Messiânica
A entrada de Jesus em Jerusalém causou grande agitação em toda a cidade.
A multidão, a procissão e os gritos de “Hosana” chamaram a atenção de todos, gerando curiosidade e questionamentos.
A pergunta “Quem é este?” ecoava pela cidade, refletindo tanto a curiosidade genuína quanto a incerteza sobre a identidade de Jesus.
A resposta da multidão, “Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia”, identificava Jesus como um profeta, mas também o associava a Nazaré, uma cidade menosprezada, o que podia gerar dúvidas sobre suas credenciais messiânicas para alguns.
Enquanto alguns reconheciam Jesus como o Messias, muitos ainda o viam apenas como um profeta de uma região periférica, mostrando a complexidade das expectativas messiânicas da época.
Purificação do Templo: Retomando a Centralidade da Oração
Jesus, após entrar em Jerusalém, dirigiu-se ao templo e expulsou os vendedores e cambistas que ali estavam.
Este evento, conhecido como a purificação do templo, parece ser distinto de um episódio semelhante registrado no início do ministério de Jesus em João 2:13-22.
No pátio dos gentios, a área mais externa do templo e o único local acessível a não-judeus, havia um comércio intenso de animais para sacrifício e câmbio de moedas.
Cambistas trocavam moedas romanas por moedas locais, o “meio siclo”, exigido para o tributo do templo, conforme Êxodo 30:11-16.
Vendedores de animais, como bois, ovelhas e pombas, também operavam ali, facilitando a compra de anpara os sacrifícios.
No entanto, esse comércio havia se degenerado em exploração e desonestidade.
Os preços dos animais eram inflacionados dentro do templo, chegando a ser vinte vezes mais caros do que fora.
Essa prática lesava os peregrinos, especialmente os mais pobres, que eram obrigados a comprar жертвы a preços exorbitantes.
Jesus, indignado com a profanação do templo e a exploração religiosa, agiu com autoridade para restabelecer a santidade do lugar.
Ele derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos vendedores de pombas, interrompendo o comércio e declarando: “A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a transformastes em covil de ladrões”.
Ao citar Isaías 56:7, Jesus reafirmou o propósito original do templo como um lugar de oração para todas as nações, denunciando a sua transformação em um centro de comércio fraudulento.
A expressão “covil de ladrões” denunciava a desonestidade e a exploração praticadas no templo, comparando os comerciantes a ladrões que se escondem em covis.
A ação de Jesus, portanto, foi um ato profético de julgamento contra a corrupção religiosa e um chamado para restaurar a verdadeira adoração no templo.
Cegos e Coxos no Templo: Ações de Cura e Misericórdia
Após a purificação do templo, cegos e coxos se aproximaram de Jesus no templo, e ele os curou.
Este episódio demonstra o contraste entre a ação enérgica de Jesus ao expulsar os comerciantes e sua compaixão pelos necessitados.
Cegos e coxos, marginalizados na sociedade e muitas vezes excluídos da participação plena na vida religiosa, encontraram em Jesus acolhimento e cura no próprio templo.
A presença deles no templo, mesmo com suas limitações físicas, ressalta que o templo deveria ser um lugar de esperança e restauração para todos, não apenas um centro de rituais formais e comércio.
As curas realizadas por Jesus no templo confirmavam sua identidade messiânica e o poder do Reino de Deus, manifestando-se em atos de misericórdia e compaixão.
Esses milagres também desafiaram a liderança religiosa, que se indignou não com a exploração no templo, mas com a aclamação a Jesus e seus atos de poder.
Indignação dos Líderes Religiosos: Louvor Infantil e Escrituras Ignoradas
Os principais sacerdotes e escribas ficaram indignados ao verem as maravilhas que Jesus fazia e ao ouvirem as crianças clamando “Hosana ao Filho de Davi” no templo.
A reação dos líderes religiosos revela sua hipocrisia e oposição a Jesus.
Enquanto toleravam a corrupção e o comércio desonesto no templo, se ofenderam com o louvor a Jesus, especialmente vindo das crianças.
