Lavar ou sepultar nas águas do batismo?


Resumo
  • O autor explica a diferença entre lavar e sepultar nas águas do batismo, e defende que o batismo com água é um símbolo do lavar dos pecados pela regeneração do Espírito Santo, e não do sepultamento e da ressurreição do crente com Cristo. 
  • O autor cita textos como Romanos 6:3-4 e Colossenses 2:11-12 para mostrar que o batismo a que se referem essas passagens é espiritual, e não ritual, e que não há nenhuma alusão à imersão nessas passagens. 
  • O autor também cita textos como Hebreus 9:10-14 e 1 Pedro 1:2 para mostrar que as purificações do Velho Testamento eram feitas por aspersão de água ou de sangue, e que essas aspersões eram sombras ou tipos do sangue purificador de Jesus Cristo.

Os nossos estudos bíblicos sobre o batismo levam-nos a concluir que o batismo do Espírito Santo produz a regeneração do pecador e a sua união com Cristo, tornando-o ipso facto (pelo próprio fato) membro do corpo místico de Cristo que é a sua Igreja invisível. Deste modo ele se torna participante de todas as bênçãos do pacto da graça.

De todas essas graças o batismo com água é o sinal exterior que dá ingresso à Igreja visível.

O derramamento de água sobre a cabeça do batizando representa o derramamento do Espírito Santo e a água simboliza a purificação efetuada por ocasião da regeneração do pecador.

Os nossos irmãos imersionistas, no entanto, querem que no batismo com água haja também uma representação da morte, do sepultamento e da ressurreição do batizando para uma nova vida, à semelhança da morte, sepultamento e ressurreição de Cristo.

Julgam haver em Romanos 6:3 e 4 e Colossenses 2:11 e 12 uma alusão à imersão, porque Paulo fala em "sermos sepultados com Cristo na morte pelo batismo".

Geralmente, os imersionistas admitem que no batismo há também uma representação do lavar dos nossos pecados. Todavia, sustentar que o batismo é, a um só tempo, um lavar e um sepultamento, resulta, como já vimos, em uma incongruência. Não se simboliza de uma só feita uma ablução e um enterro.

Ademais, o próprio elemento escolhido por Deus para simbolizar a regeneração está indicando que a ideia principal a ser representada é o lavar dos nossos pecados, ou, como diz a Escritura o lavatório da regeneração. O elemento água tende a excluir a idéia de sepultamento, visto como, geralmente não se enterra gente em água.

Para podermos interpretar corretamente as referidas passagens, convém observar que não tratam de ritos ou do modo da sua administração, mas de doutrina.

Não foram escritas para ensinar o modo do batismo, mas antes para ensinar a preciosa doutrina da nossa união espiritual em Cristo que torna impossível a nossa continuação em uma vida pecaminosa.

O batismo a que se refere Paulo nas aludidas passagens é espiritual, pois produz em nós uma nova vida espiritual que não pode ser produzida por água.


Se o batismo, nessas passagens, fosse o batismo com água, Paulo estaria ensinando a heresia da regeneração batismal. Ademais, se esse batismo fosse somente por imersão, Paulo estaria ensinando que somente os sepultados em água são unidos com Cristo e que somente eles ressuscitam para uma nova vida.

Nesse caso, só os imersos seriam salvos. O que afirmamos torna-se evidente, se substituirmos a palavra batismo por imersão em água. Assim leríamos:

"Fomos, pois, sepultados com Ele na morte pela imersão em água, para que, como Cristo foi ressuscitado dentro os mortos pela gloria do Pai, assim também nós andemos em novidade de vida"

Dando essa interpretação a esse texto, faríamos a novidade de vida depender de uma imersão em água e seria essa a doutrina errônea da regeneração pelas águas do batismo. Fazendo a mesma substituição de batismo por imersão em Colossenses 2:12, leríamos:

"Tendo sido sepultados juntamente com Ele na imersão, na qual também fostes ressuscitados por meio da vossa fé na operação de Deus que o ressuscitou dentre os mortos".

Mais uma vez, se esta passagem trata de um batismo com água, a nossa fé que resulta em uma nova vida ressurreta depende de uma imersão em água. Seriamos mais uma vez levados ao absurdo da regeneração batismal.

