“Era desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado, e dele não fizemos caso. Ele foi oprimido e humilhado, mas não abriu a boca; como cordeiro foi levado ao matadouro;...” - Isaías 53 (2,7a).
Neste Período Pascal, quando nos lembramos da Paixão, da Crucificação e da Ressurreição do nosso Senhor Jesus Cristo, gostaríamos de tratar de um assunto de suma importância, embora devamos, como escreveu o Revdo. William Hendriksen, “abordar com um espírito de profunda reverência, e com uma grande apreciação pelo caráter único do acontecimento” descrito pelos evangelistas.
Isaías 53.7 nos diz que ele foi oprimido e humilhado. Ao meditarmos hoje na Agonia do Julgamento observamos:
I – A AGONIA DE JESUS NO GETSÊMANI:
A traição, o abandono e a negação.
a) Judas que O trai.
“Falava ele ainda, e eis que chegou Judas, um dos doze, e, com ele grande turba com espadas e porretes, vinda da parte dos principais sacerdotes e dos anciãos do povo. Ora, o traidor lhes tinha dado este sinal: Aquele a quem eu beijar, é esse; prendei-o. E logo, aproximando-se de Jesus, lhe disse: Salve, Mestre! E o beijou. Jesus, porém, lhe disse: Amigo, para que vieste?” Mateus 26.47-50.
Infelizmente este homem, ao invés de procurar a graça do misericordioso perdão que estava nas mãos do nosso Senhor preferiu, no seu remorso, procurar a resposta a uma corda onde se enforcou.
b) Os seus discípulos que O abandonam.
“Tudo isto, porém, aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas. Então, os discípulos todos, deixando-o, fugiram” Mateus 26.56.
No entanto, o Senhor Jesus, como o Bom Pastor foi atrás de todos eles e os recompôs como um grande colegiado que transformaria o mundo.
c) Pedro O nega.
“Então, começou ele a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem!” Mateus 26.69-75.
Graciosamente o Senhor Jesus, trabalho de maneira muito especial na vida desse querido apóstolo, o príncipe e líder do Colégio Apostólico, tornando-o, não mais um tímido e temeroso homem, mas, sim, num valente pregador que chega às raias de enfrentar tribunais superiores, e, a própria morte numa, também crucificação, onde a Tradição Apostólica nos diz que foi crucificado e a pedido, de cabeça para baixo.
II – A AGONIA DE JESUS NA SUA PRISÃO:
A mentira, a falsidade e o rancor
a) As testemunhas mentirosas. “Ora os principais sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam algum testemunho falso contra Jesus, a fim de o condenarem à morte. E não acharam, apesar de se terem apresentado muitas testemunhas falsas. Mas afinal compareceram duas, afirmando: Este disse: Posso destruir o santuário de Deus e reedificá-lo em três dias” Mateus 26.59-61.
b) O falso tribunal. “Assim, a escolta, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus, manietaram-no e o conduziram primeiramente a Anás; pois era sogro de Caifás, sumo sacerdote naquele ano. Ora, Caifás era quem havia declarado aos judeus ser conveniente morrer um homem pelo povo” (Jo 18.12-14).
b) O falso tribunal. “Assim, a escolta, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus, manietaram-no e o conduziram primeiramente a Anás; pois era sogro de Caifás, sumo sacerdote naquele ano. Ora, Caifás era quem havia declarado aos judeus ser conveniente morrer um homem pelo povo” (Jo 18.12-14).
Foi na casa de Anás, o sumo sacerdote aposentado, onde houve o primeiro julgamento do Senhor Jesus. A grande verdade é que isso jamais deveria ter acontecido, segundo a jurisprudência judaica.
c) Os juízes rancorosos. “O simples fato de pessoas pecadoras submeterem o sem pecado a um julgamento daqueles, foi, em si um procedimento muito humilhante”. Ser julgado por tais homens, sob aquelas circunstâncias, foi infinitamente pior.
Os seus juízes foram:
1) Anás, o ganancioso Sumo Sacerdote aposentado. Era venenoso como uma serpente e vingativo (Jo 18.13). Ele e sua família dominavam o comércio do Templo de Salomão. Era costume entre os judeus da época dizerem: “Maldito seja Anás e sua casa”.
