Por Ray Summers
No capítulo 4 vimos o poder de Deus como Criador. Neste capítulo, vemos o amor de Deus como Redentor. O cristão crê no Deus Criador, onisciente e onipotente; crê igualmente no Deus que ama e prova o seu amor, redimido o homem do seu pecado. Este é o tema da cena seguinte.
Apocalipse 5.1
1 - Vi, na mão direita daquele que estava sentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, de todo selado com sete selos.
Aquele que está sobre o trono tem em sua forte destra um livro, escrito por dentro e por fora, e selado com sete selos. Era um rolo de papiro, o material então usado para livros. O fato de estar coberto de palavras por dentro e por fora quer dizer que se trata dum livro de grande importância e significado — os julgamentos nele contidos são tantos que quase não sobrou espaço!
O livro estava "selado" com sete selos. O particípio perfeito do passado, ligado ao número perfeito (7) é para indicar que o livro estava muito bem fechado.
Variam as interpretações a respeito desse livro.
Variam as interpretações a respeito desse livro.
- Alguém disse que é o livro da Justiça. (Dana. ibid., p. 116)
- Outro acha ser o livro dos Eternos Conselhos de Deus, dos seus predeterminados propósitos. (Smith, The Disciple's Commentary, p. 624)
- Já outro acha ser o protótipo do livro de que nos fala o profeta Ezequiel (2:9,10), e, então, um livro de lamentações, de tristeza e de ais. (Hengstenberg, op. cit., p. 277)
- Um outro ainda acha que se trata do livro dos Destinos. (Richardson, op. cit., p. 71)
Esta ideia e a de justiça estão intimamente relacionadas. O livro, na verdade, parece conter o destino dos homens à vista das visitações da justa ira de Deus sobre seus pecados.
O fato de o livro estar fechado de maneira muitíssimo segura indica a impossibilidade de qualquer outro explicar o destino do homem.
Aqui está esse destino na mão de Deus. Os cristãos sentem o coração pular dentro do seu peito, vendo que o livro vai ser aberto e pensando já nas coisas que vão ouvir.
O fato de o livro estar fechado de maneira muitíssimo segura indica a impossibilidade de qualquer outro explicar o destino do homem.
Aqui está esse destino na mão de Deus. Os cristãos sentem o coração pular dentro do seu peito, vendo que o livro vai ser aberto e pensando já nas coisas que vão ouvir.
Mas o livro está hermeticamente selado e fechado para eles. Ali estão contidos os providenciais feitos de Deus para com o mundo, mas não podem ser revelados; é desconhecido ainda o resultado da batalha.
Ali está o futuro da cristandade em seus fortes atritos com o culto do imperador, mas está selado e não pode ser conhecido.
Ali está o futuro da cristandade em seus fortes atritos com o culto do imperador, mas está selado e não pode ser conhecido.
Apocalipse 5.2-42 - Vi, também, um anjo forte, que proclamava em grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de lhe desatar os selos?3 - Ora, nem no céu, nem sobre a terra, nem debaixo da terra, ninguém podia abrir o livro, nem mesmo olhar para ele;4 - e eu chorava muito, porque ninguém foi achado digno de abrir o livro, nem mesmo de olhar para ele.
Não admira, portanto, que João começasse a "chorar muito" — o verbo no imperfeito, que significa "chorar de modo audível", como se tratasse duma criança decepcionada ou ferida, é empregado aqui — quando ele viu que ninguém respondia ao convite feito: "Quem é moralmente digno de abrir o livro?"
Não havia ninguém digno de abri-lo. Parecia que o mistério ficaria sem solução, e João, pensando nas tristes condições das igrejas e ansiando saber no que daria aquilo, caiu em audível pranto, espiritualmente desapontado e pesaroso.
Não havia ninguém digno de abri-lo. Parecia que o mistério ficaria sem solução, e João, pensando nas tristes condições das igrejas e ansiando saber no que daria aquilo, caiu em audível pranto, espiritualmente desapontado e pesaroso.
Apocalipse 5.55 - Todavia, um dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos.
Mas foi dito a João que parasse de chorar, porque aparecera alguém que era digno de abrir o livro e revelar o propósito de Deus para com os homens.
Isto indica que o livro era o modo pelo qual se introduziria na cena, como a figura central deste capítulo, o Cristo triunfante. A descrição do Cordeiro e da tarefa que se Lhe dá não deixa dúvida alguma de que a figura aqui retratada é o Cristo redentor.
