2 – A IGREJA
[a] Extensão da Igreja
Entre o ano 100 A.D. e o reinado de Constantino o cristianismo alcançou maravilhoso progresso. Em 313 era a religião dominante na Ásia Menor, região muito importante no mundo de então, como também na Trácia e na longínqua Armênia.
A Igreja se constituíra uma influência civilizadora muito poderosa na Antioquia, na Síría, nas costas da Grécia e Macedônia, nas ilhas gregas; no norte do Egito, a província da África na Itália, no sul da Gália e na Espanha.
A Igreja se constituíra uma influência civilizadora muito poderosa na Antioquia, na Síría, nas costas da Grécia e Macedônia, nas ilhas gregas; no norte do Egito, a província da África na Itália, no sul da Gália e na Espanha.
Era menos forte em outras partes do império, Inclusive a Britânia. Era fraca, naturalmente, nas regiões mais remotas, como a Gália central e ao norte.
Em todas essas regiões a Igreja alcançou povos das mais variadas línguas, que não faziam parte da civilização greco-romana. “O cristianismo já se mostrara mais inclusivo do que qualquer outra tradição cultural”.
O cristianismo não tinha alcançando somente os limites do império; mesmo o leste da Síria e a Mesopotâmia receberam Influência poderosa.
O Cristianismo introduziu-se em todas as classes soais. Passara já o tempo de só se encontrarem cristãos entre as classes paupérrimas e iletradas. A Igreja contava também não poucas pessoas das classes altas e ricas. Eram numerosos os cristãos na corte imperial e entre os elementos do governo.
Não obstante haver na Igreja forte opinião de que o Cristianismo era incompatível com a profissão dês soldado, eram muitos os cristãos no exército durante o II século; e eram numerosíssimos os soldados cristãos ao tempo de Diocleciano.
Muitos homens de alta cultura tinham-se tornado discípulos e usaram sua influência para desenvolver a causa cristã. A classe mais poderosa no cristianismo era, porém, constituída de artesãos, pequenos negociantes, proprietários de pequenas terras, todos pessoas humildes.
Quem contribuiu para este extraordinário crescimento do cristianismo? No início deste período, como no primeiro século, houve muitos missionários itinerantes que foram os pioneiros do cristianismo. Pelo ano de 200 A.D. eram, porém, poucos esses heróis.
Os apologistas ou defensores intelectuais do cristianismo realizaram uma grande obra missionária. Um deles foi Justino, o Mártir (100-165). Era um grego natural da Palestina. Demonstrou sua origem grega, percorrendo as várias escolas filosóficas à procura da verdade.
Numa dessas viagens, encontrou-se com um notável cristão que o fez compreender que o clímax da verdade que ele procurava, encontra-se em Cristo.
O resto da sua vida, até o seu martírio, Justino levou viajando como os filósofos de então, ensinando o cristianismo como a filosofia perfeita. Escreveu também muitos livros com o propósito de explicar a verdade cristã aos pesquisadores pagãos.
Outro apologista notável foi Tertuliano (160-320), advogado cartaginês, já em meia idade, convertido ao cristianismo.
Era portador de dons extraordinários, de pensamento agudo, de linguagem vigorosa, elegante, vívida e satírica. Esses dons, aliados a um zelo profundo por Cristo e um severo senso de moralidade, deram-lhe notável e poderosa influência.
Em muitos escritos refutou falsas acusações contra os cristãos e o cristianismo, salientando o poder da verdade cristã.
Os homens que realizaram o trabalho de mestres nas igrejas foram de uma utilidade extraordinária no desenvolvimento do cristianismo daqueles dias. Exemplo notável de mestre foi Orígenes de Alexandria (185-253).
Nascido de pais crentes, recebeu a melhor educação que era possível obter naquela época. Na cultura e poder intelectual não houve quem o superasse no seu tempo. Ele e Tertuliano foram dois maiores homens na Igreja do II e III séculos.
Com apenas dezoito anos de idade, Orígenes tornou-se mestre de uma escola de catequese da igreja de Alexandria. Veio a ser ali uma fortaleza que tornou o cristianismo conhecido dos cristãos e não-cristãos.