2) Os soldados inclementes. “Os que detinham Jesus zombavam dele, davam-lhe pancadas e, vendando-lhe os olhos, diziam: Profetiza-nos: quem é que te bateu? (Lc 22.63-65). Os soldados herodianos, oficiais de elite, se aproveitaram também.
Caifás, rude, hipócrita e dissimulado; (Jo 11.49,50);
Pilatos, supersticioso e egoísta (Jo 18.29); e
Herodes Antipas, imoral, ambicioso e superficial; esses foram seus juízes” (Hendriksen).
UMA PERGUNTA E UMA COLOCAÇÃO IMPORTANTE: Se Jesus fosse um assassino, um ladrão, um revolucionário ou um terrorista, teria passado pelo crivo de tão perverso julgamento e de tanta confusão política e religiosa ao mesmo tempo?
O fato de não saberem o que fazer com Ele, o fato de não encontrarem nEle nenhuma evidência de culpa, o fato de não terem nada no que se basearem para mata-Lo é a grande prova da Sua inocência.
III – A AGONIA DE JESUS NO SEU JULGAMENTO:
Flagelo, Sanha maligna e Troca por um bandido.
a) O Flagelo Romano. “...os soldados do governador, levando Jesus para o pretório, reuniram em torno dele toda a coorte. Despojando-o das vestes, cobriram-no com um manto escarlate; tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e, na mão direita, um caniço; e, ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus! E, cuspindo nele, tomaram o caniço e davam-lhe com ele na cabeça” (Mateus 27.27-31).
Interessante lembrarmos que quando o filme de Mel Gibson foi lançado houve um tremendo alvoroço da parte de comunidades religiosas dizendo que aquilo não era verdade.
Foi quando o Papa João Paulo II assistiu ao filme e simplesmente respondeu: “Foi assim mesmo”. A sua palavra abalizada deu o imprimatur às verdades evangélicas contidas no filme.
Foi quando o Papa João Paulo II assistiu ao filme e simplesmente respondeu: “Foi assim mesmo”. A sua palavra abalizada deu o imprimatur às verdades evangélicas contidas no filme.
b) A Sanha dos Judeus.
“Outra vez, saiu Pilatos e lhes disse: Eis que eu vo-lo apresento, para que saibais que eu não acho nele crime algum. Saiu, pois, Jesus trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Disse-lhes Pilatos: Eis o homem! Ao verem-no, os principais sacerdotes e os seus guardas gritaram: Crucifica-o! Crucifica-o!” (João 19.4-6).
c) A Troca do Santo pelo Bandido.
“Naquela ocasião, tinham eles um preso muito conhecido, chamado Barrabás. Estando, pois, o povo reunido, perguntou-lhes Pilatos: A quem quereis que eu vos solte, a Barrabás ou a Jesus, chamado Cristo? Porque sabia que, por inveja, o tinham entregado. Mas os principais sacerdotes e os anciãos persuadiram o povo a que pedisse Barrabás e fizesse morrer Jesus” Mateus 27.16-18,20-21.
Tem surgido, de todos os lados, oposição contra este entendimento. As assembleias ecumênicas têm publicado “declarações” eximindo os judeus de qualquer responsabilidade pela morte de Cristo. Alguns desses decretos têm sido bons, enquanto outros não conseguem harmonizar-se com os fatos historiados.
Além do mais, os próprios judeus, como era de se esperar, têm lutado para se absolverem dessa culpa. Haim Cohn, um especialista na tradição legal judaica, com fama internacional, argumenta que Anás e Caifás “fizeram tudo que eles humanamente podiam fazer para tentar salvar Jesus, a quem amavam profundamente, e a quem zelavam como um deles mesmos”.
Mas, a grande verdade, e como Hugh J. Schonfield diz é que “a única maneira que a igreja tem para, de uma vez por todas, remover esse estigma de cima dos judeus, é renunciar à confiabilidade absoluta dos documentos sagrados”. (Hendriksen, Marcos, pg. 764 –ECC/2003).
Importante notarmos que Deus o Pai, trocou os pecadores, pelo seu Filho amado, e, os seres humanos trocaram o Eterno Filho de Deus, por um bandido.
Conclusão
Que isso nos leve a refletir sobre a Paixão, Morte e, Ressurreição do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo em favor daqueles que nEle creem e o tem como Redentor e Rei.