Um dos anciãos diz a João que "o Leão da tribo de Judá", que "venceu", se tornou digno de abrir o livro. João parou de chorar e olhou para ver o Leão, mas em vez de Leão viu um Cordeiro — um "pequeno cordeiro" — palavra só empregada neste livro e em João 21:15.
Apocalipse 5.66 - Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus enviados por toda a terra.
Assim como as figuras mudam rapidamente de forma nos sonhos, elas mudaram na visão de João. Um leão rapidamente tornou-se um cordeiro.
Sem dúvida, há significado neste simbolismo. O leão representa absoluto poder e bravura; o cordeiro, símbolo religioso, representa absoluta bondade.
Sem dúvida, há significado neste simbolismo. O leão representa absoluto poder e bravura; o cordeiro, símbolo religioso, representa absoluta bondade.
As características do cordeiro são mui significativas. Aparece "como havendo sido morto". A expressão indica os ferimentos recebidos quando se corta a garganta dum cordeiro novo, sacrificado sobre o altar.
Retrata-se Cristo aqui em seu sacrifício expiatório. Ele foi morto, mas agora está vivo para todo o sempre.
Retrata-se Cristo aqui em seu sacrifício expiatório. Ele foi morto, mas agora está vivo para todo o sempre.
Ele tem "sete pontas". Pontas ou chifres, na literatura apocalíptica, simbolizam poder. O Cordeiro tem "7" chifres, o número perfeito. Está ele, portanto, perfeitamente aparelhado para destruir a oposição que fazem ao seu Reino. Tem "sete olhos", que são os sete Espíritos de Deus, enviados a toda a terra. Isto, sem dúvida, representa a vigilância incessante e perfeita a favor do seu povo. Representa a perfeita essência espiritual de Deus assim empenhada no bem-estar do homem. (Beckwith, op. cit., p. 510)
Apocalipse 5.77 - Veio, pois, e tomou o livro da mão direita daquele que estava sentado no trono;
A ação seguinte expressa uma vivacidade tal que dificilmente pode ser traduzida noutras línguas. O Cordeiro "vem" — o aoristo aqui retrata toda a ação com a rapidez dum relâmpago — "e toma o livro".
O último verbo aqui, no grego, é ἔρχομαι, que quer dizer "alcançar e tomar". Beck-with (Ibid., p. 511) chama a este o perfeito aoristo. Dana (Ibid., p. 118), mais chegado ao ponto, chama de "o perfeito dramático".
O último verbo aqui, no grego, é ἔρχομαι, que quer dizer "alcançar e tomar". Beck-with (Ibid., p. 511) chama a este o perfeito aoristo. Dana (Ibid., p. 118), mais chegado ao ponto, chama de "o perfeito dramático".
Expressa o verbo uma atitude decidida, sem hesitação, e um espírito de firme determinação da parte do Cordeiro, que podemos descrever assim — "a primeira coisa que você sabe é que Ele tomou num repente o livro da destra dAquele que estava assentado sobre o trono".
Somente Cristo pode abrir o livro e executar os juízos de Deus sobre os iníquos. O destino dos homens está nas fortes mãos do Cordeiro que foi morto.
Somente Cristo pode abrir o livro e executar os juízos de Deus sobre os iníquos. O destino dos homens está nas fortes mãos do Cordeiro que foi morto.
Apocalipse 5.88 - e, quando tomou o livro, os quatro seres viventes e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo cada um deles uma harpa e taças de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos,
Este ato produz viva alegria em todos quantos rodeiam o trono. E, sem dúvida, alegraria imenso aos cristãos perseguidos, vendo que o seu Salvador Leão-Cordeiro se fazia agora o campeão deles. Seja como for, temos aqui o registro de como reagiram aqueles que se achavam ao redor e para além do trono.
O Cordeiro foi adorado pelas quatro criaturas viventes que adoraram a Deus na última cena. O Cordeiro foi também adorado pelos vinte e quatro anciãos. "Com harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos", que eles representam, prostram-se diante do Cordeiro e entoam o Cântico da Redenção.
O cântico que entoaram é novo; não novo em relação ao tempo, mas novo quanto à qualidade. É um cântico singular, único. Nada existe igual a isto — homens remidos pela morte de Deus na carne.
