Gênesis 32.22-32
No livro do Gênesis, capítulo 32.22-32, deparamos com uma narrativa estupenda sobre uma pessoa cheia de problemas e contradições.
Era uma pessoa na qual Deus estava trabalhando. Jacó, um dos filhos de Isaque e Rebeca, agora, depois de muitos anos, está retornando para a sua terra.
Era uma pessoa na qual Deus estava trabalhando. Jacó, um dos filhos de Isaque e Rebeca, agora, depois de muitos anos, está retornando para a sua terra.
Ele saíra de mãos vazias da casa de seus pais e agora volta com suas quatro esposas, seus onze filhos, com muitos empregados e muito gado. É uma pessoa, para os padrões da época, rica.
Só que ele está muito apreensivo, pois carrega dentro de si, quem sabe, um grande complexo de culpa, mas, com certeza um grande medo da possibilidade de vingança de seu irmão Esaú a quem ele havia enganado.
Quando morava com os pais, Jacó enganou o seu irmão duas vezes e de maneira muito grande mesmo.
Na primeira, comprando-lhe a primogenitura por um prato de lentilhas e na segunda, tirando-lhe o direito da bênção paterna quando se disfarçou com pelos de animais para enganar o pai que estava cego a fim de que o abençoasse pensando que era Esaú.
Na primeira, comprando-lhe a primogenitura por um prato de lentilhas e na segunda, tirando-lhe o direito da bênção paterna quando se disfarçou com pelos de animais para enganar o pai que estava cego a fim de que o abençoasse pensando que era Esaú.
Jacó como vemos, não media as consequências de suas ações, desde que levasse vantagem. Isso aguçou a ira do irmão que procurava uma oportunidade para matá-lo, e para que isso não acontecesse aconselhado por Rebeca seu esposo Isaque enviou a Padã Harã a fim de morar com o seu tio Labão.
Em Padã Harã apaixona-se por Raquel, a sua prima, e trabalha por ela sete anos. No entanto, na hora do casamento o tio o engana e lhe entrega Lia. Jacó precisa trabalhar mais sete anos por Raquel.
Recebe também, em casamento, as servas de suas esposas, ou seja, Bila e Zilpa que também vão se tornar mães de seus filhos. Depois de alguns desentendimentos com o tio Jacó resolve voltar para sua terra com a família.
No caminho de retorno precisa ele colocar o resto das coisas em ordem. Dois assuntos precisam ser resolvidos. O primeiro é com Deus mesmo, e o segundo, com o seu irmão Esaú.
Só que por si não podia ser transformado. Então ele passa a noite em Peniel lutando com Deus. E este, o abençoa e Jacó entende que "o Deus da nossa fé é um Deus transformador". Como foi esse processo na vida de Jacó?
1 – JACÓ PROCUROU AJUDA DIVINA.
“Levantou-se naquela mesma noite, tomou suas duas mulheres, suas duas servas e seus onze filhos e transpôs o vau de Jaboque. Tomou-os e fê-los passar o ribeiro; fez passar tudo o que lhe pertencia ficando ele só;” (Gn 32.22-24a).
“Ficando ele só”.
Quando os problemas nos afligem a primeira e melhor atitude que devemos tomar é a de estar a sós com o Senhor.
Nesses momentos temos as condições de expor a Ele aquilo que está nos incomodando, nos atormentando, nos afligindo, nos fazendo perder noites de sono, o apetite e o prazer das coisas que o SENHOR Deus nos concede.
E foi isso que Jacó fez.
2 – JACÓ LUTOU PARA RECEBER A BÊNÇÃO.
“e lutava ele com um homem, até ao romper do dia. Vendo este que não podia com ele, tocou-lhe na articulação da coxa; deslocou-se a junta da coxa de Jacó, na luta com o homem. Disse este: deixa-me ir, pois já rompeu o dia. Respondeu Jacó: Não te deixarei ir se me não abençoares” (Gn 32.24b-26).
“E lutava com ele um homem”,
Aqui vemos, segundo os estudiosos, uma teofania, isto é, uma manifestação divina. Sabemos que era o SENHOR Jesus, pré encarnado, que como Deus, lutava com aquele que precisava ser mudado, transformado.
Para recebermos a bênção do Senhor é preciso travar uma luta muito grande a fim de que Ele seja Glorificado, engrandecido. Duas coisas se nos afloram do texto:
a) Quebrantamento: “Vendo este que não podia com ele, tocou-lhe na articulação da coxa; deslocou-se a junta da coxa de Jacó, na luta com o homem”.
