Deuteronômio



“Não lavrarás com junta de boi e jumento” – Deuteronômio 22:10 
O título do livro 
Na versão hebraica original, o Deuteronômio ê denominado: "Eis as palavras" (cap. 1:1). Não é de admirar, pois, que toda a ênfase do livro esteja sobre as palavras de Deus, reclamando para elas confiança e obediência. 

O tema e a época 
Enquanto o livro de Números descreve os acontecimentos da história de Israel, que se deram durante 38 anos de peregrinação no deserto, o Deuteronômio começa seu relato no 11º mês do 40º ano após a saída do Egito (1:3). Moisés sabe que não atravessará o Jordão. 

Na véspera de sua morte, antes de transmitir seu testamento espiritual (cap. 28-34) ao povo, reúne-o para lembrar-lhe as intervenções de Deus durante sua viagem (cap. 1:11), bem como as instruções do Todo-Poderoso (cap. 12-27). 

A finalidade do livro 
Deuteronômio é a palavra grega que significa "segunda lei". A nova geração que ia entrar em Canaã não era nascida quando os dez mandamentos e as outras ordenanças da lei foram promulgadas no monte Sinai. 

Esta repetição não é, pois, supérflua. Ela foi um enriquecimento para a nova geração de Israel... Meditar nela será igualmente um grande enriquecimento para a juventude, que é convidada a ler esse livro magnífico. 



Uma advertência aos conquistadores de Canaã 
Verificamos logo que há alguma coisa de patético nas exortações do grande legislador: ele não entrará no país da promessa, mas está tão perto de Deus que o futuro não lhe escapa; sabe que o momento de sua morte se aproxima, e que depois de sua partida, o povo esquecerá seu ensinamento, abandonará o Senhor e se corromperá na idolatria.

Israel conquistará Canaã, mas Canaã também conquistará Israel, impondo-lhe seus falsos deuses; seguir-se-ão séculos de desobediência e apostasia. 

Essa perspectiva explica a insistência de Moisés e seu constante convite para uma decisão ao lado do Senhor; mostra também por que, no Deuteronômio, as maldições parecem eclipsar as bênçãos (cap. 28), tendo aí as notas negativas sempre um grande lugar (cap. 27). 

A carta do futuro do povo de Israel 
Mas o Espírito Santo vai mais longe nesse livro: toma o cuidado de estabelecer as bases morais e espirituais de toda a história judaica. 

Quando Israel puser em prática a Palavra de Deus, conhecerá a prosperidade; quando se afastar dela, virão as infelicidades, as perseguições, o exílio e o anti-semitismo com tudo o que ele traz. 

Os princípios estabelecidos pelo Deuteronômio têm sido provados através dos séculos na sobrevivência milagrosa do povo eleito. 

Uma bênção em Jesus Cristo 
Contudo, a divina solução para tanto sofrimento reside na Pessoa do Messias, apresentada em particular em Deuteronômio 18:15-20; a Palestina é o cenário em que Ele Se manifestará, quando as doze tribos receberem cada uma a bênção particular anunciada por Moisés em Deuteronômio 33. 



Um paralelo com o Novo Testamento 
Observação importante: o 5º livro da Bíblia aplica-se a nós também. Os perigos dos israelitas na entrada de Canaã são os nossos. Além disso, nenhum livro do Velho Testamento é tão citado pelo próprio Senhor Jesus Cristo. 

O apóstolo Paulo, por sua vez, emprega a linguagem de Moisés, dirigindo-se aos Efésios: "Eu sei que, depois da minha partida, entre vós penetrarão lobos vorazes que não pouparão o rebanho. 

E que, dentre vós mesmos, se levantarão homens falando cousas pervertidas para arrastar os discípulos atrás deles. Portanto, vigiai, lembrando-vos de que por três anos, noite e dia, não cessei de admoestar, com lágrimas, a cada um" (Atos 20:29-31). 

Como vivemos num período da história em que os perigos são muito graves, tomemos maior cuidado com as palavras do grande profeta de outrora: "Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti que te propus a vida e a morte, a bênção e a maldição: escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e tua descendência", Deuteronômio 30:19-20

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