Apocalipse 5.9-109 - e entoavam novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro e de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação10 - e para o nosso Deus os constituíste reino e sacerdotes; e reinarão sobre a terra.
No cântico (5:9,10) louva-se a Cristo porque foi digno de abrir os selos — digno é o Cordeiro! Ele é digno por causa de sua obra redentora. Esta obra é descrita com suas quatro qualidades específicas:
Primeira — é para Deus, primariamente — "compraste para Deus". Esta mesma idéia aparece em Efésios 1:1-14. A redenção do homem é antes de tudo para o bem de Deus.
Segunda — é pelo sangue de Cristo — "foste morto... e com o Teu sangue compraste". Esta referência é direta, e somente à morte sacrificial de Cristo na cruz.
Terceira — é ilimitada — "homens de toda tribo, e língua, e povo, e nação". A graça de Deus por Cristo não está limitada a esta ou àquela nação, mas é para todas as nações.
Quarta — faz dos remidos um reino. "E para o nosso Deus os fizeste um reino e sacerdotes, e reinarão sobre a terra." Tornando-se os homens participantes da obra redentora de Cristo, tornam-se parte também do Reino de Deus; tornam-se sacerdotes, para servi-Lo aqui neste mundo.
Apocalipse 5.11-1411 - Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares,12 - proclamando em grande voz: Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e louvor.13 - Então, ouvi que toda criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, e tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos.14 - E os quatro seres viventes respondiam: Amém! Também os anciãos prostraram-se e adoraram.
Por esta obra redentora, os anciãos louvam o Cordeiro. Uma multidão de anjos junta-se a eles, para cantar a dignidade e excelência do Cordeiro.
A criação natural também toma parte no louvor, cantando "ações de graças, e honra, e glória, e poder, e domínio" Àquele que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro.
A criação natural também toma parte no louvor, cantando "ações de graças, e honra, e glória, e poder, e domínio" Àquele que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro.
A primeira visão de João se fecha com esta eletrizante cena dos santos em triunfo e do universo todo adorando, cantando louvores e homenageando o Cristo triunfante.
Calculava-se que esta cena traria novo alento, e coragem, e renovada esperança ao coração dos que primeiro lessem este livro de João — os cristãos perseguidos da Ásia.
Calculava-se que esta cena traria novo alento, e coragem, e renovada esperança ao coração dos que primeiro lessem este livro de João — os cristãos perseguidos da Ásia.
Ela traz a mesma mensagem eletrizante e dinamizadora aos corações cristãos de qualquer época. Crendo no poder de Deus (capítulo 4) e no Seu amor redentor (capítulo 5), o cristão não deve temer nenhum inimigo, nenhum poder maligno.
Pode entrar na luta e suportar todo o mal, sabendo que Deus permanece no seu trono, que não deixou o seu cetro, que não abandonou o seu trono para qualquer outro. Ele é mais poderoso que todos os exércitos que se reúnem para combater e perseguir o seu povo. A fé nele propicia ao homem a apropriada avaliação da vida, de seus sucessos e do seu resultado final.
