Mateus 12 explicado:
✋ Jesus cura homem de mão atrofiada no sábado, desafiando a hipocrisia farisaica.
👿 Fariseus acusam Jesus de expulsar demônios por Belzebu, e Ele responde: "Reino dividido não subsiste".
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Resumo de Mateus 12
Debate Sobre o Sábado: Tradição versus Necessidade Humana
Naquela época, Jesus estava caminhando com seus discípulos por campos de trigo em um dia de sábado, o dia de descanso sagrado para os judeus (v. 1).
Os discípulos, sentindo fome, começaram a colher espigas de trigo e comer os grãos, uma prática comum para saciar a fome enquanto viajavam.
No entanto, os fariseus, um grupo religioso conhecido por sua estrita observância da lei e das tradições, viram os discípulos fazendo isso e os confrontaram (v. 2).
Eles acusaram os discípulos de Jesus de violarem o sábado, alegando que colher e debulhar grãos era considerado trabalho e, portanto, proibido no dia sagrado.
Os fariseus questionaram Jesus, dizendo: "Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer em dia de sábado" (v. 2).
Eles estavam mais preocupados com a interpretação legalista da lei do que com a necessidade humana básica de alimento e com a intenção por trás do sábado, que era proporcionar descanso e renovação.
Jesus, conhecendo a motivação por trás da acusação dos fariseus, respondeu com sabedoria e autoridade, usando exemplos das próprias escrituras judaicas para desafiar a interpretação rígida deles (v. 3).
Ele perguntou: "Não lestes o que fez Davi quando ele e seus companheiros tiveram fome?" (v. 3).
Jesus relembrou um episódio da história de Davi, um rei reverenciado em Israel, quando Davi e seus homens, fugindo do rei Saul, entraram no templo e comeram os pães consagrados, que eram reservados exclusivamente aos sacerdotes (vv. 3-4).
Mesmo sendo contra a lei em circunstâncias normais, a necessidade humana de Davi e seus companheiros foi considerada superior à estrita observância ritual naquele momento.
Jesus continuou seu argumento, trazendo outro exemplo da lei mosaica: "Ou não lestes na Lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado e ficam sem culpa?" (v. 5).
Ele apontou que os sacerdotes, mesmo trabalhando no templo aos sábados para realizar os rituais e sacrifícios exigidos pela lei, não eram considerados culpados de violar o sábado.
Isso porque o trabalho deles estava a serviço de um propósito maior, o serviço a Deus no templo.
Com essas analogias, Jesus estava mostrando que a lei do sábado não era absoluta e inflexível, mas sim deveria ser interpretada à luz de princípios mais elevados, como a misericórdia e a necessidade humana.
Então, Jesus fez uma declaração ousada e profunda: "Pois eu vos digo: aqui está quem é maior que o templo" (v. 6).
Ele afirmou sua própria autoridade superior à do templo, o centro da vida religiosa judaica, indicando sua divindade e seu papel como o Messias, que traz uma nova compreensão e cumprimento da lei.
Jesus então explicou o princípio fundamental que os fariseus pareciam ignorar: "Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos, não teríeis condenado inocentes" (v. 7).
Ele citou o profeta Oséias para enfatizar que Deus valoriza mais a misericórdia, a compaixão e o amor ao próximo do que a mera observância ritualística e sacrifícios formais.
Aplicando esse princípio, Jesus declarou que os discípulos eram inocentes, pois sua ação de colher espigas para saciar a fome era motivada pela necessidade e não por desrespeito ao sábado.
Finalmente, Jesus concluiu o debate com uma afirmação definitiva sobre sua autoridade sobre o sábado: "Porque o Filho do Homem é senhor do sábado" (v. 8).
Ao se intitular "Senhor do sábado", Jesus reivindicou para si a autoridade para interpretar e aplicar a lei do sábado, mostrando que ele estava acima da lei e que o sábado foi feito para servir ao homem, e não o homem para servir ao sábado.
Cura no Sábado e a Hipocrisia Religiosa: Bondade Triunfa Sobre a Lei
Afastando-se dos campos de trigo, Jesus entrou em uma sinagoga, o local de culto e ensino religioso para os judeus (v. 9).
Lá, ele encontrou um homem com uma das mãos atrofiada, uma condição que limitava sua capacidade de trabalhar e viver plenamente (v. 10).
Os fariseus, sempre buscando motivos para acusar Jesus, estavam presentes e o observavam atentamente, buscando uma oportunidade para incriminá-lo.
Eles então fizeram uma pergunta capciosa a Jesus: "É lícito curar no sábado?", com o objetivo de colocá-lo em uma armadilha (v. 10).
Se Jesus curasse o homem no sábado, eles o acusariam de violar a lei do sábado; se ele se recusasse a curar, eles poderiam questionar sua compaixão e poder.
Jesus, percebendo a malícia em seus corações, respondeu com uma ilustração lógica e convincente: "Qual dentre vós será o homem que, tendo uma ovelha, e, num sábado, esta cair numa cova, não fará todo o esforço, tirando-a dali?" (v. 11).
Ele usou um exemplo comum da vida cotidiana para mostrar a hipocrisia dos fariseus.
Se até mesmo eles, preocupados com a perda de uma propriedade valiosa como uma ovelha, se esforçariam para resgatá-la de um poço no sábado, mesmo que isso envolvesse trabalho, quanto mais importante seria ajudar um ser humano em necessidade.
Jesus então argumentou com ainda mais força: "Ora, quanto mais vale um homem que uma ovelha? Logo, é lícito, nos sábados, fazer o bem" (v. 12).
Ele destacou o valor incomparavelmente maior de um ser humano em relação a um animal, e afirmou que fazer o bem, especialmente curar e aliviar o sofrimento, era não apenas permitido, mas também apropriado e correto no sábado.
Com autoridade e compaixão, Jesus se dirigiu ao homem com a mão atrofiada e disse: "Estende a mão".
O homem, confiando na palavra de Jesus, obedeceu e estendeu a mão, e instantaneamente sua mão foi completamente restaurada, tornando-se tão saudável quanto a outra (v. 13).
Esse milagre público demonstrou o poder curador de Jesus e a validade de suas ações no sábado, confrontando diretamente a interpretação legalista e restritiva dos fariseus.
Em vez de se alegrarem com a cura do homem e reconhecerem o poder divino de Jesus, os fariseus ficaram ainda mais enfurecidos e frustrados (v. 14).
Eles se retiraram da sinagoga e começaram a conspirar entre si sobre como poderiam matar Jesus, revelando a dureza de seus corações e sua oposição implacável à mensagem e aos atos de Jesus.