O louvor infantil, ecoando a aclamação messiânica da entrada triunfal, era um reconhecimento público de Jesus como o Messias, o que desafiava a autoridade e o poder dos líderes religiosos.
Ao questionarem Jesus, perguntando se ele ouvia o que as crianças diziam, buscavam desacreditar tanto Jesus quanto o louvor espontâneo.
Jesus, em resposta, defendeu o louvor das crianças, citando o Salmo 8:2: “Da boca de pequeninos e crianças de peito suscitaste louvor”.
Essa citação bíblica legitimava o louvor infantil e revelava a incompreensão dos líderes religiosos das Escrituras, que deveriam conhecer e reconhecer o Messias.
Jesus demonstrou que o louvor genuíno, mesmo vindo de crianças, era aceitável e perfeito aos olhos de Deus, contrastando com a religiosidade formalista e hipócrita dos líderes.
Betânia: Refúgio Noturno e Preparação para os Dias Finais
Após os eventos no templo e o confronto com os líderes religiosos, Jesus deixou Jerusalém e foi para Betânia, onde passou a noite.
Durante a semana da Páscoa, Jerusalém ficava superlotada de peregrinos, tornando difícil encontrar hospedagem na cidade.
Betânia, localizada a cerca de 3 km de Jerusalém, era um refúgio tranquilo e um lugar onde Jesus tinha amigos e podia se hospedar, como na casa de Marta, Maria e Lázaro.
Retirar-se para Betânia à noite pode ter sido uma prática regular de Jesus durante aquela semana, buscando descanso e preparando-se para os eventos intensos que se aproximavam em Jerusalém.
Lucas 21:37 confirma que Jesus costumava passar os dias ensinando no templo e as noites fora da cidade, no Monte das Oliveiras.
A Figueira Estéril: Lição Sobre a Necessidade de Frutos Genuínos
Na manhã seguinte, ao retornar a Jerusalém, Jesus teve fome e viu uma figueira à beira do caminho.
A figueira estava frondosa, com muitas folhas, o que normalmente indicava a presença de frutos, já que as figueiras costumavam produzir figos antes das folhas ou juntamente com elas.
No entanto, ao se aproximar, Jesus não encontrou nenhum fruto na figueira, apenas folhas.
Marcos 11:13 acrescenta que “não era tempo de figos”, o que pode indicar que ainda não era a época principal da colheita de figos, mas, pela presença de folhas, esperava-se encontrar figos temporãos, que surgiam antes da safra principal.
Diante da figueira estéril, Jesus a amaldiçoou, dizendo: “Nunca mais nasça fruto de ti!”.
Imediatamente, a figueira secou.
Este ato de Jesus é um dos poucos milagres destrutivos registrados nos evangelhos, e tem um significado simbólico importante.
A figueira estéril representava Israel, ou mais especificamente, a liderança religiosa judaica.
Assim como a figueira aparentava ter frutos, mas era infrutífera, Israel aparentava religiosidade e justiça, mas não produzia os frutos esperados por Deus: justiça, misericórdia e fé genuína.
A maldição da figueira, portanto, foi um julgamento profético contra a hipocrisia e a falta de frutos espirituais, alertando para as consequências da esterilidade espiritual.
Fé Sem Dúvida: Poder para Além do Imaginável
Os discípulos, ao verem a figueira seca, ficaram admirados e perguntaram como ela havia secado tão rapidamente.
Jesus respondeu, aproveitando a ocasião para ensinar sobre o poder da fé.
Ele disse: “Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não somente fareis o que foi feito à figueira, mas até mesmo, se disserdes a este monte: ‘Ergue-te e lança-te no mar’, isso acontecerá”.
E acrescentou: “E tudo o que pedirdes em oração, crendo, recebereis”.
Jesus enfatizou que a fé genuína, livre de dúvidas, tem um poder extraordinário, capaz de realizar feitos aparentemente impossíveis, como remover uma montanha e lançá-la ao mar.
A metáfora de remover uma montanha era uma expressão comum para descrever a superação de grandes obstáculos e dificuldades.
A promessa de que “tudo o que pedirdes em oração, crendo, recebereis” deve ser entendida dentro do contexto do propósito de Deus e da fé alinhada com a sua vontade.
