27 - Tentativas de reforma dentro da Igreja



VI. TENTATIVAS DE REFORMA DENTRO DA IGREJA

A - O ANSEIO PELA REFORMA

Reformadores na Igreja
À medida que vamos examinando essas condições calamitosas na igreja, ocorre-nos, entre indignados e estupefatos, perguntar: 

Será que não havia naqueles tempos homens que, vivendo dentro da igreja, mas suficientemente preparados e cheios do verdadeiro espírito cristão, não vissem esses grandes males e desejassem remediá-los? Sim, tais homens existiam e não em pequeno número.

Os séculos XIV e XV viram surgir dentro da própria igreja um forte espírito, um extraordinário desejo de reforma. 



A degradação do papado com o Cativeiro Babilônico e com o Cisma, as explorações e extorsões feitas pelos papas e sua intromissão em todos os negócios da igreja em toda a parte, os vícios, as ambições desmedidas, a incompetência e negligência do clero, a queda geral da disciplina, a administração entregue às mãos dos bispos fracos e corruptos...

Todas essas coisas causavam tristeza e revolta generalizadas, bem como protestos e pedidos insistentes para que se banissem da igreja tantos males e tanta vergonha.

Assim falavam muitos homens da alta hierarquia clerical, inclusive vários bispos e cardeais. Estadistas e reis insistiam em que se fizesse alguma coisa. De todos os países, especialmente da Alemanha e da França, partia o grito por uma reforma. 

A maior escola teológica da igreja medieval, a Universidade de Paris, era quase totalmente dirigida por espíritos reformadores e forneceu muitos líderes desse movimento.

B - CONCÍLIOS REFORMISTAS


Tentativa de reforma no Concílio de Constança
O meio pelo qual propunham reformar a igreja era um Concílio Geral, que, segundo a velha teoria, era a suprema autoridade na igreja. 

Perdidas as esperanças no papado, os reformadores reviveram essa teoria como um meio de alcançarem seus propósitos.

Tentaram isto primeiramente no Concílio de Pisa, num vão esforço para curar o Cisma. Pouco tempo depois foi convocado o Concílio de Constança que conseguiu restaurar a unidade da igreja. 

Muitos participantes do Concílio, porém, pretendiam fazer muito mais do que isto. Queriam conseguir o que eles chamavam "A Reforma da Igreja, da Cabeça aos Pés".

O Concílio era constituído por um grupo de homens aos quais não faltavam habilidade, inteligência e interesse. Enfim, estavam ali os melhores homens que era possível reunir naquela época.

Estavam também ali, muito bem representados, tanto a igreja como os poderes civis, quer pessoalmente, quer por meio de embaixadores. 

Sem dúvida a maioria dos seus membros estava firmemente determinada a conseguir as reformas tão necessárias. Eram poderosamente apoiados pela presença pessoal do imperador Sigismundo, que era ardoroso defensor da tese reformista.



Fracasso
Não obstante haver muita discussão sobre reforma, o concílio, depois de três anos de procrastinação, nada conseguiu. 

Os políticos representantes do papa fizeram um astuto jogo de oposição sistemática a qualquer modificação que se chocasse com seus altos interesses pessoais. Zelos nacionalistas dividiram os reformadores. 

Mas a causa real do fracasso é que não havia entre eles bastante caráter, firmeza de propósitos, entusiasmo moral para atingirem seu objetivo.




Concílio de Basiléia
Poucos anos depois, os interessados na reforma tiveram outra oportunidade no Concílio Geral de Basiléia. 

Todavia, ali, não obstante haver muita discussão sobre reforma, enquanto o Concílio se arrastava numa lentidão enervante (1431-1449), nada foi conseguido de substancial.

O que verificamos de tudo isto, e que muitos homens ilustres de então já sabiam, é que não era possível surgir dentro da igreja papal qualquer reforma cuja ação fosse iniciada por esta organização mesma. 

A força do mal nela existente não podia ser destruída por ela mesma, a despeito de toda a indignação e protesto da opinião pública da Europa. A reforma só poderia vir por meio de uma revolução que desfizesse aquela organização.

