I. A FRANÇA E A IGREJA CATÓLICA ROMANA
Estamos reunindo nesta discussão a França e a I. C. Romana porque os principais eventos da historia do catolicismo romano neste período estão ligados à historia da França.
O desenvolvimento da França
O século XVII foi para a França uma era de grande desenvolvimento, quando a nação prosperou tão rapidamente que veio a alcançar o primeiro lugar entre as nações europeias. Todas as suas energias e possibilidades foram grandemente desenvolvidas.
Esta atividade alcançou seu ponto culminante no longo e brilhante reinado de Luiz XIV (1661 -1715), e era de muitos dos homens mais famosos da historia francesa.
A - GALICANISMO E ULTRAMONTANISMO
Reavivamento religioso
A I. C. Romana na França participou desse fortalecimento da vida nacional, demonstrando sua energia religiosa na pregação, nas obras de filantropia e no trabalho missionário.
Este geral fortalecimento tanto na vida religiosa como no acentuado patriotismo francês deu origem ao movimento conhecido como Galicanismo. Este, numa palavra, representava uma tentativa conciliar a qualidade de bom católico com a de bom francês.
Os Galicanos
Os Galicanos eram devotos e profundamente ligados à I. C. Romana e reconheciam absoluta autoridade desta em assuntos religiosos. Mas acreditavam igualmente que o papa não tinha que interferir na política nacional.
Nesta esfera só admitiam uma autoridade, a do rei: anos mais tarde chegaram mesmo a admitir que o papa não era um monarca absoluto na própria igreja e que sua autoridade era inferior à dos concílios gerais.
Os Ultramontanos
Em oposição ao Galicanismo levantou-se um partido chamado Ultramontano. A palavra "ultramontano" tornara-se muito comum nas discussões que envolviam questões políticas e eclesiásticas , da Europa, desde o século XVII, pois este termo expressa muito bem o espírito e a atitude de pessoas e partidos então existentes.
Ultramontano é quem, em negócios da igreja e do Estado, obedece ao papa antes que a qualquer outra autoridade. Por essa época, na França, a força do Ultramontanismo estava com os jesuítas, sempre os fiéis soldados do papa.
B - DISSOLUÇÃO DA COMPANHIA
Oposição aos jesuítas
Durante a última parte do século XVII e durante o XVIII, os jesuítas experimentaram forte oposição por parte dos mais hábeis e melhores homens da I. C. Romana na França.
Êste homens energicamente protestavam contra as idéias falsas, dolosas e oportunistas a respeito da moral e de certos princípios, idéias realmente perigosas que os jesuítas espalhavam através do confessionário.
Ainda se opunham aos jesuítas por causa da escravidão destes ao papa, e reputavam tal atitude prejudicial tanto à religião como ao sentimento patriótico. Os jesuítas combateram esta oposição com tenacidade e ferocidade incríveis.
Eles haviam submetido tanto o papa como o rei Luiz XIV à sua influência e conseguiram auxílio poderoso e ativo por parte dessas grandes autoridades.
O clero francês foi compelido pelos papas e pelo rei a condenar as idéias dos que se opunham ao jesuitismo. Não obstante, os jesuítas foram mais e mais perdendo a sua popularidade.
Foi se desenvolvendo o sentimento de que essa poderosa organização secreta, embora vivendo na França, prestava a sua obediência última e definitiva a um governo estrangeiro, sendo portanto, perigosa e traiçoeira.
Sua expulsão
Quando Portugal, em 1759, expulsou os jesuítas, a opinião pública francesa exigiu que se fizesse o mesmo na França o que foi conseguido em 1764.
Este foi o começo do fim dos jesuítas. Logo após, a Espanha também os expulsava; depois, o reino de Nápoles. Em todos os casos, a razão da sua expulsão era: os jesuítas eram desleais e perigosos aos governos.
Finalmente o papa Clemente XIV, sob a pressão dos reis de todos esses países, dissolveu a Ordem em 1773. Por mais estranho que pareça, os jesuítas que, em seguida a este golpe, resolveram manter secretamente a sua organização, encontraram refúgio num país protestante, a Prússia; e também na Rússia, onde dominava a Igreja oriental ou ortodoxa.
C - PERSEGUIÇÃO AOS HUGUENOTES
A esplêndida era de Luiz XIV teve um lado negro nos terríveis sofrimentos infligidos aos protestantes franceses.
Pelo Édito de Nantes, em 1598, os Huguenotes alcançaram completa liberdade de consciência; liberdade para exercer o culto público em muitos lugares, plenos direitos civis e o governo de um grande número de cidades.
