Oração da preguiça
Uma ocasião eu estava dando uma prova de matemática para uma classe. Notei que a menina que sentava bem próximo a minha mesa escreveu, num canto da folha, de prova as letras NSAMA.
Eu perguntei ela havia estudado. Ela disse que não. Então eu disse que aquela petição que ela fez no canto da folha, de nada iria lhe adiantar.
- Que petição? - ela perguntou, encabulada.
Então traduzi as letras Nossa Senhora Aparecida Me Ajude.
- Não foi isso que você pediu?
Ela sorriu e disse que sim. Se você estudou o ponto, precisa só de uma mãozinha, mas se você não estudou nem Deus pode fazer nada por você, porque Ele não ajuda preguiçoso, muito menos nossa senhora que nunca estudou matemática. Muitas vezes não recebemos respostas às nossas orações porque não trabalhamos, porque não fazemos o que nos compete fazer. A obra é de Deus, mas os braços são nossos.
(Extraído do livro “Pense Comigo – Meditações Evangélicas”, 1ª Edição – Rev. Samuel Barbosa)
Esquecimento
Os dois, pai e filho, chegaram maneirosos, pedindo um auxilio para comprar uma passagem de ônibus para Curitiba. Olharam um canteiro que há na frente da casa e se ofereceram para limpar o canteiro.
Achei que seria uma boa ideia limpar o canteiro, de umas ervas daninhas que estavam prejudicando as plantas. Aceitei o oferecimento do serviço e disse que poderiam começar a arrancar as plantas daninhas do canteiro. Embora o canteiro fosse pequeno, o trabalho seria demorado. Os dois olharam o canteiro outra vez, calcularam o tempo que levariam para fazer o serviço; então o pai perguntou ao filho:
- Fio, ocê troxe a tisora?
- Não, pai, esqueci a mala lá na rodoviária.
Aí o pai disse que ia buscar a tesoura. O filho resolveu ir também. Até hoje ainda não voltaram, e olhem, isso já faz uns dois anos.
(Extraído do livro “Respingando – Crônicas e Memórias”, 1ª Edição – Rev. Samuel Barbosa)
Má vontade
Lá mesmo na minha cidade havia um negociante - seu Manuel. Jornal chegava à cidade de dois em dois dias, de sorte que, para quem tinha o hábito de ler jornal, era necessário bem um meio dia para dar conta de tudo.
O seu Manuel quando estava lendo jornal não permitia que nada o interrompesse. Um dia, no melhor da leitura, chegou uma menina e perguntou: Seu Manuel tem bacalhau? Sem nem levantar os olhos do jornal, seu Manuel disse meio enfezado: Vacalhau não tain. Ora, seu Manuel, disse a menina, eu estou vendo bacalhau ali em cima do balcão!
Olha cá, ó moçoila, respondeu seu Manuel, quando digo que tain, tain, quando digo que não tain, não tain. E quando a menina ia-se retirando ele observou: Volte cá daqui a pouco que tain.
(Extraído do livro “Respingando – Crônicas e Memórias”, 1ª Edição – Rev. Samuel Barbosa)
Tá chovendo?
Lembrei-me de uma história que ouvia quando era criança. Dois indivíduos, pai e filho, moravam num casebre de pau-a-pique, caindo aos pedaços, sem porta nem janelas. De manhã, lá pelas dez horas o pai chamava o filho e dizia:
- Fio, vá la fora e vê se num tá chovendo (o sol entrando pelos buracos das paredes) pra nóis i trabaiá.
- Num carece, pai, respondia o filho, chame o cachorro aqui, se ele tivé moiado é porque tá choveno.
(Extraído do livro “Respingando – Crônicas e Memórias”, 1ª Edição – Rev. Samuel Barbosa)
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