O Servo Escolhido e Cura de um Endemoninhado: Cumprimento Profético e Reação Dividida
Jesus, ciente das intenções homicidas dos fariseus, afastou-se daquele lugar, buscando evitar o confronto direto naquele momento (v. 15).
Apesar da oposição dos líderes religiosos, muitas pessoas o seguiram, atraídas por seus ensinamentos e milagres, e Jesus continuou a curar a todos os que estavam doentes, demonstrando sua compaixão e poder abrangente.
No entanto, Jesus os advertiu para não o exporem à publicidade excessiva, pedindo que mantivessem seus milagres em segredo (v. 16).
Essa instrução de Jesus pode ter sido motivada por vários fatores, incluindo o desejo de evitar uma comoção popular prematura, o risco de uma reação ainda mais hostil das autoridades religiosas, e o foco em cumprir sua missão de ensinar e preparar seus discípulos.
O evangelista Mateus explica que essas ações de Jesus, incluindo sua humildade e serviço, cumpriam as profecias messiânicas, citando o profeta Isaías: "Eis aqui o meu servo, que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz. Farei repousar sobre ele o meu Espírito, e ele anunciará juízo aos gentios" (vv. 17-18).
A profecia descreve o Messias como o servo escolhido de Deus, amado e cheio do Espírito, que traria justiça e salvação não apenas para Israel, mas também para os gentios, as nações não judaicas.
A profecia continua descrevendo a maneira como o Messias exerceria seu ministério: "Não contenderá, nem gritará, nem alguém ouvirá nas praças a sua voz. Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega, até que faça vencedor o juízo. E, no seu nome, esperarão os gentios" (vv. 19-21).
Essas palavras enfatizam a mansidão, a humildade e a compaixão do Messias, que não usaria de violência ou ostentação, mas sim de paciência e perseverança para cumprir sua missão de trazer justiça e esperança para todos, incluindo os mais fracos e marginalizados.
Em seguida, trouxeram a Jesus um homem endemoninhado que era cego e mudo, sofrendo de múltiplas aflições (v. 22).
Jesus, movido por compaixão, curou o homem completamente, expulsando o demônio e restaurando-lhe a fala e a visão, um milagre que impactou profundamente a multidão.
A multidão, testemunhando esse poderoso milagre, ficou admirada e começou a se perguntar: "É este, porventura, o Filho de Davi?", reconhecendo implicitamente a natureza messiânica da obra de Jesus (v. 23).
O título "Filho de Davi" era uma referência messiânica comum entre os judeus, indicando o esperado rei descendente de Davi que traria libertação e restauração a Israel.
No entanto, os fariseus, ao ouvirem a reação positiva da multidão e testemunharem o milagre, recusaram-se a reconhecer a obra de Deus em Jesus e, em vez disso, atribuíram seu poder a uma fonte maligna (v. 24).
Eles murmuravam entre si: "Este não expele demônios senão pelo poder de Belzebu, maioral dos demônios", acusando Jesus de agir em conluio com Satanás, o príncipe dos demônios, também conhecido como Belzebu.
Resposta de Jesus e o Perigo da Blasfêmia: Lógica, Advertência e Escolha Decisiva
Jesus, conhecendo os pensamentos maliciosos dos fariseus, respondeu com uma série de argumentos lógicos e advertências sérias para refutar suas acusações e revelar a gravidade de sua rejeição (v. 25).
Primeiro, ele usou o argumento da incoerência lógica: "Todo reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá. Se Satanás expele a Satanás, dividido está contra si mesmo; como, pois, subsistirá o seu reino?" (vv. 25-26).
Jesus explicou que nenhum reino, cidade ou casa dividida internamente pode sobreviver.
Se Satanás estivesse expulsando demônios através de Jesus, ele estaria agindo contra si mesmo, dividindo seu próprio reino e minando seu próprio poder, o que seria ilógico e autodestrutivo.
Em seguida, Jesus desafiou a hipocrisia dos fariseus: "E, se eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes" (v. 27).
Ele questionou a lógica deles, apontando que havia exorcistas judeus na época que também expulsavam demônios, referidos aqui como "vossos filhos".
Se eles acusavam Jesus de usar o poder de Belzebu, então por que não acusavam os exorcistas judeus da mesma coisa?
Jesus afirmou que os próprios exorcistas judeus seriam testemunhas contra a hipocrisia e a injustiça da acusação dos fariseus.
Então, Jesus apresentou a verdadeira fonte de seu poder e a implicação espiritual de sua obra: "Se, porém, eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós" (v. 28).
Ele declarou que expulsava demônios pelo poder do Espírito de Deus, indicando que suas ações eram um sinal da chegada do Reino de Deus, o governo divino, que estava se manifestando através dele.
Jesus usou outra analogia para ilustrar seu poder sobre Satanás: "Ou como pode alguém entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens sem primeiro amarrá-lo? E, então, lhe saqueará a casa" (v. 29).
Ele comparou Satanás a um homem forte e Jesus a alguém que veio para libertar as pessoas do domínio de Satanás.
Para libertar os cativos de Satanás, era necessário primeiro amarrar o homem forte, ou seja, vencer e subjugar Satanás, o que Jesus estava fazendo através de seus milagres e ministério.
Jesus então fez uma declaração crucial sobre a importância da decisão em relação a ele: "Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha" (v. 30).
Ele enfatizou que não havia neutralidade em relação a ele.
As pessoas precisavam escolher se eram a favor dele ou contra ele; não havia meio termo.
Aqueles que não se uniam a ele em sua missão de reunir e salvar, na verdade estavam espalhando e destruindo.
Com base nessa escolha decisiva, Jesus fez uma séria advertência sobre o pecado imperdoável: "Por isso, vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada" (v. 31).
Ele afirmou que todos os tipos de pecados e blasfêmias poderiam ser perdoados, exceto a blasfêmia contra o Espírito Santo.
Jesus explicou ainda: "Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir" (v. 32).
Ele diferenciou entre falar contra o "Filho do Homem", ou seja, contra Jesus em sua humanidade, o que poderia ser perdoado por ignorância ou incompreensão, e falar contra o "Espírito Santo", que se manifestava através dos milagres e da obra de Jesus.
Blasfemar contra o Espírito Santo, neste contexto, significa atribuir conscientemente a obra evidente do Espírito de Deus a Satanás, rejeitando e opondo-se maliciosamente à verdade, mesmo diante da evidência clara.
Esse pecado é considerado imperdoável porque representa uma rejeição deliberada e persistente da graça de Deus, fechando a porta para o arrependimento e o perdão.
