Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos (Jo 15.13).
Serapião era um velho mendigo que perambulava pelas ruas da cidade. Ao seu lado, o fiel escudeiro, um vira lata branco e preto que atendia pelo nome de Malhado.
Certo dia, com a desculpa de lhe oferecer umas bananas, um homem começou a conversar com ele. Perguntou: Você vive com este cachorro? Como vocês se ajudam?
- Ele me vigia quando estou dormindo; ninguém pode chegar perto que ele late e ataca. Também quando ele dorme, eu fico vigiando para que outro cachorro não o incomode.
Continuando a conversa, perguntou: Serapião, você tem algum desejo de vida? Sim - respondeu ele - tenho vontade de comer um cachorro quente, daqueles que a Zezé vende ali na esquina.
Só isso? - indagou o homem. - É, no momento é só isso que eu desejo.
Então aquele homem gentil saiu e comprou um cachorro quente para o mendigo. Voltou e lhe entregou. Ele arregalou os olhos, deu um sorriso, agradeceu a dádiva e em seguida tirou a salsicha, deu para o Malhado, e comeu o pão com os temperos.
O homem que o observava não entendeu aquele gesto do mendigo, pois imaginava ser a salsicha o melhor pedaço.
Por que você deu para o Malhado logo a salsicha? - perguntou intrigado. Ele, com a boca cheia, respondeu: Para o melhor amigo, o melhor pedaço. E continuou comendo, alegre e satisfeito.
Mesmo sendo triste imaginar que pessoas vivam desta forma tão humilde, podemos ver a beleza de seu gesto. Para ele, seu cachorro era o melhor amigo. Ele acreditava que sendo o seu melhor amigo merecia seu cuidado.
Grandes amizades têm ficado muito raras. Um dos motivos é que muitos não entendem que ser amigo de alguém é ser parceiro, confiável e também estar disposto a oferecer o seu melhor pedaço.
Acredito que podemos aprender com Serapião.
Como é bom ter amigos, pois eles nos protegem e nós os protegemos. Como é bom saber que existem pessoas nas quais podemos confiar, pessoas que nos dão valor.
Que possamos ser bons amigos e ter bons amigos.
Por Hebert Gonçalves