Mateus 15


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Mateus 15 explicado: 
🤔 Jesus desafia tradições religiosas, priorizando mandamentos divinos.
🌍 Mulher cananeia supera preconceitos e tem filha curada por Jesus.
✨ Jesus multiplica pães e peixes, alimentando multidão milagrosamente.

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Resumo de Mateus 15

Confronto com Fariseus: Tradição Humana vs. Mandamento Divino

Alguns fariseus e escribas, líderes religiosos de Jerusalém, viajaram para confrontar Jesus, buscando falhas em seus ensinamentos e práticas (v. 1).

Eles questionaram por que os discípulos de Jesus não seguiam a "tradição dos anciãos", especificamente o ritual de lavar as mãos antes de comer, uma prática que havia se tornado mais importante que os mandamentos divinos para muitos líderes religiosos (v. 2).

Essa tradição, embora não ordenada na Lei de Moisés, havia sido desenvolvida ao longo do tempo e era vista por alguns como essencial para a pureza religiosa.

Jesus, em vez de se defender diretamente, contra-atacou, expondo a hipocrisia deles (v. 3).

Ele perguntou por que eles, em nome de suas tradições, invalidavam os mandamentos claros de Deus.

Jesus citou o mandamento de honrar pai e mãe, um princípio fundamental da lei divina (v. 4).

Ele contrastou isso com a prática hipócrita deles de usar uma tradição chamada "Corbã" para evitar sustentar seus pais idosos (v. 5).

Sob essa tradição, alguém podia declarar seus bens como "oferta a Deus", mesmo que ainda os utilizasse, e assim se eximir da responsabilidade de ajudar seus pais necessitados.

Jesus denunciou essa prática como uma forma de invalidar a Palavra de Deus em favor de tradições humanas (v. 6).

Ele os chamou de hipócritas, aplicando a eles uma profecia de Isaías que descrevia aqueles que honravam a Deus apenas com palavras, enquanto seus corações estavam distantes Dele (v. 7-8).

Jesus destacou que a adoração deles era inútil, pois substituíam os mandamentos de Deus por doutrinas e regras criadas por homens (v. 9).

O Que Contamina Verdadeiramente: Do Coração para o Exterior

Jesus então chamou a multidão para perto e ensinou uma lição crucial sobre o que realmente contamina uma pessoa (v. 10).

Ele explicou que não é o que entra pela boca que torna alguém impuro perante Deus, referindo-se à preocupação dos fariseus com a lavagem das mãos antes de comer (v. 11).

Em vez disso, Jesus afirmou que a verdadeira contaminação vem do que sai da boca, pois isso reflete o que está no coração da pessoa.

Mais tarde, os discípulos se aproximaram de Jesus, preocupados com a reação dos fariseus (v. 12).

Eles notaram que os fariseus ficaram escandalizados com as palavras de Jesus, pois ele desafiou suas tradições mais queridas.

Jesus respondeu com uma metáfora sobre plantas e raízes (v. 13).

Ele disse que "toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada", indicando que ensinamentos e tradições que não têm fundamento divino serão removidos.

Ele então descreveu os fariseus como "cegos, guias de cegos" (v. 14).

Ele alertou que seguir líderes espirituais cegos levaria à ruína, pois "se um cego guiar outro cego, cairão ambos no barranco".

Pedro, confuso com a parábola sobre o que contamina, pediu a Jesus que a explicasse (v. 15).

Jesus expressou certa surpresa com a dificuldade de compreensão dos discípulos, questionando se eles também ainda não entendiam (v. 16).

Ele explicou o processo natural da digestão, mostrando que o alimento ingerido é processado pelo corpo e depois eliminado (v. 17).

Isso demonstrava que o que entra pela boca tem um efeito físico temporário, mas não causa impureza espiritual duradoura.

Em contraste, Jesus detalhou que o que sai da boca, as palavras, têm origem no coração e revelam o estado interior da pessoa (v. 18).

Ele listou exemplos de coisas que procedem do coração e verdadeiramente contaminam: maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias (v. 19).

Essas atitudes e ações negativas, originadas no coração, são as que realmente tornam uma pessoa impura perante Deus (v. 20).

Jesus concluiu reafirmando que comer sem lavar as mãos, conforme a tradição farisaica, não causa contaminação espiritual, pois a verdadeira pureza ou impureza reside no coração e se manifesta nas ações e palavras.