Árvore Boa e Fruto Mau: Revelando a Maldade no Coração
Jesus continuou a confrontar os fariseus, usando a analogia da árvore e do fruto para revelar a natureza má de seus corações e a falsidade de suas palavras: "Ou fazei a árvore boa e o seu fruto bom ou a árvore má e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore" (v. 33).
Ele explicou que a qualidade da árvore determina a qualidade do fruto. Uma árvore boa produz frutos bons, e uma árvore má produz frutos maus.
Da mesma forma, as ações e palavras de uma pessoa revelam a condição de seu coração. Um coração bom produzirá boas ações e palavras, enquanto um coração mau produzirá ações e palavras más.
Jesus então os chamou diretamente: "Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração" (v. 34).
Ele os denunciou como "raça de víboras", uma expressão forte que denota maldade, engano e veneno espiritual, questionando como eles poderiam esperar dizer coisas boas se seus corações estavam cheios de maldade.
Ele enfatizou que as palavras que saem da boca são um reflexo do que está no coração. Se o coração está cheio de maldade, as palavras também serão más.
Jesus elaborou essa verdade, dizendo: "O homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau tesouro tira coisas más" (v. 35).
Ele comparou o coração a um tesouro. Um coração bom é como um tesouro bom, do qual se tiram coisas boas, ou seja, boas ações, palavras e pensamentos.
Um coração mau, por outro lado, é como um tesouro mau, do qual se tiram coisas más, ou seja, ações, palavras e pensamentos malignos.
Jesus então proferiu uma advertência solene sobre a responsabilidade pelas palavras: "Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo; porque, pelas tuas palavras, serás justificado e, pelas tuas palavras, serás condenado" (vv. 36-37).
Ele enfatizou que as palavras não são insignificantes, mas sim importantes e carregadas de consequências.
No Dia do Juízo, as pessoas prestarão contas de cada palavra frívola, inútil ou ociosa que proferirem.
E, mais do que isso, as palavras terão um papel decisivo no julgamento final: pelas palavras, as pessoas serão justificadas ou condenadas, revelando o poder das palavras para expressar o coração e influenciar o destino eterno.
Pedido de Sinal e o Sinal de Jonas: Rejeição e Juízo Anunciado
Diante das palavras de condenação de Jesus, alguns escribas e fariseus, desafiando sua autoridade e buscando desacreditá-lo, pediram um sinal extraordinário para provar sua messianidade: "Mestre, queremos ver de tua parte algum sinal" (v. 38).
Eles já haviam testemunhado muitos milagres de Jesus, mas, em vez de se renderem à evidência, pediam mais sinais, talvez buscando um sinal espetacular que se encaixasse em suas expectativas ou que pudessem controlar e manipular.
Jesus, conhecendo a incredulidade e a má intenção por trás de seu pedido, respondeu com tristeza e firmeza: "Uma geração má e adúltera pede um sinal; mas nenhum sinal lhe será dado, senão o do profeta Jonas" (v. 39).
Ele chamou aquela geração de "má e adúltera", denunciando sua infidelidade a Deus e sua busca por sinais como uma forma de evitar o verdadeiro arrependimento e a fé.
Jesus afirmou que nenhum outro sinal seria dado a eles, exceto o "sinal do profeta Jonas", um sinal que eles não entenderiam ou aceitariam em seu pedido por um sinal miraculoso.
Jesus explicou o significado do sinal de Jonas: "Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra" (v. 40).
Ele comparou sua própria morte e ressurreição à experiência de Jonas, que passou três dias e três noites no ventre de um grande peixe antes de ser libertado.
Assim como a libertação de Jonas do peixe foi um sinal para os ninivitas, a ressurreição de Jesus dentre os mortos seria o sinal máximo e definitivo de sua messianidade e da verdade de sua mensagem, embora a geração incrédula o rejeitasse.
Jesus então contrastou a reação dos ninivitas e da rainha do Sul com a incredulidade daquela geração: "Ninivitas se levantarão, no Juízo, com esta geração e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui está quem é maior do que Jonas. A rainha do Sul se levantará, no Juízo, com esta geração e a condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E eis aqui está quem é maior do que Salomão" (vv. 41-42).
Ele afirmou que os ninivitas, que se arrependeram ao ouvirem a pregação de Jonas, e a rainha de Sabá, que viajou de longe para ouvir a sabedoria de Salomão, se levantarão no Dia do Juízo para condenar aquela geração incrédula.
Isso porque eles tiveram a oportunidade de ouvir e ver alguém "maior do que Jonas" e "maior do que Salomão", ou seja, o próprio Messias, mas se recusaram a crer e se arrepender, demonstrando maior dureza de coração e maior condenação.
Parábola do Espírito Imundo Retornando: Advertência Sobre o Perigo da Recaída Espiritual
Jesus então usou uma parábola para advertir sobre o perigo da recaída espiritual e a condição ainda pior que pode seguir a uma aparente libertação superficial: "Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos procurando repouso, porém não encontra" (v. 43).
Ele descreveu um espírito imundo que, ao ser expulso de um homem, vaga por lugares secos e desertos, buscando descanso, mas não encontrando.
O "lugar árido" pode simbolizar o vazio espiritual e a falta de contentamento dos espíritos malignos longe de um hospedeiro humano.
O espírito imundo, então, decide retornar à sua antiga morada: "Por isso, diz: Voltarei para minha casa donde saí. E, tendo voltado, a encontra vazia, varrida e ornamentada" (v. 44).
Ao retornar, encontra a "casa", ou seja, o homem de quem havia sido expulso, aparentemente limpa e arrumada, "vazia, varrida e ornamentada".
Essa limpeza superficial pode representar um arrependimento superficial ou uma reforma externa, sem uma verdadeira transformação interior e preenchimento espiritual.
O espírito imundo, vendo a oportunidade, não volta sozinho: "Então, vai e leva consigo outros sete espíritos, piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e o último estado daquele homem torna-se pior do que o primeiro" (v. 45).
Ele traz consigo outros sete espíritos piores do que ele, e juntos eles entram e habitam no homem, tornando sua condição final ainda pior do que a inicial.
O número "sete" pode simbolizar uma plenitude de maldade e opressão demoníaca.
Jesus aplicou essa parábola àquela geração incrédula: "Assim também acontecerá a esta geração perversa" (v. 45).
Ele advertiu que, assim como o homem da parábola, aquela geração, mesmo tendo experimentado a libertação e a oportunidade de arrependimento através do ministério de Jesus, corria o risco de recair em um estado espiritual ainda pior se não houvesse uma verdadeira conversão e preenchimento com o Espírito de Deus.