Escreveu muitos livros que expunham as verdades evangélicas, inclusive bom número de comentários de alguns livros da Bíblia e que ainda são de valor para os estudiosos. Na perseguição movida pelo imperador Décio, foi vítima de grandes crueldades que apressaram sua morte.
Todavia, a maior parte da obra que contribuiu poderosa e decisivamente para espalhar a causa da cruz, foi realizada pelos cristãos em geral.
Por suas vidas, especialmente pelo seu grande amor fraternal e também pelo amor aos descrentes, pela fidelidade e coragem sob as perseguições e pelo testemunho oral da história do Evangelho, estes desconhecidos servos de Cristo trouxeram aos pés do Salvador a quase totalidade dos que foram ganhos para a causa do Evangelho naquele tempo.
Nunca faremos uma apreciação segura das conquistas que a Igreja fez nestes séculos se esquecermos que elas foram alcançadas em meio à mais feroz perseguição: A partir de Nero (54-68) o governo romano hostilizou tenazmente o Cristianismo. Qual a causa dessa atitude?
O governo permitia a livre prática de muitas religiões. Mas o Cristianismo era diferente das outras religiões. Os crentes prestavam obediência e lealdade supremas ao seu Salvador. E para os romanos, o Estado era a suprema força e a religião, uma forma de patriotismo.
Os deuses reconhecidos pelo Estado eram cultuados com o objetivo de beneficiarem o governo e a nação. Qualquer adepto de outra religião estava disposto a prestar tributo aos deuses nacionais, ao mesmo tempo que realizava o seu próprio culto.(1)
Mas o Cristianismo era exclusivista. Não condescendia em prestar culto a outra divindade. Os cristãos sustentavam a inutilidade dos deuses, exceto o que eles adoravam. De modo algum prestariam culto aos deuses romanos, por ordem do Estado.
Jamais colocariam César acima de Cristo. Podemos entender por que, aos olhos dos governos romanos, o cristianismo parecia um ensino desleal e perigoso para o Estado e para a sociedade.
Assim os cristãos foram acusados de anarquistas, sacrílegos, ateus e traidores. O governo então hostilizava o cristianismo porque o considerava uma ameaça ao Estado Supremo.
Usava de um meio muito conveniente para pôr a prova a lealdade dos cristãos, Estes eram trazidos a juízo e obrigados a participar das cerimônias da religião do Estado, na adoração das estátuas de Roma e dos imperadores.
Quando os cristãos, naturalmente, se recusavam a prestar esse culto, as autoridades os consideravam traidores. Era bastante alguém confessar: "Sou cristão", para tal testemunho constituir desobediência ao Estado.
Dois fatos contribuíram para aumentar a oposição oficial ao Cristianismo: primeiro, seu crescimento a despeito da repressão; segundo, suas principais reuniões, como a Ceia do Senhor eram realizadas a portas fechadas. A Igreja parecia aos olhos do governo uma perigosa sociedade secreta que crescia assustadoramente.
Por muito tempo o governo fez as vezes do povo no ataque ao cristianismo. Até o III século, quando os cristãos se tornaram mais bem conhecidos, o cristianismo era odiado pelo povo.
O repúdio dos cristãos ao culto do Estado, símbolo de patriotismo, tornava-os traidores aos olhos do povo. Era como se alguém se recusasse a estar homenagem à bandeira da sua pátria.
Os cristãos repudiaram todos os deuses antigos, cujo culto era considerado necessário para a felicidade social. A sociedade tinha muitas fases da sua vida ligadas a essas formas de culto.
Os cristãos, por essa razão, eram tidos como a pior classe de revolucionários, destruidores dos fundamentos da civilização; não obstante serem, como afirmavam e o eram, sujeitos e obedientes às outras leis.
Os cristãos consideravam-se um povo à parte, escolhidos peculiarmente por Deus, e agindo como tais, não se conformavam com os costumes populares, naquilo em que a religião cristã os impedia. Essa atitude criou um ambiente hostil.
Boatos de indecências praticadas pelos cristãos em suas reuniões de caráter privado aumentaram a hostilidade pública que se traduziu em ataques violentos da população, ataques de que os oficiais do governo, algumas vezes, os livraram.
Não houve uma perseguição continua, de Nero a Constantino. O tratamento dado aos cristãos variava de acordo com as atitudes dos imperadores ou de governos regionais.
Houve muitas épocas de trégua em certas regiões ou no império todo. Mas durante todo o tempo o cristianismo esteve fora da lei e em qualquer ocasião os cristãos podiam ser presos e acusados diante de um magistrado.
A recusa de participação no culto oficial significava tortura e, para os obstinados, a morte. Nenhum cristão, nesses séculos, pôde viver sem sofrer perseguição, de um modo ou de outro.
Até a primeira parte do III século, os ataques ao Cristianismo eram principalmente de caráter local. Depois de se experimentar a paz por uma geração, desencadeou-se a pior perseguição jamais sofrida, sob o governo de Décio e seus dois sucessores (250-260)
Lançaram eles mão de todo o poder de que dispunham numa tentativa sistemática e impiedosa de varrer o cristianismo do império romano.
Milhares foram martirizados e milhares abandonaram a fé. A Igreja estava seriamente ameaçada, enfraquecida e em perigo mortal quando a perseguição foi suspensa pelo imperador Galieno. Seguiu-se, então, a "Pax Longa" (260-303), durante a qual a Igreja muito conseguiu em número, poder e organização.
Assim, ela ficou habilitada a suportar a última das perseguições, sob Diocleciano. Esta foi cuidadosamente organizada e ferocíssima, mas de pouca duração em algumas partes, prejudicando, relativamente pouco, a Igreja.
Em 311, apareceu um Édito de Tolerância, publicado por Galério, imperador no oriente, no qual se reconhecia a insânia da perseguição aos cristãos.
Dois anos mais tarde, o Édito de Milão, de Constantino e Licínio, imperadores do ocidente e do oriente, estabelecia a liberdade religiosa para todos. Tal édito foi destinado a pôr fim à perseguição ao cristianismo.
[b] A Vida na Igreja
Essas grandes perseguições tiveram como resultado moldar em grande parte o caráter moral da igreja. Só uma pessoa zelosa e fiel professaria a fé em Cristo quando tal ato constituía hostilidade ao governo. A vida cristã foi assim mantida num alto nível moral.
Durante os períodos de paz, muita gente entrava na Igreja. Muitos, porém, sem a verdadeira conversão, o que resultava no rebaixamento do nível moral da Igreja. Voltando a perseguição, os fracos desistiam ante o terror e o sofrimento que tinham de enfrentar por amor a Cristo.
Desse modo a Igreja era expurgada dos membros nominais e os fiéis se tornavam mais vigorosos no testemunho do Senhor.
No II e III séculos o caráter geral dos cristãos permaneceu como desde o princípio, bastante elevado, o que os tornava distintos do resto do mundo. Não obstante haver algumas exceções, os cristãos, em geral, eram conhecidos por sua moralidade superior. A fraternidade cristã, a pureza, a honestidade, a bondade eram os seus principais característicos.
O mundo ficou especialmente impressionado com a expressão de amor fraternal desses cristãos, qualidade esta que era estranha para o mundo.
Era comum a necessidade entre eles, pois havia muitos pobres. As perseguições deixavam muitas viúvas e órfãos provocavam confiscação de bens.
O amor cristão supria essas necessidades. Em épocas de calamidade, como pestilências, etc, os cristãos cuidavam dos necessitados, sem distinção, numa era quando ninguém se atrevia a fazê-lo.
Nesses dois séculos apareceram duas tendências que mais tarde influenciaram poderosamente a vida dos cristãos. Uma delas foi ascetismo o que vem a ser a disciplina do caráter alcançada pela abstenção voluntária de coisas que em si mesmas são lícitas.
Havia pessoas que jejuavam e renunciavam à vida em sociedade por uma existência solitária. Pensavam desse modo que seria possível alcançar uma justiça especial.
