Mateus 19


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Mateus 19 explicado:  
🤔 Jesus debate divórcio com fariseus, defendendo união original.
👶 Jesus abençoa crianças, mostrando valor no Reino dos Céus.
💰 Jovem rico perde chance no céu ao priorizar riqueza material.

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Resumo de Mateus 19

Jesus Deixa a Galileia e Cura na Judeia: Rumo a Jerusalém

Após concluir seus ensinamentos e ministério na região da Galileia, Jesus decide mudar o foco geográfico de sua missão (v. 1).

Ele parte da Galileia e se dirige para a região da Judeia, especificamente para a área além do rio Jordão.

Essa mudança de localidade marca um avanço no ministério de Jesus, aproximando-se cada vez mais de Jerusalém, o centro religioso e político de Israel, e o palco final de sua jornada terrena.

Ao chegar à Judeia, Jesus não encontra uma recepção diferente da que experimentou na Galileia (v. 2).

Multidões o seguem, atraídas por sua mensagem e pelos sinais miraculosos que ele realizava.

Movido por compaixão, Jesus dedica-se a curar os enfermos e necessitados que o procuravam, demonstrando o poder do Reino de Deus em ação e sua profunda preocupação com o bem-estar físico e espiritual das pessoas.

Divórcio e o Plano Original de Deus: Restauração do Propósito Divino

Enquanto Jesus ministrava na Judeia, alguns fariseus, um grupo religioso conhecido por sua interpretação rigorosa da lei e por frequentemente questionar Jesus, aproximaram-se dele com uma pergunta capciosa (v. 3).

Eles buscavam colocá-lo à prova e talvez encontrar algum motivo para criticá-lo ou acusá-lo.

A pergunta deles era sobre a licitude do divórcio: "É lícito ao marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo?".

Essa era uma questão debatida entre os rabinos da época, com diferentes escolas de pensamento defendendo interpretações mais ou menos permissivas sobre o divórcio.

Jesus, em sua resposta, eleva a discussão para além das interpretações rabínicas e apela para o princípio fundamental estabelecido por Deus na criação (v. 4).

Ele os remete ao relato de Gênesis, perguntando se eles não haviam lido que "o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher".

Jesus cita o propósito original de Deus ao criar o ser humano como macho e fêmea, estabelecendo a base para a instituição do casamento.

Ele continua citando Gênesis 2:24, que diz: "Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne?" (v. 5).

Com essas palavras, Jesus enfatiza a união profunda e indissolúvel que deve existir entre marido e mulher, um vínculo que transcende os laços familiares de origem.

Ele conclui seu argumento declarando: "De modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem" (v. 6).

Jesus afirma que o casamento é uma instituição divina, estabelecida por Deus, e que a união conjugal criada por Ele não deve ser desfeita pela vontade humana.

Os fariseus, conhecedores da lei mosaica, replicam, questionando a aparente permissão para o divórcio dada por Moisés: "Por que mandou, então, Moisés dar carta de divórcio e repudiar?" (v. 7).

Eles se referem à lei de Deuteronômio 24:1, que regulamentava o divórcio, permitindo que o marido se divorciasse de sua esposa mediante a entrega de uma carta de divórcio.

Jesus esclarece que a permissão para o divórcio na lei mosaica foi uma concessão divina devido à dureza do coração humano, ou seja, à incapacidade das pessoas, em seu estado pecaminoso, de viverem de acordo com o ideal original de Deus para o casamento (v. 8).

Ele afirma: "Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossa mulher; entretanto, não foi assim desde o princípio".

Jesus, porém, como aquele que veio restaurar o plano original de Deus, estabelece um padrão mais elevado para seus seguidores (v. 9).

Ele declara: "Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério e o que casar com a repudiada comete adultério".

Jesus restringe a permissão para o divórcio a casos de infidelidade conjugal, e mesmo assim, não o encoraja, mas o reconhece como uma triste realidade em um mundo marcado pelo pecado.

Ele enfatiza que um novo casamento após um divórcio inválido constitui adultério, tanto para quem se divorcia e casa novamente, quanto para quem se casa com a pessoa divorciada.

Celibato e o Reino dos Céus: Uma Escolha em Favor do Reino

Diante da exigência e da radicalidade do ensino de Jesus sobre o casamento e o divórcio, os discípulos expressam sua perplexidade (v. 10).

Eles questionam: "Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar".

Os discípulos parecem entender que o padrão estabelecido por Jesus torna o casamento uma união tão exigente e permanente que talvez fosse melhor evitar o matrimônio.