A parábola serve como um alerta contra a superficialidade espiritual e a necessidade de um compromisso genuíno com Deus para evitar a recaída e a ruína espiritual.
Verdadeira Família de Jesus: Laços Espirituais Acima dos Laços Carnais
Enquanto Jesus ainda falava à multidão, sua mãe e seus irmãos chegaram e ficaram do lado de fora, querendo falar com ele (v. 46).
Talvez eles estivessem preocupados com a intensidade do confronto de Jesus com os fariseus ou com sua saúde física, ou simplesmente desejassem vê-lo.
Alguém da multidão informou Jesus: "Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar-te" (v. 47).
Jesus, aproveitando a oportunidade para ensinar uma lição importante sobre a natureza de sua verdadeira família, respondeu de forma surpreendente: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" (v. 48).
Essa pergunta retórica não era um desrespeito à sua família carnal, mas sim uma transição para um ensinamento mais profundo sobre os laços espirituais.
E, estendendo a mão para seus discípulos, Jesus declarou: "Eis minha mãe e meus irmãos. Porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai celeste, esse é meu irmão, irmã e mãe" (vv. 49-50).
Ele identificou seus discípulos, aqueles que o seguiam e obedeciam à vontade de Deus, como sua verdadeira família.
Jesus enfatizou que os laços espirituais, baseados na fé e na obediência à vontade do Pai celestial, são mais profundos e duradouros do que os laços de sangue.
Sua verdadeira família não era limitada por relações carnais, mas sim definida pela comunhão espiritual com aqueles que fazem a vontade de Deus, transcendendo as barreiras familiares e étnicas e abrangendo todos os que creem e seguem a Jesus.
Contexto histórico-cultural
Colheita de grãos e o costume de peregrinos
Na época de Jesus, era comum peregrinos viajarem por campos de cereais, e a lei judaica permitia que eles colhessem grãos para comer enquanto viajavam.
Essa prática de colher espigas para matar a fome não era considerada roubo, conforme Deuteronômio 23:25.
O problema surgiu quando os discípulos fizeram isso no sábado, dia de descanso religioso para os judeus.
O sábado e as regras rabínicas complexas
Os fariseus acusaram os discípulos de Jesus de profanarem o sábado, não pela colheita em si, mas por ser no sábado.
Naquela época, líderes religiosos judeus, especialmente os rabinos e fariseus, haviam criado uma série complexa de regras e proibições sobre o que podia e o que não podia ser feito no sábado, a chamada Lei Oral ou Talmud.
Essas regras rabínicas, que iam além da lei de Moisés, transformaram o sábado em um fardo pesado para as pessoas.
Para os fariseus, ao colher e esfregar os grãos para comer, os discípulos estariam realizando diversos trabalhos proibidos no sábado, como ceifar, debulhar, aventar e preparar comida.
Pão da proposição e a necessidade humana
Jesus defendeu seus discípulos recorrendo a exemplos das Escrituras, mostrando que a necessidade humana tem precedência sobre rituais.
Ele citou o caso de Davi, que, fugindo de Saul e faminto, comeu os pães da proposição (ou pães da presença) no tabernáculo.
Esses pães sagrados eram trocados semanalmente e destinados exclusivamente aos sacerdotes, conforme Levítico 24:5-9.
No entanto, em 1 Samuel 21:1-7, vemos que o sacerdote Abimeleque permitiu que Davi e seus companheiros comessem desses pães sagrados em uma situação de extrema necessidade.
Esse episódio demonstrava que, em casos de necessidade urgente, as leis cerimoniais podiam ser relativizadas, um princípio reconhecido na interpretação das leis em geral.
O trabalho dos sacerdotes no templo aos sábados
Jesus também argumentou que os próprios sacerdotes quebravam o sábado no templo, mas eram considerados inocentes.
No sábado, os sacerdotes realizavam diversas tarefas no templo, como sacrificar animais, preparar ofertas e acender o fogo para os sacrifícios.
Essas atividades eram consideradas trabalho, e acender fogo era expressamente proibido para o povo comum no sábado, conforme Êxodo 35:3.
Apesar disso, o trabalho dos sacerdotes no templo era considerado parte do serviço a Deus e, portanto, não era visto como uma profanação do sábado.
Misericórdia acima de sacrifícios rituais
Jesus destacou que Deus prefere a misericórdia aos sacrifícios rituais, citando Oséias 6:6 ("Misericórdia quero, e não sacrifício").
Essa passagem do profeta Oséias enfatiza que Deus valoriza mais a compaixão, a lealdade e o amor ao próximo do que a estrita observância de rituais religiosos sem um coração sincero.
Jesus estava mostrando aos fariseus que eles estavam tão preocupados com a letra da lei sabática que haviam perdido de vista o seu espírito, que era de descanso, renovação e, acima de tudo, misericórdia.
Jesus, o Senhor do sábado e da lei
Ao se declarar "Senhor do sábado", Jesus afirmou sua autoridade divina sobre a lei sabática e, por extensão, sobre toda a lei.
Essa declaração era uma reivindicação ousada de divindade, pois somente Deus, o autor da lei, poderia se colocar acima dela.
Jesus estava ensinando que Ele tinha a autoridade para interpretar e aplicar a lei sabática, mostrando que o sábado deveria servir ao bem-estar humano e não o contrário.
Ele veio para cumprir a lei, dando-lhe seu verdadeiro sentido e libertando-a das interpretações legalistas e opressoras dos líderes religiosos da época.
Sinagoga, local de culto e controvérsia
Jesus continuou frequentando as sinagogas, locais de reunião e culto religioso dos judeus, mesmo diante da crescente oposição.
A sinagoga era o centro da vida religiosa e social das comunidades judaicas, onde se liam as Escrituras, se orava e se ensinava a lei.
Mesmo sabendo da hostilidade dos fariseus, Jesus ia à sinagoga, demonstrando seu compromisso com a fé judaica e buscando oportunidades para ensinar e curar.
A mão ressequida e a compaixão de Jesus
Na sinagoga, Jesus se deparou com um homem que tinha uma das mãos ressequida, possivelmente paralisada ou atrofiada, uma condição que o impedia de trabalhar plenamente.
Os fariseus, sempre vigilantes, questionaram Jesus sobre a licitude de curar no sábado, buscando motivos para acusá-lo.
Eles estavam mais interessados em testar Jesus e encontrar falhas em seus atos do que em se importar com o sofrimento daquele homem.