Em vista do exposto, não é possível admitir que essas passagens estejam tratando de um batismo com água. O batismo a que se refere Paulo é, sem duvida nenhuma, um batismo espiritual; é o batismo do Espírito Santo. Pode-se dizer com muita propriedade:

"Fomos, pois, sepultados com Ele na morte pelo batismo do Espírito Santo, para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela gloria do Pai, assim também nós andemos em novidade de vida".

O sepultamento e a ressurreição, nesta passagem são realidades espirituais e não uma imersão em água e uma saída dela. Logo adiante, falando ainda em sentido espiritual, Paulo emprega uma outra figura, dizendo que o nosso homem velho foi crucificado com Cristo.

É ainda a mesma ideia da morte e sepultamento do velho homem, mas ninguém ainda se lembrou de dizer que no batismo devemos fazer a cerimônia de uma crucificação do batizando. Se a crucificação não é literal, não deve ser também o sepultamento.

Que o sepultamento no batismo, de Colossenses 2:12, não deve ser tomado literalmente, se percebe pelo fato de Paulo se referir ao batismo no versículo precedente, como a "circuncisão de Cristo, não feita por mãos no despir do corpo da carne".

O apóstolo se refere, portanto, a um batismo que não é feito por mãos humanas.

Em Gálatas 3:27 lemos: "Porque tantos quantos fostes batizados em Cristo, vos revestis de Cristo".


Se argumentássemos como argumentam alguns imersionistas intransigentes diríamos que, para se fazer um batismo válido e de acordo com estas palavras de Paulo, "seria preciso vestir o batizando de um modo todo especial, com vestiduras brancas, para significar o revestimento de Cristo.

Se a expressão sepultados com Cristo no batismo exige uma interpretação literal, porque não a revestidos de Cristo no batismo? Está claro que as vestes especiais não são necessárias, no rito do batismo, porque o revestir de Cristo é uma realidade espiritual e não alude ao modo do batismo.

Por semelhante modo, o sepultamento com Cristo no batismo é também uma realidade espiritual e não alude a uma imersão em água.

O argumento de Paulo em Romanos 6:1-14 é que o convertido não pode mais continuar no pecado porque está unido com Cristo: com Ele morreu para o pecado e ressuscitou para uma nova vida.

Nós que já nos convertemos, nos unimos com Cristo pelo nosso batismo espiritual, e ligados com Ele, fomos com Ele crucificados, com Ele fomos mortos e sepultados e com Ele ressuscitamos para uma nova vida.

Tudo isso aconteceu espiritualmente, na nossa regeneração, mas não de um modo literal e físico no nosso batismo com água, como se esse batismo fosse uma dramatização da crucificação, morte, sepultamento, e ressurreição do convertido.

As águas do batismo simbolizam a regeneração pelo batismo do Espírito Santo derramado sobre nós e essas outras ideias de crucificação, morte, sepultamento, e ressurreição são apenas figuras que explicam o que é a regeneração.

Para comprovar esse modo de entender essa passagem, citamos a interpretação autorizada de Mathew Henry, sobre a frase: "Fomos com Ele sepultados na morte pelo batismo".

"A nossa conformidade é completa. Na nossa profissão de fé estamos completamente separados de todo o comércio e comunhão com o pecado, como aqueles que estão enterrados estão completamente separados do mundo; não só não sendo mais dos vivos, mas não estando mais entre eles, não tendo mais nenhuma relação com eles.

Assim é preciso que nós sejamos, como Cristo foi, separados do pecado e dos pecadores. Somos uns sepultados, na nossa profissão de fé e nos nossos compromissos: professamos assim ser e somos obrigados a assim ser: foi esse o nosso pacto e compromisso no nosso batismo; somos selados para ser do Senhor, e, portanto, para ser desligados do pecado.

Porque este sepultamento no batismo deve se referir a qualquer costume de mergulhar em água no batismo, mais do que a nossa crucificação e morte batismais devem ter uma tal referência, confesso que não posso ver.

Está claro que não é o sinal, mas a coisa significada no batismo que o apóstolo aqui denomina ser sepultado com Cristo, e a expressão sepultamento se refere ao sepultamento de Cristo.