Os huguenotes no início do século XVI
Entre 1598 e 1659, não obstante o governo tirar deles o controle sobre as cidades, não perturbou a liberdade religiosa.
Nessa época de paz os protestantes franceses constituíram-se um grande corpo, cheio de uma vida religiosa plena de entusiasmo.
Eram mais de um milhão, mais do que o número atual. Tinham um ministério de caráter elevado e de preparo notável. As suas igrejas, muitas das quais grandiosas, estavam cheias de crentes entusiastas.
A importância que tinham os huguenotes e a influência que exerciam no país, estavam muito acima da sua proporção numérica.
Entre eles havia muitos líderes das várias profissões, no comércio e na indústria e muitos dos melhores artífices e trabalhadores vários. Eram franceses patriotas, de uma lealdade a toda prova. A França não possuía na sua população outro elemento tão valioso.
Rebenta a perseguição
Mas o clero Católico Romano, hipócrita e fanático, não podia tolerar este protestantismo tão próspero.
Sobre este clero romano caíram e ainda permanecem o vitupério, a culpa e a principal responsabilidade do terrível desastre que sobreveio à França nesse tremendo ataque contra os Huguenotes.
Sob a pressão desse clero, o governo começou o ataque em 1659. As primeiras medidas contra os protestantes foram: à suspensão total dos direitos civis e a perseguição em grande escala, para obrigá-los a professar o catolicismo romano.
Em 1681, Luiz XIV levou a efeito, com muita pertinácia, um esforço selvagem para esmagar o protestantismo. Tal campanha atingiu o seu clímax quatro anos depois, com a revogação do Édito de Nantes.
Os protestantes não tinham sequer a menor segurança, perante a lei. Muitas leis, com as penalidades mais bárbaras, proibiam-nos de emigrar. Toda a natureza de opressão è crueldade foi usada a fim de obrigá-los a voltar para o catolicismo romano.
O resultado para a França
O resultado de tudo isto foi uma perda irreparável para a França. Milhares dos seus mais excelentes cidadãos foram levados à morte, outros tantos viram-se submetidos a horríveis torturas e prisão.
Muitos outros corajosos, por causa da sua fé, enfrentando os perigos da emigração, fugiram do país. Nesse período, cerca de quatrocentos mil huguenotes deixaram a França.
A saída deles resultou num triste desastre para a nação. O comércio e a indústria muito sofreram. Pior ainda foi para a nação francesa a perda moral, perda que jamais foi reparada.
Os huguenotes foram para toda a parte, para a Inglaterra, Holanda, Alemanha, protestante e América. Foi assim que a Reforma francesa deu o melhor das suas forças para erigir o protestantismo em outros países.
Depois de 1685 o protestantismo na França, embora vergonhosamente perseguido, levou uma vida de heroísmo por quase oitenta anos.
Foi quando cessou a perseguição, mas a liberdade religiosa não veio antes de 1789, concedida pelo primeiro dos governos da Revolução francesa.
Por Robert Hastings Nichols
ÍNDICE
ÍNDICE
A preparação para o Cristianismo
01 - A contribuição dos Romanos, Gregos e Judeus
02 - Como era o mundo no surgimento do cristianismo
A fundação e expansão da Igreja
03 - Jesus e sua Igreja
04 - A Igreja Apostólica Até o Ano 100
A Igreja antiga (100 - 313)
05 - O mundo em que a Igreja vivia (100 - 313)
06 - Características da Igreja Antiga (100-313)
A Igreja antiga (313- 590)
07 - O mundo em que a Igreja vivia (313 - 590)
08 - Características da Igreja Antiga (313-590)
A Igreja no início da Idade Média (590 - 1073)
09 - O mundo em que a Igreja vivia (590-1073)
10 - Características da Igreja no início da Idade Média
11 - O cristianismo em luta com o paganismo dentro da Igreja
A Igreja no apogeu da Idade Média (1073 - 1294)
12 - A Igreja no Ocidente - O papado Medieval - Hildebrando
13a - Inocêncio III
13b - A Igreja Governa o Mundo Ocidental
14 - A guerra da Igreja contra o Islamismo - As cruzadas
15 - As riquezas da Igreja