Em contraste, Jesus olhou para o homem com compaixão, vendo sua necessidade e desejando restaurar sua saúde e dignidade.
Ovelha no poço e a lógica do bem no sábado
Jesus usou uma analogia simples para refutar a hipocrisia dos fariseus e mostrar a importância de fazer o bem no sábado.
Ele perguntou se alguém dentre eles, tendo uma ovelha que caísse em um poço no sábado, não a tiraria de lá.
Na cultura da época, as ovelhas eram bens valiosos, e era comum que as pessoas se preocupassem com o bem-estar de seus animais, mesmo no sábado.
Com essa comparação, Jesus argumentou que, se era permitido ajudar um animal em necessidade no sábado, quanto mais seria permitido ajudar um ser humano, infinitamente mais valioso que uma ovelha.
Assim, Jesus afirmou que era lícito fazer o bem no sábado, pois o amor e a misericórdia transcendem as regras cerimoniais.
"Estende a tua mão" e a fé em ação
Jesus ordenou ao homem de mão ressequida: "Estende a tua mão!".
Essa ordem era um desafio para o homem, pois sua mão estava atrofiada e ele provavelmente tinha dificuldade em movê-la.
No entanto, ao obedecer à ordem de Jesus e estender a mão, o homem experimentou a cura.
A fé do homem em obedecer à palavra de Jesus foi fundamental para a realização do milagre.
A cura instantânea da mão ressequida demonstrou o poder e a autoridade divina de Jesus sobre as enfermidades e sobre o sábado.
Conspiração farisaica e a rejeição crescente
Apesar do milagre e da sabedoria de Jesus, os fariseus se enfureceram e conspiraram para destruí-lo.
Em vez de se alegrarem com a cura do homem e reconhecerem a obra de Deus em Jesus, eles endureceram seus corações e buscaram meios de eliminar aquele que desafiava sua autoridade e tradições.
A reação dos fariseus demonstra a crescente oposição a Jesus por parte das lideranças religiosas judaicas, marcando um ponto crucial no desenvolvimento do conflito entre Jesus e seus opositores.
Jesus se retira e a multidão o segue
Ciente da conspiração dos fariseus, Jesus se retirou daquele lugar, buscando evitar o confronto direto naquele momento.
Essa retirada não era sinal de fraqueza ou medo, mas de prudência e discernimento quanto ao tempo certo para cada etapa de seu ministério.
Apesar da oposição das lideranças, grandes multidões continuaram a seguir Jesus, atraídas por seus ensinamentos, milagres e demonstrações de compaixão.
Mesmo se retirando, Jesus não deixou de atender às necessidades do povo, curando a todos que o procuravam.
O servo escolhido e a profecia de Isaías
Mateus cita a profecia de Isaías 42:1-4 para descrever o caráter manso e humilde do Messias, o Servo de Deus.
Essa profecia contrastava com a expectativa popular de um Messias guerreiro e dominador, alinhando-se com a forma como Jesus exercia seu ministério.
A figura do "servo" em Isaías enfatiza a missão de Jesus de servir, curar e trazer justiça, não por meio da força, mas com brandura e compaixão.
As imagens do "caniço rachado" e do "pavio que fumega" ilustram a delicadeza de Jesus ao lidar com os fracos e marginalizados, nutrindo a esperança onde ela parecia quase extinta.
Justiça para os gentios e a abrangência do Reino
A profecia de Isaías também anuncia que o Messias declararia justiça aos gentios, estendendo a salvação para além do povo judeu.
Essa dimensão universal do ministério de Jesus era surpreendente para muitos judeus da época, que esperavam um Messias que restaurasse o reino de Israel e libertasse apenas eles.
No entanto, a profecia de Isaías, citada por Mateus, revela que o plano de Deus sempre incluiu a salvação de todas as nações, demonstrando o amor universal de Deus.
Cura de um endemoninhado cego e mudo
Jesus realizou mais um milagre impressionante, curando um homem endemoninhado que era cego e mudo.
A possessão demoníaca era uma realidade reconhecida no mundo antigo, e acreditava-se que demônios podiam causar diversas aflições físicas e mentais.
Ao libertar o homem do demônio, Jesus restaurou sua visão e fala, demonstrando seu poder sobre as forças espirituais malignas e trazendo libertação completa.
"Filho de Davi?" e a expectativa messiânica
A cura do endemoninhado cego e mudo causou grande impacto na multidão, que começou a se questionar se Jesus não seria o Messias, o "Filho de Davi" prometido.
"Filho de Davi" era um título messiânico comum, que remetia à promessa de Deus a Davi de que um de seus descendentes reinaria para sempre, conforme 2 Samuel 7.
O povo reconhecia nos milagres de Jesus sinais do Messias, mas as lideranças religiosas resistiam a essa conclusão.
Beelzebu e a acusação blasfema
Os fariseus, confrontados com o milagre inegável, buscaram desacreditar Jesus, atribuindo seu poder à força de Beelzebu, o príncipe dos demônios.
Beelzebu era um termo pejorativo usado para se referir a Satanás ou ao líder dos demônios, uma forma de insultar e blasfemar contra Jesus.
Essa acusação era extremamente grave, pois atribuía a obra do Espírito Santo de Deus ao poder do Maligno, caracterizando a blasfêmia contra o Espírito Santo.
Reino dividido e a lógica de Jesus
Jesus respondeu à acusação dos fariseus com uma lógica irrefutável, mostrando o absurdo de Satanás expulsar a si mesmo.
Ele usou a analogia de um reino dividido, afirmando que nenhum reino, cidade ou casa dividida contra si mesma pode subsistir.
Se Satanás estivesse usando seu próprio poder para expulsar demônios, seu reino estaria dividido e em colapso, o que não faria sentido.
Com essa argumentação, Jesus desmascarou a falácia da acusação farisaica, expondo sua má fé e intenção de difamá-lo.
"Vossos filhos" e o exorcismo judaico
Jesus questionou os fariseus sobre quem capacitava os "filhos" deles, ou seja, os exorcistas judeus, a expulsar demônios.
Na época de Jesus, havia exorcistas judeus que praticavam rituais de expulsão de demônios, embora seus métodos e eficácia fossem questionáveis.
Ao mencionar os "filhos" dos fariseus, Jesus os colocou em uma posição desconfortável: se a expulsão de demônios era necessariamente obra de Satanás, então os exorcistas judeus também estariam agindo pelo poder do Maligno.
Com essa pergunta retórica, Jesus mostrou a inconsistência e a hipocrisia da acusação farisaica.