A outra tendência foi o legalismo. Era uma interpretação do sentido moral da religião, como obediência a certas leis e regras definidas.
Os legalistas oravam muito e jejuavam em certos dias da semana e davam esmolas regularmente. A liberdade da vida cristã ensinada por Paulo foi, de certo modo, substituída por um sistema de regras e práticas de certas obras.
Já fizemos referência ao fato de que no intervalo das perseguições, gente não convertida, por alguma razão unia-se à Igreja, rebaixando, assim, o nível médio do caráter dos cristãos.
Isto tornou insatisfeitos muitos cristãos sinceros, fiéis. Entristeceram-se eles com o padrão de vida que a Igreja estava permitindo existir no seu seio.
Surgiu, desse modo, uma distinção que criou dois tipos de conduta cristã. As "exigências" do Evangelho eram para os cristãos em geral, Os “avisos” do Evangelho, para os que aspiravam a uma vida espiritual mais perfeita.
Havia, então, em processo, um duplo padrão de vida cristã; as "exigências" constituíam a simples guarda de certas regras e preceitos da Igreja; os "avisos" eram para os que desejavam uma vida ascética de voluntária abstenção com o fim de alcançar ainda mais santidade. Os elementos de realce dessa vida moral mais elevada, eram: pobreza e celibato.
[c] O Culto e os Sacramentos da Igreja
Pelos meados do século II era já costume estabelecido ter-se, no Dia do Senhor (Domingo), uma reunião para a leitura da Escritura, oração, cânticos de salmos e hinos e pregação, encerrando-se tudo com a Ceia do Senhor.
Como este fosse um dia comum de trabalho, as reuniões eram pela manhã muito cedo. A primeira parte dos serviços religiosos tinha caráter público, mas somente os crentes podiam estar presentes a ministração dos, sacramentos.
Nos II e III séculos, começaram a aparecer certas fórmulas para oração, liturgias ou ordens expressas de culto.
Já ao fim do II século, o batismo era ministrado com um ritual elaborado. Surgiu a crença de que o batismo lavava os pecados. A Ceia do Senhor ou Eucaristia começou a ser ministrada por meio de uma certa forma liturgia.
Especulações sobre o seu significado deram origem, no III século, a uma doutrina que tinha duplo aspecto. Primeiro, a Ceia era considerada um sacramento em que Cristo estava realmente presente, de sorte que o comungante tinha comunhão pessoal com Ele.
Segundo, era considerada também um sacrifício que movia o sentimento de Deus a favor dos comungantes e daqueles por quem estes orassem.
[d] A Crença da Igreja
Neste período a Igreja começou a desenvolver e aprofundar seu pensamento sobre os elementos fundamentais da sua fé, pesquisas estas que deram origem aos credos dos IV e V séculos.
O primeiro impulso para isto procedeu do Gnosticismo. No II século, este movimento espalhou-se no oriente, especialmente na Ásia Meno.
O Gnosticismo era uma teoria muito aproximada do cristianismo, por isto mesmo muito perigosa. Ao mesmo tempo, se distanciava da doutrina cristã, pois negava que Deus fosse o Criador do mundo e dos homens, como também negava que Cristo tivesse tido uma vida física real.
Para que os catecúmenos ou candidatos ao batismo fossem devidamente instruídos, como também para defender o cristianismo dos erros dos gnósticos, foram estabelecidas certas declarações breves sobre o que constituía objeto de fé para os cristãos.
Certos credos, muitos semelhantes ao Credo dos Apóstolos apareceram em vários lugares durante o II século. É natural que muitos deles viessem a se constituir, substancialmente, regra de fé da Igreja e, como tal, fossem geralmente aceitos.
Cristo era o supremo objeto do pensamento cristão, pois era o alicerce e a força do cristianismo. As idéias que a seu respeito surgiram, foram simplificadas nestes dois aspectos: sustentar a crença em um único Deus e dar a Cristo o lugar que lhe era devido.