Assim como Cristo foi sepultado, para que pudesse ressuscitar para uma vida nova e mais celestial, assim nós no batismo somos sepultados, isto é, separados da vida de pecado, para que possamos ressuscitar para uma nova vida de fé e amor". (Henry's Commentary, Vol. IX, pág. 42).

O mesmo autor, comentando a expressão tendo sido sepultados juntamente com Ele no batismo, de Colossenses 2:12, diz:

"Tanto somos sepultados com Ele como também ressuscitamos com Ele, e essas duas realidades são significadas pelo nosso batismo; não que haja qualquer coisa no sinal ou na cerimônia do batismo que represente esse sepultamento e ressurreição, mais do que a crucificação de Cristo é representada por qualquer semelhança visível na ceia do Senhor; e ele fala da circuncisão feita sem mãos; e diz ser pela fé da operação de Deus.

Mas o que é significado pelo nosso batismo é sermos sepultados com Cristo, visto como o batismo é um selo e uma obrigação de vivermos para a retidão ou novidade de vida.

Deus no batismo promete ser o nosso Deus, e nós nos comprometemos a ser o seu povo, e pela sua graça a morrer para o pecado e a viver para a retidão, ou seja despirmo-nos do velho homem e revestirmo-nos do novo". (Henry's Commentary, Vol IX, pag. 396).

No Novo Testamento há muitas figuras empregadas para descrever e explicar o que é a regeneração. Na sua palestra com Nicodemos Jesus se refere à regeneração como um novo nascimento e em uma das suas parábolas os regenerados são os que trajam vestes nupciais.


Paulo representa a regeneração como uma crucificação e sepultamento do velho homem e a ressurreição do novo homem, para uma nova vida. Ele se refere a se mesmo como crucificado para mundo e o mundo para ele.

Também denomina a regeneração uma circuncisão não feita por mãos de homens, e diz que a verdadeira circuncisão é a do coração. Ensina, outrossim, que, no batismo fomos revestidos de Cristo e em outra parte, declara que fomos plantados com Cristo na semelhança da sua morte.

Todos hão de convir que essas figuras ficaram registradas nas Escrituras para explicar o que é a regeneração e não para indicar o modo de se administrar o batismo. Seria absurdo procurar representar fisicamente, no ato do batismo, tudo quanto essas figuras sugerem.

Perguntamos: Porque devemos interpretar física e literalmente o sepultamento com Cristo, se assim não interpretamos o revestir com Cristo e as outras figuras que explicam o que é a regeneração ?

O ponto principal da divergência entre nós e os imersionistas, na interpretação do sepultados com Cristo no batismo, está justamente em que nós negamos que haja nessas palavras qualquer alusão à imersão e eles afirmam que há.

Se eles pudessem provar que na Igreja apostólica os batismos eram feitos por imersão, teriam razão; mas disso não há prova nenhuma. Pelo contrário, pode-se provar que, em muitos casos não podia ter havido imersão.

Julgamos, portanto, que a interpretação imersionista não nasceu do modo apostólico de batizar, mas de uma perversão histórica do costume apostólico.

Bem cedo na história, da Igreja primitiva aparece a imersão, e em má companhia. Pois vem acompanhada da monstruosa doutrina da regeneração batismal. Justino Mártir, escrevendo cerca do ano 150 e referindo-se às pessoas que deviam ser batizadas diz:

“Conduzimo-las a um lugar onde há água e elas são regeneradas do pecado, como nós fomos regenerados, porque recebem uma lavagem com água, em nome do Pai de todos, o Senhor Deus, de nosso Salvador Jesus Cristo, e do Espírito Santo, porque Cristo disse: A menos que sejais regenerados, não podeis entrar no reino dos céus".

Tertuliano, que escreveu no fim do segundo século é no começo do terceiro, alude à imersão e cria na heresia da regeneração pelo batismo. Para ele, o meio de receber o perdão de pecados era receber, o batismo.

Parece-nos que a imersão se originou com a ideia de que se um pouco de água era boa para purificar pecados, mais água devia ser melhor, ou, por isso, o mergulho do corpo todo devia ser mais eficaz do que o derramamento de um pouco de água. O que não se pode provar é que a imersão tenha tido a sua origem em tempos apostólicos.

Havia um outro costume, da Igreja judaica, que muito contribuiu para a generalizarão da imersão; quando um judeu se judaísmo, exigia-se dele não somente a circuncisão, mas também um banho preliminar.

