O profeta Natã foi escolhido por Deus para acusar o seu rei de adultério, assassinato e hipocrisia. Natã apontou o dedo para Davi e lhe disse: "Você é esse homem" [o tal rico que tomou a cordeirinha do pobre]!
Humanamente falando, era de se esperar que Davi guardasse alguma mágoa em relação ao profeta Natã e não o quisesse por perto, mesmo admitindo o seu pecado. Mas não foi isso o que aconteceu. A amizade dos dois era grande e bonita; não só nos dias de Davi, mas também depois de sua morte.
Quando Salomão - provavelmente o segundo filho de Davi com Bate-Seba - nasceu, Natã voltou à presença do rei para dizer-lhe, dessa vez, que o menino deveria chamar-se Jedidias, que significa "amado pelo Senhor" (2Sm. 12:25). Aliás, dos quatro filhos vivos que Bate-Seba deu a Davi, um chamava-se Natã, portanto xará do profeta (1Cr. 3:5).
Quando Adonias, filho de Davi com Hagite (1Cr. 3:2), se autoproclamou substituto de seu pai no trono de Israel, foi o profeta Natã quem tomou a iniciativa de reverter o quadro, pois o escolhido de Deus e de Davi era Salomão, e não Adonias (1Rs. 1:5-48).
Entre os membros do governo de Salomão, dois eram filhos de Natã (possivelmente o mesmo profeta acusador): Azarias era chefe dos doze governadores distritais e Zabude era sacerdote e conselheiro pessoal do rei (1 Rs 4.5).
Assim deve ser o seu relacionamento com os profetas que Deus levanta e encarrega de colocar o dedo em riste diante de você, se ele faz isso com autoridade, zelo, humildade e motivação santa, e de modo terapêutico.
A missão do pastor, entre outras, é repreender, corrigir e exortar, "com toda a paciência e doutrina" (2Tm. 4:2). A responsabilidade não é só do pastor. Os pais devem corrigir os filhos e os filhos devem corrigir os pais.
A esposa deve corrigir o marido e o marido deve corrigir a esposa. A igreja deve corrigir os faltosos, inclusive seus próprios pastores e mestres, como Paulo fez com Pedro (Gl. 2:11-21).
A humildade daquele que corrige, somada à humildade daquele que é corrigido (ambas não muito freqüentes nem muito fáceis), é sinal de espiritualidade verdadeira e pode lavar a alma da igreja e produzir avivamento.
É um perigoso engano supor que apenas o irmão faltoso precisa de humildade. É preciso acatar a ordem de Jesus que diz: “... prendei de mim, porque sou manso e humilde de coração...” (Mt. 11:29).
Por Carlos Teles
Por Carlos Teles