Temos discorrido sobre a natureza e a finalidade da igreja. Em nossa mais recente meditação, expusemos alguns significados presentes na Santa Ceia. Esse sacramento tem sido alvo de deturpações na história.
Por isso, a seguir abordaremos interpretações a respeito dele.
1. A posição católica. Os católicos afirmam que o pão e o vinho tornam-se realmente o corpo e o sangue de Cristo. A isso eles chamam transubstanciação. Ocorreria no momento em que o sacerdote eleva o pão, o adora e diz: “Isto é o meu corpo”.
Entretanto, tal ensino contraria a Bíblia, uma vez que quando Cristo diz: “isto é o meu corpo” e “isto é o meu sangue” indica claramente um caráter simbólico. Além disso, os católicos entendem que, quando a missa é celebrada, o sacrifício de Cristo é repetido em determinado grau.
Da mesma forma, essa afirmação vai contra as Escrituras, visto que nelas, a respeito do sacrifício de Jesus, lemos que Cristo “se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado” (Hb 9.26).
2. A posição luterana. Lutero rejeitou a interpretação católica e insistiu que a frase “isto é o meu corpo” indica que o corpo físico de Cristo está presente nos elementos. Essa interpretação é chamada de consubstanciação. Uma ilustração que ajuda entender esse processo é a de uma esponja com água. A esponja em si não é a água, porém, nela se faz presente a água.
Da mesma forma, essa interpretação não reflete o ensino bíblico, já que, ao instituir a Santa Ceia, Cristo está falando de uma realidade espiritual. Além disso, como admitir que Cristo esteja presente corporeamente na Ceia, uma vez que ele foi subiu aos céus (Lc 24.50-51)?
3. A posição de Calvino. Calvino, por sua vez, afirma que o pão e o vinho não se transformam nem contêm o corpo e o sangue de Jesus. Esses elementos simbolizam o corpo e o sangue de Cristo. Os que deles participam e discernem seus significados são ministrados pelo Espírito, sendo portanto, alimentados espiritualmente.
Ele assim escreve: “O pão nutre, sustenta, conserva a vida de nosso corpo, assim o corpo de Cristo [simbolizado no pão] é o alimento para revigorar e vivificar a alma. Quando vemos o vinho proposto como símbolo do sangue, deve-se ter em mente quais benefícios o vinho traz ao corpo, para que reflitamos que os mesmos nos são espiritualmente conferidos pelo sangue de Cristo, a saber, alimentar, restaurar, fortalecer e alegrar (Institutas, 4. XVII. 3).
Conclusão
A Santa Ceia é uma ordem dada por Deus. Mas tem sido alvo de interpretações equivocadas, como a transubstanciação e a consubstanciação. Calvino propõe uma visão que reflete o ensino da simbologia que nutre espiritualmente os que participam desse sacramento. Que Deus nos ajude a discernirmos a verdade.
Por Carlos Eduardo Pereira de Souza
ÍNDICE
A igreja (1) - Natureza, visibilidade e localização
A igreja (2) - Pregação, sacramentos e disciplina
A igreja (3) - Adoração, evangelização, misericórdia e edificação
A igreja (4) - Doutrina, santidade e coerência
A igreja (5) - Características de uma igreja pura
A igreja (6) - Restauração, pecado e proteção
A igreja (7) - A Santa Ceia (1)
A igreja (8) - A Santa Ceia (2)
A igreja (9) - Interpretações da Santa Ceia
A igreja (10) - Quem deve participar da Ceia
A Igreja (11) - Adoração
Por Carlos Eduardo Pereira de Souza
ÍNDICE
A igreja (1) - Natureza, visibilidade e localização
A igreja (2) - Pregação, sacramentos e disciplina
A igreja (3) - Adoração, evangelização, misericórdia e edificação
A igreja (4) - Doutrina, santidade e coerência
A igreja (5) - Características de uma igreja pura
A igreja (6) - Restauração, pecado e proteção
A igreja (7) - A Santa Ceia (1)
A igreja (8) - A Santa Ceia (2)
A igreja (9) - Interpretações da Santa Ceia
A igreja (10) - Quem deve participar da Ceia
A Igreja (11) - Adoração