Jesus reconhece que sua palavra sobre o celibato não é para todos, mas apenas para aqueles a quem é dado discernimento e capacidade para vivê-lo (v. 11).

Ele responde: "Nem todos são aptos para receber este conceito, mas apenas aqueles a quem é dado".

Jesus explica que existem diferentes razões pelas quais algumas pessoas podem viver no celibato (v. 12).

Ele menciona três categorias: "Porque há eunucos de nascença; há outros a quem os homens fizeram tais; e há outros que a si mesmos se fizeram eunucos, por causa do reino dos céus".

Alguns são eunucos por condição física desde o nascimento, outros se tornaram eunucos por ação humana, como nos tempos antigos, onde homens eram castrados para servir em funções específicas.

E há aqueles que escolhem o celibato voluntariamente, "por causa do reino dos céus", ou seja, para se dedicarem integralmente ao serviço de Deus e à expansão do Reino, sem as responsabilidades e distrações da vida matrimonial e familiar.

Jesus conclui com um desafio: "Quem é apto para o admitir admita".

Ele convida aqueles que se sentem chamados e capacitados a considerar o celibato como uma opção válida e valiosa, especialmente em vista da prioridade do Reino de Deus.

Jesus Abençoa as Crianças: O Reino Pertence aos Humildes de Coração

Em seguida, pessoas começam a trazer crianças pequenas para Jesus, desejando que ele as abençoasse impondo as mãos sobre elas e orando (v. 13).

As crianças representavam pureza, inocência e dependência, qualidades valorizadas no Reino de Deus.

No entanto, os discípulos, talvez julgando que Jesus estava muito ocupado ou que as crianças não eram importantes, repreendiam aqueles que as traziam.

Jesus, percebendo a atitude dos discípulos, os corrige e demonstra grande apreço pelas crianças (v. 14).

Ele diz: "Deixai os pequeninos, não os embaraceis de vir a mim, porque dos tais é o reino dos céus".

Jesus afirma que as crianças têm um lugar especial no Reino de Deus e que o Reino pertence àqueles que se assemelham a elas em humildade, fé e receptividade.

Ele repreende os discípulos por impedirem que as crianças se aproximassem dele e os instrui a acolhê-las.

Jesus, então, acolhe as crianças, impondo as mãos sobre elas e as abençoando, demonstrando seu amor e cuidado por todos, especialmente pelos mais vulneráveis e inocentes (v. 15).

Após abençoar as crianças, Jesus se retira daquele lugar, continuando sua jornada e ministério.

O Jovem Rico e o Desafio da Riqueza: A Escolha Entre Tesouros Terrenos e Celestes

Enquanto Jesus prosseguia em seu caminho, um jovem rico se aproxima dele com uma pergunta crucial sobre a vida eterna (v. 16).

Este jovem demonstra respeito e sinceridade ao se dirigir a Jesus como "Mestre" e ao perguntar: "Mestre, que farei eu de bom, para alcançar a vida eterna?".

Ele reconhece a autoridade de Jesus e expressa seu desejo de obter a vida eterna através de boas obras.

Jesus inicia sua resposta corrigindo a maneira como o jovem o interpela, questionando o uso do adjetivo "bom" aplicado a ele (v. 17).

Ele responde: "Por que me perguntas acerca do que é bom? Bom só existe um. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos".

Jesus aponta para a unicidade de Deus como a fonte suprema de bondade e direciona o jovem para o caminho da obediência aos mandamentos como meio de alcançar a vida eterna.

O jovem, buscando clareza, pergunta quais mandamentos ele deveria guardar: "Quais?" (v. 18).

Jesus cita alguns dos mandamentos do Decálogo, que tratam das relações humanas e da moralidade básica: "Não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho; honra a teu pai e a tua mãe e amarás o teu próximo como a ti mesmo" (vv. 18-19).

Ele resume os princípios fundamentais da lei de Deus que governam a conduta humana e o relacionamento com o próximo.

O jovem rico, demonstrando uma vida religiosa aparentemente exemplar, afirma: "Tudo isso tenho observado; que me falta ainda?" (v. 20).

Ele declara ter cumprido todos esses mandamentos desde a sua juventude, indicando uma busca sincera por retidão e uma autoconfiança em sua própria justiça.

Jesus, percebendo a sinceridade do jovem, mas também sua dependência das riquezas e sua falta de compreensão do verdadeiro discipulado, propõe um desafio radical (v. 21).

