O movimento anglo-católico: renovação e impacto na Igreja da Inglaterra


João Henrique Newman,
um dos líderes do movimento de Oxford

Destaques do Artigo:
📚 Reavivamento das ideias da Alta Igreja.
🏰 Influência de Oxford no anglo-catolicismo.
🎨 Ritualismo e beleza no culto anglo-católico.

Origem do movimento anglo-católico
O movimento Anglo-Católico de Oxford foi, em certo grau, um reavivamento das ideias do antigo partido da "Alta Igreja", da Igreja Inglesa.

Em outros respeitos mais importantes foi um novo impulso produzido , pelas condições políticas e religiosas da época.

Na Inglaterra, a fúria e o morticínio da Revolução Francesa tornaram muita gente receosa quanto ao crescimento do poder do povo. Generalizou-se um espírito de conservantismo, muito preso ao passado e temeroso das mudanças políticas.

Mas nos anos que se seguiram a 1830, o movimento democrático foi a aprovação da Reforma Constitucional que tornou a Casa dos Comuns muito mais representativa do povo. 

Disto, resultou, naturalmente, que o povo veio a ter mais poder sobre a Igreja da Inglaterra, visto como esta era governada pelo Parlamento. Ao mesmo tempo outras leis retiraram da Igreja Nacional alguns dos seus privilégios.

Além disso, o Movimento Liberal fez que homens da igreja alterassem algumas de suas próprias ideias teológicas e rejeitassem partes dos ensinos eclesiásticos.

Alguns elementos da Igreja Anglicana sentiram que essas mudanças eram muito perigosas à Igreja e, portanto, ao Cristianismo da Inglaterra e à vida nacional inglesa.

Líderes influentes em Oxford
Assim julgou um grupo de moços notáveis da Universidade de Oxford. Os mais destacados dentre ele foram: João Keble, membro do Colégio Oriel, e João Henrique Newman, vigário da capela da Universidade, os quais exerciam influência e dispunham de poder em Oxford, tanto por sua personalidade como por sua pregação.

Depois juntou-se-lhes Edward Pusey, professor de hebraico, um dos homens de maior influência em Oxford.

Profundamente religioso e de grande influência eclesiástica ficou temeroso do que pudesse acontecer à igreja. Julgaram esses homens que esta se achava em perigo de ser invadida por mudanças políticas e teológicas, especialmente aquelas.

O meio de enfrentar a situação, pensavam eles era espalhar ideias corretas sobre a natureza da igreja. Criam eles que se o povo se convencesse de que a igreja era realmente uma instituição divina, estaria pronto a defendê-la.

Publicação dos "Folhetos para os tempos atuais
De comum acordo, estes homens de Oxford começaram, em 1833, a publicar os famosos "Folhetos para os tempos atuais", em que divulgavam o que julgavam ser ideias corretas sobre a igreja.

Deram muita ênfase à sucessão apostólica dos bispos e à autoridade dada por Deus à Igreja para ensinar a verdade e governar os homens.

Afirmavam esses mestres que os ensinos da igreja, quanto ao seu valor, eram iguais ou superiores aos da Bíblia. Insistiram muito nos sacramentos, aos quais atribuíram virtudes salvadoras.

Apresentaram como ideal exemplo de imitação a Igreja Cristã dos primeiros séculos. "Aquele tempo”, diziam eles, “a igreja cristã era indivisa, católica, congregando todos os cristãos.

Ensinava a verdade e governava os homens com autoridade. Possuía em toda a parte seus bispos que ordenavam os ministros. Observava rigidamente os sacramentos”.

Conquanto muitas dessas idéias fossem fantasiosas, os que as disseminavam criam nelas entusiasticamente. Eles se consideravam católicos no sentido de estarem de acordo com o primitivo cristianismo católico (universal). Recusavam o nome de protestante porque este se referia à divisão da igreja.

Enfoque no culto e na liturgia
O culto público tornou-se uma parte excessivamente importante da religião, nesse movimento. Os seus adeptos insistiam em que houvesse culto diário nas igrejas, e frequente celebração da eucaristia.

Criam, com muito fervor, no valor religioso dos atos simbólicos do culto, tais corno movimentos para o altar, genuflexões, queima de incenso, mobiliário e ornatos simbólicos, velas no altar, o uso da cruz e ricos paramentos para o clero.

Eles também criam que o culto divino deveria ter a maior beleza possível, por meio do uso de todas as faculdades que Deus concedeu ao homem, tanto com a música como com a arquitetura e a pintura.

Conversões ao catolicismo romano
Era óbvio que as ideias desses "Folhetistas" anglo-católicos levariam muitos deles à Igreja Romana. Tal tendência e afinidade foram apresentadas pelo fulminante e célebre "Folheto" N°. 90, escrito por Newman, em 1841.

Ele sustentava que os 9 artigos que constituíam o Credo da Igreja da Inglaterra, não eram necessariamente protestantes. Isto importava em afirmar que um homem podia ser praticamente católico romano, e ainda permanecer na Igreja da Inglaterra.

Em virtude da condenação geral desses pontos de vista, alguns dos mais extremados "Folhetistas" chegaram à conclusão que era impossível serem "católicos" e não católicos romanos, e por isso passaram para a Igreja Romana. 

Dentre estes o mais eminente foi Newman, que depois foi feito cardeal. Durante os anos de 1845 a 1851 algumas centenas de clérigos anglicanos, inclusive muitos elementos da Universidade de Oxford, seguiram o mesmo caminho.

Impacto na Igreja da Inglaterra
A grande maioria dos "Folhetistas", todavia, permaneceu na Igreja Anglicana. A partir do meado do século XIX essas ideias foram mais e mais sendo adotadas pelo clero e laicato anglicanos.

A religião tornou- se mais restrita à Igreja e aos sacerdotes, mais sacramental. Foi exaltada a autoridade do ensino da igreja. Insistiu-se muito na observância escrupulosa dos ritos e fez-se grande propaganda de uma doutrina muito elevada dos sacramentos.

Muitos ministros deram para ouvir confissões. O culto em muitas igrejas tornou-se ainda mais ritualista e cheio de artifícios. Da preocupação com a beleza do culto resultaram importantes melhoramentos na arquitetura, decoração e música nas igrejas.

Definição de anglo-catolicismo
Os nomes “Folhetistas" e "Oxford" dados a esse movimento foram substituídos pelo de "anglo-católico".

Anglo-católicos eram os anglicanos que consideravam a identidade e a unidade da sua igreja com a igreja Católica, universal, e procuravam conduzir sua igreja à conformidade com a doutrina, com o culto e ritos religiosos primitivos.

Na prática, muito se aproximavam da Igreja Ortodoxa e mais ainda dos métodos da Igreja Romana. Os Anglo-Católicos, porém, não aceitavam a supremacia do papa.

Resultados do movimento anglo-católico
Este movimento provocou um real reavivamento da religião e das obras sociais em muitas partes da Igreja da Inglaterra. Alguns dos seus mais devotados ministros foram anglo-católicos. Ele também desenvolveu o formalismo religioso e certas práticas de tal modo que se aproximavam da superstição.

Manteve a separação entre as igrejas Anglicanas e as igrejas Livres, pois a insistência anglo-católica quanto à necessidade de bispos, na sucessão apostólica, impedia o reconhecimento das Igrejas Livres como igrejas, e as Igrejas Livres por sua vez protestavam contra essas tendências romanistas.

No protestantismo de língua inglesa, de modo geral, o movimento despertou uma idéia mais séria e mais digna sobre a Igreja, uma apreciação mais alta do culto e uma seriedade maior nos atos de adoração e louvor. A vida eclesiástica americana muito lucrou com todos esses movimentos.

ÍNDICE

A preparação para o Cristianismo 

A fundação e expansão da Igreja 

A Igreja antiga (100 - 313) 

A Igreja antiga (313- 590) 

A Igreja no início da Idade Média (590 - 1073) 

A Igreja no apogeu da Idade Média (1073 - 1294) 

Decadência e renovação na Igreja Ocidental (1294 - 1517) 

Revolução e reconstrução (1517 - 1648) 

A era da Reforma (1517 - 1648) 

O cristianismo na Europa (1648 - 1800) 

O Século 19 na Europa 
59 - O Movimento Anglo-Católico ⬅️ Você está aqui! 

O Século 20 na Europa 

O cristianismo na América 

Semeando Vida

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