Fé da Mulher Cananéia: Um Pedido Inesperado Atendido

Deixando aquela região, Jesus viajou para os arredores de Tiro e Sidom, cidades gentias fora do território tradicional de Israel (v. 21).

Uma mulher cananéia, natural daquela região, aproximou-se de Jesus clamando por ajuda (v. 22).

Cananeus eram descendentes dos antigos habitantes de Canaã, historicamente não pertencentes ao povo de Israel.

Ela o chamou de "Senhor, Filho de Davi", um título messiânico que reconhecia Jesus como o Messias esperado por Israel, e implorou: "tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada".

Inicialmente, Jesus pareceu ignorá-la, não respondendo a nenhuma palavra (v. 23).

Os discípulos, incomodados com a insistência da mulher, pediram a Jesus que a mandasse embora, pois ela os seguia clamando.

Jesus então explicou o motivo de sua aparente relutância, dizendo: "Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel" (v. 24).

Ele estava enfatizando que sua missão inicial era focada em Israel, o povo escolhido de Deus, seguindo o plano divino de redenção.

A mulher, porém, não desistiu (v. 25).

Ela se aproximou ainda mais, ajoelhou-se diante de Jesus em adoração e humildemente suplicou: "Senhor, socorre-me!".

Jesus, testando sua fé e usando uma metáfora cultural, respondeu: "Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos" (v. 26).

Naquela época, era comum se referir aos gentios como "cachorrinhos" em comparação com os judeus, considerados os "filhos" da promessa.

A mulher, demonstrando uma fé extraordinária e uma humildade admirável, rebateu a metáfora com sabedoria: "Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos" (v. 27).

Ela reconheceu a prioridade de Israel, mas argumentou que mesmo os gentios poderiam se beneficiar da bondade de Deus, recebendo "migalhas" de sua graça.

Impressionado com a fé e a persistência da mulher, Jesus declarou: "Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres" (v. 28).

E naquele exato momento, à distância, a filha da mulher foi completamente curada da possessão demoníaca, demonstrando o poder de Jesus que transcendia fronteiras e alcançava aqueles que nele criam.

Cura de Multidões e Compaixão no Deserto: Multiplicação dos Pães

Partindo dali, Jesus retornou para a região do Mar da Galileia e subiu a um monte para ensinar e curar (v. 29).

Grandes multidões o seguiram, trazendo consigo pessoas com diversas enfermidades: coxos, aleijados, cegos, mudos e muitos outros (v. 30).

Eles os colocaram aos pés de Jesus, buscando sua cura e compaixão.

Jesus, movido por sua natureza misericordiosa, curou todos os enfermos que lhe foram trazidos (v. 30).

O povo ficou maravilhado ao ver os milagres acontecendo: mudos falando, aleijados restaurados, coxos andando e cegos vendo (v. 31).

Diante de tamanhos sinais do poder divino, a multidão glorificou ao Deus de Israel, reconhecendo a fonte dos milagres e a manifestação da graça de Deus através de Jesus.

Após três dias com a multidão no deserto, Jesus chamou seus discípulos, expressando sua compaixão pelas pessoas (v. 32).

Ele disse: "Tenho compaixão desta gente, porque há três dias que permanece comigo e não tem o que comer; e não quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça pelo caminho".

Jesus se preocupava com o bem-estar físico da multidão, reconhecendo que estavam famintos e cansados após tanto tempo o seguindo.

Os discípulos, ainda presos a uma perspectiva limitada, questionaram como seria possível alimentar tanta gente em um lugar deserto: "Onde haverá neste deserto tantos pães para fartar tão grande multidão?" (v. 33).

Jesus perguntou quantos pães eles tinham disponíveis (v. 34).

Eles responderam que tinham apenas sete pães e alguns peixinhos, uma quantidade insignificante para alimentar milhares de pessoas.

Jesus, demonstrando mais uma vez seu poder criador, instruiu a multidão a se sentar no chão (v. 35).

Ele tomou os sete pães e os peixes, deu graças a Deus, partiu-os e entregou aos discípulos para que distribuíssem ao povo (v. 36).

E aconteceu um milagre extraordinário: todos comeram e ficaram fartos (v. 37).

