- O artigo aborda o tema do batismo cristão, que é uma ordenança simbólica que representa a regeneração do pecador pelo Espírito Santo. O autor analisa outras passagens do Novo Testamento em que batizar não é imergir, e argumenta que a palavra batizar pode ter vários sentidos, dependendo do contexto. Entre os seus argumentos estão.
- O batismo com o Espírito Santo ou com o sofrimento não é uma imersão, mas uma união ou uma participação. O autor mostra como em 1 Coríntios 12:13 Paulo fala em sermos batizados em um só Espírito em um só corpo, indicando a nossa união espiritual com Cristo e com a sua Igreja. Ele também mostra como em Lucas 12:50 Jesus fala em ser batizado com um batismo, referindo-se à sua agonia e aos seus sofrimentos na cruz, indicando a sua participação na obra redentora.
- O batismo com água não é uma imersão, mas um símbolo da purificação dos pecados. O autor mostra como em Marcos 10:38-40 Jesus fala em ser batizado com o cálice que ele bebe, referindo-se ao seu martírio e ao dos seus discípulos, sem nenhuma alusão à imersão. Ele também mostra como em Atos 22:16 Ananias diz a Paulo para se levantar e ser batizado, lavando os seus pecados, sem nenhuma alusão à imersão.
Há ainda outras passagens no Novo Testamento, além daquelas que se referem ao batismo com o Espírito Santo, em que não se pode substituir a palavra baptizo por imergir, sem resultar isso em um absurdo, demonstrando, dessa maneira, que a palavra baptizo não é sinônima de imersão.
Em 1 Coríntios 12:13, falando da união do crente com o corpo de Cristo que é a sua Igreja, diz o apóstolo Paulo: "Em um só Espírito fomos batizados todos nós, em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito".
Não fica bem dizer: "Em um só Espírito fomos imersos todos nós em um só corpo".
Não fica bem dizer: "Em um só Espírito fomos imersos todos nós em um só corpo".
Quando os crentes são regenerados pelo poder do Espírito Santo e ipso fato se unem com o corpo de Cristo que é a sua Igreja, não são eles imersos nesse corpo. Não se pode empregar a palavra imergir, com propriedade, nesse caso, nem mesmo em sentido figurado.
Em Romanos 6:3, tratando da união do cristão com Cristo, Paulo fala em sermos batizados em Cristo e na sua morte. Fomos, porventura, imersos em Cristo e na sua morte? Poder-se-ia falar, com propriedade, de sermos mergulhados em Cristo e na sua morte, mesmo quando fosse isso tomado em sentido figurado?
Referindo-se, sem dúvida, à sua agonia no Jardim de Getsêmane e aos seus sofrimentos por ocasião da sua crucificação, disse Nosso Senhor Jesus Cristo: "Mas tenho de ser batizado com um batismo e como me angustio até que ele se cumpra" (Lucas 12:50). Onde está a imersão nesse versículo? Foi Jesus imerso em alguma coisa?
Os cristãos da Igreja primitiva, nos tempos das perseguições, tinham o costume de se referir aos mártires como "batizados com o seu próprio sangue", mas esses mártires não eram mergulhados em seu próprio sangue.
Nosso Senhor Jesus Cristo, referindo-se ao seu próprio martírio e àquele dos seus apóstolos, Tiago e João, disse:
Nosso Senhor Jesus Cristo, referindo-se ao seu próprio martírio e àquele dos seus apóstolos, Tiago e João, disse:
"Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que eu bebo, ou ser batizados com o batismo com que eu sou batizado? Responderam eles: Podemos. Replicou-lhes Jesus: Bebereis na verdade, o cálice que eu bebo, e sereis batizados com o batismo com que eu sou batizado, mas o tomar assento à minha direita ou à minha esquerda, não me pertence concedê-lo; porém, será isso concedido àqueles para quem está destinado" (Marcos 10:38-40).
Por ocasião do seu martírio Jesus e os seus discípulos não foram imersos em coisa alguma e não fica bem substituirmos as palavras de Jesus pela seguinte expressão: "Podeis ser imersos com a imersão que eu sou imerso?"
O absurdo que resulta dessa substituição prova que a palavra batizar não é, no Novo Testamento, um sinônimo de imergir. Concluímos, mais uma vez, que batizar não é sempre imergir.
