1º Samuel


O quadro histórico
Dez séculos antes da era cristã. Mais de quatrocentos anos são decorridos desde a conquista de Canaã sob Josué.

Etapa sombria em que Israel se afasta de Deus para adorar os ídolos, entrecortada por curtos períodos, luminosos em que Israel volta ao Senhor, sob a influência de instrumentos usados por Deus como Otniel, Eúde, Baraque, Débora, Gideão ou Jefté (confira Hebreus 11:32).

O relato ao primeiro livro de Samuel inscreve-se no quadro da última declaração do livro dos Juízes: "Naqueles dias não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto" (Juízes 21:25).

Efetivamente, desordem, anarquia e esquecimento de Deus caracterizaram o tempo em que Ana, futura mãe do profeta, dirigiu-se à casa do Senhor para pedir-Lhe que lhe desse um filho.

A personalidade de Samuel
Como indica seu nome em hebraico, "Deus respondeu" (confira 1:20), Samuel nasceu em resposta à oração. Entregue ao Senhor por todos os dias de sua vida (1:28), ele foi o instrumento de que Deus precisava em uma época de falta de moral e declínio do sacerdócio.

Chamado a denunciar a desordem que reinava na família do sacerdote Eli, Samuel apresentou-se a Israel, ao mesmo tempo, como o último dos juízes (cap. 7:15-17) e o primeiro dos profetas (cap. 9:9).

O sacerdote em exercício não era mais digno de representar o Senhor, mas Deus não fica sem testemunha diante de Seu povo; caberá a Samuel assegurar a transição entre o ministério sacerdotal e as funções da realeza.

O profeta prestará seu testemunho por ocasião do trágico fim da família de Eli (4:10-22), depois viverá bastante tempo para ter um papel decisivo durante todo o reino de Saul (cap. 8-15) e o começo da carreira de Davi.



O autor dos dois livros
O texto sagrado fixa a época da morte de Samuel (cap. 25:1). Foi bem antes de Davi ser aclamado rei. Os dois livros de Samuel não podem, pois, ter sido redigidos em sua totalidade pelo profeta.

Aliás, a Escritura considera Samuel como o primeiro de uma série de profetas: “Todos os profetas, a começar com Samuel, assim como todos quantos depois falaram..." (Atos 3:24).

É provável que ele tenha começado a redação deste texto e que um ou muitos outros desconhecidos tenham sido chamados depois dele, sob o mesmo impulso do Espírito Santo (2 Pedro 1:21).

As três grandes seções em 1 Samuel
Três divisões principais notam-se neste livro:
1 - Samuel, juiz fiel, no tempo de Eli, sacerdote infiel, cap. 1-7.
2 - Saul, rei ambicioso, no tempo de Samuel, profeta humilde, cap. 8-15.
3 - Davi, servo íntegro rejeitado pelos homens, no tempo de Saul, rei desobediente rejeitado por Deus, cap. 16-31.

O declínio do sacerdócio (cap. 1-7)
No tempo do sacerdote Eli, explica o texto, a Palavra do Senhor era mui rara (3:1): homens que deveriam ouvi-la não eram mais dignos de recebê-la, e ainda menos de proclamá-la.

Samuel, porém, desde a infância estivera pronto a escutá-la (3:10). Eis porque o Senhor quis revelar-Se a ele (3:21); todo Israel o reconheceu (3:20;4:1).

Justamente neste instante a arca da aliança foi tomada pelos filisteus e abateu-se sobre toda a nação o sinistro "Icabode" (Foi-se a glória de Israel, cap. 4).

Contudo, o poder divino agiu miraculosamente sobre os filisteus, constrangendo-os a devolver a arca a seus legítimos possuidores (cap. 5-7).

E durante todo esse período obscuro, Samuel teve, sozinho, a responsabilidade da mensagem de Deus (7:15-17), esperando a nova missão da qual seria encarregado.



O reino de Saul (cap. 8-15)
O profeta foi efetivamente chamado a ungir um rei sobre Israel. O advento da monarquia marcou uma nova fase na história do povo eleito, a qual se prolongou durante mais de quatro séculos.

Pedindo um rei, os israelitas rejeitaram o Senhor (cap. 8). Samuel os fez compreender isso. Depois Saul, filho de Quis, foi o homem designado (cap-9-10).

Enquanto permaneceu humilde, Deus serviu-se dele, (cap. 11-12). Mas desde que se entregou à impaciência (cap. 13), ao orgulho (cap. 14) e à desobediência (cap. 15), o Senhor Se afastou dele e o rejeitou (13:13; 15:10-23 ;16:1), transferindo Sua escolha para Davi, homem segundo o Seu coração (13:14; Atos 13:22).

Início do ministério de Davi (cap. 16-20)
Nova etapa: 1 Samuel 16 mostra-nos Davi escolhido por Deus e ungido por Samuel, enquanto guardava as ovelhas de seu pai, Jessé. 1 Samuel 17 conduz-nos ao campo de batalha em que o jovem belemita vence o gigante Golias.

Entretanto, desde o capítulo 18, Davi é o objeto da inveja e do ódio de Saul, que o persegue, e obriga o futuro rei de Israel a fugir para as montanhas.

Deus não concede a nenhum de Seus discípulos uma coroa de glória se ele não aceitar primeiro a coroa de espinhos: só o o caminho da fé, da obediência e do sacrifício conduz ao trono. “Se com Ele sofremos, para que também com Ele sejamos glorificados” (Romanos 8:17).

A rejeição de Davi (cap. 21-30)
Antes de reinar, Davi teve que conhecer a rejeição e o exílio. Foram anos de sofrimento e aflições, em que sua fé foi posta à prova.

Mas não foi tempo perdido: através dessas dificuldades Deus formava Seu instrumento para o futuro (confira 1 Pedro 5:10; 2 Coríntios 4:17-18).

No cap. 21, Davi se refugia junto ao rei dos filisteus, em Gate, a pátria de Golias; para escapar a morte certa, ele se finge de louco; triste quadro do ponto em que cai o cristão quando está fora de seu lugar!

Mas os capítulos 22 e 23 nos mostram Davi transformado em chefe dos que estão em angústia e libertador das cidades oprimidas. Deus o guia passo a passo.

Nos capítulos 24-26 ele vive tão perto de Deus que poupa duas vezes a Saul, seu adversário, sabendo que a vingança não lhe pertence.



Os Salmos que datam dessa época são testemunhos de sua comunhão com Deus. Davi os intitula expressamente: "Não destruas" (Salmos 57, 58 e 59).

Os capítulos 27 a 29 nos mostram um novo eclipse da fé de Davi, que se refugia junto aos filisteus. Aí Davi engana os que o rodeiam e se torna odioso, massacrando vítimas inocentes, situação que o conduz ao desespero (cap. 30).

Somente então o futuro rei de Israel se levanta, reencontrando a confiança em seu Deus. Resulta disso uma vitória magnífica, prelúdio de sua próxima coroação.

A morte de Saul (cap. 28 e 31)
1 Samuel 28 expõe as razões pelas quais Deus permitiu que Saul fosse ferido no campo de batalha. 1 Samuel 31 descreve sua morte. Não há mais nenhum obstáculo para que Davi ocupe o trono, assunto principal do 2º livro de Samuel.

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