Após todos se saciarem, os discípulos recolheram as sobras, enchendo sete cestos grandes com os pedaços que sobraram, mostrando a abundância da provisão divina.

O número dos que comeram foi de quatro mil homens, além de mulheres e crianças, uma multidão imensa alimentada milagrosamente com poucos recursos (v. 38).

Finalmente, após despedir a multidão, Jesus entrou no barco com seus discípulos e seguiu para a região de Magadã, encerrando este capítulo com mais demonstrações de seu poder, compaixão e ensinamentos transformadores (v. 39).

Contexto histórico-cultural

Lavagem das mãos: higiene ou tradição?

No tempo de Jesus, a discussão sobre lavar as mãos antes de comer não era sobre higiene como entendemos hoje.

Para os fariseus e escribas vindos de Jerusalém, lavar as mãos era um ritual religioso, uma “tradição dos anciãos”, tão importante quanto seguir as leis de Moisés.

Essa tradição, ensinada e repetida de geração em geração, havia se tornado mais importante para eles do que os mandamentos de Deus na Bíblia.

Eles acreditavam que Moisés recebeu no Monte Sinai duas leis: a escrita, que está no Antigo Testamento, e a oral, transmitida de boca em boca até ser registrada no Talmude.

Essas leis orais, repletas de regras detalhadas sobre rituais, eram consideradas pelos judeus mais importantes que as leis de Moisés.

Para se ter uma ideia, um rabino da época dizia que pecar ao comer sem lavar as mãos era tão grave quanto pecar com uma prostituta.

Essa lavagem ritualística não era simples: exigia uma quantidade específica de água, uma forma correta de aplicação e até regras sobre quem podia lavar as mãos junto.

Jesus, ao questionar essa tradição, não estava desvalorizando a higiene, mas sim confrontando a hipocrisia de líderes religiosos que se preocupavam mais com rituais externos do que com a pureza do coração.

Corbã: religiosidade versus família

Jesus usou o mandamento de “honrar pai e mãe” para mostrar como as tradições dos fariseus contradiziam a lei de Deus.

A lei de Deus, clara em Êxodo 20:12 e 21:17, ordenava honrar os pais, o que incluía cuidar deles em suas necessidades, especialmente na velhice.

Porém, os líderes religiosos da época haviam criado uma brecha nessa lei através da tradição do “Corbã”, uma palavra hebraica que significa “oferta” ou “presente dedicado a Deus”.

A prática do Corbã permitia que um filho declarasse seus bens como “consagrados a Deus”, impedindo que fossem usados para ajudar os pais necessitados.

Mesmo que o filho continuasse usando os bens, ele se livrava da obrigação de sustentar os pais, alegando que o bem estava “dedicado a Deus”.

Essa prática, ensinada pelos líderes religiosos, invalidava o mandamento de Deus, colocando a tradição acima da lei divina.

Jesus não era contra ofertas a Deus, mas denunciava a hipocrisia de usar a religião para fugir da responsabilidade de cuidar dos pais, demonstrando falta de honra e amor familiar.

Hipócritas: a máscara religiosa

Ao chamar os fariseus de “hipócritas”, Jesus usou uma palavra do teatro grego.

“Hipócrita” significava originalmente “ator”, alguém que usava uma máscara para interpretar um papel no palco.

No contexto religioso, hipócrita era aquele que usava uma “máscara” de religiosidade, escondendo a maldade e a impureza do coração por trás de práticas religiosas externas.

Jesus os acusou de honrar a Deus apenas com os lábios, enquanto o coração estava longe, preocupado com tradições humanas e não com o verdadeiro amor e justiça divina, como profetizado por Isaías (Isaías 29:13).

Essa hipocrisia tornava o culto deles “em vão”, pois ensinavam mandamentos humanos como se fossem doutrinas de Deus.

‘O que sai da boca’: a verdadeira impureza

Jesus confrontou a ideia de que a impureza vinha de fora, como comer sem lavar as mãos.

Ele ensinou que o que realmente torna uma pessoa impura não é o que entra pela boca, pois isso é processado pelo corpo e eliminado.

A verdadeira impureza vem de dentro, do coração, e se manifesta no que sai da boca: palavras e atitudes.

Jesus listou exemplos do que sai do coração e contamina o homem: maus pensamentos, homicídios, adultérios, imoralidade sexual, roubos, falsos testemunhos e blasfêmias.

