III. MOVIMENTOS DE PROTESTO
Não se pense que esse cortejo de miséria dentro da igreja passou sem condenação.
Logo no início do século XII surgiram vários movimentos de oposição contra a atitude e o estado da igreja, por parte de homens que conheciam o grande mal nela existente, e que abandonaram o seu culto e a sua comunhão.
O mais importante desses movimentos teve lugar no sudeste da França, sob a chefia de Pedro de Bruys e Henrique de Lausanne.
Eles e os seus seguidores opunham-se à superstição dominante na igreja, a certas formas de culto e à imoralidade do clero.
Este movimento chamado dos “Petrobrussianos" desenvolveu-se por uma vasta região e muita gente de todas as camadas sociais a ele aderiu, abandonando as igrejas e escarnecendo do clero.
Os Cataristas
Outra força relacionada com este movimento foi o poderoso partido religioso dos Cataristas que se desenvolveu grandemente aos fins do século XII e durante o século XIII.
Na realidade foi uma igreja rival, pois ela possuía a sua própria organização, o seu ministério, o seu credo, culto e sacramentos.
O credo era uma estranha mistura de Cristianismo e ideias religiosas orientais. Pensavam eles que a matéria fora criada por Satanás e que ela era a sede e fonte de todo o mal. Daí não poderem eles acreditar que o Filho de Deus tivesse tido um corpo e vida humana.
Por isso julgavam que o caminho para a santidade era fugir do poder da carne, negando os seus desejos ou deles fugindo pelo suicídio.
Suas vidas abnegadas e de moral irrepreensível constituíam uma reprimenda ao clero que usava o nome de cristão. O culto e o sacramento eram modelados pelos da Igreja, mas livres dos elementos supersticiosos e do formalismo.
Embora não fossem cristãos completos, representavam o desejo generalizado de uma religião melhor do que a igreja papal oferecia.
Os Cataristas se espalharam pela Itália, França, Espanha, Países Baixos e Alemanha. Foram mais fortes no sudeste da França, onde foram chamados Albigenses (da cidade de Albi).
Em toda a parte os Cataristas foram caçados pela Inquisição que fora organizada principalmente por causa deles.
Contra os albigenses ali, foi desencadeada, sob as ordens de Inocêncio III, uma terrível guerra de extermínio que durou vinte anos, assolando a França e dizimando a sua população naquela parte considerada o seu jardim.
As ordens dos franciscanos e dos dominicanos foram organizadas após o aparecimento dos Cataristas, como prova de que dentro da própria Igreja era reconhecida a sua negligência, especialmente no que se refere à pregação e à instrução religiosas.
Mas como já vimos, essas ordens perderam muito da sua vitalidade ao fim da Idade Média.
Os Valdenses
Outro movimento de protesto foi o dos Valdenses. Ao fim do século XII, um negociante de Lião chamado Pedro Valdo, movido pelo ensino do capítulo dez do Evangelho de S. Mateus, começou a distribuir seu dinheiro com os pobres e tornou-se um pregador ambulante do Evangelho.
Juntou-se a ele grande número de seguidores que o ajudavam no trabalho dentro da igreja, não obstante manifestarem, de início o seu protesto contra o descaso dessa igreja.
As autoridades eclesiásticas logo os excomungaram. Expulsos e considerados inimigos começaram a se organizar como igreja à parte.
Ao fim da Idade Média já encontramos os Valdenses completamente organizados e espalhados por toda a Europa ocidental. Apesar de constantemente caçados pela Inquisição, eram intensamente ativos no ensino do Evangelho e na distribuição de partes manuscritas da Bíblia na língua do povo.
Os Irmãos
Muito semelhantes aos Valdenses eram os dissidentes que a si mesmos chamavam de "Irmãos". Estas pessoas tinham uma fé cristã muito simples e eram conhecidas onde viviam por suas vidas cheias de bondade e pureza incomuns.
Nada tinham com a Igreja ou seu clero, e realizavam o culto na língua comum do povo. Apreciavam a leitura da Bíblia e possuíam muitas cópias de manuscritos de tradução da Bíblia ou de algumas das suas partes.
As sociedades dos "Irmãos" se espalharam pela Europa, correspondendo-se e realizando trabalho em conjunto.
Como os Valdenses, mantinham trabalho missionário muito ativo mas em segredo, por causa das perseguições. Eram numerosas entre os camponeses e operários das cidades, particularmente na Alemanha.