Por Robert Hastings Nichols

ÍNDICE


A preparação para o Cristianismo

01 - A contribuição dos Romanos, Gregos e Judeus
02 - Como era o mundo no surgimento do cristianismo

A fundação e expansão da Igreja
03 - Jesus e sua Igreja
04 - A Igreja Apostólica Até o Ano 100

A Igreja antiga (100 - 313) 
05 - O mundo em que a Igreja vivia (100 - 313)
06 - Características da Igreja Antiga (100-313)

A Igreja antiga (313- 590) 
07 - O mundo em que a Igreja vivia (313 - 590)
08 - Características da Igreja Antiga (313-590)

A Igreja no início da Idade Média (590 - 1073) 
09 - O mundo em que a Igreja vivia (590-1073)
10 - Características da Igreja no início da Idade Média 
11 - O cristianismo em luta com o paganismo dentro da Igreja

A Igreja no apogeu da Idade Média (1073 - 1294) 
12 - A Igreja no Ocidente - O papado Medieval - Hildebrando
13a - Inocêncio III
13b - A Igreja Governa o Mundo Ocidental
14 - A guerra da Igreja contra o Islamismo - As cruzadas 
15 - As riquezas da Igreja
16 - A organização da Igreja
17 - A disciplina e a lei da Igreja Romana
18 - O culto da Igreja
19 - O lugar da Igreja na religião
20 - A vida de alguns líderes religiosos: Bernardo, Domingos e Francisco de Assis
21 - O que a Igreja Medieval fez pelo mundo
22 - A igreja Oriental

Decadência e renovação na Igreja Ocidental (1294 - 1517)

23 - Onde a Igreja Medieval falhou
24 - Movimentos de protesto: Cataristas, Valdeneses, Irmãos
25 - A queda do Papado
26 - Revolta dentro da igreja: João Wycliff e João Huss
27 - Tentativas de reforma dentro da Igreja
28 - A Renascença e a inquietude social como preparação para a Reforma

Revolução e reconstrução (1517 - 1648) 
29 - A Reforma Luterana
30 - Como Lutero se tornou reformador
31 - Os primeiros anos da Reforma Luterana
32 - Outros desdobramentos da Reforma Luterana
33 - A Reforma na Suíça - Zuínglio
34 - Calvino - líder da Reforma em Genebra
35 - A Reforma na França
36 - A Reforma nos Países Baixos
37 - A Reforma na Escócia, Alemanha e Hungria



O cristianismo na Europa (1648 - 1800)
43 - A França e a Igreja Católica Romana
44 - A Igreja Católica Romana e a Revolução Francesa
45 - O declínio religioso após a Reforma
46 - O Pietismo
46 - A Igreja Oriental
47 - A Regra Puritana
48 - Restauração
49 - Revolução
50 - Declínio Religioso no começo do século 18
51 - O Reavivamento do Século 18 e seus resultados
52 - Os Pactuantes (Covenanters)
53 - O Século 18 na Escócia
54 - O Presbiterianismo na Irlanda

O Século 19 na Europa
55 - O Catolicismo Romano
56 - O Protestantismo na Alemanha, França, Holanda, Suíça, Escandinávia e Hungria
57 - O Movimento Evangélico na Inglaterra
58 - O Movimento Liberal
59 - O Movimento Anglo-Católico
60 - As Igrejas Livres
61 - As Igrejas na Escócia: despertamento, descontentamento e cisão
62 - As missões e o cristianismo europeu

O Século 20 na Europa
63 - História Política até 1935
64 - O Catolicismo Romano
65 - O Protestantismo no Continente
66 - A Igreja da Inglaterra
67 - As Igrejas Livres 
68 - A Escócia
69 - A Igreja Ortodoxa Oriental
70 - Outros países orientais
71 - O Movimento Ecumênico

O cristianismo na América
72 - As primeiras tentativas
73 - As Treze Colônias
74 - Reconstrução e reavivamento após a Guerra da Independência
75 - O Século 19 até 1830
76 - 1830 - 1861
77 - 1861 - 1890
78 - 1890 - 1929

Semeando Vida

Profundidade Teológica e Orientação Espiritual para Líderes e Estudiosos da Fé

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