Essa lista abrangente dos pecados do coração mostra que a verdadeira pureza é interna e moral, não ritualística e externa.

Para Jesus, a preocupação excessiva com rituais de pureza externa desviava a atenção do problema real: a necessidade de um coração transformado por Deus.

‘Plantas não plantadas pelo Pai’: tradições passageiras

Quando os discípulos avisaram Jesus que os fariseus ficaram ofendidos com seus ensinamentos, Jesus respondeu com uma metáfora agrícola.

Ele comparou os ensinamentos dos fariseus a “plantas que não foram plantadas por meu Pai celestial”.

Essa imagem forte ilustra que tradições humanas, por mais populares que sejam, não têm raiz divina e, portanto, não durarão.

Jesus afirmou que essas “plantas” seriam “arrancadas”, ou seja, suas tradições seriam desmascaradas e perderiam o poder.

Essa declaração era um aviso de que apenas os ensinamentos com base em Deus e em sua Palavra permanecem firmes e verdadeiros.

‘Guias cegos’: perigo espiritual

Ao chamar os fariseus de “guias cegos”, Jesus alertou sobre o perigo de seguir líderes espirituais que não compreendem a verdade de Deus.

A imagem do cego guiando outro cego, onde “ambos cairão no buraco”, ilustra as consequências desastrosas de seguir ensinamentos errados.

Jesus não apenas critica os líderes, mas também expressa compaixão pelas pessoas sendo “cegadas” por esses líderes, conduzindo-as para longe de Deus.

Essa advertência serve como um alerta para que as pessoas discernam e busquem líderes espirituais que realmente conheçam e sigam a verdade de Deus, para não serem levadas ao “buraco”, ou seja, à ruína espiritual.

Pão para os filhos e migalhas para os cachorrinhos: a fé da mulher cananeia

Jesus viajou para a região de Tiro e Sidom, cidades fenícias na costa do Mediterrâneo, conhecidas por sua cultura gentia e costumes diferentes dos judeus.

Lá, uma mulher cananeia, ou siro-fenícia como Marcos a descreve, aproximou-se de Jesus clamando por libertação para sua filha endemoninhada.

Ao chamá-la de “mulher cananeia”, Mateus conecta essa mulher aos antigos inimigos de Israel, mostrando que a salvação alcançaria até mesmo os descendentes dos adversários históricos do povo judeu.

Inicialmente, Jesus pareceu ignorá-la, “não respondendo palavra”, o que era incomum em seu ministério compassivo.

Essa aparente indiferença pode ter sido um teste à fé da mulher, ou uma forma de destacar para os discípulos a amplitude da sua missão, que se estenderia além de Israel.

Quando a mulher insistiu, Jesus usou uma linguagem que refletia o preconceito judaico da época contra os gentios, comparando-os a “cachorrinhos” e os judeus aos “filhos” que recebem o “pão”.

A expressão “pão dos filhos” referia-se à prioridade do ministério de Jesus para com os judeus, enquanto os gentios, culturalmente chamados de “cães” pelos judeus, pareciam estar excluídos daquele momento.

No entanto, Jesus usou o diminutivo “cachorrinhos” (no grego original, “kynaria”), amenizando o termo pejorativo “cães” (kyon), mais usado para cães de rua, e se referindo mais aos cães domésticos, que viviam dentro da casa e tinham acesso às migalhas da mesa.

A resposta da mulher foi surpreendente e cheia de fé: ela reconheceu a prioridade dos judeus, mas pediu apenas as “migalhas” da bênção de Jesus, demonstrando humildade e grande confiança.

Ela argumentou que, mesmo os “cachorrinhos”, considerados inferiores, também se beneficiam das sobras que caem da mesa de seus donos.

Essa resposta inteligente e persistente impressionou Jesus, que elogiou a “grande fé” da mulher e curou sua filha instantaneamente.

Essa interação demonstra que a fé genuína ultrapassa barreiras culturais e religiosas, e que a graça de Deus se estende a todos, inclusive àqueles considerados “de fora”.

Multidões e milagres em terras gentias

Após o encontro com a mulher cananeia, Jesus continuou seu ministério na região da Galileia, uma área com forte presença gentia, especialmente na Decápolis, região a leste do Mar da Galileia.