Ele diz: "Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me".

Jesus o convida a ir além do cumprimento básico da lei e a buscar a perfeição através de um ato de renúncia radical: vender todas as suas posses, dar o dinheiro aos pobres e segui-lo como discípulo.

Essa ordem de Jesus visava revelar o verdadeiro ídolo no coração do jovem: suas riquezas.

Ao ouvir essas palavras, o jovem rico se entristece profundamente e se retira, pois possuía muitas propriedades e não estava disposto a abrir mão delas (v. 22).

Sua tristeza revela o conflito entre seu desejo pela vida eterna e seu apego aos bens materiais, escolhendo, no final, permanecer com suas riquezas terrenas em vez de seguir Jesus e buscar os tesouros celestes.

A Dificuldade da Riqueza e a Possibilidade Divina: O Reino Além das Forças Humanas

Após a partida do jovem rico, Jesus usa essa ocasião para ensinar seus discípulos sobre os perigos da riqueza e a dificuldade de um rico entrar no Reino dos céus (v. 23).

Ele declara: "Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus".

Jesus enfatiza que a riqueza, em si mesma, não é um pecado, mas o apego ao dinheiro e a confiança nas posses materiais podem se tornar um grande obstáculo para a vida no Reino de Deus.

Para ilustrar a dificuldade extrema de um rico se converter e entrar no Reino, Jesus usa uma hipérbole, uma comparação exagerada para enfatizar um ponto: "E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus" (v. 24).

Essa comparação, aparentemente impossível, destaca a dificuldade quase intransponível para um rico, apegado às suas riquezas, renunciar a elas e seguir a Cristo.

Os discípulos, ouvindo essas palavras de Jesus, ficam ainda mais perplexos e maravilhados, questionando: "Sendo assim, quem pode ser salvo?" (v. 25).

Eles entendem a implicação radical do ensino de Jesus, percebendo que, se até mesmo os ricos, que geralmente são vistos como abençoados e bem-sucedidos, têm dificuldade em ser salvos, então a salvação parece ser algo quase impossível para todos.

Jesus, fixando o olhar neles, responde com uma palavra de esperança e poder divino: "Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível" (v. 26).

Ele reconhece a impossibilidade humana de alcançar a salvação por seus próprios esforços ou méritos, especialmente quando a riqueza se torna um obstáculo.

No entanto, Jesus afirma que o que é impossível para os homens é possível para Deus.

A salvação é uma obra da graça divina, e Deus tem o poder de transformar corações e capacitar até mesmo os ricos a renunciarem às suas riquezas e seguirem a Cristo.

A Recompensa dos Discípulos: Honra e Vida Eterna no Reino Vindouro

Pedro, falando em nome dos discípulos, levanta uma questão importante sobre a recompensa daqueles que, ao contrário do jovem rico, deixaram tudo para seguir Jesus (v. 27).

Ele declara: "Eis que nós tudo deixamos e te seguimos; que será, pois, de nós?".

Pedro lembra a Jesus que eles fizeram o que o jovem rico não quis fazer: renunciaram a seus bens, suas famílias e suas vidas para se dedicarem a segui-lo.

Jesus assegura aos seus discípulos que sua renúncia e seu discipulado não serão em vão, e que eles receberão uma recompensa abundante e eterna (v. 28).

Ele promete: "Em verdade vos digo que vós, os que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel".

Jesus fala de um tempo futuro de "regeneração", um tempo de renovação e restauração de todas as coisas, quando ele, como Filho do Homem, se assentará em seu trono de glória para reinar.

Nesse reino vindouro, os discípulos que o seguiram fielmente terão um lugar de honra e autoridade, assentando-se em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel, representando a liderança espiritual e o governo do povo de Deus.

Jesus amplia a promessa de recompensa para todos aqueles que fizerem sacrifícios por causa dele e do seu nome (v. 29).

Ele declara: "E todo aquele que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe ou mulher, ou filhos, ou campos, por causa do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará a vida eterna".

Jesus garante que qualquer sacrifício feito por amor a ele e ao seu Reino será recompensado abundantemente nesta vida e na vida eterna.

Os discípulos e todos os que seguem a Cristo receberão "muitas vezes mais" do que aquilo que renunciaram, tanto em bênçãos espirituais e relacionamentos na comunidade da fé, quanto na herança da vida eterna.

Jesus conclui com uma advertência e uma promessa paradoxal que resume a dinâmica do Reino de Deus e a inversão de valores que ele propõe: "Porém muitos primeiros serão últimos; e os últimos, primeiros" (v. 30).

