Anabatistas na Reforma: Perseguição, princípios radicais e a origem dos menonitas


Destaques do Artigo:
⛪ Batismo adulto: O símbolo da igreja como comunidade de convertidos.
✝️ Perseguição dupla: Condenados por católicos e protestantes no século XVI.
🔄 De anabatistas a menonitas: Como Menno Simons moldou um legado pacifista.

Anabatistas: O terceiro movimento radical da Reforma Protestante
Além dos luteranos e dos reformados surgiu um terceiro movimento reformador conhecido como batista. A revolução religiosa naturalmente, estimulou muitos modos de vida e de pensamento religioso. 

Consequentemente, no começo da Reforma apareceram na Europa central vários grupos de cristãos zelosos que, embora rejeitassem os ensinos da igreja medieval e defendessem fundamentalmente a interpretação reformada do cristianismo, não seguiram os luteranos nem os zuinglianos, nem se juntaram as chamadas igrejas de Estado, ou oficiais.

Sociedades secretas: O modelo de igreja voluntária do Novo Testamento
O ideal deles era organizar sociedades de cristãos verdadeiramente convertidos, em bases voluntárias. Estas sociedades seriam santos agrupamentos seguindo os ensinos do Novo Testamento e particularmente o Sermão do Monte. 

Nelas seria reproduzido o modo de viver dos cristãos primitivos. Todos os seus membros deveriam viver segundo o Evangelho. 

Não lançariam mão da força; portanto não iriam a guerra. Nem exerceriam cargos civis. Não ofereceriam resistência ao mal, e suportariam com forte ânimo tudo que lhes sobreviesse por causa das suas convicções.

Tinham de cultivar um estrito companheirismo entre si e dispensar muito cuidado às necessidades do próximo. Tais sociedades exerceriam e obedeceriam a uma estrita disciplina a fim de cultivar uma comunidade de cristãos genuínos.

Batismo adulto e igreja voluntária: Os princípios radicais dos anabatistas
Pode-se dizer que a doutrina fundamental dos anabatistas era uma concepção particular a respeito da Igreja. 

Esta, sustentavam eles, é uma comunidade de pessoas regeneradas, isto é, convertidas. Ninguém mais tinha a ver com a mesma. 

Decorria daí a crença deles, de que o batismo, o rito de admissão à Igreja, só deveria ser ministrado aos adultos, desde que somente estes poderiam experimentar conversão.

Os que se filiavam a essas sociedades eram batizados, pois o batismo que já tivessem recebido na infância era destituído de significação. Por causa dessa atitude foram chamados anabatistas, isto é, que batizavam novamente. 

Era virtude da ideia que tinham sobre a igreja não admitiam a existência de uma igreja oficial, reconhecida peio Estado. Uma igreja sob o controle do poder civil, que podia ser ou deixar de ser cristão, diziam eles, não podia ser a verdadeira igreja. 

Por esta razão se separavam e não queriam qualquer aproximação com as igrejas reformadas, pois todas elas eram igrejas reconhecidas pelo Estado.

Anabatistas e a luta social: Das revoltas camponesas à perseguição implacável
Os anabatistas surgiram especialmente nas regiões da Europa onde o descontentamento social vinha de há muito dominando. 

Procederam principalmente dos camponeses e artesãos que eram vítimas de injustiças; não obstante, entre eles havia alguns líderes cultos. 

Foram eles, até certo ponto, envolvidos pela Guerra dos Camponeses em 1525, guerra que foi a culminação das revoltas das populações opressas.

Nos primeiros anos do seu desenvolvimento havia entre os anabatistas, a esboçar-se, uma veleidade de transformar a ordem então existente, estabelecendo no seu lugar uma sociedade fundamentada no amor cristão. 

Mas este radicalismo social logo passou, em parte por causa da perseguição, e mesmo porque esse propósito não era característico da maioria dos anabatistas.

Em geral estes eram calmos, devotados, trabalhadores, ocupados principalmente com suas sociedades, tais como já as descrevemos, isolados do mundo e das lutas políticas, sofrendo pacientemente inimizades e perseguições.

Antes de 1524, existiam numerosas sociedades de anabatistas na Suíça e no sul e oeste da Alemanha. A partir dessa época, eles cresceram em número muito rapidamente nessas regiões, como nos Países Baixos na Áustria. 

A Igreja Romana, naturalmente, perseguiu-os de um modo terrível. E até os luteranos e zuinglianos os perseguiram por sua rejeição do batismo infantil e oposição às igrejas oficiais.


Por que foram perseguidos? O desafio às igrejas oficiais
Na Dieta de Spira, em 1529, enquanto os luteranos e zuinglianos protestavam contra a perseguição que se lhes movia, concordavam em que se perseguissem os anabatistas, alguns dos quais sofreram morte às mãos de vários protestantes. 

Um dos mais ferozes assaltos romanistas caiu sobre eles, especialmente nos Países Baixos, onde os seus sofrimentos ultrapassam qualquer descrição.

Mas em face desta perseguição, a mais severa de toda a história da Reforma, eles demonstraram a maior resignação e vitalidade.


Menno Simons: O líder que transformou anabatistas em menonitas
O mais célebre líder dos anabatistas foi Meno Simons (1492-1559). 

Durante vinte e cinco anos ele pastoreou as sociedades espalhadas pela Alemanha e Países Baixos, Purificou-as das suas tendências para o fanatismo, resultantes, naturalmente, dos seus sofrimentos. 

Encorajou-as nos períodos de perseguição, conseguiu novos conversos pela pregação e as unificou numa grande irmandade que tomou o seu nome — Os Menonitas.



Do século XVI ao Batismo moderno: A herança dos perseguidos
Em 1608, vários puritanos fugidos da Inglaterra por causa das perseguições chegaram à Holanda. Alguns deles, foram, depois, os Peregrinos de Plymouth. 

Outros que vieram por causa da influência dos Menonitas aceitaram os pontos de vista destes.

Mais ou menos em 1611, alguns desses últimos conversos fundaram em Londres a primeira Igreja Batista ou Anabatista da Inglaterra. Já antes disto, alguns batistas ingleses estavam associados aos Menonitas holandeses.

Destes primeiros batistas ingleses procederam os demais batistas que fundaram igrejas no mundo de língua inglesa. 

A designação de Menonitas ainda hoje é adotada por algumas igrejas na Alemanha e por igrejas de origem germânica, tanto na Rússia como na América.

ÍNDICE

A preparação para o Cristianismo 

A fundação e expansão da Igreja 

A Igreja antiga (100 - 313) 

A Igreja antiga (313- 590) 

A Igreja no início da Idade Média (590 - 1073) 

A Igreja no apogeu da Idade Média (1073 - 1294) 

Decadência e renovação na Igreja Ocidental (1294 - 1517) 

Revolução e reconstrução (1517 - 1648) 

A era da Reforma (1517 - 1648) 
39 - Os Anabatistas ⬅️ Você está aqui! 

O cristianismo na Europa (1648 - 1800) 

O Século 19 na Europa 

O Século 20 na Europa 

O cristianismo na América 

Semeando Vida

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