Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos (Jo 15.13).
Li uma ilustração emocionante que dizia: Pítias, condenado à morte pelo tirano Dionísio, passava na prisão os seus últimos dias. Um dia Pítias disse ao tirano:
- Permita-me ir à casa abraçar meus pais e resolver meus negócios. Estarei de volta em quatro dias, sem acrescentar nem uma hora a mais.
- Como posso acreditar na sua promessa? Os caminhos são desertos. O que você quer mesmo é fugir - respondeu Dionísio, irônica e zombeteiramente.
- Senhor, é preciso que eu vá. Meus pais estão velhinhos e só contam comigo para se defenderem - insistiu Pítias com o olhar nublado de lágrimas. Vendo que o tirano se mantinha irredutível, Damon, jovem e amigo de Pítias, interveio propondo:
- Conceda a licença que meu amigo pede; conheço seus pais e sei que carecem da ajuda do filho. Então propôs ficar na prisão em lugar de Pítias e morreria no lugar dele se necessário fosse.
O tirano, surpreendido, aceitou a proposta. O dia marcado para sua execução amanheceu ensolarado. Damon procurava restabelecer a calma, garantindo que o amigo chegaria a tempo.
Finalmente chegara a hora da execução. Os guardas tiraram os grilhões dos pés de Damon e o conduziram à praça, onde a multidão acompanhava em silêncio a cada um dos seus passos. Subiu, então, ao cadafalso. Uma estranha agitação levou a multidão a prorromper em gritos.
Era Pítias que chegava exausto e quase sem fôlego. Porém, rompendo a multidão, galgou os degraus do cadafalso, onde, abraçando o amigo, entregou-se ao carrasco sem o menor pavor.
Neste momento o tirano levantou as mãos e bradou com firmeza:
- Parem imediatamente com a execução! Esses dois jovens são dignos do amor dos homens de bem, porque sabem o quanto custa a palavra. Eu daria tudo para ter amigos como vocês!
Estes dois amigos entenderam bem o significado das palavras de Salomão que disse: Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão.