Felipe Jacó Spener |
B – O PIETISMO
A obra de Spener
Nessa época, quando era tão necessária uma nova vida, ela apareceu com vigor e grande poder no movimento conhecido pelo nome de Pietismo.
Seu primeiro grande líder foi Felipe Jacó Spener, Ainda moço, viu os problemas religiosos do seu país; daí a razão para assumir a atitude que tomou, a fim de remediar a situação.
Como pastor em Frankfort sobre o Meno (1666-1686), Spener muito se esforçou para que seu povo alcançasse um cristianismo ardente, sincero, e purificasse a sua vida em todos os aspectos.
Pregava sermões de caráter prático, fervorosos e simples, evitando aquele estilo rígido de oratória tão em moda na época.
Insistiu na verdade da regeneração, aquela mudança produzida no coração do homem de fé, pelo Espírito de Deus; insistia no fato de que, ser nascido de Deus e levar uma vida de santidade e serviço, era infinitamente mais importante do que ter pontos de vista ortodoxos quanto à doutrina.
Embora difícil de acreditar, esta ideia era, então, nova e muito estranha. Spener reavivou a doutrina básica da Reforma, o sacerdócio-universal dos crentes, e provou que um dos sentidos práticos dessa doutrina era que os leigos deviam participar dos serviços religiosos, ensinando e ajudando uns aos outros.
Realizava reuniões na sua própria casa para estudo devocional da Bíblia, orações e mútua instrução, nas quais os leigos tomavam parte ativa.
Realizou grande serviço pastoral e dispensou atenção especial à educação religiosa das crianças. O fato de o seu ensino como os seus métodos serem novos para a vida da igreja do seu tempo, era a melhor indicação de como era séria a situação eclesiástica então existente.
O movimento pietista
O ministério de Spener teve como resultado um autêntico reavivamento em muita gente de Frankfort. Foi assim que teve início o Movimento Pietista, como foi depois chamado, isto é, o reavivamento da piedade do cristianismo real, dinâmico, em contraste com a mera ortodoxia quanto à doutrina.
Tal movimento cresceu depois, principalmente por causa do livro de Spener "Pia Desidéria", (Desejos Piedosos), no qual apontou os males e as condições espirituais difíceis do seu tempo e indicou como solução os ensinos e os métodos que usava.
O movimento cresceu com muita rapidez e tomou o caráter de um forte e grande despertamento espiritual. Encontrou severa oposição dos teólogos ortodoxos - (a Faculdade Teológica de Wittenberg atacou Spener atribuindo-lhe duzentos e sessenta e quatro erros teológicos!) - e dos que se opunham aos estritos ensinos morais dos Pietistas. Mas tudo isso foi em vão.
Por meio século, começando em 1685, o Pietismo tornou-se a influência dominante no protestantismo alemão, revigorando-o espiritualmente, enchendo de nova vida a religião cristã.
Este movimento foi, realmente, uma continuação do reavivamento religioso que resultou da Reforma. Oculto por muitos anos, aparentemente apagado, surgia agora com novo poder revivificador.
A filantropia pietista e as missões
Como todos os genuínos reavivamentos, o Pietismo inspirou os crentes à realização de obras cristãs. Neste aspecto do grande movimento entramos em contacto com o seu segundo grande líder, Augusto Franck, pastor e professor da Universidade de Halle, desde 1694.
Esta cidade e a sua Universidade tornaram-se o dentro do movimento pietista. Fundaram-se ali grandes instituições para as crianças desamparadas; ali também estava a sede oficial da famosa Missão Danish-Halle.
O Pietismo tem a honra de ter produzido a obra das primeiras missões estrangeiras protestantes. O Rei da Dinamarca, desejando ministrar ensino cristão ao povo das suas possessões no sul da índia, conseguiu vários missionários dentre os pietistas alemães.
Os primeiros foram para Tranquebar em 1705. Durante aquele século, sessenta missionários, entre os quais estava o nobre Benjamin Schvartz, foram enviados àquela missão pelas escolas pietistas de Halle.
A influência do pietismo fora da Alemanha
Além do que alcançou na vida religiosa da Alemanha, o Pietismo inspirou em outras terras forte impulso de poder espiritual o que produziu grandes resultados. A irmandade da Morávia foi, em parte, um resultado desse movimento.
Por intermédio dos irmãos moravianos, o espírito do Pietismo tocou João Wesley e o tornou um dos líderes mais poderosos que a igreja Cristã já possuiu.
Por influência de um ministro pietista alemão de Raritan, Nova Jersey, Gilberto Tenent, recebeu um reavivamento pessoal e, pleno daquele espírito, a sua pregação tornou-se uma das causas do Grande Reavivamento na América.
O fundador da irmandade moraviana foi o Conde Nicolau von Zinzendorf, (1700-1760), nobre austríaco que foi profundamente influenciado pelo Pietismo.
Quando moço pensou reunir numa comunidade um grande número de pessoas verdadeiramente religiosas, que se tornassem uma fonte de vida espiritual para as igrejas e comunidades religiosas vizinhas.
A organização da irmandade moraviana
Quando tinha apenas vinte e um anos de idade, comprou um território na Saxônia, com o intuito de levar a termo seu plano.
Em pouco tempo foi essa região habitada de um modo providencial. Certos membros da Irmandade da Boêmia, corpo religioso resultante da obra de João Huss, tendo sido perseguidos e expulsos dos seus lares na Morávia, conseguiram permissão de Zinzendorf para se estabelecerem no território a ele pertencente.
Assim começou a formação dessa comunidade que tomou o nome de "Hernhut", "Abrigo do Senhor". Foi por causa desses moravianos que o grupo tomou o nome de Irmandade dos Moravianos, não obstante haver entre eles grande número de alemães da redondeza.
O próprio Zinzendorf veio morar com sua família nessa comunidade, à qual dedicou sua vida com incansável labor e constantes. Embora houvesse diferenças entre os seus membros, ele a conduziu a uma verdadeira unidade e conseguiu inflamá-los de sincera devoção a Jesus Cristo.
Missões moravianas
Os trabalhos missionários, que tornaram famosos os moravianos, começaram em 1731. Dois deles foram enviados a S. Tomás, nas índias Ocidentais, e dois outros foram para a Groenlândia onde o herói norueguês Hans Egede já tinha plantado o Evangelho.
Seguiu a estes uma verdadeira torrente de missionários, de sorte que durante a vida de Zinzendorf havia muitos dos seus irmãos trabalhando na Europa, Ásia, África, América do Norte e América do Sul.
Em poucos anos a pequena Hernhut enviou mais missionários do que o protestantismo europeu o fizera por duzentos anos.
Eles foram aos lugares mais difíceis e perigosos, e aos povos menos promissores. Em toda a parte se mostraram revestidos da alegria cristã, fé inabalável e lealdade a Cristo a toda a prova, inspirados também pelo hino de Zinzendorf, "Cristo ainda nos conduz".
Em qualquer parte revelavam a mesma coragem, consagração e amor a todos os homens.
Nova era na história da Europa Ocidental, cuja influência se refletiu na própria América, teve início no fim do século XVII e durou mais ou menos cem anos.
Essa era foi assinalada pela supremacia da razão humana, em todos os aspectos do seu pensamento e ação. O espírito da era moveu os homens a submeterem todas as ideias e instituições a uma prova racional, para então decidirem se tais ideias e instituições eram dignas de aceitação.
A causa: o progresso científico
A causa principal dessa tendência para o racionalismo foi o desenvolvimento extraordinário do conhecimento que começara na Renascença e continuara através o século XVII. Em todos os campos da ciência houve avanços revolucionários.
O homem encontrou-se em um novo universo a respeito do qual continuava constantemente a saber alguma novidade. O próprio homem sentia-se uma nova criatura. Os nomes representativos dessa era foram, entre outros, Kepier, Galileu, Newton, Harvey, etc.
Memoráveis e extraordinários acontecimentos e realizações da mente humana contribuíram para que os homens confiassem plenamente na razão e acreditassem em que não havia limites para as suas possibilidades e investigações, motivo por que elegeram a razão como soberana.
Efeitos da supremacia da razão
O predomínio da razão resultou numa revolta tremenda contra a autoridade, fosse política ou religiosa, contra a tradição, a superstição, ou o preconceito.
Ideias antigas e instituições políticas foram submetidas à crítica racional e consequentemente rejeitadas caso não se provassem valiosas. Tal pensamento provocou a derrubada das antigas formas de governo na revolução francesa.
Na educação, na política econômica, nos princípios morais, enfim, em todos os aspectos da vida a exigência era: se tais coisas satisfaziam a razão. Dois termos expressaram o pensamento da época: Ilustração e Iluminação.
A confiança na razão produziu um alto conceito generalizado da natureza humana. Desenvolveu-se a idéia dos direitos do homem, isto, é, o conjunto daquelas coisas que devem pertencer por direito ao homem, em virtude mesmo da sua natureza.
O efeito na religião
Quanto à religião, o espírito dessa era firmou o princípio de que para as necessidades humanas seria suficiente apenas uma religião alcançada ou criada pela própria razão. Certas idéias como a existência de Deus, a lei moral, um estado futuro de castigos ou recompensas, dizia-se, tinham de ser provadas antes de serem aceitas como verdadeiras.
Julgava-se que, como religião, bastava aquilo que veio a ser conhecido como religião natural. Pensava-se, e ensinava-se que não era necessária a crença na revelação divina da Bíblia. Os ensinos autorizados das Igrejas Romana ou Protestante não podiam suportar a prova da razão.
O resultado prático de todo esse racionalismo, quanto à religião, variou nos diversos países. Na França, a oposição ao cristianismo foi mais forte do que qualquer outra parte e ali se desenvolveu o ateísmo.
Na Alemanha, havia muita duvida quanto à verdade e até mesmo negação das doutrinas cristãs; a vida da igreja protestante muito sofreu por motivo do declínio da fé e do fervor.
Na Inglaterra, a religião natural constituiu-se uma fortaleza poderosa e o pensamento cristão foi grandemente alterado por um racionalismo que enfraqueceu a vida religiosa. Tal condição clamava pela necessidade daquele reavivamento que surgiu no século XVIII.
Por Robert Hastings Nichols
ÍNDICE
ÍNDICE
A preparação para o Cristianismo
01 - A contribuição dos Romanos, Gregos e Judeus
02 - Como era o mundo no surgimento do cristianismo
A fundação e expansão da Igreja
03 - Jesus e sua Igreja
04 - A Igreja Apostólica Até o Ano 100
A Igreja antiga (100 - 313)
05 - O mundo em que a Igreja vivia (100 - 313)
06 - Características da Igreja Antiga (100-313)
A Igreja antiga (313- 590)
07 - O mundo em que a Igreja vivia (313 - 590)
08 - Características da Igreja Antiga (313-590)
A Igreja no início da Idade Média (590 - 1073)
09 - O mundo em que a Igreja vivia (590-1073)
10 - Características da Igreja no início da Idade Média
11 - O cristianismo em luta com o paganismo dentro da Igreja
A Igreja no apogeu da Idade Média (1073 - 1294)
12 - A Igreja no Ocidente - O papado Medieval - Hildebrando
13a - Inocêncio III
13b - A Igreja Governa o Mundo Ocidental
14 - A guerra da Igreja contra o Islamismo - As cruzadas
15 - As riquezas da Igreja
16 - A organização da Igreja
17 - A disciplina e a lei da Igreja Romana
18 - O culto da Igreja
19 - O lugar da Igreja na religião
20 - A vida de alguns líderes religiosos: Bernardo, Domingos e Francisco de Assis
21 - O que a Igreja Medieval fez pelo mundo
22 - A igreja Oriental
Decadência e renovação na Igreja Ocidental (1294 - 1517)
23 - Onde a Igreja Medieval falhou
24 - Movimentos de protesto: Cataristas, Valdeneses, Irmãos
25 - A queda do Papado
26 - Revolta dentro da igreja: João Wycliff e João Huss
27 - Tentativas de reforma dentro da Igreja
28 - A Renascença e a inquietude social como preparação para a Reforma
Revolução e reconstrução (1517 - 1648)
29 - A Reforma Luterana
30 - Como Lutero se tornou reformador
31 - Os primeiros anos da Reforma Luterana
32 - Outros desdobramentos da Reforma Luterana
33 - A Reforma na Suíça - Zuínglio
34 - Calvino - líder da Reforma em Genebra
35 - A Reforma na França
36 - A Reforma nos Países Baixos
37 - A Reforma na Escócia, Alemanha e Hungria
01 - A contribuição dos Romanos, Gregos e Judeus
02 - Como era o mundo no surgimento do cristianismo
A fundação e expansão da Igreja
03 - Jesus e sua Igreja
04 - A Igreja Apostólica Até o Ano 100
A Igreja antiga (100 - 313)
05 - O mundo em que a Igreja vivia (100 - 313)
06 - Características da Igreja Antiga (100-313)
A Igreja antiga (313- 590)
07 - O mundo em que a Igreja vivia (313 - 590)
08 - Características da Igreja Antiga (313-590)
A Igreja no início da Idade Média (590 - 1073)
09 - O mundo em que a Igreja vivia (590-1073)
10 - Características da Igreja no início da Idade Média
11 - O cristianismo em luta com o paganismo dentro da Igreja
A Igreja no apogeu da Idade Média (1073 - 1294)
12 - A Igreja no Ocidente - O papado Medieval - Hildebrando
13a - Inocêncio III
13b - A Igreja Governa o Mundo Ocidental
14 - A guerra da Igreja contra o Islamismo - As cruzadas
15 - As riquezas da Igreja
16 - A organização da Igreja
17 - A disciplina e a lei da Igreja Romana
18 - O culto da Igreja
19 - O lugar da Igreja na religião
20 - A vida de alguns líderes religiosos: Bernardo, Domingos e Francisco de Assis
21 - O que a Igreja Medieval fez pelo mundo
22 - A igreja Oriental
Decadência e renovação na Igreja Ocidental (1294 - 1517)
23 - Onde a Igreja Medieval falhou
24 - Movimentos de protesto: Cataristas, Valdeneses, Irmãos
25 - A queda do Papado
26 - Revolta dentro da igreja: João Wycliff e João Huss
27 - Tentativas de reforma dentro da Igreja
28 - A Renascença e a inquietude social como preparação para a Reforma
Revolução e reconstrução (1517 - 1648)
29 - A Reforma Luterana
30 - Como Lutero se tornou reformador
31 - Os primeiros anos da Reforma Luterana
32 - Outros desdobramentos da Reforma Luterana
33 - A Reforma na Suíça - Zuínglio
34 - Calvino - líder da Reforma em Genebra
35 - A Reforma na França
36 - A Reforma nos Países Baixos
37 - A Reforma na Escócia, Alemanha e Hungria
A era da Reforma (1517 - 1648)
38 - A Reforma na Inglaterra
39 - Os Anabatistas
40 - A Contra-Reforma
41 - A Guerra dos Trinta Anos
42 - Missões
38 - A Reforma na Inglaterra
39 - Os Anabatistas
40 - A Contra-Reforma
41 - A Guerra dos Trinta Anos
42 - Missões
O cristianismo na Europa (1648 - 1800)
43 - A França e a Igreja Católica Romana
44 - A Igreja Católica Romana e a Revolução Francesa
45 - O declínio religioso após a Reforma
46 - A Igreja Oriental
47 - A Regra Puritana
43 - A França e a Igreja Católica Romana
44 - A Igreja Católica Romana e a Revolução Francesa
45 - O declínio religioso após a Reforma
46 - A Igreja Oriental
47 - A Regra Puritana
48 - Restauração
49 - Revolução
50 - Declínio Religioso no começo do século 18
51 - O Reavivamento do Século 18 e seus resultados
52 - Os Pactuantes (Covenanters)
53 - O Século 18 na Escócia
54 - O Presbiterianismo na Irlanda
O Século 19 na Europa
55 - O Catolicismo Romano
56 - O Protestantismo na Alemanha, França, Holanda, Suíça, Escandinávia e Hungria
57 - O Movimento Evangélico na Inglaterra
58 - O Movimento Liberal
59 - O Movimento Anglo-Católico
60 - As Igrejas Livres
61 - As Igrejas na Escócia: despertamento, descontentamento e cisão
62 - As missões e o cristianismo europeu
O Século 20 na Europa
63 - História Política até 1935
64 - O Catolicismo Romano
65 - O Protestantismo no Continente
66 - A Igreja da Inglaterra
67 - As Igrejas Livres
68 - A Escócia
69 - A Igreja Ortodoxa Oriental
70 - Outros países orientais
71 - O Movimento Ecumênico
O cristianismo na América
72 - As primeiras tentativas
73 - As Treze Colônias
74 - Reconstrução e reavivamento após a Guerra da Independência
75 - O Século 19 até 1830
76 - 1830 - 1861
77 - 1861 - 1890
78 - 1890 - 1929
49 - Revolução
50 - Declínio Religioso no começo do século 18
51 - O Reavivamento do Século 18 e seus resultados
52 - Os Pactuantes (Covenanters)
53 - O Século 18 na Escócia
54 - O Presbiterianismo na Irlanda
O Século 19 na Europa
55 - O Catolicismo Romano
56 - O Protestantismo na Alemanha, França, Holanda, Suíça, Escandinávia e Hungria
57 - O Movimento Evangélico na Inglaterra
58 - O Movimento Liberal
59 - O Movimento Anglo-Católico
60 - As Igrejas Livres
61 - As Igrejas na Escócia: despertamento, descontentamento e cisão
62 - As missões e o cristianismo europeu
O Século 20 na Europa
63 - História Política até 1935
64 - O Catolicismo Romano
65 - O Protestantismo no Continente
66 - A Igreja da Inglaterra
67 - As Igrejas Livres
68 - A Escócia
69 - A Igreja Ortodoxa Oriental
70 - Outros países orientais
71 - O Movimento Ecumênico
O cristianismo na América
72 - As primeiras tentativas
73 - As Treze Colônias
74 - Reconstrução e reavivamento após a Guerra da Independência
75 - O Século 19 até 1830
76 - 1830 - 1861
77 - 1861 - 1890
78 - 1890 - 1929
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