Reforma Luterana: Conflitos imperiais, paz religiosa e influência europeia



Destaques do Artigo: 
 📜 Confissão de Augsburg: O manifesto que definiu o luteranismo como doutrina. 
 🕊️ Paz de 1555: Legalização do protestantismo no Império Germânico. 
 🌍 Influência de Lutero na Escandinávia, Hungria e além das fronteiras alemãs. 

Dieta de Augsburg: O embate entre Carlos V e os protestantes
Enquanto as coisas corriam assim pouco satisfatórias o imperador veio à Alemanha, pela primeira vez depois da Dieta de Worms, determinado a por um fim a essa dificuldade religiosa que estava convulsionando o império. Já tinha ele vencido os seus inimigos e estava com as mãos livres. 

No grande Dieta de Augsburg, em 1530, foi a questão submetida a debate. Numa declaração de princípios os luteranos apresentaram a famosa Confissão de Augsburg que, ainda ao presente, é uma declaração doutrinária dos luteranos em toda a parte.

Melanchton que se tornara um líder, apenas superado por Lutero, foi o principal autor dessa declaração. 

O Imperador fez algumas tentativas para assegurar um acordo doutrinário entre os romanistas e os luteranos, com o propósito de trazer os últimos à velha igreja dos papas. 

A ameaça de guerra e a estratégia de Carlos V

Vista a impossibilidade, a maioria católica romana da Dieta decretou que, depois de Abril de 1531, o Protestantismo seria exterminado pela guerra.

Todavia demorou bastante antes que os protestantes, por sua fé, tivessem de lutar contra o imperador. 

Os turcos que oportunamente atacaram o território austríaco do imperador e o seu posterior desacordo com o papa, que se recusava a introduzir na igreja certas reformas que o imperador achava oportunas, ocuparam suas mãos antes que pudesse guerrear os protestantes.

Enquanto isso a Reforma avançava extensivamente, e parecia que quase toda a Alemanha ia tornar-se luterana. 

Afinal, Carlos V, vendo improfícuos seus contínuos esforços para fazer retornar os protestantes, e incapaz por sua carolice, de abrir uma brecha na igreja, resolveu esmagar a causa protestante.

Lutero na Alemanha: Tradução da Bíblia e reorganização eclesiástica
Antes que viesse a guerra, faleceu Lutero aos sessenta e três anos. Por quase trinta anos fora ele o líder de um dos maiores movimentos religiosos da história. 

A esse notável movimento deu ele grande inspiração, já por sua pregação constante, já pelo preparo de novos pregadores, já por seu grande número de livros escritos, já pelo trabalho de correspondência e conselhos pessoais.

Fez ainda mais, traduzindo a Bíblia toda das línguas originais para a língua do seu povo. Esta é ainda a Bíblia da Alemanha e foi a maior fonte de poder da Reforma.

Nobre por natureza, ainda que de origem humilde, Lutero conseguiu reunir muitos homens poderosos e fez que este grande movimento prosseguisse sem desfalecimento. Lutero cometeu alguns erros, mas sob a direção divina realizou maravilhas.

Nesses poucos anos ele viu “a maior parte do império alemão ganha para a religião evangélica - um território mais ou menos da forma de um triângulo, cuja base eram as praias do Mar Báltico, a partir dos Países Baixos no ocidente, até os limites orientais da Prússia, e cujo vértice era a Suíça".

Dentro dessas linhas havia alguns pequenos territórios católicos romanos, mas também fora delas havia várias fortalezas protestantes. Nas igrejas desta vasta região o Evangelho era pregado na língua comum do povo. Nos púlpitos e nos bancos das igrejas havia cópias da Bíblia traduzida por Lutero. 

Cantavam-se por toda a Alemanha hinos evangélicos e salmos, muitos dos quais escritos pelo próprio Lutero. Dentro eles se destacava a Marselhesa da Reforma, "Castelo Forte é Nosso Deus", que sua alma heroica e inspirada escreveu, que era cantado pelo povo em toda a parte.

Eram organizadas escolas onde existisse uma igreja, pois um dos grandes interesses de Lutero era educação dos filhos do seu povo. À frente das igrejas estavam os ministros instruídos e fiéis. 

O governo da igreja tinha sido reorganizado, cada príncipe superintendia a igreja nos seus territórios. Dentro de trinta anos a igreja cristã na Alemanha tinha sido reformada como ninguém jamais sonhara ser possível.

Paz de Augsburg (1555): O reconhecimento político do protestantismo
A guerra do imperador contra o protestantismo começou em 1546. A princípio ele foi vitorioso em toda a parte. Pouco tempo depois, porém, Maurício da Saxônia expulsou-o da Alemanha. 