Não se trata de um poder mágico para realizar desejos egoístas, mas sim da capacidade de realizar o propósito de Deus através da fé e da oração.
Desafio à Autoridade de Jesus: Uma Pergunta Capciosa e uma Resposta Estratégica
Ao retornar ao templo, Jesus foi abordado pelos principais sacerdotes e anciãos do povo, que questionaram sua autoridade.
“Com que autoridade fazes estas coisas? E quem te deu esta autoridade?” perguntaram, referindo-se tanto à purificação do templo quanto aos seus ensinamentos e milagres.
Os líderes religiosos desafiaram a autoridade de Jesus, buscando desacreditá-lo e minar sua influência perante o povo.
Jesus, em vez de responder diretamente, propôs-lhes uma questão capciosa: “Eu também vos farei uma pergunta; se me responderdes, também eu vos direi com que autoridade faço estas coisas. O batismo de João, de onde era? Do céu ou dos homens?”.
A pergunta de Jesus colocou os líderes religiosos em um dilema.
Se respondessem que o batismo de João era do céu, seriam confrontados com o fato de que não creram em João e, portanto, também não tinham razão para não crer em Jesus, a quem João testemunhou.
Se respondessem que era dos homens, temeriam a reação do povo, que considerava João um profeta.
Diante do dilema, os líderes religiosos optaram por uma resposta evasiva: “Não sabemos”.
Com isso, confessaram publicamente sua falta de discernimento espiritual e sua incapacidade de reconhecer a verdade.
Jesus, então, recusou-se a responder diretamente à pergunta deles, afirmando: “Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas”.
A resposta de Jesus não foi uma confissão de falta de autoridade, mas sim uma demonstração de que os líderes religiosos não estavam abertos à verdade e não mereciam uma resposta direta, pois já haviam rejeitado o testemunho de João e as obras de Jesus.
Parábola dos Dois Filhos: Obediência Tardia vs. Promessa Vazia
Para ilustrar a situação dos líderes religiosos e do povo em relação ao Reino de Deus, Jesus contou a parábola dos dois filhos.
Um homem pediu a seus dois filhos que fossem trabalhar na vinha.
O primeiro filho, inicialmente, recusou, dizendo “Não quero”, mas depois se arrependeu e foi trabalhar.
O segundo filho, ao contrário, respondeu prontamente “Sim, senhor”, mas não foi trabalhar.
Jesus, então, perguntou aos seus interlocutores: “Qual dos dois fez a vontade do pai?”.
A resposta foi óbvia: “O primeiro”.
Jesus aplicou a parábola, dizendo: “Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas entram antes de vós no Reino de Deus”.
Os publicanos e as prostitutas, considerados pecadores notórios pela sociedade religiosa da época, representavam aqueles que, inicialmente, rejeitaram o chamado de Deus, mas depois se arrependeram e creram na mensagem de João Batista e de Jesus.
Os líderes religiosos, por outro lado, representavam aqueles que, aparentemente, eram religiosos e obedientes, mas, na realidade, rejeitaram o chamado de Deus e não produziram frutos de arrependimento e fé.
A parábola enfatiza que a verdadeira obediência a Deus se manifesta em ações concretas e em arrependimento genuíno, não apenas em palavras e aparências.
Parábola dos Lavradores Maus: Rejeição dos Mensageiros e do Filho Amado
Jesus prosseguiu com outra parábola, a dos lavradores maus, para denunciar a conduta dos líderes religiosos e anunciar as consequências de sua rejeição ao Messias.
Um proprietário plantou uma vinha, cercou-a, construiu um lagar e uma torre, e a arrendou a lavradores, ausentando-se para longe.
No tempo da colheita, enviou seus servos para receber os frutos da vinha.
Os lavradores, porém, espancaram um servo, mataram outro e apedrejaram um terceiro.
O proprietário, então, enviou mais servos, em maior número, mas os lavradores fizeram o mesmo com eles.
Finalmente, o proprietário, na esperança de que o respeitassem, enviou seu próprio filho, o herdeiro.
Mas os lavradores, vendo o filho, conspiraram para matá-lo e tomar a herança para si.
E assim fizeram: lançaram-no fora da vinha e o mataram.
Jesus, então, perguntou aos seus ouvintes: “Quando vier o senhor da vinha, o que fará àqueles lavradores?”.
A resposta veio deles mesmos: “Destruirá terrivelmente aqueles malvados e arrendará a vinha a outros lavradores, que lhe entreguem os frutos nos seus devidos tempos”.
Na parábola, a vinha representa Israel, o proprietário é Deus, os lavradores são os líderes religiosos judeus, os servos são os profetas enviados por Deus ao longo da história, e o filho amado é Jesus Cristo.
A parábola denuncia a rejeição histórica de Israel aos profetas e, culminando, a rejeição e morte do próprio Filho de Deus.
A atitude dos lavradores maus em relação ao filho revela a maldade e a ganância dos líderes religiosos, que buscavam manter seu poder e posição, mesmo ao preço de rejeitar e matar o Messias.
A Pedra Rejeitada: De Pedra de Tropeço a Pedra Angular
Para concluir a parábola dos lavradores maus e reforçar sua mensagem, Jesus citou o Salmo 118:22-23: “A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a pedra angular; isto procede do Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos”.
A metáfora da pedra rejeitada que se torna a pedra angular ilustra a rejeição de Jesus pelos líderes religiosos, que se consideravam os “construtores” de Israel.
Apesar da rejeição humana, Deus havia escolhido Jesus para ser a pedra fundamental, o alicerce do seu Reino, a pedra angular que sustenta toda a estrutura.
“Isto procede do Senhor” enfatiza que a exaltação de Jesus e sua posição central no plano de Deus não dependem da aprovação humana, mas são um ato divino.
“É maravilhoso aos nossos olhos” expressa a admiração e o espanto daqueles que reconhecem a obra de Deus em exaltar aquele que foi rejeitado.
Jesus, então, aplicou a parábola e a citação do salmo diretamente aos seus ouvintes: “Por isso, vos digo que o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produza os frutos do Reino”.
E acrescentou uma advertência sobre as consequências de rejeitar a pedra angular: “E quem cair sobre esta pedra será despedaçado; mas, caindo ela sobre alguém, o reduzirá a pó”.
A rejeição de Jesus, a pedra angular, teria consequências desastrosas tanto para aqueles que tropeçassem nele, rejeitando-o inicialmente, quanto para aqueles sobre quem a pedra caísse em julgamento final.
A imagem da pedra que despedaça e reduz a pó enfatiza o poder e a inevitabilidade do juízo divino sobre os que rejeitam o Messias.
Reconhecimento e Medo: A Reação Final dos Líderes Religiosos
Os principais sacerdotes e fariseus, ao ouvirem as parábolas de Jesus, perceberam que ele estava falando deles.
A mensagem de Jesus era clara e direta, e eles entenderam que estavam sendo denunciados como os lavradores maus e os construtores que rejeitaram a pedra angular.
Apesar de reconhecerem que Jesus falava sobre eles, não se arrependeram, mas buscaram prendê-lo.
No entanto, temeram a multidão, pois o povo o considerava um profeta.
O medo da reação popular impediu que os líderes religiosos agissem de imediato contra Jesus, mas sua intenção hostil e sua rejeição persistiram, preparando o cenário para os eventos que levariam à crucificação.
Temas Principais
1. A Realeza Messiânica e Humilde de Jesus
Mateus 21:1-11 descreve a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, um evento que proclama sua realeza messiânica de forma inequívoca. A teologia reformada enfatiza que Jesus é o Rei prometido, mas seu reinado se manifesta de maneira paradoxal: não em poder terreno, mas em humildade e serviço (Filipenses 2:5-8).
Montado em um jumento, um símbolo de paz e humildade, Jesus cumpre a profecia de Zacarias 9:9, contrastando com as expectativas de um Messias guerreiro e terreno. Este ato revela a natureza espiritual do Reino de Cristo, que transforma corações e não apenas estruturas políticas.