Grandes multidões, provavelmente compostas por gentios e judeus, vieram a Jesus trazendo doentes de todos os tipos: aleijados, cegos, mudos e mutilados.

As pessoas “depositavam-nos aos pés de Jesus”, demonstrando grande necessidade e expectativa em relação ao seu poder de cura.

Jesus, movido por compaixão, curou a todos, realizando milagres que impressionavam a multidão.

A cura dos “mutilados” (no grego “kullous”) é notável, pois pode indicar a restauração de membros perdidos, um ato de poder criativo raramente mencionado nos evangelhos.

A multidão, testemunhando esses milagres, “glorificava o Deus de Israel”, reconhecendo o poder divino manifesto em Jesus, mesmo sendo muitos deles gentios.

Esse reconhecimento do “Deus de Israel” por gentios sugere que o ministério de Jesus estava alcançando além das fronteiras de Israel, preparando o caminho para a expansão do Evangelho a todas as nações.

Alimentando quatro mil: fartura no deserto

Assim como alimentou cinco mil judeus anteriormente, Jesus realizou um milagre semelhante, alimentando quatro mil pessoas em um local deserto, provavelmente na região da Decápolis, de maioria gentia.

A motivação de Jesus foi a compaixão pela multidão que o seguia há “três dias” e não tinha o que comer, temendo que desmaiassem no caminho de volta para casa.

Os discípulos, demonstrando novamente incredulidade ou esquecimento do milagre anterior, questionaram como conseguir pão para tanta gente “naquele lugar deserto”.

Jesus, com sua provisão divina, multiplicou sete pães e alguns peixes, alimentando a todos até se fartarem.

Sobraram “sete grandes cestos” cheios de pedaços de pão, mostrando a abundância da provisão de Deus.

O número de pessoas alimentadas, “quatro mil homens, além de mulheres e crianças”, indica uma grande multidão, possivelmente ainda maior que a dos cinco mil.

Este milagre, repetido em um contexto gentio, reforça a mensagem de que a provisão e a graça de Deus são abundantes e se estendem a todos os povos, não apenas aos judeus.

Os “sete grandes cestos” usados para recolher as sobras (no grego “spyridas”) eram diferentes dos “doze cestos” menores (“kophinos”) usados no milagre dos cinco mil, reforçando que se tratam de eventos distintos e não repetições do mesmo milagre.

Ao realizar esses dois grandes milagres de multiplicação de pães, Jesus demonstrava ser o Messias que supre as necessidades do seu povo, tanto judeus quanto gentios, prefigurando o banquete messiânico, um tempo de fartura e alegria para todos os que creem.

Temas Principais

1. Tradição Humana vs. Palavra de Deus

Em Mateus 15:1-20, os fariseus questionam Jesus sobre a tradição de lavar as mãos antes de comer. Jesus responde confrontando-os sobre como suas tradições invalidam os mandamentos de Deus (Mateus 15:3). Este embate centraliza-se na prioridade da Palavra de Deus sobre as tradições humanas, um princípio fundamental da teologia reformada (Isaías 8:20).

A Escritura é a autoridade final, e tradições que a contradizem ou obscurecem seu ensino devem ser rejeitadas.

2. Hipocrisia e a Religião Exterior

Jesus acusa os fariseus de hipocrisia (Mateus 15:7-9), pois honram a Deus com os lábios, mas seus corações estão longe dele. Eles se preocupam com rituais externos, como lavar as mãos, enquanto negligenciam a justiça, a misericórdia e a fidelidade (Mateus 23:23). A teologia reformada enfatiza que a verdadeira religião é interna e externa, com o coração transformado refletindo-se em ações justas (Romanos 2:28-29).

A mera observância exterior de rituais não agrada a Deus se não for acompanhada de um coração reto.

3. A Verdadeira Fonte de Imundície

Jesus ensina que não é o que entra pela boca que contamina o homem, mas o que sai da boca, procedente do coração (Mateus 15:11, 18-20). Isto desafia a compreensão ritualística de pureza e impureza, apontando para o coração como a fonte da verdadeira contaminação moral. A teologia reformada concorda que o pecado reside no coração humano, manifestando-se em pensamentos, palavras e ações (Jeremias 17:9).

A purificação do coração, portanto, é essencial para a verdadeira santidade.

