Reclamações, reclamações e mais reclamações! É o que sempre ouvimos por aí! Os problemas socioeconômicos são um prato cheio para aqueles que gostam de reclamar.
E, particularmente, já notei que quando converso com algumas pessoas ouço sempre as três palavras: “não é fácil!”. Isso pareceu-me algo costumeiro ou até mecânico.
Algumas pessoas podem até afirmar que tem razões capitais para se queixar da vida. Outras nem motivos possuem e mesmo assim se põem a murmurar.
A murmuração pode ser algo natural aos descrentes. Já para os cristãos não deveria ser normal, não é o exemplo que nós devemos dar ao mundo. O crente não deveria murmurar, independentemente da gravidade das aflições.
Mas por que não murmurar? Qual deve ser a nossa atitude? Vejamos o que a Palavra de Deus nos tem a dizer a esse respeito:
1 - QUEM COSTUMA MURMURAR...
a) Está sempre insatisfeito
Êxodo 16:1-3
1 - O povo de Israel saiu de Elim e foi para o deserto de Sim, que fica entre Elim e o monte Sinai. Chegaram ali no dia quinze do segundo mês depois da sua saída do Egito.
2 - Ali, no deserto, todos eles começaram a reclamar contra Moisés e Arão,
3 - dizendo assim: —Teria sido melhor que o SENHOR tivesse nos matado no Egito! Lá, nós podíamos pelo menos nos sentar e comer carne e outras comidas à vontade. Vocês nos trouxeram para este deserto a fim de matar de fome toda esta multidão.
Muita reclamação revela insatisfação. Assim aconteceu com o povo de Israel. Sabemos, pela lógica, que aquele povo não estava feliz na escravidão do Egito. Mas Deus os liberta e os conduz para uma terra que manava "leite e mel".
Mas com a chegada das primeiras dificuldades o povo começou a reclamar. As pessoas preferiam estar escravizadas ou mesmo mortas do que ter sido libertas.
Este é o retrato de um povo sempre insatisfeito. Não podemos agir como o povo de Israel, temos que nos satisfazer com o que Deus nos dá.
Este é o retrato de um povo sempre insatisfeito. Não podemos agir como o povo de Israel, temos que nos satisfazer com o que Deus nos dá.
Diz uma ilustração que um rapaz que desejava muito ter um carro mas o único bem que ele conseguiu adquirir foi sua casa, algo que lhe era indispensável para acomodar sua família. Insatisfeito ele reclamava: -Mas que coisa, parece que só há problemas quando tento comprar um carro, não consigo poupar nada do meu pagamento.
Este sonho quase que obsessivo persistiu, esta era a única coisa que lhe deixaria satisfeito, até que um dia, acabaram as reclamações.
Depois de muitíssimo esforço ele comprou o carro. No primeiro dia que usou o carro, morreu em um desastre.
Depois de muitíssimo esforço ele comprou o carro. No primeiro dia que usou o carro, morreu em um desastre.
Não é fácil neste mundo consumista, mas o desafio é contentar-se com o que Deus nos concede e não ficarmos reclamando do que ele ainda não nos deu. Mesmo porque “tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu” - Eclesiastes 3.1.
Quem costuma murmurar...
b) É sempre pessimista
Quem murmura sempre pensa no pior possível. Por exemplo, se eu convido um amigo para pescar e ele vai logo dizendo: "vai furar o pneu do carro, não vamos pescar nada e ainda podemos pegar uma insolação" - significa que eu achei um verdadeiro pessimista!
É desta forma que povo de Israel se comportou: “... nos trouxeste para este deserto para matardes de fome toda esta multidão". - Êxodo 16.3
Tomemos cuidado com o pessimismo, pois ele anda junto com a murmuração. O apóstolo Paulo ensina: "Façam tudo sem queixas nem discussões" - Filipenses 2.14
2 - NÃO DEVEMOS MURMURAR...
a) Porque evidencia a falta de fé
Êxodo 16:11-12
11 - E o SENHOR disse a Moisés:
12 - —Eu tenho ouvido as reclamações dos israelitas. Diga-lhes que hoje à tarde, antes de escurecer, eles comerão carne. E amanhã de manhã comerão pão à vontade. Aí ficarão sabendo que eu, o SENHOR, sou o Deus deles.
As murmurações do povo foram a evidência da falta de fé, mesmo após serem libertos do cativeiro egípcio com inúmeras manifestações do poder de Deus. As pragas, a abertura do mar vermelho foram grandes demonstrações do poder de Deus, provas de que Ele existe.
Apesar de tudo isso o povo não creu, começou a murmurar. E Deus supre as necessidades do povo para mais uma vez mostrar que Ele é o Senhor, o Deus deles.
Este é também o nosso Deus! Mas apesar dos sinais de Seu poder em nossas vidas nós passamos a murmurar contra Ele porque agimos como incrédulos. Acabamos por duvidar de sua provisão.
Todos conhecem muito bem o que diz o Salmo 23. Ele não existe porque é uma bela poesia, e sim porque é uma realidade que deveria ser vivenciada por cada um de nós.Nós temos que crer no Senhor e Ele vai suprir nossas necessidades. "O Senhor é o meu pastor, nada me faltará" - Salmo 23.1.
Não devemos murmurar...
b) Porque não é a solução
Êxodo 15:22-25
22 - Aí Moisés levou o povo de Israel do mar Vermelho para o deserto de Sur. Eles caminharam três dias no deserto e não acharam água.
23 - Então chegaram a um lugar chamado Mara, porém não puderam beber a água dali porque era amarga. Por isso aquele lugar era chamado de Mara.
24 - O povo reclamou com Moisés e perguntou: —O que vamos beber?