Ele adverte que aqueles que se consideram "primeiros" em status, poder ou justiça própria neste mundo podem se encontrar "últimos" no Reino de Deus, se não abraçarem a humildade e a fé verdadeira.

Por outro lado, aqueles que são considerados "últimos" e insignificantes aos olhos do mundo, mas que se humilham e seguem a Cristo, podem ser exaltados e se tornar "primeiros" no Reino dos céus.

Essa inversão de papéis desafia as expectativas humanas e revela a natureza surpreendente e transformadora do Reino de Deus, onde a humildade, o serviço e a renúncia são valorizados acima da posição social, da riqueza e do poder.

Contexto histórico-cultural

Pereia e Judeia: Caminho para Jerusalém

Jesus deixou a Galileia e seguiu para a região da Judeia além do Jordão, uma área conhecida como Pereia.

Essa rota evitava passar pela Samaria, devido à hostilidade entre judeus e samaritanos.

A Pereia fazia parte da Judeia e era historicamente habitada pelas tribos de Rúben, Gad e Manassés.

Essa jornada marcava a aproximação final de Jesus a Jerusalém, para a sua última Páscoa.

Multidões e Milagres na Judeia

Grandes multidões seguiram Jesus na Judeia, assim como na Galileia.

Ele continuou a curar os enfermos, demonstrando que seu poder e popularidade não se limitavam à Galileia.

As curas serviam para confirmar sua mensagem e revelar a compaixão de Deus.

Fariseus e a Armadilha do Divórcio

Os fariseus vieram para testar Jesus, não buscando genuinamente aprender.

Eles o questionaram sobre a legalidade do divórcio por "qualquer motivo", tentando colocá-lo em uma posição difícil.

Na época, havia um debate acirrado entre as escolas rabínicas de Hillel e Shammai sobre as razões para o divórcio.

A escola de Hillel era mais permissiva, permitindo o divórcio por motivos triviais, enquanto a de Shammai era mais restrita.

Os fariseus esperavam que a resposta de Jesus o colocasse em conflito com uma dessas escolas ou com Herodes Antipas, que havia se divorciado ilegalmente.

Escrituras e a Intenção Original do Matrimônio

Em vez de entrar na discussão rabínica, Jesus os direcionou para as Escrituras, especificamente Gênesis.

Ele citou Gênesis 1:27 e 2:24, relembrando a criação de homem e mulher e a união "uma só carne" no casamento.

Jesus enfatizou que o casamento foi instituído por Deus desde o princípio para ser monogâmico e permanente.

Ao fazer isso, Jesus elevou a discussão do nível da lei mosaica permissiva para o ideal divino original.

Moisés e a Dureza do Coração

Os fariseus argumentaram que Moisés havia "ordenado" o divórcio em Deuteronômio 24:1.

Jesus corrigiu essa interpretação, explicando que Moisés "permitiu" o divórcio devido à "dureza do coração" do povo.

Essa permissão não refletia a vontade original de Deus, mas era uma concessão à pecaminosidade humana.

O certificado de divórcio, mencionado em Deuteronômio, tinha o propósito de regular e limitar o divórcio, não de promovê-lo.

'Porneia': Exceção para Imoralidade Sexual

Jesus estabeleceu um novo padrão, mais estrito, para o divórcio, permitindo-o apenas em caso de "porneia" (imoralidade sexual).

O termo grego "porneia" é amplo e abrange diversas formas de pecado sexual, como adultério, fornicação e outras condutas sexuais ilícitas.

Essa exceção de Jesus é debatida, com diferentes interpretações sobre o que exatamente "porneia" engloba.

Alguns estudiosos entendem que se refere especificamente à infidelidade conjugal, enquanto outros a interpretam de forma mais abrangente.

É importante notar que mesmo nessa permissão, o foco de Jesus é a restauração e a reconciliação, não a facilitação do divórcio.

Celibato: Uma Vocação para Alguns

A resposta de Jesus sobre o divórcio chocou os discípulos, levando-os a questionar se seria melhor não se casar.

Jesus reconheceu que o celibato é uma vocação para alguns, mas não para todos.

Ele mencionou diferentes tipos de "eunucos", simbolizando aqueles que são incapazes ou optam por não se casar.

Há eunucos de nascimento, eunucos feitos por homens (castrados) e eunucos que se fazem eunucos "por causa do Reino dos céus".

