Destaques do Artigo:
⚔️ Batalha de Tours (732): O freio ao avanço islâmico na Europa.
👑 Carlos Magno coroado imperador: A aliança entre Igreja e Estado.
🌍 Sacro Império Romano: O legado germânico de Oto I (962).
Caos na Europa Ocidental: Invasões lombardas e a ameaça normanda
Guerras, confusão, trevas e barbarismo prevaleceram na Europa ocidental durante o período que vamos estudar.
Uma das tribos germânicas mais rudes, os lombardos, apoderou-se do norte da Itália e dilatou-se para o centro do país. Os piratas escandinavos, os normandos e os dinamarqueses assaltavam as costas do Atlântico e do Mediterrâneo.
Os normandos apoderaram-se de territórios na França e no sul da Itália e, em 1066, conquistaram a Inglaterra. Os francos aumentaram muito seus domínios no norte da França e no oeste da Alemanha.
Do oriente veio uma nova raça de fortes conquistadores, os árabes, inspirados por sua nova religião, o maometismo, numa arrancada invencível.
Maomé foi, sem dúvida, um chefe religioso sincero. A religião que ensinou, tendo como objetivo principal o culto de um único Deus, era mais elevada que o politeísmo dantes existente na Arábia. Como líder da nova religião adotou a guerra como meio de a propagar.
Antes da sua morte (632), conquistou a Arábia e sua religião dominou todas as demais terras conquistadas. Os árabes, guerreiros e invencíveis pelos ensinos de Maomé, conseguiram um vasto império na Ásia ocidental.
Numa luta desesperada, os imperadores orientais os sustiveram na baía diante de Constantinopla. Mas os árabes conquistaram sem resistência o Egito, o norte da África e a Espanha. Sua corrida para o ocidente não foi interceptada até que encontraram um dos poderosos povos germânicos.
Batalha de Tours (732): Carlos Martel freia o avanço islâmico
Em 732, perto de Tours, na França central, os francos, sob o comando de Carlos Martel, derrotaram os guerreiros de Islam, que tiveram de se retirar para a Espanha.
Comparando-se, por meio de um mapa, a distância de Tours a Constantinopla, vê-se o pouco que restava, no ocidente, para ser conquistado pelos árabes.
Só assim tem-se a idéia do perigo que correu o Cristianismo. Sustados em sua marcha, os árabes ainda mantiveram a Espanha e o resto das suas conquistas, ficando o Mediterrâneo sujeito ao seu domínio.
Durante esse período não surgiu na Europa ocidental nenhum poder capaz de impor a ordem e a paz e desenvolver a civilização. Desde a queda do poder ocidental no V século, nenhum governo o substituiu.
Os pequenos reinos que as tribos germânicas estenderam nas terras que conquistaram, nada fizeram por levantar estados fortes em caráter permanente. Os chefes desses reinos, foram, na maioria, déspotas violentos, incapazes de manter um governo justo e ordeiro.
Carlos Magno (768-814): O renascimento carolíngio e a aliança com o papado
Depois de muitos anos de anarquia surgiu, afinal, um dos grandes construtores de civilização: Carlos, rei dos francos, mais conhecido por Carlos Magno, cujo esplêndido reinado durou de 768 a 814.
Por suas conquistas militares, tornou-se chefe de um domínio que se estendia do rio Elba na Alemanha, até o Ebro, no norte da Espanha, tendo como limite ocidental as águas do Atlântico; e avançava na direção do oriente além de Viena, incluindo também grande parte do norte da Itália.
Seu governo sobre esse território foi realmente sábio e forte. Acendeu ele novas luzes nas trevas que as migrações bárbaras haviam espalhado por toda a Europa, tomou homens cultos sob seu patrocínio, promoveu a criação de escolas e construção de igrejas e mosteiros.
