Uma das características marcantes dessa passagem é o fato de que, com exceção do v. 6, o nome de Deus não aparece.
Por causa disso, o estudioso Walter Brueggemann chegou a fazer a seguinte afirmação: “Talvez a narrativa não reflita nada mais que uma transação comercial [...]. A narrativa não denota nenhuma intenção teológica”.
Por causa disso, o estudioso Walter Brueggemann chegou a fazer a seguinte afirmação: “Talvez a narrativa não reflita nada mais que uma transação comercial [...]. A narrativa não denota nenhuma intenção teológica”.
Contudo, em todo evento é possível visualizar a ação de Deus, bem como a confirmação de sua promessa. Consequentemente, é possível vislumbrar a relação com Jesus.
Tema e objetivo
A inclusão dessa narrativa obedecia a um propósito teológico e pastoral de Moisés. Para compreendermos isso é importante que observemos um dado interessante.
A notícia da morte de Sara e seu sepultamento ocupa apenas 3 versículos (1,2,19). Por outro lado, as negociações de Abraão pela terra totalizam 16 versículos (3-18).
A notícia da morte de Sara e seu sepultamento ocupa apenas 3 versículos (1,2,19). Por outro lado, as negociações de Abraão pela terra totalizam 16 versículos (3-18).
A passagem termina com a afirmação de que Deus confirmou a Abraão seu direito à terra. Obviamente, isso tem um significado na mente do autor. Em Gn 12.1, o Senhor prometeu que daria uma terra para Abraão.
Embora ele tenha chegado à Canaã em Gn 12.5, é em Gn 23.1-20 que a promessa começa seu cumprimento de maneira oficial através da compra de um terreno.
Embora ele tenha chegado à Canaã em Gn 12.5, é em Gn 23.1-20 que a promessa começa seu cumprimento de maneira oficial através da compra de um terreno.
Considerando essas coisas, o tema desenvolvido por Moisés nessa passagem é: “O SENHOR começa a cumprir a sua promessa de terra quando dá a Abraão um campo com um sepulcro por sua posse permanente em Canaã” (GREIDANUS, 1999, p. 248).
Com isso, considerando que o povo estava no deserto e na iminência de entrar na terra, o objetivo de Moisés era: “Assegurar a Israel que ele pode descansar no Senhor, o qual cumprirá a promessa de lhe dar a terra de Canaã” (GREIDANUS, 199, p. 249).
Encontrando Cristo na narrativa
Para conseguir correlacionar essa passagem com Cristo, é necessário que isso seja feito através das seguintes lentes:
1. Progresso na história da redenção
Correlacionamos essa passagem com Cristo através da palavra “terra”. No princípio, o Senhor deu a seguinte ordem para Adão: “Enchei a terra” (Gn 1.28). Depois do dilúvio, Deus repetiu essa ordem a Noé (Gn 9.1).
Em Gn 12.1, Deus promete uma terra para Abraão. Ele começa a cumprir essa promessa através da compra do sepulcro de Sara. Quatrocentos anos depois, Josué recebe toda a terra. Sob o reinado de Salomão a possessão da terra cresce até a fronteira com o Egito (1 Rs 4.21).
No reinado de Jesus, a terra se expande para todo o mundo (Mt 28.19; Tt 2.14). Finalmente, na segunda vinda de Cristo, o povo de Deus receberá um novo planeta – novos céus e nova terra (Ap 21.1).
2. Promessa e cumprimento
No reinado de Jesus, a terra se expande para todo o mundo (Mt 28.19; Tt 2.14). Finalmente, na segunda vinda de Cristo, o povo de Deus receberá um novo planeta – novos céus e nova terra (Ap 21.1).
2. Promessa e cumprimento
Conforme já foi visto, Abraão experimentou o início do cumprimento acerca da terra através da compra da caverna para sepultar sua esposa. Note isso no v. 20 e posteriormente, Israel experimentou o cumprimento dessa promessa.
Jesus, semelhantemente, fez uma promessa acerca da terra no sermão do monte: “Bem aventurados os mansos, porque herdarão a terra” (Mt 5.5). O apóstolo Pedro fala da expectativa a respeito do cumprimento dessa promessa em 2 Pe 3.13.
Logo, o cumprimento da promessa feita por Cristo ainda aguarda o seu cumprimento. Contudo, os eventos do passado a respeito da fidelidade de Deus é para nós a garantia de que da mesma forma a promessa feita pelo Filho se cumprirá integralmente (Jo 14.3; Ap 21.1).
3. Contraste
Embora isso já tenha sido dito anteriormente, é bom ressaltar que não somente Cristo, mas os escritores do NT ampliaram a visão a respeito da terra prometida. Se no AT a terra prometida estava restrita à terra de Canaã, no NT a terra tem proporções cósmicas. Naturalmente, a razão dessa expansão é a pessoa de Cristo (cf. Rm 4.13).
Conclusão
O relato sobre a morte de Sara é muito mais do que simplesmente a narração sobre o drama e a tristeza de Abraão. Esse evento não tem como centro a morte de Sara, antes, seu tema principal é a aquisição de um terreno em Canaã que significava o cumprimento formal da promessa sobre a terra.
Esse episódio aponta para Cristo pois sua promessa acerca da possessão da terra não se restringe ao território de Canaã, antes, se expande para toda a terra. Essa promessa encontrará o seu cumprimento final por ocasião da segunda vinda de Cristo. Em suma, assim como Deus foi fiel no passado, todas as suas promessas em Cristo serão cumpridas integralmente.
Referências Bibliográficas
BÍBLIA DE ESTUDO ALMEIDA, Barueri, Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
GREIDANUS, Sidney. Pregando Cristo a partir de Gênesis. São Paulo, Cultura Cristã, 1999.