2. O Cumprimento das Escrituras e a Vontade Divina
A entrada triunfal é meticulosamente orquestrada por Jesus, demonstrando seu conhecimento e controle sobre os eventos. Ele instrui seus discípulos a encontrar um jumento e um jumentinho, afirmando que "o Senhor precisa deles" (Mateus 21:2-3).
Este detalhe sublinha a soberania de Deus e o plano divino pré-ordenado, temas centrais na teologia reformada. Jesus age em completa obediência ao Pai, cumprindo as profecias do Antigo Testamento (Mateus 21:4-5) e revelando a vontade de Deus em cada passo.
3. A Aclamação e a Confissão Pública de Fé
A multidão que recebe Jesus o aclama como "Filho de Davi" e grita "Hosana", reconhecendo-o como o Messias esperado (Mateus 21:9). Este momento representa uma confissão pública de fé, ainda que superficial e passageira para muitos.
A teologia reformada valoriza a confissão de fé como resposta à graça divina, e a entrada triunfal demonstra um reconhecimento, mesmo que momentâneo, da identidade de Jesus como o Cristo. No entanto, a natureza efêmera dessa aclamação também prenuncia a inconstância da fé humana.
Pontes no Novo Testamento
1. Ligação com o Ensino Apostólico: Realeza e Senhorio de Cristo
O reconhecimento de Jesus como Rei em Mateus 21 encontra eco no ensino apostólico sobre o senhorio de Cristo. Paulo declara em Filipenses 2:9-11 que Deus exaltou grandemente a Jesus, dando-lhe o nome que está acima de todo nome, para que toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor.
Essa confissão de senhorio, proclamada na entrada triunfal, é aprofundada e universalizada nos escritos apostólicos, ressaltando a extensão do reinado de Cristo sobre toda a criação.
2. Ligação Temática: Humildade e Exaltação
A humildade demonstrada por Jesus ao entrar em Jerusalém montado em um jumento está intrinsecamente ligada à sua exaltação. Essa dinâmica de humilhação e glorificação é um tema central no Novo Testamento, especialmente nos hinos cristológicos (Filipenses 2:6-11; 1 Timóteo 3:16).
A entrada triunfal, portanto, não é apenas um momento de aclamação, mas um prelúdio da paixão e ressurreição, que culminam na exaltação de Cristo como Rei dos reis.
3. Ligação com a Missão e a Vida da Igreja: Proclamação do Rei
A multidão que proclama "Hosana ao Filho de Davi" em Mateus 21 prefigura a missão da Igreja de anunciar o Reino de Cristo ao mundo. Em Atos 1:8, Jesus comissiona seus discípulos a serem suas testemunhas, e a proclamação de Jesus como Rei é central na mensagem apostólica (Atos 2:36; 2 Coríntios 4:5).
Assim como a multidão em Jerusalém, a Igreja é chamada a confessar publicamente a realeza de Jesus, convidando outros a se juntarem a esta aclamação e a se submeterem ao seu reinado.
Aplicação Prática
1. Vivendo a Humildade do Rei em Nossas Vidas
A entrada humilde de Jesus em Jerusalém nos desafia a vivermos com humildade em todas as áreas de nossas vidas (Filipenses 2:3-4). Em um mundo que exalta o poder e o orgulho, somos chamados a seguir o exemplo de Cristo, servindo aos outros e reconhecendo nossa dependência de Deus.
Como podemos praticar a humildade em nossos relacionamentos, trabalho e ministério, refletindo a mansidão do Rei Jesus?
2. Reconhecendo a Soberania de Cristo em Todas as Áreas
Assim como a entrada triunfal proclama a realeza de Jesus, devemos reconhecer sua soberania em cada aspecto de nossa existência (Colossenses 1:18). Isso implica em submeter nossas decisões, prioridades e ambições ao senhorio de Cristo, buscando sua vontade em tudo.
De que maneira podemos demonstrar, em nossas escolhas diárias, que Jesus é o Rei que governa nossas vidas?
3. Proclamando o Rei Jesus ao Mundo
A aclamação da multidão em Mateus 21 nos inspira a proclamar Jesus como Rei a todos ao nosso redor (Mateus 28:19-20). Somos chamados a compartilhar o evangelho, convidando outros a reconhecerem a realeza de Cristo e a experimentarem a salvação e a transformação que ele oferece.