Este último grupo se refere àqueles que escolhem o celibato para se dedicarem mais plenamente ao serviço de Deus.

O celibato, nesse contexto, não é visto como superior ao casamento, mas como um dom especial para alguns, permitindo uma devoção mais focada no Reino.

Crianças: Modelo para o Reino dos Céus

Em meio à discussão sobre casamento e celibato, crianças foram trazidas a Jesus para que ele as abençoasse.

Os discípulos as repreenderam, talvez por acharem que Jesus estava ocupado demais ou que as crianças eram insignificantes.

Jesus, porém, os corrigiu, dizendo: "Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam, pois o Reino dos céus pertence aos que são como elas".

Ele impôs as mãos sobre elas e as abençoou, mostrando a importância das crianças aos seus olhos.

As crianças representam qualidades essenciais para o Reino de Deus, como humildade, dependência e receptividade.

Não se trata da salvação automática de crianças, mas de usar suas características como modelo para os adultos entrarem no Reino.

Jovem Rico: O Desafio da Riqueza

Um jovem rico procurou Jesus perguntando sobre o que fazer de bom para ter a vida eterna.

Ele se dirigiu a Jesus como "Bom Mestre", e Jesus o questionou sobre o uso do termo "bom", direcionando a bondade suprema a Deus.

Jesus inicialmente o instruiu a guardar os mandamentos, e o jovem afirmou tê-los cumprido desde a juventude.

Para testar a sinceridade e revelar a raiz do problema do jovem, Jesus o desafiou a vender tudo, dar aos pobres e segui-lo.

O jovem ficou triste e foi embora, pois era muito rico e apegado aos seus bens.

Essa interação revela o obstáculo que a riqueza pode representar para a vida espiritual, quando o apego aos bens materiais se torna maior do que a devoção a Deus.

Camelo e Agulha: A Dificuldade da Riqueza

Após a partida do jovem rico, Jesus usou uma hipérbole para ilustrar a dificuldade de um rico entrar no Reino dos céus.

Ele disse que é mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus.

Essa expressão idiomática, comum na época, enfatizava a quase impossibilidade, não uma impossibilidade literal.

Não se refere a um portão estreito em Jerusalém chamado "olho da agulha", como se popularizou erroneamente.

A dificuldade reside no fato de que a riqueza pode gerar autossuficiência e afastar as pessoas de Deus.

Os discípulos ficaram perplexos, pois na cultura da época, a riqueza era vista como bênção divina.

Jesus então afirmou que "para os homens isso é impossível, mas para Deus tudo é possível", indicando que a salvação dos ricos depende da graça divina.

Recompensa dos Discípulos: Honra no Reino

Pedro, em nome dos discípulos, questionou qual seria a recompensa deles por terem deixado tudo para seguir Jesus.

Jesus prometeu que, "na regeneração", quando ele se sentasse em seu trono glorioso, os discípulos também se sentariam em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel.

Essa promessa de tronos simboliza uma posição de honra e autoridade no Reino vindouro.

Não se refere a um julgamento literal das doze tribos, mas a um papel de destaque e reconhecimento para os apóstolos.

Cem Vezes Mais: Bênçãos Abundantes

Jesus ampliou a promessa, afirmando que todo aquele que deixasse casa, família ou bens por causa de seu nome receberia "cem vezes mais" e herdaria a vida eterna.

O "cem vezes mais" não deve ser interpretado literalmente no sentido material, como receber cem casas ou cem irmãos.

Refere-se à abundância de bênçãos espirituais, paz, alegria e contentamento que superam em muito qualquer sacrifício terreno.

A promessa também pode incluir provisão e cuidado divinos na vida presente, além da recompensa eterna.

Primeiros e Últimos: Inversão de Expectativas

Jesus concluiu com a afirmação: "Muitos que são primeiros serão últimos, e muitos que são últimos serão primeiros".

Essa frase, repetida em outros contextos, ressalta que os valores do Reino de Deus invertem as expectativas humanas.

Aqueles que são considerados importantes ou privilegiados neste mundo podem não ter o mesmo destaque no Reino de Deus.

Enquanto aqueles que são humildes, servos e considerados "últimos" podem ser exaltados no Reino.

A parábola dos trabalhadores da vinha no capítulo seguinte ilustra esse princípio de inversão.

Temas Principais

1. A Criação e o Design Divino para o Matrimônio

Jesus, em Mateus 19:1-12, responde à pergunta sobre divórcio remetendo os fariseus ao princípio da criação. Ele destaca que Deus criou homem e mulher para serem "uma só carne" (Gênesis 2:24), revelando o matrimônio como uma instituição divina, estabelecida para união e fidelidade exclusivas.