A Igreja porém, nada aprendeu com essa onda de protestos generalizada. Sua única resposta foi a Inquisição. Tal atitude era uma profecia de sua condenação.
A preparação para o Cristianismo
01 - A contribuição dos Romanos, Gregos e Judeus
02 - Como era o mundo no surgimento do cristianismo
A fundação e expansão da Igreja
03 - Jesus e sua Igreja
04 - A Igreja Apostólica Até o Ano 100
A Igreja antiga (100 - 313)
05 - O mundo em que a Igreja vivia (100 - 313)
06 - Características da Igreja Antiga (100-313)
A Igreja antiga (313- 590)
07 - O mundo em que a Igreja vivia (313 - 590)
08 - Características da Igreja Antiga (313-590)
A Igreja no início da Idade Média (590 - 1073)
09 - O mundo em que a Igreja vivia (590-1073)
10 - Características da Igreja no início da Idade Média
11 - O cristianismo em luta com o paganismo dentro da Igreja
A Igreja no apogeu da Idade Média (1073 - 1294)
12 - A Igreja no Ocidente - O papado Medieval - Hildebrando
13a - Inocêncio III
13b - A Igreja Governa o Mundo Ocidental
14 - A guerra da Igreja contra o Islamismo - As cruzadas
15 - As riquezas da Igreja
16 - A organização da Igreja
17 - A disciplina e a lei da Igreja Romana
18 - O culto da Igreja
19 - O lugar da Igreja na religião
20 - A vida de alguns líderes religiosos: Bernardo, Domingos e Francisco de Assis
21 - O que a Igreja Medieval fez pelo mundo
22 - A igreja Oriental
Decadência e renovação na Igreja Ocidental (1294 - 1517)
23 - Onde a Igreja Medieval falhou
24 - Movimentos de protesto: Cataristas, Valdeneses, Irmãos
25 - A queda do Papado
26 - Revolta dentro da igreja: João Wycliff e João Huss
27 - Tentativas de reforma dentro da Igreja
28 - A Renascença e a inquietude social como preparação para a Reforma
Revolução e reconstrução (1517 - 1648)
29 - A Reforma Luterana
30 - Como Lutero se tornou reformador
31 - Os primeiros anos da Reforma Luterana
32 - Outros desdobramentos da Reforma Luterana
33 - A Reforma na Suíça - Zuínglio
34 - Calvino - líder da Reforma em Genebra
35 - A Reforma na França
36 - A Reforma nos Países Baixos
37 - A Reforma na Escócia, Alemanha e Hungria
Não se pense que esse cortejo de miséria dentro da igreja passou sem condenação.
Logo no início do século XII surgiram vários movimentos de oposição contra a atitude e o estado da igreja, por parte de homens que conheciam o grande mal nela existente, e que abandonaram o seu culto e a sua comunhão.
O mais importante desses movimentos teve lugar no sudeste da França, sob a chefia de Pedro de Bruys e Henrique de Lausanne.
Eles e os seus seguidores opunham-se à superstição dominante na igreja, a certas formas de culto e à imoralidade do clero.
Este movimento chamado dos “Petrobrussianos" desenvolveu-se por uma vasta região e muita gente de todas as camadas sociais a ele aderiu, abandonando as igrejas e escarnecendo do clero.
Os Cataristas
Outra força relacionada com este movimento foi o poderoso partido religioso dos Cataristas que se desenvolveu grandemente aos fins do século XII e durante o século XIII.
Na realidade foi uma igreja rival, pois ela possuía a sua própria organização, o seu ministério, o seu credo, culto e sacramentos.
O credo era uma estranha mistura de Cristianismo e ideias religiosas orientais. Pensavam eles que a matéria fora criada por Satanás e que ela era a sede e fonte de todo o mal. Daí não poderem eles acreditar que o Filho de Deus tivesse tido um corpo e vida humana.
Por isso julgavam que o caminho para a santidade era fugir do poder da carne, negando os seus desejos ou deles fugindo pelo suicídio.
Suas vidas abnegadas e de moral irrepreensível constituíam uma reprimenda ao clero que usava o nome de cristão. O culto e o sacramento eram modelados pelos da Igreja, mas livres dos elementos supersticiosos e do formalismo.
Embora não fossem cristãos completos, representavam o desejo generalizado de uma religião melhor do que a igreja papal oferecia.
Os Cataristas se espalharam pela Itália, França, Espanha, Países Baixos e Alemanha. Foram mais fortes no sudeste da França, onde foram chamados Albigenses (da cidade de Albi).
Em toda a parte os Cataristas foram caçados pela Inquisição que fora organizada principalmente por causa deles.
Contra os albigenses ali, foi desencadeada, sob as ordens de Inocêncio III, uma terrível guerra de extermínio que durou vinte anos, assolando a França e dizimando a sua população naquela parte considerada o seu jardim.
As ordens dos franciscanos e dos dominicanos foram organizadas após o aparecimento dos Cataristas, como prova de que dentro da própria Igreja era reconhecida a sua negligência, especialmente no que se refere à pregação e à instrução religiosas.
Mas como já vimos, essas ordens perderam muito da sua vitalidade ao fim da Idade Média.
Os Valdenses
Outro movimento de protesto foi o dos Valdenses. Ao fim do século XII, um negociante de Lião chamado Pedro Valdo, movido pelo ensino do capítulo dez do Evangelho de S. Mateus, começou a distribuir seu dinheiro com os pobres e tornou-se um pregador ambulante do Evangelho.
Juntou-se a ele grande número de seguidores que o ajudavam no trabalho dentro da igreja, não obstante manifestarem, de início o seu protesto contra o descaso dessa igreja.
As autoridades eclesiásticas logo os excomungaram. Expulsos e considerados inimigos começaram a se organizar como igreja à parte.
Ao fim da Idade Média já encontramos os Valdenses completamente organizados e espalhados por toda a Europa ocidental. Apesar de constantemente caçados pela Inquisição, eram intensamente ativos no ensino do Evangelho e na distribuição de partes manuscritas da Bíblia na língua do povo.
Os Irmãos
Muito semelhantes aos Valdenses eram os dissidentes que a si mesmos chamavam de "Irmãos". Estas pessoas tinham uma fé cristã muito simples e eram conhecidas onde viviam por suas vidas cheias de bondade e pureza incomuns.
Nada tinham com a Igreja ou seu clero, e realizavam o culto na língua comum do povo. Apreciavam a leitura da Bíblia e possuíam muitas cópias de manuscritos de tradução da Bíblia ou de algumas das suas partes.
As sociedades dos "Irmãos" se espalharam pela Europa, correspondendo-se e realizando trabalho em conjunto.
Como os Valdenses, mantinham trabalho missionário muito ativo mas em segredo, por causa das perseguições. Eram numerosas entre os camponeses e operários das cidades, particularmente na Alemanha.
A Igreja porém, nada aprendeu com essa onda de protestos generalizada. Sua única resposta foi a Inquisição. Tal atitude era uma profecia de sua condenação.
Por Robert Hastings Nichols
ÍNDICE
ÍNDICE
A preparação para o Cristianismo
01 - A contribuição dos Romanos, Gregos e Judeus
02 - Como era o mundo no surgimento do cristianismo
A fundação e expansão da Igreja
03 - Jesus e sua Igreja
04 - A Igreja Apostólica Até o Ano 100
A Igreja antiga (100 - 313)
05 - O mundo em que a Igreja vivia (100 - 313)
06 - Características da Igreja Antiga (100-313)
A Igreja antiga (313- 590)
07 - O mundo em que a Igreja vivia (313 - 590)
08 - Características da Igreja Antiga (313-590)
A Igreja no início da Idade Média (590 - 1073)
09 - O mundo em que a Igreja vivia (590-1073)
10 - Características da Igreja no início da Idade Média
11 - O cristianismo em luta com o paganismo dentro da Igreja
A Igreja no apogeu da Idade Média (1073 - 1294)
12 - A Igreja no Ocidente - O papado Medieval - Hildebrando
13a - Inocêncio III
13b - A Igreja Governa o Mundo Ocidental
14 - A guerra da Igreja contra o Islamismo - As cruzadas
15 - As riquezas da Igreja
16 - A organização da Igreja
17 - A disciplina e a lei da Igreja Romana
18 - O culto da Igreja
19 - O lugar da Igreja na religião