[e] A organização da Igreja
Organização Eclesiástica Local
Como, vimos, no I século não havia um padrão uniforme de organização eclesiástica. Algumas igrejas eram governadas por grupos de presbíteros ou bispos auxiliados pelos diáconos. Já nos meados do II século havia uniformidade de organização.
Praticamente, cada igreja tinha um bispo que a dirigia, além do grupo de presbíteros e diáconos. A palavra "bispo", aqui, não deve ser mal entendida. Esses bispos não tinham sob seu governo, distritos ou zonas. Eram pastores, cada qual da sua igreja.
É fácil de verificar como isso procedeu do sistema de governo exercido pelos dois grupos. Em certos casos, um só homem pode dirigir melhor do que vários.
A Igreja Católica
Vimos como no primeiro século as igrejas eram independentes. Não havia governo que exercesse autoridade sobre mais de uma igreja.
No segundo, ainda permaneceu a mesma situação. Mas no terceiro quartel do segundo século, começou a surgir uma organização que depois veio a ser conhecida como Igreja Católica. O termo "católica" quer dizer universal.
Esta foi uma federação ou associação de igrejas que eram ligadas por um acordo formal com três aspectos. No I século, as igrejas tinham uma unidade espiritual através do amor, unidade baseada na fé em Cristo. No II século, além da unidade espiritual havia também uma unidade externa.
As igrejas que faziam parte da associação chamada "católica" eram unidas, primeiro, por terem uma só forma de governo, i.é., bispos, presbíteros, diáconos; segundo, pela adoção, de um só credo, substancialmente o Credo dos Apóstolos; e terceiro, por todas reconhecerem e receberem uma só coleção de livros do Novo Testamento.
Havia Igrejas que não tinham a forma de governo acima descrita, nem concordavam todas com o mesmo credo, nem recebiam alguns dos livros aprovados. Essas igrejas eram reputadas pela Igreja Católica como heréticas.
A organização da Igreja Católica tornou-se necessária em face de um grande perigo. O gnosticismo lançava confusão nas massas a respeito da verdade cristã. Outro movimento estava também produzindo dissensão: o Montanismo.
Os montanistas desejavam uma igreja como a do I século, sob a direção e governo direto do Espírito Santo. Sustentavam que as autoridades da igreja estorvavam a ação do Espírito, e se opunham ao poder sempre crescente que se desenvolvia no ministério.
A crença deles a respeito da direção imediata do Espírito, levou-os a uma estranha e fanática emissão, de sons palavras. Para preservar a religião cristã de se perder na confusão, foram necessários certos meios de unidade externa.
O meio que lançaram mão foi a organização da Igreja Católica, uma instituição que pretendia possuir autoridade para definir a religião cristã a exercer essa autoridade, excluindo do seu seio os que se recusassem a lhe obedecer. Esse fato teve resultados funestos posteriores mas era necessário naquele tempo.
Outro desenvolvimento na organização da Igreja
Durante estes séculos verificaram-se várias mudanças na atitude do ministério. A distinção entre um clérigo e um leigo, desconhecida no primeiro século, (2) foi aparecendo gradualmente.
Bispos, presbíteros e diáconos eram separados, distintos, na posição que ocupavam, dos demais membros das igrejas.
O desenvolvimento da ideia de uma moral mais alta, deu lugar a crença de que o clero deveria ser celibatário. Isto veio a se constituir lei na Igreja ocidental no IV século.
Nas igrejas maiores começaram a aparecer clérigos oficiais de graduação inferior, tais como sub-diáconos e leitores. No ano 251 a Igreja de Roma, a maior das igrejas, tinha para mais de 150 clérigos de vária categorias.
A ideia de que o ministro cristão é um sacerdote, i.é., que ele permanece entre o homem e Deus, começou a prevalecer no III século.
Tal ideia correu paralela com a crença de que a Ceia do Senhor é um sacrifício oferecido a Deus em favor do povo. Naturalmente a ideia de sacerdócio ligava-se especialmente à pessoa do bispo.