Pontes no Novo Testamento

1. Ligação com o Ensino Apostólico

O apóstolo Paulo ecoa o ensino de Jesus sobre a primazia da Palavra de Deus sobre as tradições humanas em Colossenses 2:8, alertando contra filosofias e tradições que se baseiam em princípios humanos e não em Cristo. Em Romanos 14, Paulo aborda questões de rituais alimentares, mostrando que o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Romanos 14:17).

Assim como Jesus, Paulo enfatiza a liberdade cristã em relação a regras humanas em questões secundárias.

2. Ligação Temática

O tema da hipocrisia dos líderes religiosos é recorrente nos evangelhos (Mateus 23) e nas cartas apostólicas (2 Timóteo 3:5). A ideia de que a verdadeira pureza vem do coração e não de rituais externos é central no Novo Testamento. Tiago 1:27 define a religião pura como cuidar dos órfãos e viúvas e guardar-se da corrupção do mundo, contrastando com a ênfase em cerimônias vazias.

O Novo Testamento consistentemente aponta para a transformação interior como a marca da verdadeira fé.

3. Ligação com a Missão e a Vida da Igreja

A confrontação de Jesus com os fariseus influenciou a Igreja primitiva a se libertar das amarras do legalismo e das tradições que impediam o evangelho de avançar. Atos 15 narra o Concílio de Jerusalém, onde a Igreja decidiu não impor aos gentios as leis cerimoniais judaicas, focando na fé em Cristo (Atos 15:10-11, 19). Este evento demonstra a aplicação prática do princípio de Jesus sobre a libertação das tradições humanas em favor da essência do evangelho.

A Igreja primitiva buscou viver pela fé e pela Palavra, e não por rituais vazios.

Aplicação Prática

1. Discernindo Tradições à Luz da Escritura

Mateus 15 nos desafia a examinar criticamente as tradições em nossas vidas e igrejas à luz da Bíblia. Nem toda tradição é inerentemente errada, mas devemos avaliar se elas promovem ou obscurecem a Palavra de Deus (1 Tessalonicenses 5:21). Tradições que se tornam mais importantes que os mandamentos de Deus precisam ser questionadas e reformadas.

Como podemos discernir quais tradições são úteis e quais precisam ser revistas à luz da Escritura?

2. Cultivando a Sinceridade no Culto e na Fé

O ensino de Jesus nos adverte contra a hipocrisia e a religião superficial. Devemos buscar sinceridade em nosso culto e em nossa caminhada com Deus, permitindo que a Palavra transforme nosso coração e mente (Romanos 12:2). A autenticidade e a integridade devem marcar nossa vida cristã, tanto em público quanto em particular.

Como podemos garantir que nossa fé não se torne uma mera fachada externa, mas uma realidade do coração?

3. Priorizando a Pureza do Coração e a Conduta Ética

Jesus nos chama a focar na pureza do coração, pois é de lá que procedem as ações que verdadeiramente nos definem (Provérbios 4:23). Devemos cultivar pensamentos, palavras e ações que reflitam o caráter de Cristo, buscando a santidade em todas as áreas da vida (1 Pedro 1:15-16). A ética cristã não se limita a rituais, mas abrange a totalidade da nossa conduta.

Como podemos buscar a purificação do nosso coração e viver de forma ética em nosso mundo?

Versículo-chave

"Assim vocês anulam a palavra de Deus por causa da tradição de vocês" (Mateus 15:6b, NVI).

Sugestão de esboços

Esboço Temático: "O Conflito entre Tradição e Verdade"

1. A Questão da Tradição (Mateus 15:1-2)
2. A Prioridade da Palavra de Deus (Mateus 15:3-6)
3. Hipocrisia e Culto Vazio (Mateus 15:7-9)
4. A Verdadeira Contaminação (Mateus 15:10-20)

Esboço Expositivo: "A Confrontação com os Fariseus sobre Pureza"

1. A Delegação de Jerusalém (Mateus 15:1)
2. A Crítica Farisaica (Mateus 15:2)
3. A Resposta de Jesus sobre Tradição e Mandamento (Mateus 15:3-9)
4. Ensino à Multidão sobre Contaminação (Mateus 15:10-11)
5. Explicação aos Discípulos (Mateus 15:15-20)

Esboço Criativo: "Coração Limpo, Mãos Sujas?"