20 - A vida de alguns líderes religiosos: Bernardo, Domingos e Francisco de Assis
21 - O que a Igreja Medieval fez pelo mundo
22 - A igreja Oriental
Decadência e renovação na Igreja Ocidental (1294 - 1517)
23 - Onde a Igreja Medieval falhou
24 - Movimentos de protesto: Cataristas, Valdeneses, Irmãos
25 - A queda do Papado
26 - Revolta dentro da igreja: João Wycliff e João Huss
27 - Tentativas de reforma dentro da Igreja
28 - A Renascença e a inquietude social como preparação para a Reforma
Revolução e reconstrução (1517 - 1648)
29 - A Reforma Luterana
30 - Como Lutero se tornou reformador
31 - Os primeiros anos da Reforma Luterana
32 - Outros desdobramentos da Reforma Luterana
33 - A Reforma na Suíça - Zuínglio
34 - Calvino - líder da Reforma em Genebra
35 - A Reforma na França
36 - A Reforma nos Países Baixos
37 - A Reforma na Escócia, Alemanha e Hungria
A era da Reforma (1517 - 1648)
38 - A Reforma na Inglaterra
39 - Os Anabatistas
40 - A Contra-Reforma
41 - A Guerra dos Trinta Anos
42 - Missões
38 - A Reforma na Inglaterra
39 - Os Anabatistas
40 - A Contra-Reforma
41 - A Guerra dos Trinta Anos
42 - Missões
O cristianismo na Europa (1648 - 1800)
43 - A França e a Igreja Católica Romana
44 - A Igreja Católica Romana e a Revolução Francesa
45 - O declínio religioso após a Reforma
46 - O Pietismo
46 - A Igreja Oriental
47 - A Regra Puritana
48 - Restauração
49 - Revolução
50 - Declínio Religioso no começo do século 18
51 - O Reavivamento do Século 18 e seus resultados
52 - Os Pactuantes (Covenanters)
53 - O Século 18 na Escócia
54 - O Presbiterianismo na Irlanda
O Século 19 na Europa
55 - O Catolicismo Romano
56 - O Protestantismo na Alemanha, França, Holanda, Suíça, Escandinávia e Hungria
57 - O Movimento Evangélico na Inglaterra
58 - O Movimento Liberal
59 - O Movimento Anglo-Católico
60 - As Igrejas Livres
61 - As Igrejas na Escócia: despertamento, descontentamento e cisão
62 - As missões e o cristianismo europeu
O Século 20 na Europa
63 - História Política até 1935
64 - O Catolicismo Romano
65 - O Protestantismo no Continente
66 - A Igreja da Inglaterra
67 - As Igrejas Livres
68 - A Escócia
69 - A Igreja Ortodoxa Oriental
70 - Outros países orientais
71 - O Movimento Ecumênico
O cristianismo na América
72 - As primeiras tentativas
73 - As Treze Colônias
74 - Reconstrução e reavivamento após a Guerra da Independência
75 - O Século 19 até 1830
76 - 1830 - 1861
77 - 1861 - 1890
78 - 1890 - 1929
43 - A França e a Igreja Católica Romana
44 - A Igreja Católica Romana e a Revolução Francesa
45 - O declínio religioso após a Reforma
46 - O Pietismo
46 - A Igreja Oriental
47 - A Regra Puritana
48 - Restauração
49 - Revolução
50 - Declínio Religioso no começo do século 18
51 - O Reavivamento do Século 18 e seus resultados
52 - Os Pactuantes (Covenanters)
53 - O Século 18 na Escócia
54 - O Presbiterianismo na Irlanda
O Século 19 na Europa
55 - O Catolicismo Romano
56 - O Protestantismo na Alemanha, França, Holanda, Suíça, Escandinávia e Hungria
57 - O Movimento Evangélico na Inglaterra
58 - O Movimento Liberal
59 - O Movimento Anglo-Católico
60 - As Igrejas Livres
61 - As Igrejas na Escócia: despertamento, descontentamento e cisão
62 - As missões e o cristianismo europeu
O Século 20 na Europa
63 - História Política até 1935
64 - O Catolicismo Romano
65 - O Protestantismo no Continente
66 - A Igreja da Inglaterra
67 - As Igrejas Livres
68 - A Escócia
69 - A Igreja Ortodoxa Oriental
70 - Outros países orientais
71 - O Movimento Ecumênico
O cristianismo na América
72 - As primeiras tentativas
73 - As Treze Colônias
74 - Reconstrução e reavivamento após a Guerra da Independência
75 - O Século 19 até 1830
76 - 1830 - 1861
77 - 1861 - 1890
78 - 1890 - 1929
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