22 - A Igreja Oriental


II. A IGREJA ORIENTAL
Pouco antes do início deste período (1054), houve a separação final entre o oriente e o ocidente. A Igreja oriental ou Igreja Grega tornou-se, então, uma organização inteiramente à parte.

Seu chefe era o patriarca de Constantinopla; nunca, porém, teve ele o poder que o papa desfrutou no ocidente.

O culto
No culto e na religião do povo, a igreja grega tinha semelhanças com a igreja do ocidente e também muitas diferenças. Aceitava igualmente os sete sacramentos.

O batismo era ministrado na infância e por imersão. Exigia-se, como no ocidente, a penitência, mas não de modo tão sistemático.

Não se concediam indulgências. Quando os sacerdotes pronunciavam a absolvição diziam aos penitentes que eles, os sacerdotes, não podiam perdoar pecados, mas somente Deus. Todavia prevaleceu a ideia da mediação da igreja entre Deus e o homem, como no ocidente.



A comunhão
O elemento central do culto era a comunhão, como o era a missa no ocidente. A comunhão era uma cerimônia muito mais elaborada, e mais cheia de movimentos do que a chamada missa solene na Igreja Romana.

Esta cerimônia era cheia de atos simbólicos. Velas eram acesas e apagadas, portas eram abertas e fechadas, o clero passava várias vezes dentro do templo em procissão; todos dobravam seus joelhos.

Os sacerdotes prostravam-se, beijavam o altar e o livro do Evangelho, persignavam-se e mudavam os paramentos de várias cores. O objetivo de todo esse aparato era produzir temor e fé e impressionar pelos sentidos.

Também não havia bastante pregação como no ocidente, mas a leitura da Bíblia era mais generalizada do que na Igreja Romana. As Escrituras foram traduzidas nas línguas dos vários povos alcançados por essa igreja. Geralmente o rito era celebrado na língua comum de cada povo.

O culto de imagens dos santos e a veneração de relíquias era maior do que no ocidente e a religião popular era mais cheia de superstição. Tal situação era mais acentuada entre os gregos e muito pior entre os russos.

A igreja oriental permitia que seus sacerdotes se casassem antes da ordenação. A maioria do seu clero era casada.

Todavia os bispos tinham de ser solteiros, de modo que, usualmente, eram escolhidos dentre os monges. Havia muitos mosteiros e sempre cheios, mas os monges não eram tão dedicados à obra missionária e civilizadora como os do ocidente.

Missões
O governo muçulmano da Ásia ocidental impossibilitou a igreja oriental de espalhar o cristianismo nas regiões pagãs do sul da Rússia, nos séculos XI e XII. No século XIII a invasão mongólica da Rússia paralisou a obra missionária ali.



Estacionamento
Essa igreja foi muito embaraçada na sua obra por circunstâncias externas. Mas o maior embaraço foi sua própria falta de espírito progressista.

Seu pensamento dominante era permanecer como sempre tinha sido, evitando qualquer modificação.

Desde o século VIII tinha ela permanecido quase no mesmo, tanto em doutrina, como quanto à forma de culto. Certos eventos políticos é que influíram na modificação do seu governo.

A igreja nestoriana
Deve-se aqui dizer também alguma coisa sobre a Igreja Nestoriana. Ela continuou durante esse período a espalhar suas missões e cresceu muito.

No século XIII, seu patriarca governava setenta paróquias, que incluíram multidões de cristãos, desde Odessa na Síria, até Pequin; e da Sibéria, ao sul da Índia.

Daí em diante, até o século XV, as invasões mongólicas provocaram perdas tremendas das quais essa igreja jamais se recuperou. Ela ainda existe na Pérsia, na Síria, porém fraca e corrompida.

Notas
[1] É pena que homens tão notáveis como Bernardo e outros se tenham tornado Instrumentos nas mãos dos papas e, imbuídos do espírito de intolerância, se dedicassem à propaganda do extermínio de dezenas de milhares de muçulmanos, em nome dAquele que mandou Pedro embainhar a espada. — N- do T.

[2] Agindo assim, a Igreja medieval conjurava um grande mal no domínio político-social, mas realizava um mal ainda maior no domínio religioso, arvorando um bispo de bispos, contra a doutrina da igualdade apostólica. — N. do T.