"Pelo Espírito de Deus" e a chegada do Reino
Jesus afirmou que expulsava demônios "pelo Espírito de Deus", indicando a fonte divina de seu poder e autoridade.
Essa declaração era crucial, pois revelava que os milagres de Jesus não eram obras de magia ou poder satânico, mas manifestações do poder do Espírito Santo de Deus.
Ao expulsar demônios pelo Espírito de Deus, Jesus demonstrava que o Reino de Deus havia chegado, trazendo libertação e restauração para a humanidade.
O valente e seus bens: parábola do poder
Jesus usou a parábola do "valente" para ilustrar seu poder sobre Satanás e o reino das trevas.
Na parábola, o "valente" representa Satanás, que mantém as pessoas cativas em seu domínio, como bens em sua casa.
Para libertar essas pessoas, era preciso que alguém mais forte, Jesus, entrasse na casa do valente, o amarrasse e saqueasse seus bens, libertando os cativos.
Essa parábola simboliza a vitória de Jesus sobre Satanás e o resgate da humanidade do poder do Maligno.
"Quem não é por mim, é contra mim": decisão radical
Jesus declarou um princípio radical: "Quem não é por mim, é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha".
Essa afirmação não admitia neutralidade em relação a Jesus: ou se estava a seu favor, ou contra ele.
Não havia meio termo ou posição neutra diante de Jesus e de sua mensagem.
Essa declaração exigia uma decisão clara e um posicionamento definido em relação a Jesus, convidando as pessoas a se unirem a ele na obra do Reino de Deus.
Blasfêmia contra o Espírito Santo: pecado imperdoável
Jesus alertou sobre a gravidade da blasfêmia contra o Espírito Santo, declarando que esse pecado não teria perdão.
A blasfêmia contra o Espírito Santo, no contexto específico, referia-se à atitude dos fariseus de atribuir a obra do Espírito de Deus a Beelzebu.
Esse pecado era considerado imperdoável porque representava uma rejeição consciente e deliberada da obra de Deus, mesmo diante de evidências claras de seu poder e amor.
É importante notar que esse pecado específico não se refere a qualquer palavra dita contra o Espírito Santo, mas sim à rejeição contínua e endurecida da obra de Deus manifesta em Jesus, atribuindo-a ao poder satânico.
Árvore e fruto: a natureza revelada
Jesus usou a analogia da árvore e de seus frutos para mostrar que as palavras e ações das pessoas revelam sua verdadeira natureza interior.
Uma árvore boa produz bons frutos, e uma árvore má produz maus frutos. Assim também, as palavras boas procedem de um coração bom, e as palavras más, de um coração mau.
As palavras dos fariseus, acusando Jesus de agir pelo poder de Beelzebu, revelavam a maldade e a corrupção de seus corações.
Raça de víboras: a denúncia profética
Jesus chamou os fariseus de "raça de víboras", ecoando a linguagem de João Batista em Mateus 3:7.
Essa expressão forte denunciava a natureza maligna e enganosa dos fariseus, comparando-os a serpentes venenosas, descendentes da antiga serpente do Éden.
Essa denúncia profética revelava a hipocrisia e a maldade que se escondiam por trás da aparência de religiosidade dos líderes religiosos.
Palavra ociosa e o juízo final
Jesus alertou que no dia do juízo, as pessoas prestarão contas de toda "palavra ociosa" que proferirem.
A "palavra ociosa" refere-se a palavras vãs, inúteis, maldosas ou prejudiciais, que não edificam nem trazem bem algum.
Essa advertência enfatiza a seriedade da linguagem e a responsabilidade que temos por nossas palavras, pois elas refletem nosso coração e serão levadas em conta no juízo final.
Sinal do profeta Jonas: morte e ressurreição
Questionado pelos escribas e fariseus por um sinal miraculoso, Jesus respondeu que nenhum outro sinal seria dado, senão o "sinal do profeta Jonas".
Assim como Jonas ficou três dias e três noites no ventre de um grande peixe e depois foi libertado, o Filho do Homem ficaria três dias e três noites no "coração da terra" e ressuscitaria.
O "sinal de Jonas" era, portanto, uma referência profética à morte e ressurreição de Jesus, o maior milagre e a prova definitiva de sua messianidade e divindade.
É importante notar que a expressão "três dias e três noites" era uma forma idiomática judaica de se referir a um período que incluía partes de três dias, não necessariamente 72 horas completas.
Nínive e Sabá: testemunhas no juízo
Jesus contrastou a incredulidade daquela geração com a atitude dos ninivitas e da rainha de Sabá, que reconheceram a verdade diante de sinais menores.
Os ninivitas se arrependeram com a pregação de Jonas, um profeta menor, enquanto os contemporâneos de Jesus não se arrependeram diante da pregação e dos milagres de alguém "maior do que Jonas".
A rainha de Sabá viajou de longe para ouvir a sabedoria de Salomão, enquanto os judeus da época rejeitaram a sabedoria de alguém "maior do que Salomão", presente em seu meio.
Esses exemplos mostram que aqueles que receberam menos luz responderam melhor à mensagem divina do que a geração de Jesus, que teve o privilégio de presenciar seus milagres e ensinamentos.
No juízo final, os ninivitas e a rainha de Sabá se levantarão para condenar a incredulidade daquela geração.
Espírito imundo que volta: perigo da recaída
Jesus usou a parábola do espírito imundo que sai de um homem, mas depois retorna com outros sete piores, para alertar sobre o perigo da recaída espiritual.
Essa parábola ilustra que a mera expulsão de um demônio não garante a libertação definitiva, se o "lar" interior da pessoa permanecer vazio e desocupado por Deus.
Se a pessoa não preencher o vazio espiritual com a presença de Deus e a prática do bem, o espírito imundo pode retornar, trazendo consigo ainda mais males, tornando a situação final pior do que a inicial.
Essa parábola serve como um alerta contra a superficialidade e a necessidade de uma conversão genuína e de uma vida cheia do Espírito Santo.
Família de Jesus: laços espirituais acima dos carnais
Enquanto Jesus falava à multidão, sua mãe e seus irmãos chegaram, querendo falar com ele.
Na cultura da época, a família tinha um papel central, e era natural que os familiares de Jesus quisessem se aproximar dele.
No entanto, Jesus aproveitou a ocasião para ensinar uma lição importante sobre a verdadeira família.
Ele perguntou: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?", e, estendendo a mão para seus discípulos, disse: "Eis aqui minha mãe e meus irmãos! Pois todo aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe".