Como podemos ser mais ousados e intencionais em compartilhar a mensagem do Rei Jesus com nossos amigos, familiares e comunidade?
Versículo-chave
"Digam à cidade de Sião: ‘Eis que o seu rei vem a você, humilde e montado num jumento, num jumentinho, cria de jumenta’" (Mateus 21:5, NVI).
Sugestão de esboços
Esboço Temático: "O Rei Humilde"
1. A Preparação Humilde (Mateus 21:1-3)
2. A Montaria Humilde (Mateus 21:5, 7)
3. A Aclamação Humilde (Mateus 21:8-9)
4. O Reino Humilde (Mateus 21:11)
Esboço Expositivo: "A Entrada Triunfal em Jerusalém"
1. A Aproximação de Jerusalém (Mateus 21:1)
2. As Instruções de Jesus e o Jumento (Mateus 21:2-3, 6-7)
3. A Recepção da Multidão (Mateus 21:8-9)
4. A Reação da Cidade (Mateus 21:10-11)
Esboço Criativo: "Hosana nas Ruas, Rei no Jumento"
1. O Caminho Preparado (Mateus 21:1-3)
2. A Profecia Cumprida (Mateus 21:4-5)
3. A Adoração nas Palmas (Mateus 21:8-9)
4. A Identidade Questionada (Mateus 21:10-11)
Perguntas
- Em qual povoado próximo a Jerusalém Jesus enviou dois discípulos? (21.1)
- Para qual monte Jesus se aproximou de Jerusalém, especificamente Betfagé? (21.1)
- Que tipo de animal Jesus instruiu os discípulos a encontrar no povoado? (21.2)
- Além da jumenta, qual outro animal os discípulos deveriam encontrar amarrado? (21.2)
- O que os discípulos deveriam fazer com os animais encontrados? (21.2)
- Qual instrução Jesus deu aos discípulos para responderem caso alguém os questionasse? (21.3)
- Qual seria a justificativa para usar os animais, segundo a resposta que os discípulos deveriam dar? (21.3)
- Qual profeta teve sua escritura cumprida com a entrada de Jesus em Jerusalém? (21.4)
- A quem a mensagem profética deveria ser direcionada, conforme citado? (21.5)
- Como o rei é descrito na profecia citada em relação à sua montaria? (21.5)
- Quais animais os discípulos trouxeram a Jesus, seguindo suas instruções? (21.7)
- O que os discípulos colocaram sobre os animais antes de Jesus montar? (21.7)
- O que a multidão fez com seus mantos ao longo do caminho por onde Jesus passava? (21.8)
- Além dos mantos, o que mais as pessoas espalharam pelo caminho? (21.8)
- Qual aclamação a multidão que ia adiante e atrás de Jesus proferia? (21.9)
- Qual título davídico a multidão usou ao aclamar Jesus? (21.9)
- Que frase de louvor a multidão utilizou, reconhecendo a vinda de Jesus em nome do Senhor? (21.9)
- Qual exclamação de louvor a multidão direcionou "às alturas"? (21.9)
- Como a cidade de Jerusalém reagiu à entrada de Jesus? (21.10)
- Qual pergunta agitada a cidade fez ao presenciar a entrada de Jesus? (21.10)
- Como a multidão identificou Jesus para a cidade agitada? (21.11)
- De qual cidade da Galileia a multidão disse que Jesus era profeta? (21.11)
- Em qual local específico Jesus entrou após sua chegada a Jerusalém? (21.12)
- Quais atividades comerciais Jesus interrompeu no templo? (21.12)
- Que objetos de venda Jesus derrubou no templo? (21.12)
- Que tipo de vendedores Jesus expulsou especificamente, além dos cambistas? (21.12)
- Qual escritura Jesus citou para justificar sua ação de limpeza do templo? (21.13)
- Como a casa de Deus deveria ser chamada, de acordo com a citação de Jesus? (21.13)
- O que Jesus acusou os vendedores de terem transformado a casa de Deus? (21.13)
- Quem se aproximou de Jesus no templo após a purificação? (21.14)
