E há a história daquele homem que plantou muitas sementes em sua fazenda e colheu muitos cereais, depois verificou que seus celeiros eram insuficientes para armazenar toda a safra.
Que farei, perguntou o homem a si mesmo. Ah. farei isto. Derrubarei os meus celeiros velhos e construirei outros novos e maiores e assim recolherei minha colheita.
Se bem pensou, melhor o fez. Depois de prontos os celeiros novos, recolheu neles tudo e, orgulhosamente, disse a si mesmo: - Alma tens em depósito muitos bens para muitos dias, come, bebe, regala-te.
Mas o seu senhor, que ele nem sabia que tinha, disse-lhe: - louco, hoje te pedirão a tua alma e o que tens ajuntado para quem será?
Essa história não fui quem inventou. Foi Jesus Cristo com a
intenção de corrigir alguns erros muito comuns entre os homens
"colegas" do fazendeiro.
1º erro. A materialização da alma: - alma, come, bebe,
regala-te.
Ora, a alma nem come, nem bebe. O fato prova que para o fazendeiro
nada era mais importante do que comer e beber. É o perigo da materialização da
alma. Pessoas que só pensam nas coisas que podem sentir com os sentidos e não
com os sentimentos.
Qualquer animal inferior pode sentir a matéria A vida não é
só matéria. O comer e o beber é para manter o corpo, não a alma. O alimento da
alma não se armazena m celeiros, mas na própria alma em contato com Deus, fonte
de toda a espiritualidade, sua própria fonte de origem.
2º erro. O fazendeiro pensava que ele era dono e na
realidade era apenas propriedade.
O seu senhor lhe disse: - louco, hoje te
pedirão a tua alma e o que tens ajuntado para quem será? Ele tinha um senhor e
não sabia. Ele pertencia a um senhor sem saber.
Nem a colheita era dele, nem os
celeiros, uma prova disso é que ele partiu e as coisas que ele julgava dele
ficaram aqui. Todos os homens têm um senhor que é Deus, senhor de tudo e de
todos e, quer queira, quer não queira, todo homem tem que prestar contas a
Deus, de tudo que é e de tudo que faz.
Ninguém pode ter a pretensão de pensar que pode decidir sozinho sobre sua vida. O apóstolo Tiago nos aconselha que sempre que formos tomar uma decisão, o faça-mos em termos de "se o Senhor quiser e se vivermos faremos isto ou aquilo".
3º erro. O amor à matéria pode botar a alma a perder.
O fazendeiro foi chamado de louco pelo seu senhor. Não é a riqueza em si que
prejudica o homem, mas o colocar o coração e a vida nela; o fazer dela o motivo
único da vida.
O salmista nos adverte dizendo que se as nossas riquezas
aumentarem, não devemos colocar nelas o nosso coração. Já foi dito que o
dinheiro é um ótimo servo, mas um péssimo senhor. Cada pessoa deve ser dono e
não escravo de seus bens.
Se o fazendeiro fosse dono de seus bens, teria
distribuído um pouco de seus cereais com os seus vizinhos pobres e até com os
seus empregados. Não precisaria gastar com a construção de novos celeiros. Os nossos bens existem para que os administremos e não para
sermos administrados por eles.
Por Samuel Barbosa