1. Regras vs. Relacionamento (Mateus 15:1-2)
2. O Peso da Tradição (Mateus 15:3-6)
3. Lábios Próximos, Corações Distantes (Mateus 15:7-9)
4. A Jornada da Impureza: De Dentro para Fora (Mateus 15:18-20)

Perguntas

  1. De qual cidade vieram os fariseus e mestres da lei para questionar Jesus? (15.1)
  2. Qual foi o ponto de discórdia levantado pelos fariseus e mestres da lei contra os discípulos de Jesus? (15.2)
  3. Que prática tradicional os discípulos de Jesus supostamente negligenciaram antes de comer? (15.2)
  4. Como Jesus respondeu à acusação dos fariseus e mestres da lei sobre a tradição? (15.3)
  5. Qual mandamento de Deus Jesus acusou os fariseus de transgredir por causa de suas tradições? (15.3)
  6. Quais dois mandamentos específicos "Deus disse" que Jesus citou em relação aos pais? (15.4)
  7. Qual é a consequência declarada por Deus para quem amaldiçoa pai ou mãe? (15.4)
  8. Que tipo de declaração os fariseus permitiam que alguém fizesse para evitar honrar seus pais com ajuda? (15.5)
  9. Como a prática farisaica de "oferta dedicada a Deus" anulava o mandamento de honrar pai e mãe? (15.6)
  10. Qual termo Jesus usou para descrever os fariseus e mestres da lei por sua hipocrisia? (15.7)
  11. Qual profeta Jesus citou para descrever a hipocrisia dos fariseus e mestres da lei? (15.7)
  12. Segundo a profecia citada, como o povo honrava a Deus superficialmente? (15.8)
  13. Onde, de acordo com a profecia, estava distante de Deus o coração daquele povo? (15.8)
  14. Como Jesus descreveu a adoração dos fariseus, baseada em ensinamentos que eram apenas regras humanas? (15.9)
  15. A quem Jesus chamou para perto para transmitir um ensinamento importante sobre pureza e impureza? (15.10)
  16. Qual foi a instrução inicial de Jesus à multidão sobre o que ele ia dizer? (15.10)
  17. O que Jesus afirmou que não torna o homem impuro ao entrar pela boca? (15.11)
  18. O que Jesus declarou que realmente torna o homem impuro, saindo da boca? (15.11)
  19. Qual foi a reação dos discípulos ao perceberem que os fariseus ficaram ofendidos com as palavras de Jesus? (15.12)
  20. O que Jesus disse que aconteceria com toda planta não plantada pelo Pai celestial? (15.13)
  21. Como Jesus descreveu os fariseus em relação à sua capacidade de guiar espiritualmente? (15.14)
  22. Qual foi a ilustração usada por Jesus para descrever o resultado de um guia cego conduzindo outro cego? (15.14)
  23. Quem pediu a Jesus que explicasse a parábola sobre o que contamina o homem? (15.15)
  24. Qual foi a pergunta retórica de Jesus em resposta ao pedido de Pedro por explicação? (15.16)
  25. Onde vai o que entra pela boca, de acordo com a explicação de Jesus? (15.17)
  26. Para onde é expelido o que entra pela boca, após passar pelo estômago? (15.17)
  27. De onde vêm as coisas que saem da boca, segundo Jesus? (15.18)
  28. Que tipo de coisas que saem do coração tornam o homem impuro, de acordo com Jesus? (15.19)
  29. Cite seis exemplos de coisas más que procedem do coração e tornam o homem impuro. (15.19)
  30. Qual ato externo de higiene Jesus explicitamente disse que não torna o homem impuro? (15.20)
  31. Para qual região Jesus se retirou após a discussão sobre o que contamina o homem? (15.21)
  32. Qual era a nacionalidade da mulher que veio a Jesus na região de Tiro e Sidom? (15.22)
  33. Como a mulher cananéia se dirigiu a Jesus em seu clamor por ajuda? (15.22)
  34. Qual título messiânico a mulher cananéia usou ao se dirigir a Jesus? (15.22)
  35. Qual era o problema da filha da mulher cananéia que a motivou a procurar Jesus? (15.22)
  36. Qual foi a primeira reação de Jesus ao clamor da mulher cananéia? (15.23)
  37. O que os discípulos pediram a Jesus para fazer em relação à mulher cananéia que os seguia gritando? (15.23)
  38. Qual foi a justificativa de Jesus para inicialmente não atender ao pedido da mulher cananéia? (15.24)
  39. Como a mulher cananéia reagiu à declaração de Jesus sobre ser enviado às ovelhas perdidas de Israel? (15.25)
  40. Qual foi o pedido específico da mulher cananéia quando ela adorou Jesus de joelhos? (15.25)
  41. Como Jesus respondeu ao segundo pedido da mulher, usando uma analogia? (15.26)
  42. A que Jesus comparou o "pão" e os "filhos" em sua resposta à mulher? (15.26)
  43. A que Jesus comparou as "migalhas" e os "cachorrinhos" na conversa com a mulher? (15.26)
  44. Como a mulher cananéia argumentou em resposta à analogia de Jesus sobre o pão e os cachorrinhos? (15.27)
  45. Qual foi a declaração de Jesus sobre a fé da mulher cananéia após sua resposta arguta? (15.28)
  46. O que Jesus disse que aconteceria conforme o desejo da mulher devido à sua fé? (15.28)
  47. Qual foi o resultado imediato da declaração de Jesus sobre a cura da filha da mulher cananéia? (15.28)
  48. Para onde Jesus foi após sair da região de Tiro e Sidom? (15.29)
  49. O que as multidões fizeram quando se reuniram ao redor de Jesus à beira do mar da Galileia? (15.30)
  50. Que tipo de pessoas foram trazidas pelas multidões para serem curadas por Jesus? (15.30)
  51. Qual foi a reação das pessoas ao verem os milagres de cura realizados por Jesus? (15.31)