O ofício de bispo era então muito elevado. Atribuiu-se-lhe autoridade divina que o capacitava a ensinar a verdade cristã sem cometer erros.
Atribuiu-se-lhe mais poder divino para declarar os pecados perdoados. Vimos que em algumas igrejas teve lugar uma centralização de poder pela qual um dirigente tornou-se o único cabeça da igreja local.
A este, seguiu-se outro passo na centralização. No II século o bispo era o pastor de uma igreja, numa cidade. À proporção que crescia o número de crentes outros grupos se formavam na mesma cidade e nas adjacências.
Todos esses grupos ficavam sob o governo do bispo da igreja-mãe (matriz). Cada uma das outras igrejas era dirigida por um presbítero e o bispo exercia superintendência sobre todo o distrito ou diocese.
Não tinha ainda surgido no II século nenhum governo geral, organizado, da Igreja. Havia sínodos ou reuniões de bispos para tratarem das necessidades particulares.
Neste século, desenvolveram-se duas ideias de unidade da Igreja. Uma, foi que a unidade repousava na concordância com os pontos de vista da parte dos bispos.
A outra, foi que a unidade consistia na aceitação da autoridade de um bispo, o bispo de Roma. Sendo a igreja da capital do império, a maior e a mais rica de todas as igrejas, naturalmente cresceu em poder e influência.
A partir do fim do II século, os bispos de Roma começaram a vindicar a autoridade geral. Um século mais tarde essa liderança já tinha sido reconhecida no ocidente, não porém no oriente.
Por Robert Hastings Nichols
Notas
(1) A lei dispensava os judeus do culto dos deuses romanos.
(2) O autor refere-se, naturalmente, à distinção antibíblica que, no decorrer dos séculos, se fez entre a clerista e os leigos na Igreja, porque é incontestável que Jesus Cristo instituiu o princípio de autoridade, pelo qual um governante ou um corpo de governantes manda e outros são mandados; vindo daí terem os apóstolos instituído presbíteros nas igrejas e Pedro poder dizer a esses presbíteros: "Apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tende cuidado dele..." E "semelhantemente vós, mancebos, sede sujeitos aos anciãos..." - 1 Pedro 5:1-5.
ÍNDICE
A preparação para o Cristianismo
01 - A contribuição dos Romanos, Gregos e Judeus
02 - Como era o mundo no surgimento do cristianismo
A fundação e expansão da Igreja
03 - Jesus e sua Igreja
04 - A Igreja Apostólica Até o Ano 100
A Igreja antiga (100 - 313)
05 - O mundo em que a Igreja vivia (100 - 313)
06 - Características da Igreja Antiga (100-313)
A Igreja antiga (313- 590)
07 - O mundo em que a Igreja vivia (313 - 590)
08 - Características da Igreja Antiga (313-590)
A Igreja no início da Idade Média (590 - 1073)
09 - O mundo em que a Igreja vivia (590-1073)
10 - Características da Igreja no início da Idade Média
11 - O cristianismo em luta com o paganismo dentro da Igreja
A Igreja no apogeu da Idade Média (1073 - 1294)
12 - A Igreja no Ocidente - O papado Medieval - Hildebrando
13 - Inocêncio III
13 - A Igreja Governa o Mundo Ocidental
14 - A guerra da Igreja contra o Islamismo - As cruzadas
15 - As riquezas da Igreja
16 - A organização da Igreja
17 - A disciplina e a lei da Igreja Romana
18 - O culto da Igreja
19 - O lugar da Igreja na religião
20 - A vida de alguns líderes religiosos: Bernardo, Domingos e Francisco de Assis
21 - O que a Igreja Medieval fez pelo mundo
22 - A igreja Oriental
Decadência e renovação na Igreja Ocidental (1294 - 1517)
23 - Onde a Igreja Medieval falhou
24 - Movimentos de protesto: Cataristas, Valdeneses, Irmãos