O absurdo que resulta dessa substituição prova que a palavra batizar não é, no Novo Testamento, um sinônimo de imergir. Concluímos, mais uma vez, que batizar não é sempre imergir.
Não obstante tudo quanto acabamos de expor, os imersionistas poderão nos retrucar que também não se pode substituir, com propriedade, a palavra baptizo nas passagens acima citadas por aspergir ou derramar.
Estamos de pleno acordo com esse conceito, visto como, a palavra baptizo não se restringe a nenhum desses sentidos.
Essa palavra, em si não indica o modo de praticar o ato batismal, é antes uma palavra genérica que na expressão do autor da Carta aos Hebreus, abrange varias abluções (diaphórois baptismois, Hebreus 9:10). Esses vários batismos podiam ser feitos de diversos modos e especialmente por aspersão, como se vê lendo adiante no mesmo capitulo os versículos 13 e 14.
Estamos de pleno acordo com esse conceito, visto como, a palavra baptizo não se restringe a nenhum desses sentidos.
Essa palavra, em si não indica o modo de praticar o ato batismal, é antes uma palavra genérica que na expressão do autor da Carta aos Hebreus, abrange varias abluções (diaphórois baptismois, Hebreus 9:10). Esses vários batismos podiam ser feitos de diversos modos e especialmente por aspersão, como se vê lendo adiante no mesmo capitulo os versículos 13 e 14.
Não raras vezes, quando baptizo tem uma significação espiritual, pode ser traduzido por unir com ou ligar com. Ser batizado em Cristo é ser ligado ou unido com Ele espiritualmente.
A palavra baptizo é semelhante à palavra banhar-se, pois esta ultima não prescreve o modo de se tomar o banho. Uma pessoa pode banhar-se, mergulhando o corpo todo, jogando ou derramando água sobre si, tomando um banho de chuveiro, ou passando uma esponja umedecida pelo corpo.
A palavra banhar-se, em si, não indica o modo de efetuar o ato. Semelhantemente, a palavra batizar não indica o modo de se efetuar o ato e é, por isso mesmo, que não pode ser substituída por palavras que indiquem o modo de se praticar o ato, como sejam imergir, aspergir, mergulhar ou derramar.
A palavra banhar-se, em si, não indica o modo de efetuar o ato. Semelhantemente, a palavra batizar não indica o modo de se efetuar o ato e é, por isso mesmo, que não pode ser substituída por palavras que indiquem o modo de se praticar o ato, como sejam imergir, aspergir, mergulhar ou derramar.
A única palavra portuguesa que traduz, com propriedade, a palavra grega baptizo é batizar, visto como, o uso corrente dessa palavra e as definições dos dicionários não restringem o sentido dessa palavra de maneira que indique um só modo de praticar o ato batismal, mas admitem que o batismo pode ser administrado de diversos, modos.
O dr. Charles Hodge, na sua Teologia Sistemática, vol. III, pag. 528, faz a seguinte explicação: "A palavra baptizo, como rigorosamente mantém o dr. Dale, pertence àquela classe de palavras que indicam um efeito para se produzir, sem exprimir o modo pelo qual se produz esse efeito. Nesse respeito baptizo é análogo à palavra sepultar.
Um homem pode ser sepultado por diversas formas, como quando é enterrado no solo; quando é posto em uma caverna; quando é colocado em um sarcófago ou mesmo, como sucede entre os índios, é exposto sobre uma plataforma elevada.
O mandado para sepultar pode ser executado por qualquer uma dessas formas. Sucede o mesmo com a palavra baptizo; há um dado efeito para se produzir sem uma ordem especifica quanto ao modo: se por imersão, afusão ou aspersão".
Um homem pode ser sepultado por diversas formas, como quando é enterrado no solo; quando é posto em uma caverna; quando é colocado em um sarcófago ou mesmo, como sucede entre os índios, é exposto sobre uma plataforma elevada.
O mandado para sepultar pode ser executado por qualquer uma dessas formas. Sucede o mesmo com a palavra baptizo; há um dado efeito para se produzir sem uma ordem especifica quanto ao modo: se por imersão, afusão ou aspersão".
