De coração fala a verdade (Sl 15.2b).
Uma fábula de Luiz Fernando Veríssimo conta que certo dia uma donzela estava sentada à beira de um riacho, quando sentiu o seu anel de diamante ser levado pelas águas.
Temendo o castigo do pai, a donzela contou em casa que fora assaltada por um homem no bosque.
O pai e os irmãos da donzela foram atrás do assaltante e encontraram um homem dormindo no bosque, e o mataram, mas não encontraram o anel de diamante.
E a donzela disse:
- Agora me lembro, não era um homem, eram dois.
E o pai e os irmãos da donzela saíram no encalço do segundo assaltante, e o encontraram no bosque.
Revistaram-no e encontraram no seu bolso o anel de diamante da donzela.
Gritaram os aldeões: Matem-no!
- Esperem, gritou o homem, no momento em que passavam a corda da forca pelo seu pescoço.
- Eu não roubei o anel. Foi ela que me deu!
O homem contou que estava sentado à beira do riacho, pescando, quando a donzela se aproximou dele e pediu um beijo. Mas como um homem honrado, ele a rejeitou.
Então a donzela lhe oferecera o anel, dizendo: “Já que meus encontros não o seduzem, este anel comprará o seu amor”.
E ele sucumbira, pois era pobre. Todos se viraram contra a donzela e gritaram: “Rameira! Impura!” e exigiram seu sacrifício.
Antes de morrer, a donzela disse para o pescador:
- A sua mentira era maior que a minha. Eles mataram pela minha mentira e vão me matar pela sua.
O pescador deu de ombros e disse:
- A verdade é que eu achei o anel na barriga de um peixe. Mas quem acreditaria em histórias de pescador?
Ao ler esta história, espero que você não tenha aprendido que para se dar bem é preciso contar a melhor mentira.
O que vemos aqui é que se a jovem não tivesse contado a primeira mentira sua situação não teria chegado a este extremo.
É melhor sofrer as consequências de se falar a verdade do que pagar a pena da mentira. “É melhor sofrer por fazer o bem, se for da vontade de Deus, do que por fazer o mal” (1Pe 3.17).
Seja verdadeiro.