Com essa declaração, Jesus elevou os laços espirituais acima dos laços carnais, mostrando que a verdadeira família de Jesus é composta por todos aqueles que fazem a vontade de Deus, independentemente de seus laços de sangue.
Essa afirmação não diminui a importância da família biológica, mas enfatiza a prioridade do Reino de Deus e da comunhão espiritual em Cristo.
Temas Principais
1. O Significado do Sábado para o Ser Humano
Mateus 12:1-8 narra um episódio onde os discípulos colhem espigas no sábado, ação questionada pelos fariseus. A teologia reformada vê o sábado como uma instituição divina com o propósito de descanso e adoração, não como um fardo legalista.
O descanso sabático visa o bem-estar físico e espiritual do ser humano, permitindo a renovação em Deus e a pausa das atividades seculares (Êxodo 20:8-11).
2. A Autoridade de Jesus sobre o Sábado
Jesus defende seus discípulos, declarando ser "Senhor do sábado" (Mateus 12:8). Isso revela Sua autoridade divina e Sua interpretação correta da lei, que vai além da mera observância externa.
Para a teologia reformada, Jesus é o Messias que cumpre e redefine o propósito do sábado, mostrando que Ele é o centro do descanso verdadeiro (Colossenses 2:16-17).
3. Misericórdia acima do Legalismo Rígido
Jesus cita Oséias 6:6 ("Misericórdia quero, e não sacrifício") para corrigir a visão legalista dos fariseus. A teologia reformada enfatiza que a lei deve ser entendida à luz do amor e da misericórdia de Deus, e não como um conjunto de regras inflexíveis.
A verdadeira religião se manifesta em atos de misericórdia e compaixão, que podem, em certas circunstâncias, transcender as regras cerimoniais (Mateus 9:13).
Pontes no Novo Testamento
1. Ligação com o Ensino Apostólico sobre a Lei
O ensino de Jesus sobre a prioridade da misericórdia sobre a lei cerimonial é ecoado nos escritos apostólicos. Paulo, em Romanos e Gálatas, enfatiza que a justificação é pela fé em Cristo, não pelas obras da lei (Romanos 3:28; Gálatas 2:16).
Ele argumenta que a lei serviu como aio para nos conduzir a Cristo, e que agora vivemos sob a graça, não sob a lei como um sistema de salvação (Gálatas 3:24-25).
2. Ligação Temática com a Liberdade em Cristo
A afirmação de Jesus como "Senhor do sábado" se conecta com a liberdade que os cristãos têm em Cristo. O Novo Testamento ensina que os crentes não estão mais presos às rígidas observâncias do sábado do Antigo Testamento (Colossenses 2:16-17).
Essa liberdade, contudo, não é libertinagem, mas sim a oportunidade de servir a Deus com alegria e espontaneidade, guiados pelo Espírito Santo (Gálatas 5:13).
3. Ligação com a Prática da Igreja Primitiva
A igreja primitiva, liderada pelos apóstolos, gradualmente transferiu o dia de descanso e adoração do sábado para o domingo, o dia da ressurreição de Cristo. Atos 20:7 e 1 Coríntios 16:2 indicam que os cristãos se reuniam no primeiro dia da semana.
Essa mudança não foi uma abolição do princípio do descanso, mas sim uma reorientação centrada em Cristo ressurreto, o cumprimento do sábado. A Didache, um antigo manual da igreja, também instrui os cristãos a se reunirem no "Dia do Senhor".
A prática da igreja primitiva reflete a compreensão de que Jesus é o verdadeiro descanso e que o dia do Senhor celebra a nova criação em Cristo.
Aplicação Prática
1. Equilibrando Regras e Compaixão na Vida Cristã
O episódio em Mateus 12 nos desafia a equilibrar a obediência aos mandamentos de Deus com a compaixão e a misericórdia para com os outros. Não devemos cair no legalismo, que prioriza regras acima das necessidades humanas (Tiago 2:15-16).
Como podemos aplicar princípios bíblicos com sabedoria e amor em situações complexas, priorizando o bem-estar das pessoas sem comprometer a verdade?
2. Encontrando o Verdadeiro Descanso em Cristo no Cotidiano
Em meio à agitação da vida moderna, o princípio do sábado nos lembra da importância do descanso e da renovação em Deus. O verdadeiro descanso não é apenas físico, mas também espiritual, encontrado em Cristo (Mateus 11:28-30).
Como podemos cultivar um ritmo de vida que inclua descanso sabático regular, buscando a presença de Deus e a renovação de nossas forças em meio às demandas diárias?
3. Vivendo Sob a Autoridade de Cristo em Todas as Áreas
Reconhecer Jesus como "Senhor do sábado" implica em submeter todas as áreas de nossa vida à Sua autoridade. Isso significa buscar Sua orientação em nossas decisões, prioridades e uso do tempo, reconhecendo que Ele é o centro de nossa existência (Colossenses 3:17).
Como podemos demonstrar, em nossas escolhas diárias, que Jesus é verdadeiramente o Senhor de nossas vidas, buscando agradá-Lo em tudo o que fazemos?
Versículo-chave
"Pois o Filho do homem é Senhor do sábado" (Mateus 12:8, NVI).