ÍNDICE
ÍNDICE
Literatura Apocalíptica
01 - Introdução
02 - A natureza da literatura apocalíptica
03 - As características da literatura apocalíptica
Métodos de interpretação do Apocalipse
01 - Método Futurista
02 - Método da Continuidade Histórica
03 - Método da Filosofia da História
04 - Método Preterista
05 - Método da Formação Histórica
A formação História do Apocalipse
01 - O autor do Apocalipse do Novo Testamento
02 - A data do Apocalipse
03 - Para quem foi escrito o Apocalipse
04 - As condições do Império Romano
Interpretação versículo a versículo
01 - Prefácio - Apocalipse 1.1-8
01 - Introdução
02 - A natureza da literatura apocalíptica
03 - As características da literatura apocalíptica
Métodos de interpretação do Apocalipse
01 - Método Futurista
02 - Método da Continuidade Histórica
03 - Método da Filosofia da História
04 - Método Preterista
05 - Método da Formação Histórica
A formação História do Apocalipse
01 - O autor do Apocalipse do Novo Testamento
02 - A data do Apocalipse
03 - Para quem foi escrito o Apocalipse
04 - As condições do Império Romano
Interpretação versículo a versículo
01 - Prefácio - Apocalipse 1.1-8
03 - Éfeso - Fiel, mas em falta - Apocalipse 2.1-7
04 - Esmirna - os santos sofredores - Apocalipse 2.8-11
05 - Pérgamo - quartel general do inferno - Apocalipse 2.12-17
06 - Tiatira - à espera da Estrela - Apocalipse 2.18-29
07 - Sardo - viva ou morta? - Apocalipse 3.1-6
08 - Filadélfia - a igreja com uma porta aberta - Apocalipse 3.7-13
09 - Laodicéia - a igreja com uma porta fechada - Apocalipse 3.14-22
10 - O Deus reinante - Apocalipse 4.1-11
11 - O Cordeiro Redentor - Apocalipse 5.1-14
04 - Esmirna - os santos sofredores - Apocalipse 2.8-11
05 - Pérgamo - quartel general do inferno - Apocalipse 2.12-17
06 - Tiatira - à espera da Estrela - Apocalipse 2.18-29
07 - Sardo - viva ou morta? - Apocalipse 3.1-6
08 - Filadélfia - a igreja com uma porta aberta - Apocalipse 3.7-13
09 - Laodicéia - a igreja com uma porta fechada - Apocalipse 3.14-22
10 - O Deus reinante - Apocalipse 4.1-11
11 - O Cordeiro Redentor - Apocalipse 5.1-14
12 - O 1° Selo - O Cavalo Branco: Conquista - Apocalipse 6.1,2
13 - O 2° Selo - O Cavalo Vermelho: Guerra - Apocalipse 6.3,4
14 - O 3° Selo - O Cavalo Preto: A Fome- Apocalipse 6.5,6
15 - O 4° Selo - O Cavalo Amarelo: Pestilência - Apocalipse 6.7,8
16 - O 5° Selo - Os Santos Martirizados: Perseguição - Apocalipse 6.9-11
17 - O 6° Selo - O Terremoto: O Juízo - Apocalipse 6.12-17
18 - A proteção para os redimidos - Apocalipse 7.1-17
19 - O 7° Selo - Parte 1 - Apocalipse 8.1-13
20 - O 7° Selo - Parte 2 - Apocalipse 9.1-21
13 - O 2° Selo - O Cavalo Vermelho: Guerra - Apocalipse 6.3,4
14 - O 3° Selo - O Cavalo Preto: A Fome- Apocalipse 6.5,6
15 - O 4° Selo - O Cavalo Amarelo: Pestilência - Apocalipse 6.7,8
16 - O 5° Selo - Os Santos Martirizados: Perseguição - Apocalipse 6.9-11
17 - O 6° Selo - O Terremoto: O Juízo - Apocalipse 6.12-17
18 - A proteção para os redimidos - Apocalipse 7.1-17
19 - O 7° Selo - Parte 1 - Apocalipse 8.1-13
20 - O 7° Selo - Parte 2 - Apocalipse 9.1-21
21 - O anúncio da desforra - Apocalipse 10.1-11
22 - A medição do Templo e as duas testemunhas - Apocalipse 11.1-19
22 - A medição do Templo e as duas testemunhas - Apocalipse 11.1-19
24 - O sinal da Besta 666 - Apocalipse 13.1-18
25 - As forças da retidão chefiadas por Deus - Apocalipse 14.1-20
25 - As forças da retidão chefiadas por Deus - Apocalipse 14.1-20
28 - A mulher escarlate: Roma - Apocalipse 17.1-18
29 - A profecia da queda: os aliados de Roma - Apocalipse 18.1-24
30 - O regozijo dos santos e a vitória sobre as bestas - Apocalipse 19.1-21
31 - A vitória sobre Satanás - Apocalipse 20.1-10
32 - O Cordeiro e o destino eterno - Apocalipse 20.11-15
33 - O destino dos redimidos - Apocalipse 21
34 - As provisões de Deus - Apocalipse 22
35 - Bibliografia
29 - A profecia da queda: os aliados de Roma - Apocalipse 18.1-24
30 - O regozijo dos santos e a vitória sobre as bestas - Apocalipse 19.1-21
31 - A vitória sobre Satanás - Apocalipse 20.1-10
32 - O Cordeiro e o destino eterno - Apocalipse 20.11-15
33 - O destino dos redimidos - Apocalipse 21
34 - As provisões de Deus - Apocalipse 22
35 - Bibliografia
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