Entristecido por isto é por outros fracassos, Carlos entregou a direção do Império às mãos do seu irmão Fernando. Sob o governo deste, foi feita a Paz de Augsburg na Dieta de 1555, a qual determinava que cada príncipe decidisse qual seria a religião do seu próprio território. 

Por esse instrumento de paz reconhecia-se o protestantismo como movimento legal dentro do Império alemão e assegurados, por parte do povo alemão, os frutos da grande separação de Roma.

Lutero na Europa: Expansão do luteranismo além da Alemanha
A influência de Lutero foi sentida em muitos outros países além do seu. Desde a aposição das noventa e cinco teses, a história do seu rompimento com a igreja espalhou-se por toda a parte. 

Seus escritos tinham larga aceitação, apesar dos esforços dos inquisidores. Foi assim que seu movimento se fortificou na Boêmia, Hungria, Polônia, Inglaterra, Escócia, França, Países Baixos, Escandinávia, e mesmo na Espanha e na Itália.

Em alguns desses países, o movimento de reforma religiosa tinha tido início antes mesmo que Lutero surgisse como reformador. 

Com Lutero, ou sem ele, era inevitável tal movimento de reforma religiosa. Mas a inspiração que ele proporcionou fortaleceu a todos os movimentos que o antecederam. 

Em muitos desses países a influência de Calvino foi mais preponderante na Reforma que a de Lutero. A reforma inglesa teve cunho todo particular. Mas nas terras escandinavas a Reforma foi exclusivamente um movimento luterano.

Escandinávia: A conversão oficial ao luteranismo
Na Dinamarca os pregadores luteranos, a princípio, e depois o nativos, trabalhavam desde 1519. A igreja /nacional tornou-se protestante e luterana em 1536 por ato de Cristiano III, rei da Noruega e da Dinamarca e também por meio de uma assembléia nacional.

A igreja da Noruega tornou-se luterana em 1539, virtude do assentimento do rei. Três suecos que tinham estudado em Wittenberg voltaram ao seu próprio país em 1520 e pregaram as idéias reformadas com resultados extraordinários. Sete anos depois, a Dieta Nacional decretou que a igreja na Suécia fosse reformada.

Na Hungria, no século XVI, desenvolveu-se uma forte igreja luterana não obstante já existir ali uma calvinista ainda mais forte.

(1) Nota do tradutor: A Reforma do século XVI é, depois do advento do cristianismo, o maior evento da História. Ela assinala o encerramento da Idade Média e o início dos tempos modernos. Partindo da religião, ela deu direta ou indiretamente, um poderoso impulso a todo movimento progressivo, e tornou o Protestantismo a força propulsora na história da moderna da civilização.

O Catolicismo e o Protestantismo representam dois tipos distintos de cristianismo, tipos que brotaram da mesma raiz, mas diferentes nos seus ramos. O Catolicismo é cristianismo legalista que serviu às nações bárbaras da Idade Média como uma escola de disciplina necessária. O Protestantismo é cristianismo evangélico que corresponde à era da independência do gênero humano. O Catolicismo é tradicional, hierárquico, ritualista, conservador. O Protestantismo é bíblico, democrático, espiritual, progressivo. O Catolicismo é governado pelo princípio de autoridade; o Protestantismo, pelo princípio da legítima liberdade.

Há três princípios fundamentais da Reforma: (1) A supremacia das ESCRITURAS sobre a tradição; (2) A supremacia da FÉ sobre as obras; e (3) a supremacia do POVO CRISTÃO sobre um sacerdócio exclusivo. Eles se resumem no único princípio da liberdade evangélica, ou liberdade em Cristo. O objetivo último do Protestantismo evangélico é trazer cada homem a uma responsabilidade pessoal e a uma união vital com Cristo, o único e todo suficiente Senhor e Salvador do pecado e da morte eterna. Felip Schaff, na "História da Igreja Cristã".


ÍNDICE

A preparação para o Cristianismo 

A fundação e expansão da Igreja 

A Igreja antiga (100 - 313) 

A Igreja antiga (313- 590) 

A Igreja no início da Idade Média (590 - 1073) 

A Igreja no apogeu da Idade Média (1073 - 1294) 

Decadência e renovação na Igreja Ocidental (1294 - 1517) 

Revolução e reconstrução (1517 - 1648) 
32 - Outros desdobramentos da Reforma Luterana ⬅️ Você está aqui! 

A era da Reforma (1517 - 1648) 

O cristianismo na Europa (1648 - 1800) 

O Século 19 na Europa 

O Século 20 na Europa 

O cristianismo na América 

Semeando Vida

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