- Que tipo de pessoas Jesus curou no templo após expulsar os comerciantes? (21.14)
- Quem ficou indignado ao ver as maravilhas e ouvir os louvores das crianças no templo? (21.15)
- O que especificamente as crianças gritavam no templo que indignou os líderes religiosos? (21.15)
- Qual pergunta os chefes dos sacerdotes fizeram a Jesus sobre o que as crianças estavam dizendo? (21.16)
- Como Jesus respondeu à pergunta dos sacerdotes sobre os louvores das crianças? (21.16)
- Qual escritura Jesus citou para defender o louvor das crianças? (21.16)
- De onde Jesus saiu após deixar os líderes religiosos no templo? (21.17)
- Para qual lugar fora da cidade Jesus foi passar a noite? (21.17)
- Em qual período do dia Jesus sentiu fome ao retornar para a cidade? (21.18)
- Que tipo de árvore frutífera Jesus viu à beira do caminho? (21.19)
- O que Jesus procurou na figueira que não encontrou? (21.19)
- Qual foi a declaração de Jesus direcionada à figueira por não ter frutos? (21.19)
- Qual foi o resultado imediato da palavra de Jesus sobre a figueira? (21.19)
- Qual emoção os discípulos sentiram ao ver a figueira seca repentinamente? (21.20)
- O que os discípulos perguntaram a Jesus sobre a figueira? (21.20)
- Qual condição Jesus mencionou como necessária para realizar obras semelhantes à da figueira? (21.21)
- Que exemplo de poder da fé Jesus usou além do que aconteceu com a figueira? (21.21)
- O que é necessário para receber tudo o que se pede em oração, segundo Jesus? (21.22)
- Enquanto Jesus ensinava no templo, quem se aproximou questionando sua autoridade? (21.23)
- Quais dois grupos de líderes religiosos questionaram a autoridade de Jesus? (21.23)
Tabelas Didáticas
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👑 Rei Humilde e Profecia
📜 Profecia (Zacarias 9:9) | ✅️ Cumprimento (Mateus 21) | 🔑 Significado |
---|---|---|
"Eis que o teu Rei te vem, justo e salvador, humilde, montado em jumento" | Jesus entra em Jerusalém montado em um jumentinho (21:7) | Messias esperado viria de forma humilde e pacífica |
"num jumentinho, cria de jumenta" | Discípulos encontram jumenta e jumentinho (21:2,6) | Detalhe específico da profecia, demonstrando precisão |
"Dizei à filha de Sião: Eis que aí te vem o teu Rei" | Multidão aclama Jesus como Rei e Filho de Davi (21:9) | Jerusalém (Sião) é o destino do Rei messiânico |
🏛️ Templo: Profanação vs. Santidade
💰 Profanação (antes) | ✝️ Ação de Jesus | 🕊️ Restauração (depois) |
---|---|---|
Comércio e vendas no templo (21:12) | Expulsa vendedores e cambistas (21:12) | Templo purificado da atividade comercial |
Mesas de cambistas e cadeiras de vendedores (21:12) | Derruba mesas e cadeiras (21:12) | Espaço livre para o propósito original |
"Covil de salteadores" (21:13) | Reafirma o templo como "casa de oração" (21:13) | Retorno ao propósito sagrado do templo |
Exploração e desrespeito (21:12-13) | Cura cegos e coxos no templo (21:14) | Templo como lugar de cura e compaixão |
👨👩👧👦 Parábolas da Autoridade
📖 Parábola | 🎭 Personagens/Grupos | 🎯 Mensagem Principal |
---|---|---|
Dois Filhos (21:28-30) | Filho 1: Publicanos e meretrizes; Filho 2: Líderes religiosos | Obediência genuína (ações) > Promessas vazias (palavras) |
Lavradores Maus (21:33-39) | Proprietário: Deus; Lavradores: Líderes religiosos; Servos: Profetas; Filho: Jesus | Rejeição dos mensageiros de Deus culmina na rejeição do Filho e no juízo |