Sugestão de esboços
Esboço Temático: "Sábado: Descanso e Senhorio de Cristo"
1. A Necessidade Humana de Descanso (Mateus 12:1)2. A Acusação Legalista (Mateus 12:2)
3. Jesus Defende a Misericórdia (Mateus 12:3-7)
4. Jesus, Senhor do Sábado (Mateus 12:8)
Esboço Expositivo: "O Conflito sobre o Sábado"
1. Os Discípulos Colhem Espigas no Sábado (Mateus 12:1)2. A Objeção dos Fariseus (Mateus 12:2)
3. A Resposta de Jesus com Exemplos Bíblicos (Mateus 12:3-4)
4. A Justificativa Teológica de Jesus (Mateus 12:5-8)
Esboço Criativo: "Além da Lei, o Coração de Deus"
1. Fome no Campo, Lei na Mente (Mateus 12:1-2)
2. A Voz da História, a Voz da Escritura (Mateus 12:3-6)
3. Misericórdia Desejo (Mateus 12:7)
4. O Senhor do Tempo (Mateus 12:8)
Perguntas
- Em que dia da semana Jesus e seus discípulos passaram pelas lavouras de cereal? (12.1)
- Qual era a condição física dos discípulos de Jesus que os levou a colher espigas? (12.1)
- O que os fariseus disseram a Jesus ao verem seus discípulos colhendo espigas no sábado? (12.2)
- Qual personagem bíblico Jesus usou como exemplo para defender a ação de seus discípulos no sábado? (12.3)
- O que fez Davi quando ele e seus companheiros estavam com fome, segundo a resposta de Jesus? (12.4)
- Que tipo de pães Davi comeu na casa de Deus, que normalmente eram destinados a quem? (12.4)
- Além do exemplo de Davi, que outra prática mencionada na lei Jesus cita para defender a ação dos discípulos? (12.5)
- O que os sacerdotes faziam no templo aos sábados que, segundo Jesus, profanava o dia, mas os deixava sem culpa? (12.5)
- O que Jesus afirma ser maior do que o templo? (12.6)
- Que citação das Escrituras Jesus usa para repreender os fariseus sobre a condenação dos inocentes? (12.7)
- Qual princípio expresso na frase "Desejo misericórdia, não sacrifícios" Jesus queria que os fariseus compreendessem? (12.7)
- Que título Jesus usa para si mesmo em relação ao sábado? (12.8)
- Após sair das lavouras, para onde Jesus se dirigiu? (12.9)
- Que tipo de pessoa estava presente na sinagoga para onde Jesus foi? (12.10)
- Qual era a condição física específica do homem que estava na sinagoga? (12.10)
- Qual pergunta capciosa os fariseus fizeram a Jesus na sinagoga, relacionada ao sábado? (12.10)
- Que exemplo prático Jesus usou para responder à pergunta dos fariseus sobre curar no sábado? (12.11)
- No exemplo de Jesus, o que alguém faria por uma ovelha que caísse em um buraco no sábado? (12.11)
- Que argumento Jesus usou para mostrar a permissibilidade de fazer o bem no sábado, comparando um homem com uma ovelha? (12.12)
- O que Jesus ordenou que o homem de mão atrofiada fizesse? (12.13)
- Qual foi o resultado imediato da ação do homem ao estender a mão? (12.13)
- Após a cura do homem, o que os fariseus começaram a fazer? (12.14)
- Qual era o objetivo da conspiração dos fariseus após presenciarem a cura no sábado? (12.14)
- O que Jesus fez ao saber da conspiração dos fariseus? (12.15)
- Quem seguiu Jesus quando ele se retirou? (12.15)
- O que Jesus fez pelas multidões que o seguiram? (12.15)
- Que tipo de instrução Jesus deu àqueles que foram curados? (12.16)
- Qual profeta foi citado por Mateus para explicar a conduta de Jesus de não divulgar sua identidade? (12.17)
- Como o profeta Isaías descreve o servo escolhido de Deus? (12.18)
- O que seria posto sobre o servo escolhido, de acordo com a profecia de Isaías? (12.18)
- Qual ação o servo escolhido anunciaria às nações? (12.18)
- Como seria a maneira de agir do servo escolhido em relação a discussões e clamores? (12.19)
- Onde a voz do servo escolhido não seria ouvida, segundo a profecia? (12.19)
- Que metáforas são usadas para descrever a mansidão e compaixão do servo escolhido? (12.20)
- Até que ponto o servo escolhido levaria a justiça, segundo a profecia? (12.20)
- Em nome de quem as nações colocariam sua esperança, conforme Isaías? (12.21)
- Que tipo de pessoa foi trazida a Jesus após a referência à profecia de Isaías? (12.22)
- Quais duas condições afligiam o endemoninhado trazido a Jesus? (12.22)
- O que aconteceu com o endemoninhado após ser curado por Jesus? (12.22)
- Qual foi a reação da multidão ao ver o endemoninhado curado? (12.23)
- O que os fariseus disseram ao ouvirem a reação da multidão sobre Jesus ser o Filho de Davi? (12.24)
- Por meio de quem os fariseus acusaram Jesus de expulsar demônios? (12.24)
- Como Jesus demonstrou conhecer os pensamentos dos fariseus? (12.25)
- Que princípio geral Jesus usou para refutar a acusação de que ele expulsava demônios por Belzebu? (12.25)
- Se Satanás expulsa Satanás, qual seria a consequência para o reino de Satanás, segundo Jesus? (12.26)
- Quem seriam os juízes dos fariseus, segundo Jesus, se ele expulsasse demônios por Belzebu? (12.27)
- Por quem Jesus afirma expulsar demônios, em contraste com a acusação dos fariseus? (12.28)
- Qual é a implicação de Jesus expulsar demônios pelo Espírito de Deus? (12.28)
- Que analogia Jesus usa para descrever como ele subjugou o poder de Satanás? (12.29)
- Qual declaração forte Jesus faz sobre neutralidade em relação a ele? (12.30)
Tabelas Didáticas
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🗓️ Sábado: Visões em Conflito
👤 Grupo (versículo) | 📜 Entendimento do Sábado |
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📖 Fariseus (12:2, 12:10) | ⛔️ Proibição de colher grãos e curar; foco nas regras rabínicas complexas. |
✝️ Jesus (12:7-8, 12:12) | ❤️ Sábado feito para o bem do ser humano; prioridade à misericórdia e necessidade humana. |
🛡️ Defesas de Jesus Sobre o Sábado
💡 Argumento (versículo) | 📚 Base Escriturística/Lógica |
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👑 Exemplo de Davi (12:3-4) | 📜 1 Samuel 21:1-6; Necessidade humana acima da lei cerimonial em certas situações. |
sacerdotes no templo (12:5) | 🕍 Atividades sacerdotais no sábado "profanam" o sábado, mas são sem culpa. |
❤️ Misericórdia > Sacrifício (12:7) | 📖 Oséias 6:6; Deus valoriza mais a compaixão que rituais formais. |
🐑 Ovelha no poço (12:11-12) | 💡 Lógica do bom senso; se ajudam animal, quanto mais um ser humano. |
🎭 Reações aos Milagres de Jesus
👥 Grupo (versículo) | 🤔 Reação |
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👨👩👧👦 Multidão (12:23) | 🤩 Admirada, questiona se Jesus é o "Filho de Davi". |
🥷 Fariseus (12:24, 12:14) | 😡 Furiosos, conspiram para matar Jesus, atribuem poder a Belzebu. |
🗣️ Jesus vs. Fariseus: Acusações e Respostas
обвинение Acusação (versículo) | ✝️ Resposta de Jesus |
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👿 Expulsa demônios por Belzebu (12:24) | 💡 Reino dividido não subsiste (12:25-26); Expulsa pelo Espírito de Deus (12:28). |
❓ Pedem Sinal Extraordinário (12:38) | 🪧 Sinal de Jonas será dado (12:39-40); Geração má e adúltera (12:39). |