A dor nos faz refletir melhor as nossas mazelas e erros.
Em primeiro lugar Jacó precisou ser quebrantado. Nenhuma pessoa obstinada, de “queixo duro” pode se aproximar do Deus Eterno antes de se quebrantar, de se arrepender.
Jacó precisou ser quebrantado. Nabucodonosor precisou pastar. Saulo de Tarso precisou ficar cego por algum tempo.
b) Perseverança: “Disse este: deixa-me ir, pois já rompeu o dia. Respondeu Jacó: Não te deixarei ir se me não abençoares”.
Jacó, uma vez quebrantado foi perseverante na luta pela bênção. Mesmo na dor do sofrimento, do desânimo, das tristezas e incertezas devemos perseverar para poder sair do tremedal de lama e ser colocado sobre a rocha.
Aprendemos aqui que não devemos sair do lugar da bênção sem a bênção.
3 - O CARÁTER PECAMINOSO DE JACÓ PRECISOU SER EXPOSTO E CONFESSADO.
Esta pergunta que o SENHOR Deus lhe faz não é porque ele não sabia o nome deste patriarca e sim para provocar uma reflexão em torno de seu nome e se lembrar quem ele verdadeiramente era: JACÓ.
a) A confissão desse nome foi de suma importância uma vez que JACÓ significa “usurpador”, “suplantador”.
b) O nome desse homem evidenciava seu CARÁTER, pois enganar o seu irmão seu pai e outros que se interpunham em seu caminho, sempre foi a tônica da sua vida.
c) Ao CONFESSAR seu nome Jacó expôs a realidade pecaminosa do seu caráter.
É isso que precisamos fazer quando nos aproximamos diante do Senhor Jesus. Expor o nosso pecado. Davi, no Salmo 32.1-5 nos mostra que pecados não confessados e abandonados causam uma devastação tremenda na vida do crente.
A disciplina de Deus pesa com severidade sobre o filho desobediente a fim de que ele seja moldado segundo os padrões de conduta do Evangelho do Senhor Jesus Cristo.
4 – VEMOS UM HOMEM TRANSFORMADO.
“Então, disse: Já não te chamarás Jacó, e sim Israel, pois como príncipe lutaste com Deus e com os homens e prevaleceste” (Gn 32.28).
Declarando o nome, Jacó confessou o pecado que o afligia: sou um enganador. Foi perdoado, foi abençoado. A bênção da graça transformadora vem depois de verdadeira confissão e verdadeiro arrependimento.
A culpa que lhe pesava no coração. Agora não era mais o “enganador” e sim “lutador de Deus”.
Mas o Senhor mudou o seu nome: de “usurpador, enganador, agarrador de calcanhar” para “lutador de Deus” – Israel = “Deus luta”.
Ap. 2.17 diz: “Ao vencedor, dar-lhe-ei do maná escondido, bem como lhe darei uma pedrinha branca, e sobre essa pedrinha escrito um nome novo, o qual ninguém conhece, exceto aquele que o recebe”.
5 - E, FINALMENTE, VEMOS UM HOMEM ABENÇOADO.
“Nasceu-lhe o sol, quando ele atravessava Peniel; e manquejava de uma coxa” (Gn. 32.31).
a) Enquanto Jacó saiu mancando, depois de uma noite de grande luta e fantástica experiência, “nasceu-lhe o sol”.
b) Ninguém que, cheio de trevas, pecados e misérias, se aproxime do Senhor Jesus, a Luz do Mundo, sai da Sua Presença da mesma maneira com que se aproximou.
c) Jacó sai mancando, numa demonstração de que havia sido quebrantado, mas, com o coração está alegre, leve, puro e transbordando da luz da Graça de Deus.
d) É Israel que “como príncipe lutou com Deus e com os homens e prevaleceu. Deus ama seus filhos que prevalecem, que são vencedores.
e) E o resultado da bênção foi o final feliz.
Vemos seu irmão Esaú indo ao seu encontro não mais com o coração cheio de ódio e rancor, mas um homem dócil, saudoso do irmão, e, também, abençoado por Deus (Gn 33).
f) Tudo isso é Graça! É o poder transformador da Graça! Maravilhosa Graça!
Conclusão: