Destaques do Artigo:
⚔️ Jesuítas: estratégias de educação e influência política.
📜 Concílio de Trento: definição doutrinária e reorganização eclesiástica.
🔥 Inquisição e Index: repressão à heresia e censura literária.
O clamor interno e externo por mudanças
A igreja medieval não podia atravessar as tempestades da Reforma e ainda continuar a mesma como tinha sido até então. Várias forças que operavam dentro e fora dela, não o permitiriam. Dentro dessa igreja havia um incessante apelo por uma reforma de caráter mora. O grupo satisfeito com as condições então existentes era o da Cúria, a Corte Papal, o círculo político eclesiástico, mais achegado ao papa.
Fora daí, homens de todos os países e classes insistiam em que a Igreja Romana fosse purificada dos seus males grosseiros. Mesmo muitos elementos do clero, sacerdotes, monges, bispos e até cardeais, juntavam seu protesto aos dos demais.
Além disso, alguns homens que receberam a influência do Reavivamento da Cultura ou Renascimento, compreenderam que o ensino da Igreja precisava ser reformado segundo a luz da nova verdade que se espalhara por toda a parte.
Assim, dentro da própria Igreja Romana havia muitos homens, honestos, profundamente cultos e extremamente desejosos de ver assegurada uma reforma.
Era inevitável que alguma coisa acontecesse quando, além dessa força que atuava externamente, produzindo tremendos golpes, corno a Reforma, que ia conquistando, uma após outra, grandes partes da Igreja Romana, outras forças operavam internamente para o mesmo fim.
Até mesmo indivíduos que, pessoalmente, não tinham particular interesse em reforma, interessavam-se pelas legendas em paredes e muros, e podiam sentir que a Igreja Romana deveria modificar-se se quisesse sobreviver.
Os dois caminhos para a reforma
Havia dois métodos possíveis de reforma, cada um deles defendido por um partido bem considerável. Um, desejava uma reforma puramente moral.
A Igreja devia pôr um fim às práticas errôneas e livrar-se dos sacerdotes e prelados corruptos. Devia remover os abusos e desordens do seu governo e melhorar sua organização, para torná-la mais eficiente em seu trabalho.
Devia readquirir novo espírito de fidelidade e zelo. Ao lado de tudo isto, a doutrina e o culto deviam ser conservados na sua essência como tinham sido durante a Idade Média.
A outra reforma possível, consistia na mudança de doutrinas, tanto quanto no campo moral. Seus defensores criam que o movimento protestante trouxera preciosas verdades.
Esperavam que se estas modificações fossem introduzidas, os protestantes voltariam e a grande brecha seria consertada. Mas era vã a esperança desse partido bem intencionado.
Entre os que criam, como estes homens, que os sacerdotes da igreja tinham a autoridade divina de levar o homem a Deus, e os protestantes, que defendiam a verdadeira doutrina do sacerdócio de todos os crentes, não era possível acordo fundamental.
Isto, finalmente, foi compreendido em virtude de uma conferência que reuniu os principais teólogos de ambos os lados, em 1541.
O fracasso da união e o início da batalha:
A ideia de uma reforma, em virtude da qual os protestantes pudessem voltar, e assim, restaurar-se a unidade da Igreja Romana, foi abandonada.
A Igreja Romana como a chamamos hoje, começou a preparar-se para uma batalha séria, uma guerra contra o protestantismo.
Não se faria nenhuma modificação importante no ensino da igreja medieval, mas haveria reforma de caráter moral e orgânica para tornar essa igreja mais eficiente. Este grande esforço da Igreja Católica Romana para reorganizar-se e aniquilar o protestantismo é conhecido como Contra-Reforma.
Para esta batalha, a Igreja Católica Romana dispunha de muitos recursos poderosos. Um deles, foi uma nova Ordem, extraordinariamente poderosa – a Sociedade de Jesus.
Inácio de Loyola e a fundação da Companhia de Jesus
Esta organização pode ser mais bem apreciada quando estudamos a experiência religiosa do seu fundador, o nobre espanhol Inácio de Loiola (1491-1556).
O primeiro grande desejo de Loiola foi ser famoso como soldado; mas este ideal feneceu quando aos vinte e oito anos, recebeu grave ferimento que o aleijou para o resto da vida.
Sua ambição tomou outro rumo: queria tornar-se agora um grande santo como S. Domingos ou S. Francisco de Assis. Meditando muito, chegou à conclusão de que para se tornar um santo teria de ser um homem de Deus e ele não o era.
Sentiu-se então possuído do desejo de se aproximar de Deus e alcançar a paz divina. O caminho era entrar num convento, o que fez com todas as forças da sua alma. Mas todos os seus jejuns, penitências, orações e confissões não lhe proporcionaram a almejada paz.
De repente, lança-se, com seus pecados, aos pés do Criador, confiando na misericórdia divina e, assim, por sua confiança em Deus, alcançou certeza de perdão e paz para sua alma. Daí em diante sua vida seria posta ao serviço de Deus.
De repente, lança-se, com seus pecados, aos pés do Criador, confiando na misericórdia divina e, assim, por sua confiança em Deus, alcançou certeza de perdão e paz para sua alma. Daí em diante sua vida seria posta ao serviço de Deus.
Até aí tinha seguido as pegadas de Lutero. Loiola, porem, a partir desse momento, seguiu outra direção. Ainda era integralmente um homem da Idade Média e da religião medieval.
Cria sem a mínima dúvida, que a Igreja Romana fora divinamente ordenada para representar Deus entre os homens. Além disso, um aspecto dominante do caráter desse soldado espanhol foi aquela estrita obediência militar característica do seu povo.
Para ele a verdadeira religião de Deus consistia numa devoção absoluta aos interesses dessa igreja, trazer de volta os que a tinham abandonado, quebrar toda a força dos seus oponentes e aniquilar todo ensino contrário ao dessa mesma igreja.
Defendeu este ideal com a mais sincera convicção, e com o ardor e persistência que assinalavam o seu caráter.
Defendeu este ideal com a mais sincera convicção, e com o ardor e persistência que assinalavam o seu caráter.
Por conselho dos superiores estudou teologia por seis anos na Universidade de Paris antes de começar a trabalhar. Com seu profundo conhecimento da natureza humana, escolheu como companheiros do seu ideal nove estudantes que se tornaram homens de poderes extraordinários.
A Sociedade de Jesus foi formalmente organizada em 1540 com esses dez membros.
Cresceu rapidamente a princípio, embora só fossem admitidos homens cuidadosamente escolhidos, pois a extraordinária influência de Loiola, seu forte caráter, zelo excessivo e suas grandes perspectivas para a regeneração da sua igreja atraiu a muitos.
Tanto sacerdotes como leigos eram recebidos na Ordem. Diferente das demais Ordens, naquele tempo, como hoje, não adotou distintivos.
O propósito da Sociedade era promover o progresso eclesiástico e lutar contra os inimigos da I. C. Romana, por todos os meios possíveis.
Era trabalhar incessantemente, num espírito de lealdade ao papa, mas lealdade inquestionável. A organização da sociedade era baseada num sistema de disciplina rígida e absoluta, obediência contínua e perfeita.
"Cada membro... era ligado por um juramento aos seus superiores imediatos, como se ele ocupasse o lugar de Jesus Cristo, até ao ponto de fazer o que ele, o membro, considerasse mesmo errado..."
Assim, organizou-se uma grande máquina, inteiramente sujeita à vontade do Geral, sempre pronta a ser usada para qualquer finalidade e em qualquer lugar onde fosse útil à Igreja Romana, ou cumprir as Ordens do papa.
As estratégias da Companhia de Jesus contra o protestantismo
Os jesuítas tinham, entre outros, três métodos principais de contra-atacar o protestantismo. Nas igrejas que estabeleceram ou naquelas que conseguiam controlar, colocavam hábeis pregadores e promoviam reuniões atraentes.
Puseram, assim, nova vida no culto público da Igreja Romana em muitos lugares. Dispensavam também muita atenção à obra educacional. Abriram escolas primárias que logo se enchiam, pois o ensino era gratuito e bom.
Puseram, assim, nova vida no culto público da Igreja Romana em muitos lugares. Dispensavam também muita atenção à obra educacional. Abriram escolas primárias que logo se enchiam, pois o ensino era gratuito e bom.
Os alunos eram, naturalmente, treinados a demonstrar devoção à I. C. Romana e, através dos filhos, os jesuítas alcançavam também os pais.
Foi assim que grandes regiões da Alemanha foram supridas de professores escolhidos por sua capacidade de ensino e por sua pessoal influência religiosa. Destarte, conseguiram educar numerosos jovens que se tornaram ardentes defensores do romanismo.
Foi assim que grandes regiões da Alemanha foram supridas de professores escolhidos por sua capacidade de ensino e por sua pessoal influência religiosa. Destarte, conseguiram educar numerosos jovens que se tornaram ardentes defensores do romanismo.
Um terceiro método de operação era de caráter político. Os jesuítas dedicaram-se a inspirar nos governantes católicos, devoção à Igreja e ódio ao protestantismo.
Dentro de poucos anos, os jesuítas tornaram-se dominadores da I. C. Romana. O espírito deles era o da Contra-Reforma e o seu ideal era esmagar os dissidentes.
Como resultado dessa política, levantaram-se tremendas perseguições aos protestantes em vários países. A pressão jesuítica era constante e poderosa no ânimo dos governos.
Dentro de poucos anos, os jesuítas tornaram-se dominadores da I. C. Romana. O espírito deles era o da Contra-Reforma e o seu ideal era esmagar os dissidentes.
O Concílio de Trento e a reafirmação doutrinária
Outro grande elemento de combate a Reforma foi o Concílio de Trento. Este concílio geral reuniu-se em Trento, no Tirol, em 1545, e durou dezoito anos, dividindo-se em três longas sessões.
O Concílio deu à I. C. Romana uma declaração completa da sua doutrina. Nada disto tinha sido realizado durante a Idade Média.
Desta vez essa igreja alcançou uma expressão definitiva sobre o que ela cria e ensinava com relação às grandes verdades religiosas; isto porém, foi preparado no espírito de franca oposição ao protestantismo. Assim ela dispunha de novas e poderosas armas, em sua batalha, para reconquistar o que havia perdido.
O Concílio fora convocado, todavia, para considerar os assuntos dos concílios anteriores: a reforma da igreja papal. Apesar de a Cúria manobrar para evitar a concretização do desejo da maioria, todavia o Concílio alcançou alguma coisa neste sentido.
Reorganizou o sistema de governo eclesiástico, de modo a torná-lo mais eficiente. Removeu alguns dos seus piores males. De um modo geral o Concílio deixou a Igreja Romana muito mais preparada para combater o protestantismo.
Reorganizou o sistema de governo eclesiástico, de modo a torná-lo mais eficiente. Removeu alguns dos seus piores males. De um modo geral o Concílio deixou a Igreja Romana muito mais preparada para combater o protestantismo.
A repressão, a censura e o uso da força contra a heresia
Os líderes da Contra-Reforma defenderam com todas as forças a crença medieval de que era justo o uso da força contra a heresia.
Já vimos como eles influenciaram os governos católicos na perseguição aos protestantes. Mas a Igreja Romana tinha os seus próprios meios de repressão. O que havia de protestantismo na Espanha e na Itália foi esmagado pela Inquisição.
Ao lado da Inquisição operava a Congregação do índex que condenava os livros com os quais a Igreja não concordava. Esta lista de livros condenados pela igreja incluía todos os escritos protestantes e todas as versões da Bíblia, exceto a Vulgata.
A atividade da Congregação não se limitava a combater as crenças protestantes, mas igualmente todo o pensamento que conduzisse o mundo ao progresso; pesquisas e estudos de toda a natureza foram, praticamente, aniquilados na Itália e na Espanha.
A atividade da Congregação não se limitava a combater as crenças protestantes, mas igualmente todo o pensamento que conduzisse o mundo ao progresso; pesquisas e estudos de toda a natureza foram, praticamente, aniquilados na Itália e na Espanha.
O reavivamento católico e o zelo contra os "inimigos"
Embora a Contra-Reforma cuidasse principalmente dos meios de repressão ao protestantismo, incluiu também em suas atividades um despertamento religioso na sua igreja.~
Tanto os clérigos como os leigos experimentaram, em muitos lugares, um reavivamento da fé e zelo romanistas que se manifestou numa devoção aos interesses dessa igreja e ao bem estar do próximo.
Os assim despertados eram inimigos do protestantismo e lutavam para restaurar a Igreja à custa do aniquilamento dos inimigos. Muitos desses perseguidores eram sinceros no seu zelo que julgavam cristão.
A ofensiva católica e a reconquista de territórios
O catolicismo romano atingiu o seu ponto mais baixo em 1560. O protestantismo tinha prevalecido em muitos países e parecia ter em perspectiva muitas outras conquistas, particularmente nas partes do império alemão que até então o papado retinha em seu poder.
Em 1566, todavia, a I. C. Romana tomou a ofensiva, chefiada por Pio V, que foi um papa de espírito combativo. Os métodos já descritos o capacitaram a atacar o protestantismo com uma força que a igreja medieval, no inicio da Reforma, não teria usado.
Teve também o poderoso auxilio de fortes governos, especialmente do imperador alemão e dos soberanos da França e da Espanha.
Iniciou-se a conquista. Em grandes regiões do império alemão, as quais, oficialmente, ainda eram católicos por terem governadores católicos, o protestantismo era forte e se desenvolvia.
Muitos desses governadores tinham se mostrado tolerantes até então. De repente, foram possuídos de um ódio tremendo, imbuídos do espírito da Contra-Reforma.
Pelo trabalho dos jesuítas e pela perseguição desses governos, essas regiões se tornaram solidamente católicas.
Tais regiões incluíam a Áustria, Estíria, Caríntia, Bavária e grandes partes da região do Reno, Aconteceu o mesmo na Polônia. Nos Países Baixos a Contra-Reforma destruiu o protestantismo nas províncias do sul.
Tais regiões incluíam a Áustria, Estíria, Caríntia, Bavária e grandes partes da região do Reno, Aconteceu o mesmo na Polônia. Nos Países Baixos a Contra-Reforma destruiu o protestantismo nas províncias do sul.
O maior desses empreendimentos de reconquista da Igreja Romana foi dirigido contra a Inglaterra. Era claro que enquanto a Inglaterra conservasse o seu poder, o protestantismo não podia ser aniquilado.
A tentativa de golpe final: A Grande Armada Espanhola
A tentativa de golpe final: A Grande Armada Espanhola
Foi então que a I. C. Romana tentou dar o golpe de morte no seu inimigo mais poderoso, mandando, por Felipe II, da Espanha, a Grande Armada espanhola contra a Inglaterra.
Mas os combatentes ingleses e uma terrível tempestade destruíram, afinal, a Grande Armada e a Inglaterra protestante foi salva.
Mas os combatentes ingleses e uma terrível tempestade destruíram, afinal, a Grande Armada e a Inglaterra protestante foi salva.
ÍNDICE
A preparação para o Cristianismo
A fundação e expansão da Igreja
A Igreja antiga (100 - 313)
A Igreja antiga (313- 590)
A Igreja no início da Idade Média (590 - 1073)
A Igreja no apogeu da Idade Média (1073 - 1294)
Decadência e renovação na Igreja Ocidental (1294 - 1517)
Revolução e reconstrução (1517 - 1648)
A era da Reforma (1517 - 1648)
40 - A Contra-Reforma ⬅️ Você está aqui!
O cristianismo na Europa (1648 - 1800)
O Século 19 na Europa
O Século 20 na Europa
O cristianismo na América