Como cristão, pôs seu poder em benefício do cristianismo. Mas alguma coisa do que fez neste sentido, como as guerras contra os saxões a fim de convertê-los resultou em grande mal.
Como chefe da Europa, Carlos não podia deixar de se relacionar com o papa, considerado o cabeça do cristianismo no ocidente.
O caminho para essas relações foi aberto pelo pai de Carlos, Pepino, que em certa ocasião atendera a um apelo do papa a fim de expulsar inimigos que ameaçavam Roma.
Carlos Magno prestou muito auxílio aos papas. Em retribuição, o papa Leão III, no dia de Natal do ano 800, na cidade de Roma, coroou-o imperador.
Este ato foi considerado como uma ressurreição do antigo império romano e Carlos Magno como sucessor dos imperadores romanos.
Na mente dos homens da Europa ficara viva a impressão do antigo império romano. Como resultado do contato de Carlos com a cidade de Roma, ele a considerou uma das suas capitais.
Ele e a maioria dos seus súditos, porém, eram germanos, de sorte que, embora chamado romano, seu império era realmente germânico.
Os domínios de Carlos Magno foram divididos entre seus três netos e depois da divisão o império desapareceu.
Sacro Império Romano: A dualidade religiosa e política de Oto I
Mas no século X, um grande rei germânico, Oto I, conquistou um domínio que incluía a Alemanha, a Suíça, o norte e o centro da Itália.
Como prêmio por seus triunfos foi coroado imperador pelo papa, em Roma, em 962. Dessa vez, o poder de Carlos Magno foi em grande parte restaurado.
O império fundado por Oto foi chamado o Santo Império Romano e se tornou o principal poder político da Idade Média. Na realidade durou até 1806, embora tenha sido forte em alguns períodos depois do século XIII.
Como o de Carlos Magno, este foi igualmente chamado de romano, quando, na realidade, era germânico. Também foi chamado de "santo" por os homens da época julgarem ter o império caráter religioso.
Segundo a ideia geral da época o Reino de Deus tinha dois representantes no mundo: o império, para reger os negócios temporais; e a igreja, chefiada pelo papa, para reger os negócios espirituais.
Segundo essa teoria, tanto o império como a igreja abrangiam todos os homens, mas esse império jamais conseguiu domínio sobre toda a Europa ocidental.
Como se pensava, a sociedade humana possuía dois métodos de governo divinamente indicados. É evidente que a ideia de uma divisão de autoridade entre dois governos iguais não era viável, e que, ou a igreja, ou o império, deveria ser supremo. No próximo período veremos como isto se confirmou.
Império Bizantino: O baluarte cristão contra o islamismo no Oriente
Durante todo esse tempo em que se verificaram profundas modificações no ocidente, o império no oriente manteve seu trono em Constantinopla.
Seus imperadores pretendiam ser os sucessores dos imperadores romanos e nunca reconheceram os governos germânicos do ocidente.
Esse império ficou bastante reduzido pelas conquistas árabes, e perdeu muito do seu território, tanto na Ásia como na África.
Todavia, os imperadores do oriente por séculos se opuseram à maré do maometismo, evitando que a Europa fosse por ele assolada.
A esse império oriental o cristianismo deve a defesa do seu campo de ação, por muitos anos, contra o Islamismo.
ÍNDICE
A preparação para o Cristianismo
A fundação e expansão da Igreja
A Igreja antiga (100 - 313)
A Igreja antiga (313- 590)
A Igreja no início da Idade Média (590 - 1073)
09 - O mundo em que a Igreja vivia (590-1073) ⬅️ Você está aqui!
A Igreja no apogeu da Idade Média (1073 - 1294)
Decadência e renovação na Igreja Ocidental (1294 - 1517)
Revolução e reconstrução (1517 - 1648)
A era da Reforma (1517 - 1648)
O cristianismo na Europa (1648 - 1800)
O Século 19 na Europa
O Século 20 na Europa
O cristianismo na América