16 - A organização da Igreja
17 - A disciplina e a lei da Igreja Romana
18 - O culto da Igreja
19 - O lugar da Igreja na religião
20 - A vida de alguns líderes religiosos: Bernardo, Domingos e Francisco de Assis
21 - O que a Igreja Medieval fez pelo mundo
22 - A igreja Oriental
Decadência e renovação na Igreja Ocidental (1294 - 1517)
23 - Onde a Igreja Medieval falhou
24 - Movimentos de protesto: Cataristas, Valdeneses, Irmãos
25 - A queda do Papado
26 - Revolta dentro da igreja: João Wycliff e João Huss
27 - Tentativas de reforma dentro da Igreja
28 - A Renascença e a inquietude social como preparação para a Reforma
Revolução e reconstrução (1517 - 1648)
29 - A Reforma Luterana
30 - Como Lutero se tornou reformador
31 - Os primeiros anos da Reforma Luterana
32 - Outros desdobramentos da Reforma Luterana
33 - A Reforma na Suíça - Zuínglio
34 - Calvino - líder da Reforma em Genebra
35 - A Reforma na França
36 - A Reforma nos Países Baixos
37 - A Reforma na Escócia, Alemanha e Hungria
A era da Reforma (1517 - 1648)
38 - A Reforma na Inglaterra
39 - Os Anabatistas
40 - A Contra-Reforma
41 - A Guerra dos Trinta Anos
42 - Missões
38 - A Reforma na Inglaterra
39 - Os Anabatistas
40 - A Contra-Reforma
41 - A Guerra dos Trinta Anos
42 - Missões
O cristianismo na Europa (1648 - 1800)
43 - A França e a Igreja Católica Romana
44 - A Igreja Católica Romana e a Revolução Francesa
45 - O declínio religioso após a Reforma
46 - O Pietismo
46 - A Igreja Oriental
47 - A Regra Puritana
48 - Restauração
49 - Revolução
50 - Declínio Religioso no começo do século 18
51 - O Reavivamento do Século 18 e seus resultados
52 - Os Pactuantes (Covenanters)
53 - O Século 18 na Escócia
54 - O Presbiterianismo na Irlanda
O Século 19 na Europa
55 - O Catolicismo Romano
56 - O Protestantismo na Alemanha, França, Holanda, Suíça, Escandinávia e Hungria
57 - O Movimento Evangélico na Inglaterra
58 - O Movimento Liberal
59 - O Movimento Anglo-Católico
60 - As Igrejas Livres
61 - As Igrejas na Escócia: despertamento, descontentamento e cisão
62 - As missões e o cristianismo europeu
O Século 20 na Europa
63 - História Política até 1935
64 - O Catolicismo Romano
65 - O Protestantismo no Continente
66 - A Igreja da Inglaterra
67 - As Igrejas Livres
68 - A Escócia
69 - A Igreja Ortodoxa Oriental
70 - Outros países orientais
71 - O Movimento Ecumênico
O cristianismo na América
72 - As primeiras tentativas
73 - As Treze Colônias
74 - Reconstrução e reavivamento após a Guerra da Independência
75 - O Século 19 até 1830
76 - 1830 - 1861
77 - 1861 - 1890
78 - 1890 - 1929
43 - A França e a Igreja Católica Romana
44 - A Igreja Católica Romana e a Revolução Francesa
45 - O declínio religioso após a Reforma
46 - O Pietismo
46 - A Igreja Oriental
47 - A Regra Puritana
48 - Restauração
49 - Revolução
50 - Declínio Religioso no começo do século 18
51 - O Reavivamento do Século 18 e seus resultados
52 - Os Pactuantes (Covenanters)
53 - O Século 18 na Escócia
54 - O Presbiterianismo na Irlanda
O Século 19 na Europa
55 - O Catolicismo Romano
56 - O Protestantismo na Alemanha, França, Holanda, Suíça, Escandinávia e Hungria
57 - O Movimento Evangélico na Inglaterra
58 - O Movimento Liberal
59 - O Movimento Anglo-Católico
60 - As Igrejas Livres
61 - As Igrejas na Escócia: despertamento, descontentamento e cisão
62 - As missões e o cristianismo europeu
O Século 20 na Europa
63 - História Política até 1935
64 - O Catolicismo Romano
65 - O Protestantismo no Continente
66 - A Igreja da Inglaterra
67 - As Igrejas Livres
68 - A Escócia
69 - A Igreja Ortodoxa Oriental
70 - Outros países orientais
71 - O Movimento Ecumênico
O cristianismo na América
72 - As primeiras tentativas
73 - As Treze Colônias
74 - Reconstrução e reavivamento após a Guerra da Independência
75 - O Século 19 até 1830
76 - 1830 - 1861
77 - 1861 - 1890
78 - 1890 - 1929
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