A semelhança desse costume judaico, a Igreja pós-apostólica exigia dos convertidos um banho preliminar ao batismo.

No começo, esse banho, a que Justino Mártir dá o nome de lavatório (loutron) era praticado separadamente e não fazia parte do rito do batismo.

Todavia, generalizando-se a idéia de que a água lavava os pecados, esse banho preliminar adquiriu grande importância e se confundiu com o próprio batismo (Ver "Scripture Baptism" do Dr. Ashbel Fairehild, pag. 108).


Além de tudo isso, os batizandos eram imersos completamente nus. Wiliam Wall, na sua Historia do Batismo, declara que "os cristãos antigos, quando batizados por imersão eram batizados nus, fossem homens, mulheres ou crianças".

Sobre esse ponto não há nenhuma dúvida; os historiadores estão todos de acordo.

Joseph Bingham, cujo livro Antiquities of the Christian Church é ainda hoje uma autoridade, diz:

"Os antigos julgavam que a imersão, ou sepultamento na água, representava mais adequadamente, a morte, o sepultamento e a ressurreição de Cristo, como também a nossa própria morte ao pecado, e ressurreição para a retidão; e, que o despir ou tirar da roupa da pessoa batizada representava também o despir do corpo do pecado para ser revestido do novo homem que é criado na retidão e na verdadeira santidade.” (Antiquities, Livro XI, cap. XI, secção 1).
Nesse trecho vemos qual deve ter sido a origem da imersão na historia da Igreja. Aparece, na história intimamente ligada à regeneração batismal, à imersão trina e à imersão em estado de nudez. 

Os imersionistas de hoje já abandonaram os últimos três erros, mas ainda não renunciaram o quarto erro da imersão que a esses outros está intimamente ligado.

Nenhuma das novidades mencionadas no último parágrafo se encontra na Igreja apostólica. Não nos é licito concluir que a imersão tenha sido praticada na Igreja apostólica, pelo simples fato de ter aparecido bem cedo na historia da Igreja primitiva, visto como, apareceram, na mesma ocasião, outros costumes anti-bíblicos, como sejam a imersão trina em estado de nudez e a herética doutrina da regeneração batismal.

Para a nossa orientação, precisamos de apelar não para a historia, mas para o Novo Testamento. Cingindo-nos ao que encontramos no Novo Testamento, não vemos aí nenhum apoio para a imersão.

Que Paulo se refere ao batismo espiritual e não ao batismo com água em Romanos 6:3, 4 toma-se evidente por ele empregar a expressão batizados em Cristo e não batizados em nome de Cristo.

Ser batizado em nome de Cristo é uma expressão neotestamentária que se refere ao batismo cristão com água (Mateus 28:19, Atos 2:38, 8:16, 10:48; 19 :5).

O ser batizado em Cristo (eis Xriston) se refere a uma transação espiritual pela qual nos identificamos com Cristo. É essa a obra do Espírito Santo pela qual nos unimos com Cristo e daí em diante torna-se impossível a velha vida de pecados.

É este o argumento de Paulo; unidos com Cristo não podemos mais permanecer em uma vida de pecados. Batizados em Cristo significa que estamos ligados a Ele espiritualmente, como seus discípulos, para fazer a sua vontade.

Batizados em Moisés (eis ton Mousen) é uma expressão análoga. Os israelitas, pela dura, mas vitoriosa experiência da passagem do Mar Vermelho, ficaram unidos a Moisés como seus discípulos.

Apegaram-se a Moisés, aceitaram a sua direção e submeteram-se à sua autoridade. É por isso que Paulo diz deles que foram batizados em Moisés (1 Coríntios 10:2).

Por semelhante modo, o ser batizado em Cristo significa, não um batismo em água, mas antes que a pessoa assim batizada apega-se com Cristo, submete-se à sua autoridade e fica a Ele ligado para sempre. Daí resulta a impossibilidade de continuar no pecado.

Se Paulo se referisse ao batismo com água, em Romanos 6:3, 4, ele teria empregado a expressão neotestamentária que se refere a esse batismo e não a expressão espiritual que se refere ao batismo do Espírito Santo que nos une a Cristo em uma união tão vital como aquela que existe entre a vara e a videira.


