Certa vez recebi uma dessas "correntes da sorte" que pessoas mal informadas quanto à sorte costumam enviar. Li o título fui procurar o autor da carta, mas não havia.
Carta anônima eu não leio, mesmo porque como se tratava de uma corrente da sorte, pouca curiosidade me despertou.
Há pessoas que vivem colecionando lembranças tristes. Acumulam na mente apenas lembranças de coisas que deveriam ser esquecidas para sempre.
O certo, o racional é colecionarmos lembranças alegres, lembranças que nos ajudem a viver mais positivamente, com mais otimismo, com mais alegria.
Sobre este assunto lembrei-me de uma poesia que fala bem de
perto da necessidade que temos de pensar só nas coisas boas, nas coisas
agradáveis que já nos aconteceram, a poesia começa assim:
Se da vida, as vagas procelosas são
se com desalento julgas tudo vão
Conta as muitas bênçãos, dize-as duma vez
E verás surpreso quanto Deus já fez.
É isso
aí. O simples fato de estarmos vivos em meio a tantas incertezas, já é uma
prova de que Deus se lembra de nós. Não é fácil viver. É muito difícil viver e
entender a vida se não o fizermos num contexto de fé.
A poesia continua:
Tens acaso mágoas, triste é teu lidar
é a cruz pesada que tens de levar
conta as muitas bênçãos, não duvidarás
e em canto alegre os dias passarás
Há tristezas sim, mas elas são para todos. Humberto de Campos escreveu, em um
de seus contos, que a sabedoria humana não consiste em receber apenas as coisas
boas que os céus nos dão, mas em transformar em boas as más coisas que eles nos
oferecem.
Muitas vezes ficamos invejando a vida, os bens, o sucesso dos outros
e não temos tempo para nos lembrarmos de que cada um tem seu tesouro particular
que não pode ser transferido. Os versos seguintes nos esclarecem sobre isso:
quando vires outros com seu ouro e bens
lembra que tesouros prometidos tens
nunca os bens da terra poderão comprar
a mansão celeste que vais habitar
Outras vezes achamos que as lutas são insuportáveis, que nossas
forças são poucas, que sozinhos vamos sucumbir. Mas ninguém está só. Apenas é
preciso ter sensibilidade para sentir uma presença real na vida de cada um - a
presença de Deus quando se a deseja.
Seja o conflito fraco ou forte cánão te desanimes. Deus por cima estáSeu divino auxílio minorando o malte dará consolo sempre, até o final
E no estribilho o poeta apela a que se faça
um levantamento de tudo de bom que já aconteceu na vida de quem tem consciência
da presença de Deus, que confia na sua misericórdia e no seu poder:
conta as bênçãos, conta quantas são
recebidas da divina mão
vem dizê-las todas de uma vez
e verás surpreso quanto Deus já fez
Se você fizer isso, se você entender isso, você não
precisará escrever cartas e, muito menos, receber cartas "corrente da
sorte".
A nossa felicidade, a nossa "sorte" não está na
vontade de quem quer que seja neste mundo. Ela está no plano de Deus, basta nos
conscientizarmos disso, sem mistério fanatismo ou infantilidade.
Por Samuel Barbosa