Ainda outra passagem, no Novo Testamento, em que baptizo não pode significar imergir, é aquela que alude ao batismo dos israelitas na nuvem e no mar. Escreve o apóstolo Paulo:
"Pois não quero, irmãos, que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem e todos passaram pelo mar, e todos em Moisés foram batizados na nuvem e no mar, e comeram todos do mesmo manjar espiritual e beberam todos da mesma rocha espiritual: pois beberam de uma rocha espiritual que os acompanhava; e a rocha era Cristo (1 Coríntios 10:1-4).
A história desse batismo, a que alude Paulo, pode ser lida em Êxodo 14:15-31. Diz o historiador sagrado que "a coluna de nuvem retirou-se de diante deles, e pôs-se atrás deles" (v. 19) e que "os filhos de Israel entraram no meio do mar em seco, e as águas foram-lhes como um muro à direita e à esquerda" (v. 22).
Está claro que não houve nenhuma imersão dos israelitas nas águas do Mar Vermelho que atravessaram no seco. Todavia, Paulo afirma que os israelitas foram batizados no mar.
Está claro que não houve nenhuma imersão dos israelitas nas águas do Mar Vermelho que atravessaram no seco. Todavia, Paulo afirma que os israelitas foram batizados no mar.
Podiam os israelitas ter ficado envolvidos pela nuvem, mas nem isso a narrativa não afirma, porque a nuvem ficou primeiro adiante e depois atrás. Certo é que os israelitas não foram mergulhados na nuvem.
Qual é, então, a interpretação que devemos dar a esta passagem? Paulo se refere aos grandes privilégios dos israelitas, devido às experiências especiais por que passaram, no Mar Vermelho e no deserto.
Na travessia do Mar Vermelho foram consagrados a Moisés e à sua lei, assim como nós, no batismo, nos dedicamos a Cristo. Às experiências com o mar e com a nuvem eram como um batismo típico da dedicação dos israelitas ao seu grande chefe, Moisés.
Na travessia do Mar Vermelho foram consagrados a Moisés e à sua lei, assim como nós, no batismo, nos dedicamos a Cristo. Às experiências com o mar e com a nuvem eram como um batismo típico da dedicação dos israelitas ao seu grande chefe, Moisés.
Comentando esta passagem, diz Mathew Henry:
"Foram todos eles batizados em Moisés, isto é, ficaram sujeitos à lei e à aliança de Moisés como nós somos batizados sob a lei e a aliança cristãs. Era esse para eles um batismo típico (Henry's Commentary, vol. 9 pag. 192).
De semelhante modo, o dr. Charles Hodge explica a mesma passagem:
"O povo passou pelo mar a pé enxuto. Parece, pela narrativa, que nenhuma gota de água os tocou. A nuvem a que se refere esta passagem é sem duvida a coluna de nuvem de dia e a coluna de fogo de noite que guiava o povo pelo deserto.
A interpretação mais simples, e geralmente aceita, desta passagem, é que, como um homem entra pelo batismo no número dos discípulos professos e declarados de Cristo, assim os hebreus, pelas manifestações sobrenaturais mencionadas, tornaram-se discípulos e adeptos de Moisés. Neste caso não há referencia alguma à imersão, ao derramamento, e nem mesmo, à aspersão. (Teologia Sistemática de Charles Hodge, vol. 3, pag. 538).
A interpretação mais simples, e geralmente aceita, desta passagem, é que, como um homem entra pelo batismo no número dos discípulos professos e declarados de Cristo, assim os hebreus, pelas manifestações sobrenaturais mencionadas, tornaram-se discípulos e adeptos de Moisés. Neste caso não há referencia alguma à imersão, ao derramamento, e nem mesmo, à aspersão. (Teologia Sistemática de Charles Hodge, vol. 3, pag. 538).
A natureza espiritual das experiências dos hebreus, representadas tipicamente pelo batismo, torna-se ainda mais evidente quando lemos que todos comeram de um mesmo manjar espiritual e beberam de uma rocha espiritual que era Cristo.
As suas experiências espirituais com o seu chefe Moisés, eram, para eles, um batismo, no qual se dedicaram ao seu grande líder. Respeitando a verdade histórica, não se pode dizer que os hebreus foram imersos na nuvem e no mar. Dos egípcios sim, pode-se dizer que foram imersos no mar e até mesmo submersos, para não sair mais.
As suas experiências espirituais com o seu chefe Moisés, eram, para eles, um batismo, no qual se dedicaram ao seu grande líder. Respeitando a verdade histórica, não se pode dizer que os hebreus foram imersos na nuvem e no mar. Dos egípcios sim, pode-se dizer que foram imersos no mar e até mesmo submersos, para não sair mais.
