Ao terminar os nossos estudos bíblicos sobre o batismo, apresentamos aos nossos leitores um resumo das nossas conclusões:
1 - A palavra grega baptizo nem sempre significa imergir. Há muitos casos, no Novo Testamento onde não pode ter essa significação, como em Lucas 11:38; Marcos 7:4; 1 Coríntios 10:2 e Hebreus 9:10. Além disso, não se encontra, em todo o Novo Testamento, uma só passagem em que o vocábulo baptizo tenha necessariamente a significação de imergir.
2 - Os batismos tradicionais dos judeus eram feitos por aspersão, como prova um estudo criterioso de Lucas 11:37-41 e Marcos 7:1-13.
3 - Os vários batismos cerimoniais a que se refere Hebreus 9:10 eram geralmente feitos por aspersão, como se verifica das seguintes passagens: Hebreus 9:13,20,21; Êxodo 24:8; Levítico 1:5; 8:19; 14:7,16,51; Números 8:7; 18:17; 19:4,13,20,21.
4 - É provável que João Batista, tendo recebido um mandamento para batizar com água para o arrependimento, tivesse adotado o costume judaico já em uso, aspergindo ou derramando a água sobre as cabeças dos batizandos.
Com isso concordam as gravuras mais antigas do batismo de Jesus, visto como, o representam em pé no Rio Jordão, enquanto João Batista derrama-lhe água sobre a cabeça.
Com isso concordam as gravuras mais antigas do batismo de Jesus, visto como, o representam em pé no Rio Jordão, enquanto João Batista derrama-lhe água sobre a cabeça.
5 - O batismo de Paulo não foi por imersão, devido a ter sido batizado em pé. Ananias mandou que se levantasse (Atos 22:16) e ele, levantando-se, foi batizado (Atos 9:18).
6 - Os batismos dos três mil no dia de Pentecostes não podiam ter sido por imersão, porque não havia água suficiente em Jerusalém para imergir essa multidão de gente. Os tanques e reservatórios que existiam em Jerusalém não estavam à disposição dos apóstolos.
7 - As circunstâncias dos batismos de Cornélio e do carcereiro de Filipos são desfavoráveis à imersão. No caso de Cornélio, a Escritura nos dá a entender que a água devia ser trazida para o quarto onde estavam os convertidos e não os convertidos levados à água (Atos 10:47).
8 - O simbolismo do batismo exige preferivelmente o derramamento e não imersão. O batismo cristão com água representa o batismo do Espírito Santo. O Espírito Santo que produz a regeneração é derramado sobre os que recebem essa graça (Joel 2:28,29; Atos 2:17,33; 10:45; Tito 3;6).
A água é um símbolo do Espírito Santo (João 7:38,39) que é derramado sobre os escolhidos de Deus para a sua purificação.
O Espírito Santo sendo derramado sobre o pecador para a purificação dos seus pecados e para produzir nele uma nova vida, de igual modo, deve ser derramada sobre ele a água batismal simbólica da ação purificadora do Espírito Santo.
O batismo com água, quanto ao seu modo, não deve ser diferente do batismo com o Espírito Santo que foi por derramamento.
9 - As expressões sepultados juntamente com Ele no batismo e ressuscitados por meio da vossa fé (Colossenses 2:12) representam realidades espirituais, resultantes da nossa fé, e não uma imersão em água. Se fosse pela imersão em água que ressuscitamos para uma nova vida, seria isso a regeneração batismal, condenada por todas as igrejas evangélicas.
Paulo também diz: "Tantos quantos fostes batizados em Cristo, vos revestistes de Cristo" (Gálatas 3:27). Esse revestimento de Cristo não é físico e não ensina nada sobre o modo do batismo (Comparar Colossenses 3:8-10).
Paulo emprega muitas figuras com referência à nova vida do cristão, que são exclusivamente espirituais e nada ensinam com referência ao modo de aplicar ao batizando o símbolo da sua nova vida em Cristo. O grande apóstolo fala em sermos crucificados com Cristo, revestidos de Cristo, sepultados com Cristo, plantados com Cristo, ressuscitados com Cristo.
A interpretação razoável dessas figuras é que representam realidades espirituais e nada dizem sobre o modo físico do símbolo da nossa nova vida espiritual.
10 - O modo bíblico de administrar o batismo é a aspersão ou a afusão, como provam as passagens que temos citado. Não há nem um só caso provado de imersão no Novo Testamento e, no entanto, o modo de batizar é uma questão secundária sobre a qual há divergência de opinião entre cristãos sinceros e esclarecidos.
Uma vez que se empregue água, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, aplicando-a ao batizando, o rito deve ser aceito como válido.
Qualquer que seja o modo de batizar adotado pelas diversas igrejas evangélicas, devemos reconhecer os seus batismos como legítimos e não devemos condenar como desobedientes a Cristo aquelas pessoas que não interpretam as Escrituras como nós as interpretamos, com referência a esse ponto secundário.
O nosso lema deve ser: "Unidade no essencial, liberdade no secundário, caridade em tudo."
Qualquer que seja o modo de batizar adotado pelas diversas igrejas evangélicas, devemos reconhecer os seus batismos como legítimos e não devemos condenar como desobedientes a Cristo aquelas pessoas que não interpretam as Escrituras como nós as interpretamos, com referência a esse ponto secundário.
O nosso lema deve ser: "Unidade no essencial, liberdade no secundário, caridade em tudo."