Tabelas Didáticas

📱 Gire o celular para ver as tabelas! 🔄


📜 Tradição vs. ✨ Mandamento

⚖️ Característica 👴 Tradição dos Anciãos (Fariseus) ✝️ Mandamento de Deus (Jesus)
❓ Questão Central Lavar as mãos antes de comer (15:2) Honrar pai e mãe (15:4)
🎯 Propósito Pureza ritual, seguir costumes (15:2) Honra e cuidado familiar, lei divina (15:4)
⚠️ Problema Invalidava mandamentos divinos (15:3,6) Tradições humanas se sobrepõem à lei de Deus (15:9)
🎭 Hipocrisia Aparência externa de religiosidade (15:7-8) Coração distante de Deus (15:8)

🍽️ Pureza Externa vs. ❤️ Pureza Interna

📍 Foco da Pureza 📜 Ensino Tradicional (Fariseus) ✝️ Ensino de Jesus
➡️ O que entra pela boca Pode contaminar se não houver rituais (15:2) Não contamina espiritualmente (15:11)
⬅️ O que sai da boca Menosprezado em favor de rituais Verdadeiramente contamina (15:11)
💖 Origem da impureza Desconsiderada Coração e seus desígnios (15:19-20)
✅ Verdadeira pureza Rituais externos Transformação do coração (15:19-20)

🙏 Fé da Cananéia: De Rejeição à Cura

🔄 Interação 🗣️ Atitude/Falas de Jesus 🙋‍♀️ Atitude/Falas da Mulher
1º Pedido (15:22-23) Silêncio inicial (15:23), Foco em Israel (15:24) Clamor por misericórdia, reconhecimento de Jesus como "Filho de Davi" (15:22)
2º Pedido (15:25-27) Metáfora "pão dos filhos e cachorrinhos" (15:26) Adoração, humildade, fé persistente (15:25), Argumento das "migalhas" (15:27)
✅ Resposta Final (15:28) Elogio à grande fé, cura concedida (15:28) Recebe a cura da filha

🍞 Multiplicação: Compaixão e Abundância

Situação ❤️ Compaixão de Jesus 🎁 Provisão Milagrosa
Multidão faminta no deserto (15:32) Preocupação com o bem-estar físico (15:32) "Tenho compaixão desta gente..." Multiplicação de 7 pães e peixes (15:36)
Recursos Limitados (15:33-34) Iniciativa de alimentar a multidão (15:32) Fartura para 4 mil homens, mais mulheres e crianças (15:38)
Sobras abundantes (15:37) Demonstração de cuidado e generosidade 7 cestos grandes cheios de sobras (15:37)

Semeando Vida

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