A passagem acima estudada, isto é, 1 Coríntios 10:1-4, vem, pois, demonstrar mais uma vez, que batizar não é sempre e só imergir, porque os israelitas foram batizados no mar, sem serem nele imersos.
O argumento de Paulo nesta passagem é que, tendo sido os israelitas ligados a Moisés, como seus discípulos, pela extraordinária experiência do seu batismo no Mar e na nuvem e tendo sido nutridos por Cristo, a Rocha espiritual que os acompanhava, deviam, por esses ponderosos motivos, ter permanecido fieis a Deus e ao seu grande chefe.
No entanto, o que se deu foi justamente o contrário; tornaram-se cobiçosos de coisas más, fizeram-se idólatras, entregaram-se à luxuria e tentaram a Deus pelas suas murmurações. Por causa desses pecados foram prostrados no deserto e pereceram pelo destruidor.
No entanto, o que se deu foi justamente o contrário; tornaram-se cobiçosos de coisas más, fizeram-se idólatras, entregaram-se à luxuria e tentaram a Deus pelas suas murmurações. Por causa desses pecados foram prostrados no deserto e pereceram pelo destruidor.
"Ora, estas coisas lhes aconteciam como figuras e foram escritas para advertência de nós outros, a quem os fins dos séculos têm chegado".
Nós fomos ligados a Cristo pelo nosso batismo espiritual nele. Devemos, portanto, ser fieis ao nosso Chefe. O que fizeram os israelitas desleais deve servir de escarmento para nós. "Por isso aquele que pensa estar em pé, veja não caia".
Nós fomos ligados a Cristo pelo nosso batismo espiritual nele. Devemos, portanto, ser fieis ao nosso Chefe. O que fizeram os israelitas desleais deve servir de escarmento para nós. "Por isso aquele que pensa estar em pé, veja não caia".
"Não nos tem sobrevindo", continua Paulo, "tentação que não seja comum aos homens; mas Deus é fiel, o qual não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas também com a tentação provera o meio de saída para poderdes suportá-la".
Ao por o ponto final neste estudo, recapitulemos os resultados das nossas investigações, feitas até este ponto, sobre o emprego da palavra baptizo no Novo Testamento:
1 - Os vários empregos figurados da palavra baptizo não nos autorizam a dar-lhe o sentido de imergir. Não são imersões: o batismo com o Espírito Santo, o batismo em Moisés; os batismos em Cristo, na sua morte e no seu corpo místico. E nem, tão pouco, podia ser uma imersão o batismo que Jesus ia receber por ocasião dos seus sofrimentos no Getsêmane e no Calvário.
2 - Os batismos tradicionais de Marcos 7:4 e Lucas 11:38 não podiam ser imersões, porque esses textos e os seus contextos provam que eram aspersões.
3. Os vários batismos cerimoniais de Hebreus 9:10 não podiam todos ser imersões, porque temos exemplos claros de alguns que não eram, e não se encontra um só exemplo de um desses batismos que fosse feito por imersão.
4 - O batismo dos israelitas na nuvem e no mar, a que se refere Paulo em 1 Coríntios 10:2, não podia ser uma imersão, porque os israelitas passaram o mar a pé enxuto e nele não foram mergulhados.
Em vista dos estudos feitos até este ponto, está provado que a palavra baptizo, em várias passagens do Novo Testamento, não tem o significado de imergir e, além disso, as nossas investigações nos têm levado ao ponto de nos convencer que não se encontra, em todo o Novo Testamento, um só exemplo do emprego da palavra baptizo em que o ato indicado por esse verbo tenha sido necessariamente uma imersão.
Não negamos que, possivelmente, tenha sido assim empregada, mas mantemos que não há um só caso provado desse emprego, e, mesmo quando aparecesse um caso desses, isso não enfraqueceria o nosso argumento, visto como, admitimos a possibilidade de tal emprego, como um dos possíveis significados da palavra.
O que não podemos, de maneira nenhuma, admitir, por ser contrario as provas aduzidas, é que o verbo baptizo tenha no Novo Testamento, o significado exclusivo de imergir. Os nossos estudos subsequentes reforçarão estas conclusões aqui consignadas.