Paulo também fala em sermos batizados em um só corpo (eis en soma). Esse batizar em um só corpo importa em uma identificação espiritual com esse corpo. O corpo de que se trata é o corpo místico de Cristo, isto é a sua Igreja invisível (1 Coríntios 12:12, 13, 27, 28).

Ser batizado nesse corpo quer dizer que com ele nos identificamos, tornando-nos membros da Igreja de Deus.

Nessa Igreja cada membro tem a sua função especial a desempenhar, mas o ponto principal é este, que o batizar-se nesse corpo é uma transação espiritual pela qual nos unimos e nos identificamos com a verdadeira Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O batizar em alguma pessoa ou em alguma coisa importa, no Novo Testamento, em uma íntima identificação espiritual com essa pessoa ou coisa.

De acordo com o que acabamos de expor, a argumentação de Paulo em Romanos 6:3 torna-se bem clara; o batizar em Cristo nos une intimamente com Ele e também importa em sermos batizados na sua morte (eis ton thanaton), isto é, somos identificados com a sua morte, pela fé nela, de tal maneira que derivamos dela benefícios espirituais, a saber, a morte do velho homem e a ressurreição do novo.

O batismo que nos une a Cristo e nos faz participantes dos benefícios espirituais da sua morte é necessariamente um batismo espiritual. A referência de Paulo é, pois, ao batismo com o Espírito Santo e não ao batismo com água.

Na nova versão do Novo Testamento do padre dr. Huberto Rohden encontra-se uma interessante confirmação do fato de estar a interpretação imersionista de Romanos 6:3,5 intimamente ligada a doutrina católica romana da regeneração pelas águas do batismo.

O dr. Rohden traduz a expressão batizados em Cristo, do original, por submersos na água batismal em Cristo e o batizados na sua morte por submersos na sua morte. Esta tradução é, mais uma interpretação imersionista do que uma tradução e é, ao mesmo tempo, uma evidente deturpação do pensamento do apóstolo Paulo.

O apóstolo está ensinando que os espiritualmente ligados a Jesus não podem continuar no pecado, visto como, pela sua intima união com Cristo, também se ligaram à sua morte e ressurreição, isto é, de tal maneira se identificaram com a morte e ressurreição de Jesus que morreu o velho homem e ressuscitou o novo.

Esse novo homem não pode continuar no pecado, mas terá de andar em novidade de vida. Não são os batizados em água que começam uma nova vida, mas os ligados a Jesus.

Os seguintes comentários do padre Rohden tornam ainda mais evidente a ligação intima que existe entre a interpretação imersionista e a doutrina herética da regeneração pela água:

"Costumava-se, geralmente, naquele tempo, administrar o batismo por imersão, razão porque o apóstolo o compara a um sepultamento. A submersão do batizado nas águas simboliza a descida do corpo de Cristo ao seio da terra; a emersão do batizado das águas significa a ressurreição de Cristo das trevas do sepulcro.

Ora, do mesmo modo que Jesus Cristo, após a ressurreição, já não torna a morrer, assim deve também o discípulo de Cristo, depois de batizado, preservar-se da morte moral do pecado, levando uma vida imortal pela graça santificante, agora, e, um dia pela gloria celeste.

Assim como o defunto já não é atingido pelos dispositivos da lei, de modo análogo, quem pelo batismo morreu ao mundo com Cristo, deve estar isento do poder do pecado, É esta a gloriosa liberdade do evangelho".

E comentando Colossenses 2:12, afirma o padre Rohden:

"A verdadeira circuncisão consiste na mortificação das paixões sensuais, e tem o seu inicio no batismo, onde é sepultado o homem velho, para ressuscitar o homem novo".

Eis aí uma demonstração viva do fato que a interpretação imersionista do sepultados com Cristo no batismo resulta na heresia católica romana da regeneração batismal.


Resumo do estudo
Ao terminar este quarto estudo, daremos um resumo das razões porque não podemos aceitar a interpretação que os nossos irmãos imersionistas dão a Romanos 6:3, 4 e Colossenses 2:12 e porque achamos ser o lavar dos nossos pecados a idéia essencial para ser simbolizada pelas águas do batismo.

1 - A água é um símbolo mais apropriado para representar uma lavação do que um sepultamento. É da experiência comum de todos os dias lavar com água, mas não é muito comum sepultar em água.