Por Robert Hastings Nichols

ÍNDICE

A preparação para o Cristianismo

01 - A contribuição dos Romanos, Gregos e Judeus
02 - Como era o mundo no surgimento do cristianismo

A fundação e expansão da Igreja
03 - Jesus e sua Igreja
04 - A Igreja Apostólica Até o Ano 100

A Igreja antiga (100 - 313) 
05 - O mundo em que a Igreja vivia (100 - 313)
06 - Características da Igreja Antiga (100-313)

A Igreja antiga (313- 590) 
07 - O mundo em que a Igreja vivia (313 - 590)
08 - Características da Igreja Antiga (313-590)

A Igreja no início da Idade Média (590 - 1073) 
09 - O mundo em que a Igreja vivia (590-1073)
10 - Características da Igreja no início da Idade Média 
11 - O cristianismo em luta com o paganismo dentro da Igreja

A Igreja no apogeu da Idade Média (1073 - 1294) 
12 - A Igreja no Ocidente - O papado Medieval - Hildebrando
13a - Inocêncio III
13b - A Igreja Governa o Mundo Ocidental
14 - A guerra da Igreja contra o Islamismo - As cruzadas 
15 - As riquezas da Igreja
16 - A organização da Igreja
17 - A disciplina e a lei da Igreja Romana
18 - O culto da Igreja
19 - O lugar da Igreja na religião
20 - A vida de alguns líderes religiosos: Bernardo, Domingos e Francisco de Assis
21 - O que a Igreja Medieval fez pelo mundo
22 - A igreja Oriental

Decadência e renovação na Igreja Ocidental (1294 - 1517)

23 - Onde a Igreja Medieval falhou
24 - Movimentos de protesto: Cataristas, Valdeneses, Irmãos
25 - A queda do Papado
26 - Revolta dentro da igreja: João Wycliff e João Huss
27 - Tentativas de reforma dentro da Igreja
28 - A Renascença e a inquietude social como preparação para a Reforma

Revolução e reconstrução (1517 - 1648) 
29 - A Reforma Luterana
30 - Como Lutero se tornou reformador
31 - Os primeiros anos da Reforma Luterana
32 - Outros desdobramentos da Reforma Luterana
33 - A Reforma na Suíça - Zuínglio
34 - Calvino - líder da Reforma em Genebra
35 - A Reforma na França
36 - A Reforma nos Países Baixos
37 - A Reforma na Escócia, Alemanha e Hungria


O cristianismo na Europa (1648 - 1800)
43 - A França e a Igreja Católica Romana
44 - A Igreja Católica Romana e a Revolução Francesa
45 - O declínio religioso após a Reforma
46 - O Pietismo
46 - A Igreja Oriental
47 - A Regra Puritana
48 - Restauração
49 - Revolução
50 - Declínio Religioso no começo do século 18
51 - O Reavivamento do Século 18 e seus resultados
52 - Os Pactuantes (Covenanters)
53 - O Século 18 na Escócia
54 - O Presbiterianismo na Irlanda

O Século 19 na Europa
55 - O Catolicismo Romano
56 - O Protestantismo na Alemanha, França, Holanda, Suíça, Escandinávia e Hungria
57 - O Movimento Evangélico na Inglaterra
58 - O Movimento Liberal
59 - O Movimento Anglo-Católico
60 - As Igrejas Livres
61 - As Igrejas na Escócia: despertamento, descontentamento e cisão
62 - As missões e o cristianismo europeu

O Século 20 na Europa
63 - História Política até 1935
64 - O Catolicismo Romano
65 - O Protestantismo no Continente
66 - A Igreja da Inglaterra
67 - As Igrejas Livres 
68 - A Escócia
69 - A Igreja Ortodoxa Oriental
70 - Outros países orientais
71 - O Movimento Ecumênico

O cristianismo na América
72 - As primeiras tentativas
73 - As Treze Colônias
74 - Reconstrução e reavivamento após a Guerra da Independência
75 - O Século 19 até 1830
76 - 1830 - 1861
77 - 1861 - 1890
78 - 1890 - 1929

Semeando Vida

Profundidade Teológica e Orientação Espiritual para Líderes e Estudiosos da Fé

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