CARTA ABERTA AOS BATISTAS DO BRASIL
Se nos fosse dado representar os nossos irmãos aspersionistas do Brasil, desejaríamos; em seu nome, dirigir a seguinte mensagem fraternal aos batistas da nossa grande Pátria que estão, como nós, ardorosamente empenhados em obedecer as últimas ordens que nos deixou o nosso divino Mestre:
Prezados irmãos batistas:
Saúde o paz no Senhor.
Quando afirmais, com insistência ser o batismo por imersão tão claramente prescrito nas escrituras Sagradas que até mesmo uma pessoa de pouca cultura, lendo a Bíblia, pode compreender a necessidade da imersão, como ato de obediência a Cristo, criais para vós mesmos, o seguinte dilema: os aspersionistas ou são tão faltos de cultura que não compreendem o que leem na Bíblia ou, compreendendo, desobedecem voluntária e obstinadamente o mandamento de Jesus.
No primeiro caso, faltaria para nós os aspersionistas a inteligência e, no segundo caso, a sinceridade. Reduzido à sua expressão mais simples o dilema é este: ignorância ou má fé.
Se optardes pela primeira explicação, isto é, falta de cultura, nós vos pedimos encarecida-mente que leiais o que têm escrito os autores aspersionistas sobre o modo do batismo, para vos convencerdes que sabemos defender, com inteligência, o nosso ponto de vista, à luz da Palavra de Deus.
É verdade que nós chegamos a uma conclusão diferente da vossa, mas somos capazes de apresentar as razões da nossa fé.
É verdade que nós chegamos a uma conclusão diferente da vossa, mas somos capazes de apresentar as razões da nossa fé.
No caso de optardes pela segunda explicação, isto é, a falta de sinceridade, lede as obras dos grandes teólogos cristãos das igrejas aspersionistas, cuja sinceridade não se pode pôr em duvida, e tereis a prova das suas boas intenções.
Mas, se não tiverdes essas obras à mão, lede, pelo menos, os nossos singelos estudos bíblicos sobre o batismo e quem sabe se a sinceridade das nossas convicções não há de transparecer nos nossos escritos ?
Mas, se não tiverdes essas obras à mão, lede, pelo menos, os nossos singelos estudos bíblicos sobre o batismo e quem sabe se a sinceridade das nossas convicções não há de transparecer nos nossos escritos ?
Ainda mais, lembrai-vos que nos tendes na conta de irmãos em Cristo e que convidais os nossos ministros para pregar o evangelho nos vossos púlpitos. Lembrai-vos, outrossim, que Deus tem dado o seu Santo Espírito, tanto a nós como a vós, e que Ele tem abençoado ricamente o nosso trabalho, na conversão de muitas almas preciosas.
Se nos estivéssemos teimando em uma desobediência voluntária a um mandamento claro de Jesus, Deus não teria abençoado o nosso trabalho tão ricamente e vós não poderíeis, como fazeis, chamar-nos de irmãos e convidar-nos para ocupar os vossos púlpitos.
Acreditai, pois na nossa sinceridade, como nós acreditamos na vossa.
Acreditai, pois na nossa sinceridade, como nós acreditamos na vossa.
Não vos parecem inadmissíveis, prezados irmãos batistas, as hipóteses da ignorância e da má fé? E, sendo elas inadmissíveis, não está prejudicada a vossa primeira premissa, em que afirmais a clareza do mandamento de Jesus com referência ao modo do batismo?
Tereis, pois, de admitir a existência; não só de cristãos sinceros e esclarecidos que crêem na imersão, como o único batismo bíblico, mas, também, de outros cristãos igualmente sinceros e esclarecidos que divergem desse conceito. Em vista disso, é um fato inegável que cristãos sinceros e esclarecidos divergem sobre o modo do batismo.
Sendo assim, está claro que as Escrituras Sagradas não explicam esse ponto com suficiente clareza para trazer a mesma convicção a todos os cristãos inteligentes e bem intencionados.
Se nosso Senhor Jesus Cristo tivesse considerado ser esse um ponto de capital importância para a nossa obediência e para a nossa admissão à Igreja que Ele fundou neste mundo, certamente o teria elucidado com a mesma clareza com que explicou a absoluta necessidade do novo nascimento para a nossa entrada no Reino dos Céus.
Se nosso Senhor Jesus Cristo tivesse considerado ser esse um ponto de capital importância para a nossa obediência e para a nossa admissão à Igreja que Ele fundou neste mundo, certamente o teria elucidado com a mesma clareza com que explicou a absoluta necessidade do novo nascimento para a nossa entrada no Reino dos Céus.
Certamente, Ele teria dito: E necessário que sejais batizados por imersão, para entrardes na minha Igreja.
Uma vez que Jesus não fez nenhuma declaração explícita sobre o modo do batismo, que convencesse a todos os cristãos de todas as igrejas evangélicas, torna-se evidente que não considerou o modo do batismo essencial à nossa obediência ao seu mandamento. Se isso fosse essencial, Ele o teria dito claramente.
Desejamos ardentemente que desapareçam os mal entendidos e as desconfianças que têm existido entre nós e vós e que têm servido de pedras de tropeço para os pequeninos de quem Jesus nos falou.
Reconheçamos, pois, a inteligência e a boa fé uns dos outros e, destarte, teremos destruído as principais barreiras que nos separam e poderemos, então, unidos na obediência a um só Senhor, na fé de um só Salvador e no batismo de um só Espírito, dedicar-nos com mais zelo e eficiência à gloriosa obra da evangelização do mundo. Amem.
Com a mais elevada estima e consideração, somos vossos irmãos em Cristo Jesus.
Os aspersionistas do Brasil.