Essa perspectiva reformada valoriza a ordem da criação como fundamento para a compreensão do casamento, contrastando com visões que o reduzem a um contrato social ou mera convenção humana.

2. O Pecado, a Dureza do Coração e o Divórcio

Jesus reconhece que Moisés permitiu o divórcio devido à "dureza do coração" do povo (Mateus 19:8), não como ideal divino. A teologia reformada compreende que o pecado afetou todas as áreas da vida, incluindo o matrimônio, tornando o divórcio uma triste realidade em um mundo caído.

Embora o divórcio não faça parte do plano original de Deus, em situações de pecado e quebra de aliança, pode ser considerado em casos específicos, sempre buscando a reconciliação e a graça divina.

3. Domínio Próprio, Celibato e o Reino de Deus

Diante da exigência de fidelidade e da restrição ao divórcio, os discípulos questionam se seria melhor não se casar (Mateus 19:10). Jesus responde que nem todos podem aceitar o celibato, mas para aqueles a quem é dado, pode ser um caminho válido para se dedicarem ao Reino de Deus (Mateus 19:12).

A perspectiva reformada equilibra a valorização do matrimônio com o reconhecimento do celibato como dom especial para alguns, sem impor um como superior ao outro, mas ambos como vocações legítimas dentro do serviço a Deus (1 Coríntios 7:7, 17).

Pontes no Novo Testamento

1. Ligação com o Ensino Apostólico: Fidelidade Conjugal no Plano de Deus

O ensino de Jesus sobre a indissolubilidade do matrimônio ecoa nos escritos apostólicos. Em 1 Coríntios 7, Paulo reafirma a importância da fidelidade conjugal e a permanência do vínculo matrimonial, instruindo que o casamento deve ser honrado por todos (Hebreus 13:4).

Efésios 5:22-33 utiliza a relação marido-mulher como analogia do relacionamento entre Cristo e a Igreja, elevando o matrimônio a um plano de profunda significância espiritual, refletindo o amor e a fidelidade divinos.

2. Ligação Temática: Reino de Deus, Ética e Graça

A discussão sobre divórcio em Mateus 19 se insere no contexto maior do Reino de Deus, que Jesus veio inaugurar. Sua ética confronta as normas culturais e religiosas da época, chamando a um padrão mais elevado, refletindo a vontade perfeita de Deus (Mateus 5:27-32).

Ao mesmo tempo, o Novo Testamento enfatiza a graça divina para os que falham, oferecendo perdão e restauração, tanto no contexto matrimonial quanto em todas as áreas da vida (Romanos 8:1).

3. Ligação com a Missão e a Vida da Igreja: Testemunho em Família e na Comunidade

O ensino de Jesus sobre casamento e celibato molda a vida da Igreja e sua missão no mundo. A família cristã, fundamentada nos princípios bíblicos, torna-se um testemunho do amor e da fidelidade de Deus em uma sociedade que relativiza esses valores.

A Igreja primitiva, desde Atos, valorizou tanto o matrimônio monogâmico e fiel, como o celibato dedicado ao serviço do Reino, reconhecendo ambos como dons e vocações a serem vividos para a glória de Deus (1 Timóteo 3:2, 5:9).

Aplicação Prática

1. Cultivando a Fidelidade e o Compromisso no Matrimônio

Mateus 19 nos desafia a buscar o ideal divino para o casamento, investindo em relacionamentos de fidelidade e compromisso duradouro. Isso implica em comunicação aberta, perdão mútuo e busca por aconselhamento e apoio quando necessário (Efésios 4:26, 32).

Como podemos aplicar os princípios do design divino para o casamento em nossos relacionamentos, fortalecendo a união e o amor conjugal?

2. Discernindo a Vocação para o Celibato com Propósito

Para aqueles que consideram o celibato, Mateus 19 encoraja a discernir essa vocação com propósito, buscando servir ao Reino de Deus de forma integral. O celibato não deve ser visto como "segunda opção", mas como um dom valioso para dedicação exclusiva a Cristo (1 Coríntios 7:32-35).

Como a Igreja pode apoiar e valorizar tanto os casados quanto os solteiros, reconhecendo as diferentes formas de servir a Deus?

3. Exercendo a Graça e a Misericórdia em Casos de Divórcio

Reconhecendo a realidade do pecado e da "dureza do coração", Mateus 19 nos chama a exercer graça e misericórdia em casos de divórcio. A Igreja deve ser um lugar de cura e restauração, oferecendo apoio pastoral e encorajamento para todos, buscando a reconciliação sempre que possível, e amparando os que sofrem (Gálatas 6:1-2).

Como podemos, como Igreja, ser agentes de cura e reconciliação para famílias feridas, refletindo o amor e a graça de Cristo?

Versículo-chave

"Mas, no princípio da criação, Deus 'os fez homem e mulher'. 'Por esta razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne'. Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne. Portanto, o que Deus uniu, ninguém o separe" (Mateus 19:4-6, NVI).

Sugestão de esboços

Esboço Temático: "O Plano Original de Deus para o Matrimônio"

1. A Pergunta Capciosa sobre Divórcio (Mateus 19:3)
2. O Retorno ao Princípio da Criação (Mateus 19:4-6)
3. A Dureza do Coração e a Concessão de Moisés (Mateus 19:7-8)
4. O Ideal Divino e a Exceção (Mateus 19:9)

Esboço Expositivo: "Ensinos de Jesus sobre Matrimônio, Divórcio e Celibato"

1. A Chegada à Judeia e a Multidão (Mateus 19:1-2)
2. A Tentação dos Fariseus e a Questão do Divórcio (Mateus 19:3)
3. A Resposta de Jesus sobre o Matrimônio Indissolúvel (Mateus 19:4-9)
4. O Questionamento dos Discípulos sobre o Celibato (Mateus 19:10)
5. O Ensino sobre o Dom do Celibato (Mateus 19:11-12)

Esboço Criativo: "Uma Só Carne: Entre o Ideal e o Real"

1. A Perfeição da Criação: Uma União (Mateus 19:4-6)
2. A Realidade do Pecado: Corações Endurecidos (Mateus 19:8)
3. O Desafio da Fidelidade: Um Chamado ao Compromisso (Mateus 19:9)
4. O Dom do Celibato: Uma Entrega Total (Mateus 19:12)

Perguntas

  1. Após concluir suas instruções, para qual região Jesus se dirigiu? (19.1)
  2. Em qual região específica da Judéia Jesus entrou após sair da Galileia? (19.1)
  3. Qual era a característica das multidões que seguiam Jesus na Judéia? (19.2)
  4. O que Jesus fazia pelas multidões que o seguiam nessa região? (19.2)
  5. Quem se aproximou de Jesus com o intuito de testá-lo? (19.3)
  6. Qual foi a pergunta capciosa formulada pelos fariseus a Jesus sobre o divórcio? (19.3)
  7. A qual relato da criação Jesus se referiu em sua resposta inicial sobre o divórcio? (19.4)
  8. Quais foram as duas partes da humanidade criadas por Deus "no princípio", segundo a resposta de Jesus? (19.4)
  9. Que escritura do Gênesis Jesus citou para fundamentar a união matrimonial? (19.5)
  10. Segundo a citação de Jesus, quais laços familiares o homem deve deixar ao se casar? (19.5)
  11. Qual é o resultado da união matrimonial, de acordo com a escritura citada por Jesus? (19.5)
  12. Com base na união em "uma só carne", qual a conclusão de Jesus sobre a separação no casamento? (19.6)
  13. Como os fariseus responderam ao ensinamento de Jesus sobre a indissolubilidade do casamento? (19.7)
  14. A qual figura bíblica os fariseus se referiram para questionar o ensinamento de Jesus sobre o divórcio? (19.7)
  15. O que Moisés ordenou em relação ao divórcio, segundo a pergunta dos fariseus? (19.7)
  16. Qual foi a justificativa de Jesus para a permissão de Moisés quanto ao divórcio? (19.8)
  17. Segundo Jesus, qual era a condição do coração do povo que levou Moisés a permitir o divórcio? (19.8)
  18. Jesus contrastou a permissão de Moisés com qual estado original do casamento? (19.8)
  19. Qual é a única exceção que Jesus estabelece para o divórcio em sua declaração sobre adultério? (19.9)
  20. Qual consequência Jesus aponta para quem se divorcia fora da exceção mencionada e se casa novamente? (19.9)
  21. Como os discípulos reagiram ao ouvir a doutrina de Jesus sobre o divórcio e novo casamento? (19.10)
  22. Qual a conclusão dos discípulos sobre o casamento, baseada no ensinamento de Jesus sobre o divórcio? (19.10)
  23. Como Jesus respondeu à observação dos discípulos sobre a dificuldade do casamento? (19.11)
  24. Quem são aqueles que têm "condições de aceitar" a palavra sobre o celibato voluntário, segundo Jesus? (19.11)
  25. Quais são os três tipos de "eunucos" mencionados por Jesus? (19.12)
  26. Qual o motivo daqueles que se fazem eunucos, conforme explicado por Jesus? (19.12)
  27. Qual exortação final Jesus faz sobre a aceitação da palavra sobre o celibato? (19.12)
  28. Quem trouxe crianças a Jesus após o ensino sobre o divórcio? (19.13)
  29. Com qual propósito as crianças foram trazidas até Jesus? (19.13)
  30. Qual foi a reação dos discípulos ao verem as crianças sendo trazidas a Jesus? (19.13)
  31. O que Jesus ordenou que os discípulos fizessem em relação às crianças? (19.14)
  32. Qual a razão dada por Jesus para permitir que as crianças se aproximassem dele? (19.14)
  33. A quem pertence o Reino dos céus, de acordo com Jesus, neste contexto? (19.14)
  34. O que Jesus fez após permitir que as crianças se aproximassem? (19.15)
  35. O que aconteceu após Jesus impor as mãos sobre as crianças? (19.15)
  36. Quem se aproximou de Jesus após a interação com as crianças? (19.16)
  37. Qual título o jovem usou ao se dirigir a Jesus? (19.16)
  38. Qual pergunta o jovem rico fez a Jesus sobre a vida eterna? (19.16)
  39. Como Jesus respondeu inicialmente à pergunta do jovem sobre o "bom"? (19.17)
  40. Por que Jesus questionou o jovem sobre o uso do termo "bom" referindo-se a Ele? (19.17)
  41. Qual condição Jesus estabeleceu para "entrar na vida"? (19.17)
  42. Quais mandamentos Jesus citou quando o jovem perguntou "quais"? (19.18-19)
  43. Quais dos dez mandamentos Jesus mencionou especificamente ao jovem? (19.18)
  44. Além dos mandamentos, qual outro princípio Jesus incluiu na resposta ao jovem? (19.19)
  45. Qual foi a afirmação do jovem em relação aos mandamentos mencionados por Jesus? (19.20)
  46. Diante da afirmação do jovem, qual foi a pergunta adicional que ele fez a Jesus? (19.20)
  47. Qual instrução Jesus deu ao jovem para que ele fosse "perfeito"? (19.21)
  48. O que o jovem deveria fazer com seus bens para seguir a instrução de Jesus? (19.21)
  49. Qual promessa Jesus fez ao jovem em relação ao tesouro celestial? (19.21)
  50. Como o jovem reagiu ao ouvir a resposta de Jesus sobre vender seus bens? (19.22)
  51. Por que o jovem se afastou triste de Jesus? (19.22)

Tabelas Didáticas

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💔 Divórcio: 3 Perspectivas

👥 Perspectiva 📜 Base / Justificativa (versículo) ➡️ Conclusão
🤔 Fariseus "É lícito divorciar-se por qualquer motivo?" (19:3) Buscavam permissividade legalista
📜 Moisés "Moisés permitiu divórcio por dureza do coração" (19:8) Concessão, não ideal divino
✝️ Jesus "Desde o princípio... uma só carne... o que Deus uniu..." (19:4-6) União indissolúvel, plano original de Deus

👤 Celibato: 3 Tipos de "Eunucos"

eunucos 📖 Causa / Motivação (versículo) 🎯 Propósito
👶 De nascença Condição física (19:12) Involuntário
🛠️ Feitos por homens Ação humana (19:12) Circunstancial
👑 Por causa do Reino Escolha voluntária "por causa do reino dos céus" (19:12) Dedicação total ao Reino

➕ Discípulos: Sacrifício & Recompensa

🕊️ Renúncia por Jesus (versículo) 🎁 Recompensa Prometida (versículo)
👨‍👩‍👧‍👦 "Nós deixamos tudo e te seguimos" (19:27) 👑 "Assentar-se em 12 tronos" para julgar Israel (19:28)
🏡 "Quem deixar casas..." (19:29) 💯 "Receberá muitas vezes mais" (19:29)
👨‍👩‍👧‍👦 "...irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos..." (19:29) 🌟 "...e herdará a vida eterna" (19:29)
🌾 "...ou campos, por causa do meu nome" (19:29) 🔄 "Primeiros serão últimos, e últimos primeiros" (19:30)

Semeando Vida

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