2 – O batismo de Romanos 6:3,4 e Colossenses 2:12 é espiritual, visto como, produz novidade de vida que é um resultado espiritual. Um sepultamento em água não pode produzir esse resultado.

3 - O batismo de Romanos 6:3,4 é espiritual, porque, nesse passo, Paulo emprega a expressão Batizados em Cristo e não em nome de Cristo. Esta última se refere, no Novo Testamento, ao batismo com água e a primeira é de significação espiritual.

4 - O batismo de Colossenses 2:11.12 é espiritual porque Paulo o denomina a circuncisão não feita por mãos. O que não é feito por mãos é incompatível com qualquer fenômeno físico, como a imersão em água.

5 - Tanto em Romanos 6:3,4 como em Gálatas 2:12 Paulo compara o sepultamento e a ressurreição de Jesus ao nosso sepultamento e ressurreição espirituais; assim como Cristo morreu e ressuscitou, assim também o nosso velho homem tem de morrer e terá de ressuscitar um novo homem, preparado para andar em novidade de vida e impossibilitado para continuar no pecado.

A comparação feita por Paulo é simples e completa. A introdução de um terceiro elemento de comparação, como seja o batismo em água, de maneira nenhuma reforça o argumento, mas antes confunde-o e deturpa-lhe o sentido, visto como, a ideia de uma nova vida resultante de um batismo com água é pensamento completamente alheio à argumentação do grande Apóstolo das Gentes.

6 – Se o batismo com água é simbólico de uma lavação, não pode, ao mesmo tempo, simbolizar um sepultamento e um revestimento (Gálatas 3:27), como entendem alguns comentadores imersionistas. 

Não é possível que um só símbolo sirva para dramatizar ou representar, a um só tempo, as ações de uma pessoa que se veste, que se lava e que está sendo sepultada. Há incongruência nessas figuras mistas.

7 - Nas passagens do Novo Testamento em que há incontestáveis referencias ao batismo com água não se liga nunca esse batismo com a idéia de sepultamento e ressurreição, mas antes com a idéia de lavação de pecados, como demonstram os nossos estudos anteriores a este.

8 - A imersão em água não representa com exatidão o sepultamento e a ressurreição de Jesus, como querem os imersionistas. 

Insistem que o batismo em água deve ser feito, à semelhança do sepultamento e da ressurreição de Jesus e, no entretanto, Jesus, no seu sepultamento não foi colocado debaixo da terra e sim lateralmente em uma sepultura aberta em uma rocha, a qual tinha uma entrada que podia ser tapada com uma pedra (Mateus 27:60).

Não puseram nenhuma terra sobre o corpo de Jesus. Há pouca semelhança entre uma imersão e o sepultamento de Jesus.

Se nos disserem que estamos fazendo uma questão de palavras e de detalhes de importância secundaria, responderemos que nós não fazemos questão do modo do batismo, mas aqueles que fazem questão devem ser coerentes e devem insistir que se faça o batismo simbólico exatamente à semelhança do sepultamento de Jesus.

9 - Os próprios imersionistas admitem que no batismo se representa a lavagem dos nossos pecados e disso encontramos abundantes provas no Novo Testamento, como já tivemos ocasião de verificar.

10 - Para que houvesse em Romanos 6 e Colossenses 2 uma alusão a um batismo por imersão, seria preciso que fosse verificada a existência de tal batismo no tempo de Paulo. Os nossos estudos bíblicos provam que não há, em todo o Novo Testamento, um só caso demonstrável de batismo por imersão.

11 - O batismo por imersão apareceu, ao certo, pela primeira vez, em tempos pós-apostólicos em companhia da doutrina herética da regeneração batismal. Submetia-se o batizando a uma imersão trina, em estado de completa nudez.

É provável que a imersão, como modo de batizar, tenha tido a sua origem no banho preliminar que os judeus davam aos seus prosélitos, quando os admitiam como adeptos, e na ideia popular de que as águas batismais podiam lavar os pecados, julgando-se, neste caso, que muita água produziria melhor efeito do que pouca.

A conclusão de tudo é, que o batismo cristão deve simbolizar somente a lavação dos nossos pecados pela instrumentalidade do Espírito Santo e não um sepultamento e ressurreição.

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