25 - A queda do Papado
26 - Revolta dentro da igreja: João Wycliff e João Huss
27 - Tentativas de reforma dentro da Igreja
28 - A Renascença e a inquietude social como preparação para a Reforma
Revolução e reconstrução (1517 - 1648)
29 - A Reforma Luterana
30 - Como Lutero se tornou reformador
31 - Os primeiros anos da Reforma Luterana
32 - Outros desdobramentos da Reforma Luterana
33 - A Reforma na Suíça - Zuínglio
34 - Calvino - líder da Reforma em Genebra
35 - A Reforma na França
36 - A Reforma nos Países Baixos
37 - A Reforma na Escócia, Alemanha e Hungria
A era da Reforma (1517 - 1648)
38 - A Reforma na Inglaterra
39 - Os Anabatistas
40 - A Contra-Reforma
41 - A Guerra dos Trinta Anos
42 - Missões
38 - A Reforma na Inglaterra
39 - Os Anabatistas
40 - A Contra-Reforma
41 - A Guerra dos Trinta Anos
42 - Missões
O cristianismo na Europa (1648 - 1800)
43 - A França e a Igreja Católica Romana
44 - A Igreja Católica Romana e a Revolução Francesa
45 - O declínio religioso após a Reforma
46 - O Pietismo
46 - A Igreja Oriental
47 - A Regra Puritana
48 - Restauração
49 - Revolução
50 - Declínio Religioso no começo do século 18
51 - O Reavivamento do Século 18 e seus resultados
52 - Os Pactuantes (Covenanters)
53 - O Século 18 na Escócia
54 - O Presbiterianismo na Irlanda
O Século 19 na Europa
55 - O Catolicismo Romano
56 - O Protestantismo na Alemanha, França, Holanda, Suíça, Escandinávia e Hungria
57 - O Movimento Evangélico na Inglaterra
58 - O Movimento Liberal
59 - O Movimento Anglo-Católico
60 - As Igrejas Livres
61 - As Igrejas na Escócia: despertamento, descontentamento e cisão
62 - As missões e o cristianismo europeu
O Século 20 na Europa
63 - História Política até 1935
64 - O Catolicismo Romano
65 - O Protestantismo no Continente
66 - A Igreja da Inglaterra
67 - As Igrejas Livres
68 - A Escócia
69 - A Igreja Ortodoxa Oriental
70 - Outros países orientais
71 - O Movimento Ecumênico
O cristianismo na América
72 - As primeiras tentativas
73 - As Treze Colônias
74 - Reconstrução e reavivamento após a Guerra da Independência
75 - O Século 19 até 1830
76 - 1830 - 1861
77 - 1861 - 1890
78 - 1890 - 1929
43 - A França e a Igreja Católica Romana
44 - A Igreja Católica Romana e a Revolução Francesa
45 - O declínio religioso após a Reforma
46 - O Pietismo
46 - A Igreja Oriental
47 - A Regra Puritana
48 - Restauração
49 - Revolução
50 - Declínio Religioso no começo do século 18
51 - O Reavivamento do Século 18 e seus resultados
52 - Os Pactuantes (Covenanters)
53 - O Século 18 na Escócia
54 - O Presbiterianismo na Irlanda
O Século 19 na Europa
55 - O Catolicismo Romano
56 - O Protestantismo na Alemanha, França, Holanda, Suíça, Escandinávia e Hungria
57 - O Movimento Evangélico na Inglaterra
58 - O Movimento Liberal
59 - O Movimento Anglo-Católico
60 - As Igrejas Livres
61 - As Igrejas na Escócia: despertamento, descontentamento e cisão
62 - As missões e o cristianismo europeu
O Século 20 na Europa
63 - História Política até 1935
64 - O Catolicismo Romano
65 - O Protestantismo no Continente
66 - A Igreja da Inglaterra
67 - As Igrejas Livres
68 - A Escócia
69 - A Igreja Ortodoxa Oriental
70 - Outros países orientais
71 - O Movimento Ecumênico
O cristianismo na América
72 - As primeiras tentativas
73 - As Treze Colônias
74 - Reconstrução e reavivamento após a Guerra da Independência
75 - O Século 19 até 1830
76 - 1830 - 1861
77 - 1861 - 1890
78 - 1890 - 1929
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