25 - Então Moisés, em voz alta, pediu socorro a Deus, o SENHOR, e o SENHOR lhe mostrou um pedaço de madeira. Moisés jogou a madeira na água, e a água ficou boa de beber. Foi nesse lugar que o SENHOR Deus deu leis aos israelitas e os pôs à prova.
Quando o povo murmurava contra Moisés, de acordo com Êxodo 16.8, vemos que essa atitude era na verdade contra Deus. No caso específico narrado no texto acima, o que Moisés fez?
Clamou ao Senhor e Deus lhe atendeu o pedido mostrando uma árvore para que ele a lançasse nas águas, tornando-as doces podendo dar de beber ao povo.
Clamou ao Senhor e Deus lhe atendeu o pedido mostrando uma árvore para que ele a lançasse nas águas, tornando-as doces podendo dar de beber ao povo.
Então eu pergunto: qual foi a solução para o problema? As queixas do povo ou o clamor, o pedido de Moisés?
Se murmurar fosse a solução então Jesus teria dito em Mateus 7.7 algo do tipo, "murmurem e vocês vão conseguir o que querem"; mas nós sabemos que Jesus disse “Pedi, e dar-se-vos-á, buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á”.
Se murmurar fosse a solução então Jesus teria dito em Mateus 7.7 algo do tipo, "murmurem e vocês vão conseguir o que querem"; mas nós sabemos que Jesus disse “Pedi, e dar-se-vos-á, buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á”.
A atitude correta que o povo deveria ter tomado era pedir a Deus. Ele é o Pai de imensa bondade que derrama Suas bênçãos a todos que o buscam e seguem os Seus mandamentos. “Suas misericórdias não têm fim ; renovam-se a cada manhã - Lamentações 3.22.
Quando for reclamar, lembre-se da misericórdia de Deus. E ao invés de reclamar, peça em oração.
Não devemos murmurar...
c) Porque há consequências
O povo de Israel tinha "dura cerviz" (Êxodo 31.3) ou seja, era "cabeça dura". Presenciaram a provisão de Deus em atos poderosos e mesmo assim murmuraram. Mas isso tem consequência.
O apóstolo Paulo em uma de suas cartas ao mencionar o povo de Israel, lembra-nos das consequências que o pecado da murmuração pode acarretar.
1 Coríntios 10:10 (NVI)10 - E não se queixem, como alguns deles se queixaram — e foram mortos pelo anjo destruidor.
Ainda no versículo cinco, Paulo também nos fala que: “... Deus não se agradou da maioria [do povo], razão por que ficaram prostrados no deserto”. Aquela geração que saiu do Egito não entrou na Terra Prometida por ter desagradado a Deus.
As reclamações e os outros pecados do povo de Israel tiveram suas consequências. Num só dia morreram vinte e três mil idólatras e praticantes de imoralidades (1 Coríntios 10.7 e 8), outros pereceram pelas mordeduras das serpentes por terem posto o Senhor à prova (9).
Certa vez uma vizinha que pertencia a uma igreja evangélica disse para minha mãe que gostava de conversar com ela. O motivo alegado? Era porque ela não ficava reclamando das coisas. Disse até que não dá pra ter muito contato com as pessoas que só se queixam.
A murmuração é assim. Nos afasta das outras pessoas também, não só de Deus.
Conclusão
Um rapaz se arrumou para ir receber o seu pagamento, colocou até uma calça nova. Entrou no banco, sacou o seu pagamento e foi se dirigindo para sua casa. No caminho foi abordado por um assaltante armado que foi logo dizendo:
-Passa todo o seu dinheiro senão eu te mato!
Sem escolha ele passou todo o seu pagamento para o assaltante. Não satisfeito com isso, mandou passar o relógio também.
Depois percebeu que a calça da sua vítima era nova enquanto que a dele estava muito velha. Então mandou que ele tirasse a calça e colocou a calça nova do rapaz que nem reagiu.
Depois percebeu que a calça da sua vítima era nova enquanto que a dele estava muito velha. Então mandou que ele tirasse a calça e colocou a calça nova do rapaz que nem reagiu.
Após isso deu a última ordem à sua vítima, que ela andasse dez passos para frente sem olhar pra trás. O ladrão mirou o revolver mas não quis matá-lo e fugiu deixando apenas a calça velha. Chegando em casa a esposa desse sujeito assustada com seu estado perguntou:
-O que aconteceu com você, e esta calça velha rasgada ?
-Fui assaltado. Respondeu o pobre homem, só que com uma expressão de alegria no rosto, alegria que pareceu estranha a sua mulher. Ela lhe perguntou qual era o motivo daquela alegria. Ele respondeu:
-Estou feliz por Deus não ter permitido que o assaltante me matasse, e assim pude ver você e as crianças mais uma vez. Também estou feliz pelo ladrão ter levado minha calça nova.
–Mas como você está feliz por causa disso? - disse a mulher.
Ele respondeu:
-É muito simples, o ladrão deixou o pagamento na calça velha e levou a minha calça nova.
Este rapaz poderia ter murmurado pela parte ruim do que ocorreu a ele mas preferiu se alegrar com o que havia de positivo. Que Deus nos abra sempre os olhos para enxergarmos não só motivos para reclamar, mas sim que existem muito mais motivos para agradecer.
Danilo Cassemiro de Campos é pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil. Formado em Teologia pelo Seminário Presbiteriano do Sul em 2010. Ordenado em 2011. Bacharel em Design (Projeto do Produto) pela Faculdade Asseta de Tatuí (2008), além de Técnico em Processamento de Dados e Hardware (1998 e 2002). É fundador e editor do site www.maravilhosagraca.org