João



A época da redação
Mateus, Marcos e Lucas registraram seu testemunho sobre a vida terrena do Senhor Jesus menos de trinta anos após Sua ascensão; passaram-se mais de sessenta anos antes que João escrevesse o quarto Evangelho.

O "discípulo amado" era então um ancião, prisioneiro por causa de sua fé na ilha de Patmos (Mar Egeu), confira Apocalipse 1:9.

Mas para sua tarefa ele estava sob a bênção de uma promessa muito especial de seu Senhor: "O Consolador, o Espírito Santo, a Quem o Pai enviará em Meu Nome, Esse vos ensinará todas as cousas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito" (João 14:26).

Se o Evangelho segundo João é o que relata o maior número de palavras pronunciadas diretamente pelo Senhor Jesus, não é porque o antigo pescador da Galiléia tenha sido dotado de uma memória excepcional; o Espírito Santo o fez lembrar-se delas.

Ele presidiu a comunicação dessa Palavra divina, fazendo mesmo a triagem na matéria superabundante que emanava de tão importantes acontecimentos (confira João 21:25).



As características do quarto Evangelho
Ele difere consideravelmente dos três primeiros, trazendo para eles um complemento maravilhoso e indispensável.

Enquanto Mateus apresenta aos judeus o seu Rei, Marcos descreve o Servo no meio de Seus discípulos e Lucas o Homem perfeito entre os homens, João revela-nos a pessoa do Filho de Deus descendo do céu para salvar o mundo.

Por isso o Evangelho de João não é um resumo cronológico da vida terrena de nosso Senhor, mas antes uma exposição de Sua missão divina aqui na terra.

Os capítulos 1-12 mostram-no com a multidão, à qual Ele Se entrega sem reservas; os capítulos 13-16 contam Suas conversas com os discípulos no cenáculo; finalmente, os capítulos 17 a 21 desvendam-nos a intimidade existente entre Ele e o Pai celeste, através das circunstâncias trágicas e gloriosas de Sua morte e ressurreição.

Como as três seções do Evangelho segundo João correspondem às três partes do tabernáculo, elas recebem os nomes respectivos de átrio (a multidão), lugar santo (os sacerdotes) e lugar santíssimo (o Sumo Sacerdote).

Primeira seção: o átrio (cap. 1-12)
Os primeiros capítulos deste Evangelho nos revelam a Pessoa e a obra do Filho de Deus. Ele fala sucessivamente com os diversos representantes dessa sociedade israelita que Ele tanto ama:


  • com pescadores da Galiléia, que Ele chama para Seu serviço, capítulo 1 e com uma família reunida em uma festa de casamento, capítulo 2

  • no capítulo 3 um teólogo vem à noite para Lhe falar; 
  • no capítulo 4 Ele fala com uma mulher de má vida, que saíra para buscar água; 
  • no capítulo 5, com um paralítico que espera a cura há 38 anos; 
  • no capítulo 6 uma multidão está reunida no campo para ouvi-lo; 
  • no capítulo 7 guardas são enviados pelas autoridades para prendê-lo durante a festa anual de Jerusalém.
  • No capítulo 8 o Senhor Jesus não condena a mulher adúltera, mas a exorta a abandonar a vida de pecado; depois dirige-se aos judeus, mais interessados em censurar essa pobre vitima das circunstâncias que em porem ordem suas próprias vidas.
  • No capítulo 9 é curado o cego de nascença, enquanto os fariseus se fecham em surda resistência à mensagem do Filho de Deus. 
  • São eles os verdadeiros mercenários, ladrões e salteadores mencionados no capítulo 10, enquanto as ovelhas pelas quais o bom Pastor dá a Sua vida são precisamente os que creem em Cristo, como o cego de nascença.

  • Os campos se dividem e a oposição aumenta, mas sobre esse fundo sobressai ainda mais o brilho do amor do Senhor Jesus pela família de Betânia, no seio da qual Ele ressuscita Lázaro no capítulo 11.


Segunda seção: o lugar santo (cap. 17-21)
O capítulo 12 serve de união entre os primeiros capítulos e a segunda seção. É a introdução aos capítulos 13 a 16. Na casa de Lázaro, entre os judeus, no meio dos gregos e para a multidão que o cerca, o Filho de Deus anuncia Sua morte e Sua ressurreição.

Depois Ele abandona a multidão para se dedicar exclusivamente aos discípulos. Com eles no cenáculo, depois no Jardim do Getsêmani, comunica-lhes Suas últimas instruções. O Senhor dedica o máximo de Seu amor a preparar Seus discípulos para a suprema prova da Cruz (13:21-30, 36-38).

Serão horas amargas que precederão a gloriosa vinda do Espírito Santo descrita em Atos. Daí em diante o mundo não o verá mais. Seus discípulos porém serão introduzidos pelo Espírito Santo na mais íntima e contínua comunhão com seu Salvador.

Terceira seção: o lugar santíssimo
A princípio, no capítulo 17, temos a oração do Filho de Deus em favor de Seus discípulos, justamente antes de Sua morte.

No capítulo 18 vem a narração de Seu aprisionamento, de Seus interrogatórios na presença de Anás, Caifás e Pilatos.

No capítulo 19 temos o relato de Sua crucificação; através dessas páginas Jesus Cristo manifesta os atributos de Sua divindade, sendo essa precisamente a finalidade do quarto Evangelho: apresentá-Io como Filho de Deus.

Isto e mais evidente ainda no capítulo 20, que fala de Sua ressurreição, e no capítulo 21, que relata Suas aparições de Ressuscitado aos discípulos.

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